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Em fevereiro muitos lugares do mundo celebram o famoso “Dia de São Valentin”. O que poucas pessoas sabem é que esta data, recheada de corações e bombons de chocolate faz parte da imensa coleção cristã de feriados roubados do paganismo. A história não é muito agradável e fala mais sobre tesão do que sobre amor romântico. Amor romântico este que é, segundo alguns, uma expressão hipócrita do patriarcado cristão que surgiu entre a burguesia do século XIX.
Acontece que o famoso 14 de fevereiro, o dia dos “namorados” internacional é o dia em que os antigos romanos celebravam o aniversário da fundação do templo de Lupércio. Já sabemos que os romanos sempre celebravam tudo com orgias, agora imagine como eles celebravam a festa do Deus da Fertilidade. Neste festival era costume os nomes das meninas romanas serem escritos em papel e colocados e uma urna. Cada rapaz sorteava um papel e a menina deveria ser sua amante. Era a esperada Lupercália que ocorriam todos os anos entre 15 e 17 de fevereiro.
Lupércio também chamado de Pã pelos gregos tem uma importante ligação com a própria existência de Roma. Era o deus dos pastores é sempre associado com a caverna onde Rômulo e Remo foram amamentados por uma loba. Note que “loba” era um eufemismo para prostituta nessa época. Seus sacerdotes que o cultuavam vestiam-se de pele de bode e pouca coisa mais.
Pã teria sido um dos filhos de Zeus com sua ama de leite, a cabra Amalteia e é assim um grande e antigo símbolo do mundo antigo sempre associado à natureza e aos rituais de fertilidade. É um deus ligado aos bosques, dos campos, dos rebanhos e dos pastores na mitologia grega que residia em grutas e vagava pelos vales e pelas montanhas, caçando ou dançando com as ninfas.
Ele é representado com orelhas, chifres e pernas de bode, amante da música, traz sempre consigo uma flauta. Você provavelmente reconheceria sua estranha figura com a do diabo cristão depois de tantos anos de lavagem cerebral. Mas isso não quer dizer que Pã era bonzinho, ele era temido especialmente por aqueles que necessitam atravessar as florestas à noite, pois as trevas e a solidão da travessia os predispunham a pavores súbitos, desprovidos de qualquer causa aparente e que é atribuídos a Pã; daí o nome pânico.
Em uma história de influência egípcia, Pã estava com outros deuses nas margens do Rio Nilo e surgiu Tifão, inimigo dos deuses. O medo transformou cada um dos deuses em animais e Pã, assustado, mergulhou num rio e disfarçou assim metade de seu corpo, sobrando apenas a cabeça e a parte superior do corpo, que se assemelhava a uma cabra; a parte submersa adotou uma aparência aquática. Zeus considerou este estratagema de Pã muito esperto e, como homenagem, transformou-o em uma constelação, a que seria Capricórnio.
Mas a lenda que mais retrata a natureza de Pã e que lhe deu fama é aquela que conta o que ocorreu quando ele ficou tão enlouquecido de tesão pela ninfa Syrinx que protagonizou algo mais parecido com uma história de terror do que com um conto de fadas. Pã sempre teve muitas amantes, mas a diferença aqui é que Syrinx fez algo que ninguém tinha feito antes: recusou o amor de Pã. Ele foi rejeitado porque ela não podia aceitar um amante que não era nem homem nem bode e para não deixar dúvida o deus provou que era um animal.
O deus da fertilidade perseguiu intensamente a ninfa,mas Syrinx sempre escapava. E digamos que ele não queria apenas beijar suas mãos e oferecer flores. A perseguição chegou a um impasse quando ela ficou encurralada às margem do rio Ladon. Vendo que já não tinha possibilidade de fuga Syrinx pediu às ninfas dos rios, as náiades, que mudassem a sua forma. Estas, ouvindo as suas preces, atendem o seu pedido a transformando em bambu.
Quando Pan a alcançou e a quis agarrar, não havia nada, excepto o bambu e o som que o ar produzia ao atravessá-lo. Mas ele já estava tão obcecado por Syrinx que não fazia mais diferença o que ela havia se transformado. De fato ao ao ouvir o som ao sopra o bambu ficou encantado que resolveu então juntar bambus de diferentes tamanhos, inventando um instrumento musical ao qual chamou syrinx (siringe). Este instrumento musical é conhecido mais pelo nome de Flauta de Pã, em honra ao próprio deus, dominador de ninfas.
De certa forma podemos dizer que ele conseguiu o que queria e ela por fim virou uma posse dele. Nesta lenda o homem é representado como um animal selvagem que não consegue controlar seus impulsos e a mulher que resistir termina se submetendo como um instrumento musical se submete ao seu dono. Romântico não? Para perceber que isso não é uma mera interpretação basta ver que na já citada Lupercália, os romanos batiam nas mulheres inférteis. Faziam chicotes especiais para esta data e a ideia era bater nas mulheres até elas aprenderem a gerar filhos.
E você achava que o cristianismo era machista.
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