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André Correia (@andrecorreiapaganismo)
Sabe aquele tipo de texto que talvez dê mais merda do que boas ideias? Pois é…
A Anarquia, em princípio, é um movimento político que refuta ferozmente qualquer tipo de governo autoritário sobre a independência de um povo. Nesse sistema, o povo é responsável pela sua própria autogestão, de forma equilibrada e justa, estabelecendo relações diretas sem a intervenção de poderes reguladores externos.
Agora, pense nessa definição aplicada ao paganismo medieval, por exemplo. Famílias, clãs e comunidades pequenas que viviam nos campos, com sua agricultura e criação de subsistência, gerenciando a própria vida e possuindo uma estrutura espiritual que surgiu espontaneamente ao longo dos séculos, baseada no convívio com o meio, na observação dos fenômenos naturais e na conexão com o folclore espiritual local. Uma comunidade livre e sem a intervenção direta do poder externo, seja dos senhores locais ou da própria Igreja. Posteriormente, esses poderes causariam grandes transtornos, mas pense em como eram essas comunidades rurais livres antes disso.
O governo, o poder, pode ser compreendido como qualquer regra hierárquica que venha de cima para baixo e não ofereça liberdade real para que a população intervenha diretamente em suas decisões, mesmo que haja, tecnicamente, uma democracia. Seja um governo de maior expressividade ou de menor participação, governo é governo. Igreja é Igreja. Tradição é tradição.
Como todo sistema político, a Anarquia não é de fácil explicação (muito menos em um texto como este, que não se propõe a isso), assim como praticamente todos os demais sistemas. Isso porque sistemas de governo possuem uma imensa quantidade de variações, conceitos, autores que dizem e se contradizem, e formam frentes às suas ideias.
Livre do regulamento tradicional, mas com bom senso e responsabilidade suficientes para olhar para o passado e reconhecer a importância do presente, creio que o que chamo de Bruxaria Anárquica, que é o que pratico, seja livre para transitar de forma organizada, responsável e autogerida pelas nuances folclóricas do que é a bruxaria histórica e a moderna. Se diferenciando somente em alguns pontos da Bruxaria Eclética, que, em minha concepção (o que não significa que seja única e a mais correta), é uma forma de Wicca sem tradição. Não sendo nem melhor nem pior, mas somente uma prática diferente. Não tenho pretensão alguma de trazer grandes textos ou ideias a respeito desse tema. Talvez ele retorne, se for necessário para maior compreensão da minha própria prática.
Da mesma forma, pode ser que ele morra junto com este texto ao longo dos dias, semanas, meses e anos. Sem ambições, escrevo somente com o fim de me reconhecer fora de um sistema, mesmo que ainda reconheça a existência do mesmo e a importância para muitos e para o momento que vivemos. Deixo claro que o fato de não participar desse sistema não significa que eu o invalide, despreze ou não interaja. Muitos e muitos amigos seguem o caminho do adepto. Eu simplesmente não me encaixo. E vale lembrar também que isso é apenas um rótulo auto proclamado para ter algo a dizer quando perguntarem: “Qual tipo de bruxaria você faz?”. Na prática, a espiritualidade continua sendo a mesma, a minha linha de frente na importância, no culto, na devoção e no desenvolvimento espiritual que me proponho diante daquilo que é sagrado para mim.
Bênçãos galhadas.
André Correia. Psicólogo atuante em clínica desde 2007, adepto da bruxaria eclética, construtor de tambores ritualísticos. Coordenador do Círculo de Kildare e autor da obra musical Tambores Sagrados.
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