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Pela Natasha Sheldon
Vesta era uma antiga deusa romana do lar doméstico e da cidadania, cuja festividade anual – a Vestália – era celebrada entre os dias 7 e 15 de junho.
A Vestália marcava uma pausa na vida cotidiana enquanto os romanos honravam Vesta e purificavam seu santuário. Era um momento para comemorar os benefícios que a deusa trazia para a cidade – e para garantir a segurança e o bem-estar contínuos de Roma e seu povo.
QUEM ERA VESTA?
Vesta era uma divindade itálica cujo culto era popular em Pompéia e no Lácio antes que Rômulo ou o lendário rei Numa a apresentassem à Roma arcaica.
Segundo a mitologia romana, Vesta era a terceira filha do deus Saturno. Ao contrário de suas irmãs Juno e Ceres, ela não se casou, mas permaneceu virgem. Ela significava a força vital da terra; sua ‘força vital’ da qual ela tirou seu nome e que sua chama sagrada representava.
O CULTO DOMÉSTICO DE VESTA
Junto com os Penates, Vesta era uma das divindades guardiãs do lar. Tal era a importância doméstica de Vesta que, segundo o poeta Ovídio, ela emprestou seu nome, Vesta, ao vestíbulo, a entrada da casa romana. Na época de Ovídio, o vestíbulo era um local intermediário entre a porta da frente da domus (casa) e o átrio. Mas originalmente, o vestíbulo era muito mais importante. Ele ficava “na frente da casa” – e era onde ficava localizado o fogo doméstico.
Este fogo da lareira era o centro de todas as atividades domésticas, sendo a principal fonte de calor e luz para a casa – e os romanos acreditavam que Vesta era a sua guardiã. Eventualmente, o centro da atividade doméstica – e o fogo da lareira – mudou para o átrio. Mais uma vez, na época de Ovídio, o átrio funcionava como uma sala de recepção pública para os visitantes. No entanto, inicialmente, era o local onde a família cozinhava, trabalhava e socializava. Mesmo quando essas funções mudaram para outro lugar na casa romana, permaneceu tradicional deixar uma oferenda à Vesta em um prato especial em um altar baixo no átrio.
Vesta mais tarde tornou-se associada à deusa grega Héstia. Héstia também era uma deusa da lareira. Mas Vesta era mais do que apenas uma deusa doméstica. Ela era uma dos doze Di Consentes – os deuses do estado cujas estátuas ficavam no fórum. Vesta também era a guardiã da “força vital” de Roma, sua chama imortal. Isso fazia de Vesta a protetora do estado romano.
O CULTO PÚBLICO DE VESTA
Esta chama sagrada queimava – desde os primeiros tempos – no coração da cidade de Roma, no santuário de Vesta que ocupava o canto sudeste do Forum Romanum. O santuário não era um templo, pois não era consagrado, mas sim um ‘Aedes Sacra’, ou edifício sagrado.
Originalmente uma cabana de palha com ‘paredes tecidas de vime flexível’, o santuário de Vesta foi reconstruído várias vezes, até a sua última encarnação no final da república, quando os romanos substituíram a palha por ‘telhados de bronze’. O santuário foi então transferido para o Monte Palatino pelo imperador Augusto.
Mas uma constante era a sua forma. O santuário de Vesta sempre foi um edifício circular – segundo Ovídio, para imitar a terra. Não havia estátua de Vesta em seu santuário, mas em seu santuário interno, junto com a chama sagrada, havia objetos sagrados arcaicos particulares.
Um deles era o paládio, a “promessa do destino de Roma” que, segundo a lenda, Enéias havia resgatado de Tróia. O segundo era o “fascinum”, um falo (pênis) ereto que evitava o mal.
O único sacerdócio feminino de Roma – as Virgens Vestais – guardavam e protegiam a chama sagrada e os objetos sagrados até o abandono do santuário em 394 d.C., quando os ritos de Vesta – juntamente com outras religiões pré-cristãs – foram proibidos por Teodósio I.
O PERÍODO DA VESTÁLIA
Os romanos observavam a Vestália entre os dias 7 e 15 de junho. Durante este período, os romanos homenageavam Vesta como guardiã de Roma com cerimônias e procissões antes de purificar seu santuário no último dia da festividade.
Os seguidores consideravam o período da Vestália como ‘nefastus’ ou ‘azarento’. Eles não conduziam negócios públicos e não celebravam casamentos até que a festividade terminasse e ‘Vesta ardente brilhasse como um chão limpo’, como Ovídio descreve o ato de purificação.
A partir de 7 de junho, as mulheres eram autorizadas a entrar no santuário interno de Vesta para fazer oferendas a ela. Era costume aproximar-se do santuário descalça – não como sinal de humildade, mas em lembrança da época em que a área do fórum era um pântano que ‘ninguém se aproximava de sapatos’.
OFERENDAS E PROCISSÕES NO DIA 9 DE JUNHO
O dia 9 de junho era um dia de festa e celebração. Pois era neste dia, uma das três únicas vezes no ano, que as virgens vestais preparavam a ‘mola salsa’, um pão sagrado usado como oferenda à sua deusa. Elas faziam a ‘mola’ de espelta, colhidas em dias específicos de maio, e misturadas com sal e água da fonte sagrada de Juturna, perto do santuário de Vesta. Os recipientes que continham esta água não podiam tocar o solo, para preservar a santidade do líquido.
Este pão era então levado ao santuário mais interno de Vesta e oferecido à deusa junto com azeite e vinho. Elas formavam uma oferta de ação de graças, comemorando a época do cerco de Roma pelos gauleses em 390 a.C., quando Vesta salvou a cidade fazendo com que o ‘cereal minguante da cidade parecesse abundante’.
Na própria cidade, o dia era feriado – pelo menos para os moleiros e padeiros de Roma. Burros com guirlandas de violetas e pães lideravam as procissões em homenagem à deusa, enquanto “correntes de flores” adornavam suas rodas de moinho abandonadas.
Segundo Ovídio, os padeiros tinham folga porque, nos primórdios de Roma, o pão era assado — não em fornos — mas nas cinzas sagradas da lareira — o domínio de Vesta, ‘por isso o padeiro respeita a lareira e a senhora da lareira’. O burro era um animal favorito de Vesta. Segundo a lenda, o zurro de um burro a salvou do arrebatamento pelo deus Príapo (um deus fálico). Por esta razão, os romanos honravam o animal em sua festividade.
A PURIFICAÇÃO DO SANTUÁRIO DE VESTA – E ROMA
No último dia da Vestália, o santuário da deusa era ritualmente varrido e limpo. Os ‘restos’ resultantes eram cuidadosamente recolhidos e depositados no rio Tibre para que fossem levados para longe da cidade e para o mar.
Essa purificação servia, sem dúvida, a um propósito prático, mas também era simbólico; uma limpeza espiritual da cidade, com as impurezas resultantes, removidas e neutralizadas por um corpo de água de fluxo rápido.
Vesta, como guardiã de Roma, era honrada e a pureza da chama sagrada da cidade assegurada. A vida normal em Roma poderia agora ser retomada.
REFERÊNCIAS:
- Ovid, Fasti, Penguin Classics.
- Georges Dumezil, (trans. Philip Krapp) Archaic Roman Religion, Vols I and II. The John Hopkins University Press.
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Fonte: The Vestalia: Celebrating Vesta and Purifying Rome, by Natasha Sheldon.
Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.
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