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Paulo Jacobina*
Excerto de A Manifestação
Tal como na obra preliminar, aqui se busca uma didática visando a captura do conhecimento por parte do leitor e a sua interiorização, fazendo resgatar a consciência do que se está sendo analisado. Para isso, será necessária a análise inicial de alguns conceitos que são, costumeiramente, utilizados de maneira equivocada pela maioria, e, por isso, acabam contribuindo para a perpetuação de certa confusão acerca dos temas em que são utilizados.
O primeiro conceito que se deve ter em mente é o do ponto. “Ponto” é um objeto que não tem definição, dimensão e forma e, por isso, é impossível mensurá-lo fazendo uso de medidas espaciais, como as de comprimento, largura, altura, área e volume. Apesar de o ponto não possuir medida, ao se unir infinitos pontos em linha, obtêm-se uma reta. Da mesma forma que se unindo infinitos pontos em linha dá-se origem à reta, ao se unir infinitas retas tem-se o plano, que é o conjunto infinitos e ilimitados de reta. Assim como o plano é uma justaposição de retas, ao se realizar uma sobreposição de planos de forma que nenhuma dos planos possuam ponto em comum, mas que estejam tão próximos a ponto de serem confundidos entre si, dá-se origem ao espaço.
Além de servir de base construtiva do espaço, o ponto também é utilizado como mecanismo para se determinar uma posição no próprio espaço por intermédio das dimensões. “Dimensão” nada mais é do que o número de parâmetros utilizados para identificar um ponto no espaço. Assim, ao se falar que um ponto está na terceira dimensão, significa que foram utilizadas apenas três coordenadas para identifica-lo, ignorando-se todas as outras existentes e que também podem ser utilizadas para se auferir a sua localização.
Habitualmente, faz-se uso apenas de três coordenadas, comumente chamadas por comprimento, largura e profundidade. Contudo, existem outras coordenadas, como o tempo, e, ao fazer uso dessas quatro dimensões tem-se origem o que se chama de espaço-tempo.
Como toda coordenada pode ser utilizada para se mensurar alguma coisa, a exemplo da reta com o comprimento e o plano com a largura, o tempo é utilizado para se estabelecer a frequência. Frequência consiste no número de ocorrências por unidade de tempo, assim, quanto maior a frequência de uma ocorrência, mais rápido no tempo se dá esta ocorrência.
Desta forma, o espaço-tempo é a parcela do Universo analisada por intermédio de quatro dimensões, três associadas à localização espacial e uma dimensão referente a localização temporal. Essa interrelação entre as dimensões espaciais e a dimensão temporal, ocasiona uma peculiaridade: o espaço-tempo é composto por uma parte espacial e uma parte temporal, fazendo com que, quanto maior for a presença de uma dessas partes, menor será a da outra.
Essa peculiaridade é a responsável por gerar algumas percepções, como a de que em um ponto extremamente maciço, isto é, repleto com as três dimensões espaciais, há a ocorrência reduzida do tempo, fazendo com que a velocidade[1] percebida no ponto por alguém externo a ele seja pequena.
Outra percepção destacável encontra-se no fato de que, quanto mais precisa for a localização espacial de um ponto, mais imprecisa será a aferição da sua velocidade, uma vez que, para se obter a velocidade, faz-se uso da dimensão temporal. Ao contrário, quanto mais precisa a aferição da velocidade, mais impreciso será para se estabelecer a sua localização espacial. Por exemplo, ao se determinar que a Terra se desloca em uma velocidade orbital média de 29,78km/s, faz-se uso de incertezas tanto quanto a sua posição espacial, quanto a sua posição temporal, pois se se utilizasse uma posição espacial exata, a posição temporal seria zero e o ponto se encontraria fora do espaço-tempo. Da mesma forma, se se utilizasse uma posição temporal exata, a sua posição espacial seria zero, encontrando-se fora do espaço-tempo. Por mais exata que a compreensão do Eu que encarna na Terra possa ter sobre a localização de algo, esta localização não é inteiramente correta, apenas ilusoriamente se manifesta precisa, sendo uma faixa de probabilidade constatada pelo Eu.
As relações analisadas dentro do espaço-tempo compõem o que se chama de ciclo. O ciclo é um período no tempo no qual um fenômeno ocorre, sendo o fenômeno uma sequência de fatos, nem sempre compreendidos pelo Eu que necessita de encarnar na Terra. Por exemplo, existem ciclos “mais simples” de se compreender, como o piscar de olhos; a rotação da Terra; a translação da Terra; e a encarnação. Tal qual existem ciclos “mais complexos”, como o da Manifestação. Entretanto, mesmo nesses ciclos “mais simples” existem fatos que ocorrem de forma desapercebida pelo Eu. Bem como existem ciclos que possuem fatos que a compreensão do Eu aqui encarnado não consegue visualizar como integrantes do fenômeno observado. E todos os fatos que compõem o ciclo são necessários, pois, sem eles, o ciclo não se completa, apenas torna-se mais longo.
Outrossim, os fatos que compõem um ciclo também podem compor outros ciclos, sendo estes integrantes de um ciclo “maior” ou de um outro ciclo. Tomando o piscar de olhos como exemplo de ciclo, é possível se estabelecer que existem dois ciclos “menores” dentro dele, um correspondente ao fenômeno do fechar dos olhos e outro, ao abri-los. O próprio abrir dos olhos, além de integrar o piscar de olhos, também é parte integrante do ciclo de visão. Desta forma, todos os ciclos acabam por se integrar e conectar, compondo o Ciclo da Manifestação.
Outro conceito base que se deve ter em mente é o de campo. “Campo” é o nome dado a uma região de influência de algo ou sobre a qual atua uma determinada força. Sendo a força um agente capaz de modificar o estado no qual algo se encontra, essa modificação causada pela força ocorre em virtude da utilização do deslocamento da energia, que é a capacidade que algo possui de criar movimento, ou, em outras palavras, é a Vitalidade.
À concentração de energia dá-se o nome de “massa”[2] e, à concentração dessa massa em uma região do espaço dá-se o nome de “densidade”[3]. Assim, quanto mais massa existir em uma região espacial, mais densa essa região estará e, ao contrário senso, quanto menor for a massa em uma região, mais sutil ela estará.
Ponto que merece destaque encontra-se no fato de que a massa é a concentração de energia e, sendo a energia a capacidade de criar movimento, quanto mais massa, consequentemente, mais energia e, consequentemente, mais movimento. Contudo, embora um objeto denso possa parecer estático para quem o observa do exterior, em seu interior, há o movimento da própria energia. Porém, como a porção do espaço no qual esta energia se encontra é ínfima, a porção do tempo se eleva, fazendo com que a energia atinja elevadas frequências[4]. Essas frequências podem ser tão elevadas que ilusoriamente façam o objeto parecer estático para um observador externo.
Assim, a elevação da frequência está intimamente associada ao aumento da densidade; ao passo que a diminuição da frequência está correlacionada à diminuição da densidade ou à ocorrência do processo de sutilização. Da mesma forma, um objeto para se adensar necessita de acumular energia, enquanto que, para se sutilizar, necessita liberar energia. Por exemplo, em um objeto esférico no qual o centro é o local de maior densidade e a superfície é o de menor, para um ponto que se encontra no centro deste objeto se deslocar em direção à superfície, ele deve liberar energia no sistema, que será absorvida por outro ponto no sistema que passará a ocupar o seu antigo local, realizando uma troca de posições, na qual um ponto se sutiliza ao passo em que outro se adensa.
Aqui serão mantidos, para fins didáticos, a nomenclatura utilizada na obra preliminar (“A Senda Infinita”) e, portanto, o processo de adensamento ocorre pela ação do Agente Modelador, enquanto, o de sutilização, pelo Eu.
Assim, a manifestação ocorre por um processo de contração no Absoluto, no qual o Tecido Elementar é fragmentado infinitamente pelo Agente Modelador até se obter a Partícula Elementar, que nada mais é do que a mais básica forma manifesta do Absoluto. Essa Partícula Elementar é o ponto no qual a ação desagregadora do Agente Modelador é totalmente anulada pela ação integralizadora do Eu.
Em que pese o fato de o Universo ser criado pela fragmentação até se alcançar a Partícula Elementar, é possível se estabelecer, para fins didáticos, que toda a Manifestação é formada por partículas elementares reunidas em diferentes proporções.
De forma a facilitar a visualização, basta pensar em um átomo de hidrogênio, o mais básico elemento químico conhecido. Ao se unir dois átomos de hidrogênio, obtém-se um átomo de hélio. Acrescentando mais um átomo de hidrogênio, cria-se um de lítio e, assim por diante, criando todos os elementos químicos. Da mesma forma com que se “unindo” átomos de hidrogênio se consegue formar todos os demais elementos químicos, ao se unir partículas elementares, forma-se tudo o que existe e o que não existe.
Como tudo o que existe e o que não existe é composto pela partícula elementar em diversas quantidades, todos os princípios que atuam sobre a partícula elementar também se aplicam àquilo o que é manifesto.
Este fato é importante para se compreender que tudo o que existe e o que não existe está submetido às mesmas regras básicas, pois é composto pela mesma coisa, a Partícula Elementar, em distintas quantidades. É por isso que comumente se diz que “o que está em cima é como o que está embaixo, e o que está embaixo é como o que está em cima”.
É claro que a Manifestação, como é observada pelo Eu que necessita de estar encarnado na Terra, apresenta-se de infinitas formas, sendo cada uma dessas formas composta por uma quantidade de partículas elementares, fazendo com que as regras básicas aplicadas à Partícula Elementar se verifiquem em maior ou menor evidência, de acordo com a proporção de partículas elementares daquela forma.
Outro ponto encontra-se no fato de que uma forma, observada pelo Eu que necessita de estar encarnado na Terra, é composta por infinitas outras formas, a exemplo da forma humana, que é o resultado da aglutinação de infinitas outras formas; ou do triângulo, que é uma das formas obtidas com a união de três segmentos de reta.
Continua em A Imagem do Ciclo de Manifestação
Notas
[1] V=T/V’, onde “v” é a velocidade; “D” é a distância, a medida espacial; e “T” é o tempo.
[2] E = m.c², onde “E” é a energia; “m” é a massa; e “c²” é a velocidade da luz ao quadrado.
[3] D=M/V’ , onde “D” é a densidade; “m” é a massa; e “v” é o volume.
[4] E = H.F, onde “E” é a energia; “H” é a constante de Planck; e “F” é a frequência.
Paulo Jacobina mantêm o canal Pedra de Afiar, voltado a filosofia e espiritualidade de uma forma prática e universalis
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