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Martinismo

A origem histórica do Martinismo

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É no século XVIII que se alicerçam as Ordens Esotéricas.
Martinez Dom Martinez representa o protótipo moderno do fundador de escolas esotéricas.

Aos 18 anos saiu de Portugal rumo ao Oriente, de onde regressou várias vezes, acreditando-se que esteve no Turquestão, na meseta do Pamir, regressando pela última vez na idade de 42 anos, quando começou sua missão de Fundador, que duraria dez anos, período no qual cumulou de sociedades secretas toda França e países vizinhos, que seriam o teatro da grande revolução que estava se gestando.
De seus registros , conhecem-se somente dois manuscritos: “Tratado da Reintegração dos Seres a seu Primitivo Estado, Virtudes e Poderes Espirituais e Divinos”, composto de várias partes, tendo por objeto tratar não o estado atual das coisas, mas o restabelecimento de seu estado primordial – tanto do homem como dos seres em geral. Este escrito oferece sem vacilação, magistralmente, o pensamento de Dom Martinez de Pasqually.

A primeira escola fundada na França foi em Bordéux, na qual se oferecia um conjunto de símbolos, completados por práticas teúrgicas, encaminhadas para conseguir ajuda de Entidades Superiores no desenvolvimento do plano de evolução. Estas operações teúrgicas tinham muita importância nessa escola e todas elas formavam um verdadeiro culto, cujo resultado final era o de levar o homem à reintegração citada.
Este contato com Entidades Superiores, continha o propósito de que o homem conseguisse ouvir o Verbo em seu interior, e segundo seu discípulo Saint Martin, seu Mestre tinha nesse aspecto, poderes muito grandes.
Levava uma vida envolta no mistério: chegava a uma cidade, não se sabia como nem porque, abandonando-a sem que se soubesse quando, nem como. Jamais buscou fama ou dinheiro. Vivia modestamente e passou amiúde situações difíceis, ainda que sempre dignamente, alojando em sua casa membros da Ordem que chegavam a Bordeux. Dali passou a Lion e depois a Paris, fundando novas lojas em cada uma destas cidades.

A primeira foi fundada em 1754 e nela ingressou Saint Martin, levado por vários oficiais da guarnição que pertenciam a ela.
De Paris, seus discípulos mais famosos foram: Cazotte, M. d’Hauterive e o abade Fournié.

Conta este último que foi encontrado por Dom Martinez, que lhe disse familiarmente: “O senhor deveria vir conosco que somos boa gente. O senhor abrirá um livro, olhará a primeira folha, a página central e a final, lendo somente algumas palavras, e saberá todo o conteúdo do mesmo”.

“O senhor vê caminhar todo tipo de pessoas pela rua; essa gente não sabe porque caminha; o senhor o saberá”.
Suas instruções diárias eram a de elevar-se sem cessar para Deus, acrescentar continuamente as virtudes e trabalhar pelo bem geral.

Esse abade conta que um dia, enquanto rogava a Deus para que o socorresse em suas tremendas lutas internas, ouviu a voz de seu Mestre, falecido dois anos antes, e ao olhar na direção em que saía a voz, viu Martinez de Pasquallyz em companhia dos pais do abade, falecidos havia vários anos – uma irmã – falecida há 20 anos atrás – e de um ser que não pertencia ao gênero humano. Poucos dias depois, viu Jesus Cristo crucificado, visão que mais tarde se repetiu, mas saindo vivo do sepulcro, até que na terceira oportunidade, apareceu novamente Jesus glorioso e triunfador do mundo, caminhando diante dele com a Virgem Maria, e várias pessoas.
Suas visões continuaram, mas, pela incredulidade e burla de seus contemporâneos, guardou silêncio.

Ao estalar a revolução de 1789, Cazotte professava os mesmos princípios que a provocaram, porém, em sua maior pureza; por isso, os excessos posteriores provocaram nele vivos temores e, para combatê-los, imaginava mil meios que ao serem expressos, com a mesma sinceridade e expansão que dava a seu proselitismo religioso, provocaram sua primeira prisão, ao serem descobertas todas essas idéias na correspondência que trocava com um secretário da lista civil, chamado Ponteau.

Este ser extraiu grande proveito dos estudos ocultos da Ordem; Cazotte adquiriu especial apreço ao espiritualismo dos textos cristãos, ao Evangelho, sobretudo pela moral que continham.

M. d’Hauterive, grande amigo de Saint Martin, manteve em Lion, conjuntamente com este outro discípulo de Dom Martinez, três anos de estudos sobre astrologia, magnetismo, sonambulismo, sobre os signos e as idéias, o princípio e a origem das formas, as Santas Escrituras, etc.

A marquesa de La Croix foi também aluna destacada, desenvolveu disposições místicas que lhe permitiram conseguir um estado intermediário entre o êxtase e a visão.

De outro de seus discípulos, chamado Willemoz, conta-se que lhe apareceu o Mestre Martinez Dom Martinez, para avisá-lo que os revolucionários viriam tomar posse de todos os seus livros e ensinamentos, que guardava em seu poder, o que lhe permitiu salvar, com um dia de antecedência, dois grandes baús, nos quais zelosamente Willemoz guardava a sabedoria, que mais tarde formaria a base das sociedades secretas, do espiritismo, etc.

Na chamada Escola do Norte, destacaram-se, entre outros membros, o príncipe de Hesse, o conde Bernastorff, a condessa de Reventlow e o célebre Lavater, que tanta fama adquiriria depois, na Suíça.

Estes dois últimos, Reventlow e Lavater, mais tarde renunciaram à escola, possivelmente influenciados pelo grande amigo de Saint Martin, o barão de Liebisdorf – seguindo a mística mais pura que Saint Martin preconizava e que o distinguiria de seu mestre Martinez Dom Martinez, cujas escolas eram , antes, de práticas teúrgicas.
Terminada sua missão na Europa, Dom Martinez embarcou rumo à ilha de Santo Domingo, falecendo em Porto Príncipe em 1779.

Os discípulos diretos de Dom Martinez seguiram com os trabalhos da Ordem até o ano de 1782, durante o qual os Martinistas fizeram uma aliança com a Ordem da Estrita Observância do barão de Hund; esta foi inspirada por Saint Martin, dirigida e organizada pelo barão de Hund, sendo os arquivos confiados para a criação do Regime Escocês Retificado a J.B. Willemoz. Seguiram as negociações até 1789, quando foram cortadas devido à revolução.

Pode-se dizer de Dom Martinez: que foi como uma rajada de ar que varreu a Europa, preparando a Revolução Francesa, ao criar a mentalidade necessária para isso; e que foi o criador do tipo de sociedades secretas que logo haveriam de dedicar-se à política – como os Carbonários, na Itália; os Iluminados, na França e, mais tarde, as lojas que, como a Lautaro, trouxeram o fermento revolucionário à América, enquanto aquelas que fundou seu discípulo Saint Martin, depuraram o ritual e buscaram somente o conhecimento e a União Divina


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