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Sar Naquista
“Que obra prima é o homem! Como é nobre em sua razão!
Que capacidade infinita! Como é preciso e bem-feito em forma e movimento! Um anjo na ação! Um deus no entendimento, paradigma dos animais, maravilha do mundo.”
– William Shakespeare, Hamlet, ato II, Cena 2,
Em “Dos Erros e da Verdade”, primeiro livro de Louis Claude de Saint-Martin, nosso querido Filósofo Desconhecido nos apresenta com sua costumeira linguagem simbólica as dez páginas que formam “O Livro do Homem”. Como vimos no artigo sobre a Aritmosofia, os numéros tem um papel muito importante dentro do simbolismo martinista e não será diferente nestas dez paginas, cada uma representando alguma lei divina em ação na Criação Universal. Importante ressaltar que Saint-Martin usava a expressão “o homem” (ou melhor l’homme) para se referir aos seres humanos como um todo como era usual em seu tempo e também como
A Primeira Página
Ligada ao número 1, na primeira página temos “O Princípio Universal, ou Centro, de onde emanam continuamente todos os centros”. Estamos falando portanto da Unidade Primordial, A Fonte original de toda criação, em outras palavras, Deus. O Infinito, a Eternidade que nossos pensamentos não conseguem cobrir, tão além de nossa compreensão que nossa única forma de entrever esta realidade é por meio da contemplação, maravilhamento e estudo de suas manifestações. A Criação Universal é o espelho pelo qual podemos ter um vislumbre de Deus e no qual o próprio Deus contempla a si mesmo.
A Segunda Página
A página seguinte, ligada ao número 2 nos fala da Lei da Dualidade “a dupla lei intelectual, que atua no tempo; da dupla natureza do homem; e, de um modo geral, de tudo o que é composto e formado de duas ações”. Temos aqui a passagem da Eternidade para a Temporalidade, da Unidade para a Multiplicidade e a divisão do ser humano em corpo e alma. Tudo isso indica uma espécie de ruptura ou separação entre o Criador e os Espíritos Prevaricadores. Aplicado ao homem, o dois representa sua dupla natureza, uma vez que, após a Queda, ele é, ao mesmo tempo, corpo e alma, material e espiritual.
A Terceira Página
No Simbolismo Martinista nos Três Primeiros Dias da Criação ocorre o surgimento do universo material que é mantido pelo Eixo ‘Fogo Central Incriado’ e formados pela combinação de Três Princípios: o Enxofre, o Sal e o Mercúrio. São estes três princípios que vemos aqui na terceira página ligada a “base dos corpos; de todos os resultados e das produções de todos os géneros”.
A Quarta Página
Ligado ao número 4, a quarta página nos liga aos espíritos quaternário, o homem original que estava no centro do “Paraíso terrestre” rodeado pelas quatro esferas superiores da Imensidade Celeste da onde deveria propagar a Vontade, Pensamento e Ação Divinos à toda Criação Universal. O número 4 tem também relação com as quatro letras da língua natural do homem, A Lança do Verbo Divino feita da combinação dos quatro metais.
A Quinta Página
Ligada ao número 5, a quinta página nos conta sobre a Queda do Homem, a Prevaricação a “idolatria e putrefação” do Ser Humano Original. Ensinou o Filosofo Desconhecido que o 5 é o número dos revoltos e perversos que negaram os planos divinos pois após a prevaricação o homem excluiu a si mesmo das quatro classes anteriores para formar uma quinta classe desequilibrada de seu próprio feitio. Como resultado trocou seu corpo glorioso, sua lança do verbo e sua amadura impenetrável por um envoltório carnal frágil e transitório.
A Sexta Página
A página ligada ao número 6 fala do início da passagem do tempo que ocorre após a queda do homem e da relação que se inicia entre a Criação e seu Centro Divino expressa pela “divisão natural do círculo pelo raio”. Além de estar presentes em nossa própria contagem do tempo (60 seg/min, 60 min/h), estes Seis Pensamentos Divinos são expressos pelo hexagono na geometria sagrada e nas Sagradas Escrituras pelos Seis dias da Criação. Notarão, alias, que a divisão do tempo se baseia no número seis ou em um múltiplo desse número: 60 minutos por hora, 60 segundos por minuto, 3600 segundos por hora.
A Sétima Página
Ligada ao número 7 a sétima página fala sobre os Sete Céus, Sete Planetas ou Sete Espítiritos Planetários que são evocados em relação a Imensidade Celeste desde sua influência óbvia na passagem dos dias, nas estações e nas mares até “sua verdadeira ciência e da fonte de suas produções intelectuais ou sensíveis”. Estes Sete Planetas estavam a disposição do Homem antes de sua prevaricação, mas após a Queda devemos reaprender a utilizar suas energias antes de voltarmos a nossa origem na dimensão quaternária.
A Oitava Página
A oitava página do livro do homem nos fala de Ieschouah, o Grande Arquiteto do Universo que é a única esperança para a reconciliação de cada espírito e a reintegração universal. Sendo duas vezes mais forte que os Quaternários seres humanos, o Espírito Octonário é o segundo Adão que vem purificar as sete esferas da Imensidade Celeste e a própria essência da matéria.
A Nona Página
A nona página é relacionada ao número 9, o período da gravidez humana e portanto da encarnação de cada ser humano em um corpo material. Na terceira página temos o 3 (Enxofre, Sal e Mercúrio) referente a toda Criação Universal . Mas no Quarto Reino, a natureza tripla do ser humano esses três princípios materiais são multiplicados pelas três potências divinas que também se encontram em cada um de nós. Nas palavras de Saint-Martin esta nona página portanto fala “da formação do homem corporal no seio da mulher, e da de composição do triângulo universal e particular”.
A Décima Página
A última página deste livro cósmico é associada ao número 10. Sua própria grafia, o Um e a Circunferência nos passam sua mensagem; o retorno ao centro e a unidade original de onde tudo emana. Assim o Livro do Homem se conclui (ou melhor, se concluirá) com o cumprimento dos designe-os divinos e a plenitude na Imensidade Divina. Por enquanto esta página permanece inacessível ao ser humano encarnado devido a sua prevaricação, mas se cumprirá inexoravelmente a medida que o 4, com auxilio do 8 cumprir sua missão sobre a terra.
Seguindo estas Dez Páginas do Livro do Homem temos, nas breves explicações acima, e nos artigos relacionadas por link a cada uma delas uma abrangente introdução a filosofia e visão de mundo martinista conforme ensinada pelos mestres do passado. Lembre-se apenas que o objetivo destes ensinamentos não são apenas para erudição mas para que o esclarecimento trazidos por estes mestres do passado possam nos auxiliar na Via Cardíaca
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