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Tantra Yoga

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Yoga vem da raiz verbal “Yuj” que significa: unir, direcionar, concentrar, preparar e meditar.

Tantra Yoga é o caminho que tem por objetivo levar o indivíduo a perceber que ele já é a felicidade que busca ser.

Inclui as técnicas de preparação e o conhecimento contido nos Vedas, antigos textos indianos revelados aos sábios.

“Nem a postura perfeita de lótus, nem a fixação da vista na ponta do nariz são Yoga. Yoga é a identidade entre Jivatma, o indivíduo, e Paramatma, o Todo”.

(Kularnava Tantra, cap IX verso 30)

Abrange dois caminhos, o da mão direita, Dakshina, e o da mão esquerda, Vama.

Dakshina Tantra Yoga considera o homem como uma combinação de energias e tem como objetivo se dirigir de novo à origem, à Mãe, ou Shakti, que contém e engendra todos os seres.
Assim, o Tantra consiste na utilização dessa energia para conseguir a realização plena do ser, chegar à realidade primordial de onde provém todas as manifestações.

Tudo o que existe, todas as realidades, desde as mais materiais até as mais sutis, são formas diferenciadas de uma energia principal e, manejando esta energia, podemos conseguir dentro de nós uma série de transformações que nos conduzirão a um estado supremo de consciência, de união entre Shiva, a consciência absoluta e o poder manifestador, e Shakti, seu aspecto dinâmico, a força da manifestação nas formas.

Um aspecto interessante do Tantrismo e que consideramos de excepcional valor para a psicologia ocidental, capaz de auxiliar os métodos utilizados para conhecer o psiquismo humano, é o estudo do homem do ponto de vista da energia.

Consideramos o homem como um mundo complexo, presidido e configurado pela energia psíquica que se denomina genericamente de Prana, ou energia sutil, e que adota diversos nomes segundo as funções que regula e os ritmos vibratórios a que está sujeito.

Cada ritmo vibratório dessa energia produz os planos material, psíquico e mental.

Por conseguinte, essa energia vem a ser o eixo central e o meio que o Tantra Yoga utiliza para realizar todas as transformações físicas, psíquicas e mentais.

À medida que o aluno toma consciência de todas as suas energias, ele harmoniza seu interior e se harmoniza com o Todo.

(adaptado de “Os Segredos do Tantra e do Yoga”, Paulo Murilo)

“Tantra – escrituras (shastras) dos ensinos contidos nos diálogos entre o Senhor Shiva e sua divina consorte, Parvati, destinados a ensinar o sadhana (método de realização espiritual) apropriado aos homens da kali yuga (era das trevas).”

Fonte: Iniciação ao Yoga, José Hermógenes, Ed. Nova Era

Uma Síntese.

Vivemos numa sociedade que nos últimos tempos tem evoluído rapidamente no sentido material, porém no plano social não se pode dizer o mesmo, quanto mais sobre o ponto de vista espiritual. Isso se dá pelo dogma ao qual a sociedade ocidental foi imposta durante todo este tempo, onde se separa antagonicamente a matéria (defendida pela ciência racionalista) e a espiritualidade (defendida pelas religiões), dividindo assim o homem.

As antigas sociedades não tinham essa visão, ou melhor, nem se preocupavam com isso, pois consideravam o homem um ser único formado por corpo, mente e espírito e como tal se desenvolvia de forma integral e uniforme, eliminando toda forma de dualidade que limitam e impedem o desenvolvimento do homem.

Encontramos na yoga e em particular no Tantra Yoga, o mais antigo e completo sistema de integração do homem, sendo considerado por muitos estudiosos a origem da tradição que veio resultar nos sistemas hoje conhecidos como: Tarot, Cabala, Tao, Alquimia, além das próprias ramificações da Yoga. Parece pretensão, mas pelo estudo do significado do nome, damos o primeiro passo para essa afirmação.

Derivado do verbo tantori (tecer), Tantra Yoga é um termo sânscrito que significa a essência ou urditura daquilo que é tecido. Segundo outra versão, deriva da raiz Tan, que quer dizer estender. Como os tantras também são conhecidos sob a designação de agama, ou seja, tradição, teríamos como significado final “estender a tradição”.

Na realidade, o tantrismo é a culminação de muitos séculos de experimentação yogui, envolvendo corpo, mente e espírito, e pode ser visto como capítulo final de um longo processo de assimilação e síntese das demais ramificações do yoga. Não é apenas um ramo do yoga ou uma filosofia isolada, mas a rigor, uma fase na evolução dessa civilização.

No sentido escrito tradicional, o tantra está codificado dentro dos textos hinduístas e budistas, que geralmente empregam uma linguagem bastante elaborada, difícil de ser compreendida, sendo, vez ou outra, obscuros a respeito de pontos importantes. Por esse motivo, antes de tentar a iniciação, recomenda-se ao principiante um longo estudo sobre ,este caminho.

O primeiro passo é realizar uma revisão de nossos conceitos, principalmente no que diz respeito ao valor da mulher e sobre a sexualidade. Predominantemente machista e possessivo, nossa cultura obscurece e limita o desenvolvimento humano. Este mal de nossa sociedade deve ser derrubado, pois são conceitos antagônicos aos do Tantra.

O que acharíamos se nos falassem que na verdade Deus é feminino? Essa pergunta coloca em cheque-mate a imagem que temos da mulher. Não precisamos aprofundar muito neste mérito para ver que em outras culturas o ser gerador e criador do universo é representado por uma Deusa (Deusa Gaia na mitologia grega). Não diferente disto, o tantra postula que forças secretas, representadas por uma Deusa, governam o universo se corporificando na mulher.

Para o tantrismo, a chave está na mulher. Entender o que atua verdadeiramente no útero é compreender o mistério do Universo, pois em toda mulher se manifesta o princípio gerador da criação tomando-a uma deusa. Tal postura provavelmente surpreenderia muita gente, já que os arquétipos religiosos mais comuns pintam a mulher como aliada do “Diabo” ou algo semelhante.

Este medo em relação a mulher é até compreensivo, pois a Deusa é representada sobre duas formas: a luminosa na imagem da Deusa Shakti, amante mística de Shiva e a tenebrosa quando simbolizada na terrível Deusa Kali, a devoradora de Homens. Porém devemos entende-lo como um aviso sobre a seriedade do tantra e não desculpa para permitir a discriminação da mulher, como vemos em nossos dias.

Nas sociedades matriarcais, que deram origem ao tantrismo hindu, não existem grandes diferenças entre o homem e a mulher ou corpo e espírito. O tantra vê no corpo humano um templo vivente sem distinção entre carne e espírito. Tudo interage naturalmente em perfeita harmonia inclusive a sexualidade.

Nascemos crescemos e nossos pais desempenham um papel fundamental em nosso desenvolvimento. Naturalmente somos encaminhados às instituições de ensino para aprendermos mais do que nossos pais possam nos ensinar e o mesmo ocorre a respeito da religiosidade. Temos uma orientação para cada anseio de nossa alma, isso é verdadeiro? A sexualidade, onde se encaixa? Na prática vemos uma lacuna no processo natural do desenvolvimento humano, criando neuroses que acompanharão o indivíduo até sua morte.

Para que se possa entender a idéia tântrica é imprescindível que encaremos o tema do sexo sacralizado sem preconceitos. O escândalo causado por uma prática religiosa pornográfica por alguns ocidentais é incompreensível para o praticante do Tranta-Yoga. Para ele, Deus é tudo, sendo que o caminho mais direto para à experiência da Totalidade é a união amorosa, a união mística entre Shiva e Shakti. O praticante, bem como quem conseguiu se libertar das correntes do “pecado original”, acredita que o sexo é absolutamente inocente.

Inocente, mas revolucionário. Todos os ditadores, políticos e religiosos sabem disso e preferem que o povo interiorize normas de rígido purismo, sendo incapaz de pensar e atuar por conta própria. Ao invés de enriquecer a mente das pessoas com as experiências libertadoras do sexo, os dirigentes empobrecem nossa experiência sexual através de preconceitos castradores.

O objetivo do tantra e de outros sistemas e realizar a fusão do Masculino com o Feminino, Shiva e Shakti (Tantrismo), Yin e Yang (Taoísmo), Adão e Eva Cabala, Homem e Mulher, no coito sagrado, tendo como finalidade última a aparição do andrógino, as diferenças entre o homem e a mulher desaparecem numa espécie de transfiguração interior na qual o “eu” dá lugar ao Uno indivisível, ao Tao, ao lod-Shava.

Percebemos em cada sistema que o segredo, a chave dos mistérios da vida eterna, dos céus e do próprio Deus, gira em torno deste assunto. A alquimia nos dá uma lição clara sobre este ponto quando diz em seu dogma central: “O Sol é o Pai, a Lua é a Mãe, o vento gera tudo em seu útero, sobe da terra os céus e desce dos céus a terra para o milagre da unidade”. O próprio Jesus Cristo disse: “O reino dos céus é como um casal de noivos que se deitam e se amam.”

A energia sexual, o corpo e a mente formam uma trilogia inseparável para o tantrismo. O Tantra considera que cada célula é um ser vivente consciente, dotado de psiquismo, emoções e memória. Qualquer uma de nossas células pode ser calma ou ansiosa, estar em harmonia ou não com o resto do organismo.

Se o cérebro não tem exclusividade sobre a consciência, que é propriedade de todo corpo, não existe uma barreira real entre nossa consciência cerebral e nossas células. O que existe é uma seqüência hierarquizada de planos de lucidez ativados a partir do momento em que a energia sexual começa a despertá-los. O praticante do Tantra simboliza essa energia sob a forma de uma serpente, Kundalini, e os distintos planos de lucidez são simbolizados pelos chakras.

Por fim deixo um alerta, conforme Jesus disse: “O reino dos céus são das crianças”. Até que ponto somos crianças, até que ponto temos inocência em nossos corações, pois a porta é baixa, estreita e dois anjos guardam a passagem com espadas de fogo. O descuido, pode facilmente tomar a estrela de cinco pontas no bode de Mendes e então a luminosa Shakti se transformará na tenebrosa Deusa Kali a devoradora de homens.


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