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Sexo e Ocultismo – Ataque e Defesa Astral parte 12 de 13

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Marcelo Ramos Motta

Nosso interesse em ocultismo data de nossa puberdade, ou melhor dos nossos onze anos de idade. Aos dezessete, estávamos numa livraria pesquisando os volumes em busca de algo novo, quando fomos abordados por outro leitor, que encetou conversa conosco. Era um rapaz bastante mais velho que nós, talvez uns vinte e cinco anos de idade, aspecto saudável, que nos confessou:

-Esse assunto de ocultismo me fascina, mas eu tenho um tremendo problema: meu apetite sexual. Todos os livros que leio dizem que a gente tem de controlar o sexo, mas eu não consigo: estou sempre necessitando de uma mulher. Será que não há outra maneira de encarar o assunto?

Sabemos agora, que esse rapaz sentira instintivamente que pertencíamos a uma “linha” que poderia lhe dar uma resposta para seu problema; mas infelizmente para ele, a sociedade que então freqüentávamos, pretensamente “Rosacruz”, tinha sido adulterada pela fraqueza moral dos seus dirigentes, e não dava instrução suficiente ou franca sobre o assunto.[1] Eventualmente estabelecemos contato com a legítima “linha”, e recebemos instrução sobre o sexo; mas nosso infeliz interlocutor era então apenas uma memória, que nos tem ocorrido através dos anos, e nos ocorre agora enquanto escrevemos: terá ele conseguido se libertar da ficção de que abstinência é sinal de santidade?…

Em um dos seus livros sobre o Tibé a Srs. Alexandra David-Neel, relata uma anedota bastante sábia: uma jovem tibetana caminhava por um lugar ermo quando foi acostada por um eremita conhecido em sua aldeia, que o alimentava e venerava. O eremita tentou violentar a moça, que reagiu e acabou por fugir. Chegando em casa, a infeliz virgem contou o incidente à sua família, que a reprovou redondamente.

-Mas então você recusa o uso do seu corpo a um Samnyasi?! Que melhor Carma poderia ter você que perder sua virgindade nas mãos de um homem santo? Volte imediatamente lá, peça perdão ao eremita, e ofereça-se a ele!

A obediente jovem assim fez; mas tendo descoberto o santo, que meditava junto a um riacho gelado, e se oferecendo a ele, este recusou, dizendo:

-Eu lhe agradeço, mas não tenho necessidade dessas coisas. Acontece que o rajah que governava esta comarca estava morrendo no momento em que você passou; e no mesmo momento havia um asno copulando com uma égua num campo vizinho. Eu devia um favor ao rajah, e tentei prover-lhe um corpo evoluído para sua encarnação seguinte, mas você se recusou, e agora é tarde demais: o rajah foi para o jumento e a égua, e vai se reencarnar num corpo de um burro.

É claro que isto é uma anedota, e bastante mordaz! Mas ilustra um fato que poucas pessoas compreendem, os motivos de um iniciado, quando este pratica quaisquer atos que são praticados por profanos, diferem bastante dos motivos dos profanos.

O ato sexual como já dissemos, é uma das poucas formas de Samadhi que estão a disposição de qualquer ser humano, não importa qual seja o grau de evolução deste; sendo um instrumento precioso para aqueles de nossa espécie que compreendem que tudo que existe é santo.

Abstinência sexual, se encarada como regra absoluta, não é uma prova de virtude, e sim de covardia. Abster-se de um ato porque somos capazes de profaná-lo é, ocasionalmente, uma medida de prudência; mas adotada como regra de vida, evidencia fraqueza moral e falta de disciplina em nossos veículos. A lei da física que é enunciada como “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma” aplica-se à biologia como a qualquer outro aspecto do contínuo espaço-tempo. Aqueles que se abstêm da vida sexual acumulam a energia nervosa que normalmente se gastaria na cópula. Como resultado, ou ela se esvai durante o sono em emissões involuntárias, ou provoca uma hipertensão magnética que eventualmente se tona um foco de força mágicka. Mas esta força raramente é sadia, pois é produto de um processo artificial de conservação. Os celibatas, quando não são culpados de maiores desvarios, provocam perturbações nervosas ou excessos sexuais em seu meio ambiente, através de repercussão telepática. É notório que casos de “possessão diabólica” registrados pelo catolicismo romano sempre ocorrem nas mediações de mosteiros ou conventos.

Lembramo-nos de certa ocasião quando, ainda meros discípulos, penetramos com nosso instrutor num mosteiro americano e observamos que aura de um certo monge por quem passáramos estava muito tensa com força magnética. Nosso Instrutor riu e disse, “Claro ele se masturba.” Mas nosso Instrutor estava enganado: o indivíduo tinha um temperamento ardente, porém se abstinha de atividade sexual. Isto carregava a sua aura de força malsã. Somente a força mágicka que desenvolvemos através da expansão de todas as nossas faculdades em todos os planos é uma força ecológica. E que está em harmonia com o corpo de Nuit. Os torquemadas, os Savonarolas e os Hotleres são todos produtos da pressão magnética de uma sexualidade reprimida e doentia; quando não em próprios corpos, ou no corpo de pessoas com quem tem afinidades cármicas ou ambientais.

Para o puro, todas as coisas são puras. Para o santo, todas as coisas são santas. Para o verdadeiro iniciado, a atividade sexual é, como tudo mais na vida, “um trato particular entre Deus e a sua alma”. Já que o ato sexual envolve todos os nosso veículos simultaneamente, ele pode e deve ser utilizado em forma de oração.

Diz “Liber VII”, um dos Sagrados Livros de Thelema, que descreve a Iniciação de um Mestre do Templo:

  1. Eu Te amo, eu Te amo.
  2. Todo alento, toda palavra, todo pensamento, todo ato é um gesto de amor Contigo.

“Não sabeis que sois o templo do Deus Vivo?” disse um grande iniciado.

É uma vil mentira que só possamos encontrar Deus além e a despeito do corpo e dos apetites do corpo. Pelo contrário: é preciso descer aos infernos que existe dentro de nossa herança genética animal, e domesticar suas feras, atrelando-as ao Carro Guardião do Santo Cálice. Aquele Guardião cuja armadura brilha de luz negra, e que não tem nome nem rosto; cujo manto é a colcha de retalhos multicores do Arco-Íris mencionada pelos alquimistas medievais. Veja-se a carta da Temperança, ou Arte do Taro.

Para Iniciados, todo tipo de atividade pode ser tornado santo: basta que todos os nossos atos sejam canalizados em direção àquele fito que ainda pode ser simbolizado pelas palavras União com Deus. Assim o ato sexual, seja ele heterossexual, homossexual, auto-sexual, ou inter-espécie, não só e uma forma natural e sadia de auto-expressão como também pode ser utilizado como oração, como ritual mágicko de invocação ou evocação, e para o aperfeiçoamento dos veículos sutis que existem, potencialmente, em todo ser humano.

Quanto a forma auto-sexual, há uma ressalva a fazer: é uma atividade que deve ser evitada tanto quanto for possível. Sabemos que psicologistas e sexólogos mundanos alegam que a masturbação é inofensiva. Negamos que isto seja verdade. Ela produz, na maioria dos casos, uma perspectiva egóica que pode ele levar ao autismo, e que diminui sensivelmente a capacidade de intercâmbio sadio com outros egos.

A teoria mágicka da atividade sexual é profundamente estudada em Ordens Sérias, e as salvaguardas necessárias estão estabelecidas no tratado por Frater Parzival XIº, “A teoria Eletromagnética do Sexo”.

Restrições dogmáticas ao instinto sexual são extremamente prejudiciais ao progresso racial. Nada impede que os católicos romanos considerem o ato da cópula como “pecado” se realizado por seu clero, ou por leigos não casados; mas eles não tem qualquer direito de tentar impor suas opiniões através de leis e estatutos. Eles deveriam abster-se da cópula sexual de uma vez por toda, assim desapareceriam mais rápido da face da terra.

Esta síndrome restritiva do catolicismo com relação ao sexo, iniciou-se do culto de Átis (uma forma de Deus Sacrificado), o qual era popular no Oriente Médio. Os sacerdotes de Átis castravam-se ritualmente. A maioria dos “patriarcas” do catolicismo romano foram automutilados. Essa forma de loucura decorre de uma exacerbação do orgulho egóico, e denota um medo doentio do Universo, ou Não-Ego. É evidente, uma forma de autismo. Esta doença está sendo aos poucos eliminada da espécie: lendas como a “Queda” e o “Pecado Original” decorreram dela, inventada pelos Irmãos Negros.

Atitudes sociais intolerantes, apliquem-se elas a qualquer forma de atividade ou correntes de opinião, tornam-se extremamente deletérias se transformadas em estatutos restritivos. Estudemos o efeito psicológico da moralidade dessa religião sobre a sociedade brasileira. O “machismo” pátrio é tão exagerado que sugere imediatamente, a qualquer pessoa com um mínimo de conhecimento de psicologia, uma grande dúvida subconsciente quanto à virilidade. Pesquisas científicas realizadas em vários países do mundo, levaram sexólogos a conclusão que homossexualidade, é uma das fases normais da no desenvolvimento sexual da adolescência. Nos Estados Unidos da América, ficou provado que para cada cinco homens da população, três haviam tido experiências homossexuais entre a infância, adolescência e a idade adulta. O Sr. Richard Burton, famoso antropólogo inglês, inclui o Brasil, no rol dos países que visitara, como um dos maiores em índice de homossexualidade.

O homem brasileiro de nossa geração tinha um curioso padrão de moral dupla, que lhe permitia ser tão promíscuo quanto quisesse, mas proibia as mulheres, principalmente a dele de fazerem o mesmo. Essa mesma moral dupla era aplicada também aos homossexuais: o parceiro ativo era considerado normal, mas o parceiro passivo era chamado de veado.

No entanto, se a norma sexual consiste em relações com sexo oposto, que opinião podemos ter de um homem que é capaz de experimentar uma ereção `a vista do corpo de outro homem, ou através de carícias de outro irmão de sexo?

A realidade biológica é bem diversa. A homossexualidade, tanto masculina quanto feminina, impera em quaisquer ambientes em que os sexos sejam segregados, como exemplo as penitenciárias, internatos, e casernas.

Thelemitas afirmam que o normal é uma quantidade estatística, e não um absoluto dogmático. Em palavras mais simples: Thelemitas acreditam que homens e mulheres podem copular entre si, mas se quiserem podem demonstrar uma conduta sexual anômala, sem que isto deixem de ser normais. O que é importante para nós de Thelema, é que quaisquer que forem estes atos sexuais, que sejam expontâneos por parte de todos os praticantes. Violentar o corpo alheio, contra a vontade de seu habitante, é uma terrível forma de Restrição, que é o único Pecado que nós admitimos, e condenamos sem reservas.

Somos seguidores, sim, de Aleister Crowley, o “mago negro”, chamado assim pela imprensa marron, o qual não só praticava a homossexualidade, como a heterossexualidade, e ainda por cima afirmava que tais atividades tem valor espiritual e mágicko!. Já que defendemos suas doutrinas, e também os homossexuais, (masculinos e femininos), isto é sinal de que somos homossexuais. Ora, também defendemos o direito dos católicos romanos de serem católicos romanos, mas nem por isso formos tachados de crististas!

As poucas experiências homossexuais que tivemos, ocorreram em nossa adolescência anormalmente frustada por um progenitor carnal criado num seminário católico romano mineiro, ou em nossa juventude ainda condicionada por recalques de educação. Há anos que não praticamos a homossexualidade, nem sequer como operação mágicka. É irônico que naquela época em que a polícia invadiu nossa casa, nos acusou de sermos entre outras coisas de homossexual; o único fato que puderam descobrir sobre nossa vida sexual era que copulávamos ocasionalmente com uma de nossas alunas, a qual era naquela época bastante adulta em matéria de libido.

Foi essa mesma aluna e parceira sexual que nos relatou que o colégio de freiras que cursava, era costumeiro um exame ginecológico semestral das alunas para verificar se o hímen delas ainda se encontrava intato!!! Esse exame era feito com o consentimento dos pais, e as alunas formavam fila para tal fim em frente a um consultório médico, enquanto os alunos do sexo masculino se congregavam para zombar delas, e ocasionalmente, vaiar as reprovadas. Esse colégio foi apontada pela moça na Baixada Fluminense, cujo nome do mesmo deixaremos de citar.

Vários rapazes nos confidenciou, que há certos colégios de padres no Brasil onde alunos internos tomam banho de chuveiro de camisola. Aparentemente, a vista do corpo humano desnudo poderá ser ofensiva aos olhos de determinados homens dedicados a Deus, muito embora tem-se dito ter sido o dito-cujo que criou o corpo humano. Para os padres a única finalidade do sexo é para procriar. O controle da natalidade, o divórcio, o amor livre, a experimentação sexual, as técnicas sexuais, a sutileza do sexo que enriquecem a estética do ser humano, são odiosas para esses representantes de uma religião, cuja única recomendação feita pelo seu originador foi “Amai-vos uns aos outros.”

Atrás dessas restrições, desses recalques, dessas fobias, há mais que um pressentimento da potencialidade mágicka e mística do ato sexual: há um ódio surdo e letal contra a existência de outras percepções do Universo que não a dos teólogos. Amar a Deus não é difícil para eles; “Deus”, afinal de contas é apenas um reflexo de sua própria vaidade e orgulho. Mas amar o próximo, em todos os planos está a coragem final da verdadeira humildade e da verdadeira caridade, que lhes é dificílima. Nem sequer o ódio franco (que do ponto de vista espiritual, também é uma forma de amor) lhes é possível: a arma deles é sempre a dissimulação, a insinuação, e a calúnia. Hoje, como em Nicéia, o cristianismo romano afaga pela frente, e apunhala pela costas, todos aqueles que não se deixam envolver pela estagnação moral, seu dogmatismo intelectual, e seu sado-masoquismo emocional. Mas procuremos por um só instante usar nossa razão e nosso bom-senso e admiremos o sofrimento de uma homem que se tivesse existido de acordo com os sofismas imbecis decretados no Concílio de Nicéia, teria tido sobre os seus semelhantes a imensa vantagem de ser um homem não só em aparência, mas na realidade um deus. No entanto, durante séculos, milhões de seres humanos sofreram, às mãos dos adoradores desse homem, torturas muito piores do que a dele.

O Colégio Militar do Rio de Janeiro, onde estávamos, em nossa juventude, aceitou entre seu corpo docente um capelão. O primeiro ato deste foi examinar em segredo os livros da Sociedade Literária do Colégio. Como resultado várias obras magníficas e sérias desapareceram “milagrosamente” do catálogo, entre elas uma História da Inquisição em dois volumes, onde não só as torturas favoritas eram descritas, como também eram ilustradas com gravuras da época. O fito principal da Inquisição, era perseguir, torturar e matar, homens e mulheres cujo único crime foi de terem a dignidade humana de recusar aceitar um credo crapuloso.

O sado-masoquismo é sempre o resultado de uma sexualidade reprimida. Padres e Freiras que, sendo dotados de energia nervosa e vitalidade animal, cumprem os preceitos psíquicos; e os muitos são os que fingem ser abstinentes em público, mas que em privado se aliviam de uma maneira ou de outra, tornam-se hipócritas. Como todo ato sexual é uma das mais profundas formas de expressão da consciência, sua restrição pode deixar as mais variadas enfermidades morais nos abstinentes.

A União dos oposto, pressupõe Amor, e amor pressupõe Mudança; nós crescemos espiritualmente na medida que nosso ego se modifica e amplia ao incluir a vivência daqueles outros Egos com os quais entramos em contato. A União dos opostos é essencial à vida do espírito, e outro Ego senão o nosso é sempre uma forma de oposto, o que é muito natural. A relutância normal da faculdade que compõe nosso Ego (Antakharana) em aceitar Mudanças é o mesmo que produz em nós aquele ódio surdo e íntimo que sempre acompanha o mesmo verdadeiro Amor, e só se dissolve no momento do Êxtase, ou Orgasmo.

O Fausto de Goethe exigiu que o momento parasse, porque era Belo; mas a verdadeira Beleza consiste na sucessão de momentos, quer sejam belos ou que sejam feios, ao nosso Ego. Não é possível progredir sem mudar, assim como não é possível regredir sem mudanças.

Não vemos melhor maneira de terminar este capítulo do que citando as palavras de um grande poeta e místico inglês, William Blake:

“Observa o mundo em um grão de areia

E o céu em uma flor silvestre,

Sustenta o infinito na palma de tua mão

E a eternidade em uma hora.”

“Tal como a lagarta escolhe as

folhas mais viçosas para depositar seus ovos,

assim o padre deposita a sua maldição sobre as mais belas alegrias.

 

“Prisões são construídas com tijolos de Lei;

bordeis, com tijolos de Religião.

 

O fraco em coragem é forte em astúcia.

 

““Tu nunca saberás o que é bastante

se não souberes o que demasiado.

“Nenhuma ave voa demasiado alto,

contanto que voe com suas próprias asas.

 

“Que os negros roupetas da

opressão deixem de manchar o mundo

com a baba dos seus preconceitos;

nem lhes seja mais permitido

perseguir os profetas da alvorada!

 

“Pois tudo quanto vive é Santo.”

[1] Repetimos categoricamente que qualquer organização que use abertamente esse nome não pode, por definição, ter qualquer ligação espiritual ou histórica com o movimento original dos “rosacruzes” medievais. A decadência da organização que freqüentávamos foi sem dúvida um produto de sua pretensão. O fundador pertencera a O.T.O., e estivera, inclusive contato com nosso Instrutor (que até então não havíamos encontrado) e com Crowley; mas desvirtuara seus conhecimentos com finalidades puramente pessoais. No entanto, sua conexão kármica com legítimos iniciados possibilitou-nos um eventual contato com a corrente Thelêmica; mas isto só ocorreu na medida que provávamos e nos afastávamos das atividades daquela particular “ordem” a que nos havíamos afiliado.


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