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Embora eu tenha sido admitido no trigésimo terceiro e último grau da Maçonaria tanto tempo atrás em 1900, até o verão de 1912 não havia sido confirmada minha suspeita. Falo de minha crença de que por trás das frivolidades e socialidades de nossa maior instituição jaz na verdade, um segredo inefável e miraculoso, potente para controlar as forças da natureza e não apenas para fazer os homens irmãos, mas para fazê-los divinos. Mas no momento em que falo um homem veio até a mim, um homem daqueles que são mestres misteriosos da Maçonaria esotérica, semelhantemente seus olhos e seu cérebro, e que existe na névoa – desconhecido, frequentemente, até mesmo para seus chefes reconhecidos. Este homem esteve observando por alguns anos minha carreira no ocultismo e declarou-me agora merecedor de partilhar dos Mistérios Maiores.
Com estes ele prosseguiu a me informar, e minha vida desde então tornou-se devota principalmente em seu estudo e prática.
Eu digo prática, não como mera obtenção intelectual, pelo contrário, seria simples para mim comunicar o conhecimento do segredo principal em três palavras, se eu não estivesse atado por meu juramento e por meu natural bom-senso. É a aplicação prática do segredo que demanda labor, inteligência e algo mais. No meu caso os dois anos e meio de pesquisa por estas linhas não foram suficientes para me fazer perfeito, apenas para fazer-me pronto para apostar por volta de três contra um em qualquer operação a que eu suceda.
No manifesto da mais secreta Ordem da qual o meu mestre é o líder está escrito:
“Em seu (da Ordem) seio repousam os Mistérios Maiores, seu cérebro resolveu todos os problemas da filosofia e da vida. Possui o segredo da Pedra dos Sábios, o Elixir da Imortalidade e da Panacéia Universal.”
“Mais ainda, possui um segredo capaz de realizar os velhos sonhos do mundo da Irmandade do homem.”
Justo nesta conjuntura seus adeptos estão ocupados no último trabalho mencionado acima; eles querem dar uma mão na reconstrução do velho mundo e fazer outra catástrofe tal como a presente guerra, impossível. Ao mesmo tempo eles dão boas-vindas à guerra por lhes ter dado uma oportunidade.
Mas agora meu propósito é falar do Elixir da Vida.
Na natureza não há nada ‘a priori’ impossível a menos que seja, em termos, uma contradição. Não há nada impossível, então, na idéia de prolongar a vida e a juventude. A mera higiene já fez um grandissíssimo avanço no curso de uma geração, e as companhias de seguro tem feito fortuna em consequência. Vamos, entretanto, examinar de perto a natureza do problema. Considere o corpo humano, o porquê ele decai. Cada célula no corpo é teoricamente imortal no sentido biológico. Pode reproduzir-se sem perda. As próprias leis da conservação da matéria e da energia mostram que assim deve ser. Toda mudança no universo é compensada por outra mudança.
Huxley mostra que organismos mais simples são de fato, imortais. Eles crescem, reproduzem-se por divisão, crescem novamente, dividem-se, dividem-se de novo e por aí vai pelos tempos a menos que algum acidente interfira.
Agora o organismo muito mais complexo, o ser humano, pode por tudo que sabemos, ser imune ao tempo. Pelo menos, sabemos isto, a carreira deste ser humano é marcada por chances infelizes e que a soma destas é a causa da morte. Muito poucos morrem de velhice, pura e simples. Titian pintava com a idade de 99 e pegou uma epidemia de cólera que o matou.
Pode ser facilmente que um homem, apartado de todo acidente possa viver até uma idade além do atual. Mas mesmo como as coisas são temos diversos casos de pessoas que chegaram aos 150.
Contudo, perguntemos o que produz a senilidade. Nenhum acidente maior como a febre tifóide é requerido. É a vagarosa degeneração pelo envenenamento, diminuto, imperceptível, que trabalha o dano.
É a doença, longamente preparada no sistema, tal como Diabetes, Gota, Reumatismo, Artério Esclerose, que conta. E logo, devo pedir ao leitor para considerar cada depósito de veneno no sistema como um acidente, um dos menores acidentes cuja soma é a morte.
Isto é agora novo, embora Metchnikoff e outros tenham proposto a obtenção da imortalidade aperfeiçoando o sistema excretor. Eles acreditam, e eu parcialmente mantenho contraditório, que se apenas nutrição pura entrasse no organismo, este renovaria-se em perfeição ao invés de naquela suave imperfeição, o que faz sua história uma lenta mas certa tragédia.
Há portanto dois problemas a serem resolvidos.
1. Remover do corpo cada substância que tende a injuriá-lo; e
2. Nutrir o corpo com uma substância tão pura, tão quintessencialmente vital, que possa inundar o homem com vida, ao mesmo tempo não colocando empecilho aos órgãos.
Esta substância é conhecida.
Sobre ela os sábios de outrora escreveram em muitos símbolos. Hermes Trismegistus na sua Tábua de Esmeralda gravou que “O Sol é seu Pai, a Lua sua Mãe : é nascido do vento e a Terra é sua nutridora.” Todo mundo tem parte dela, ninguém tem toda ela, morre a seu nascimento, e vive em sua morte. Eliphas Levi a chamou de “Eletricidade Magnetizada.” Na Bíblia é perguntada concernindo “O que é mais doce que mel e mais forte que um leão ?”. É feita dissolvendo Enxofre no Sal. É feita do orvalho sobre uma rosa ou a pérola de qualquer ostra.
Todas essas charadas têm apenas uma resposta, e o que puder lhe dar a melhor solução é o mais sábio homem da terra.
Esta substância é não apenas a coisa mais forte da terra, mas a mais sensível, é mestre da humanidade, e ainda assim perfeitamente obediente à vontade do homem. Diga a ela ‘Traga dinheiro’ e ela obedece, peça para curar os enfermos e estritamente eles são curados. Acredito que não evento dentro da gama de possiblidades que não possam ser realizados por seu uso.
Tão grandes são as potencialidades desta substância que o conhecimento dela só é confiado a altos iniciados e então apenas após anos de serviço à Ordem. Tão rara e preciosa é essa substância, que se seu valor fosse conhecido desta raça de lunáticos dos quais somos ornamentos instantaneamente eles começariam a se matar para obtê-la. Não é apenas o Elixir da Vida, mas também da Morte.
O trabalho específico de rejuvenescimento é um processo longo e dificultoso e eu nunca tive tempo disponível para realizá-lo. Ainda, como efeito colateral dos experimentos eu vi minha vitalidade aumentar, minha saúde se aprimorar, minha aparência mudou…estou propondo curtamente realizar um retiro em companhia de outro iniciado, para levar a cabo o processo completo, e delimitar os limites de seu poder. Não imagino que o relógio possa ser girado para trás além do ponto crítico do Equilíbrio com Vantagem, que a adolescência possa substituir a maturidade, mas estou certo de que tanto quanto o corpo esteja sem danos, pode tornar-se um meio perfeito para a plena corrente da vida e vigor e não só a decadência possa ser interrompida, mas sua própria semente esterilizada.
É proibido agora como sempre foi revelar a operação ou mesmo chamar a atenção pública para seus resultados. Apenas para interessar e encorajar aqueles que sejam merecedores de uma medida completa de conhecimento é permitido exibir um assunto menor. Possuímos uma certa substância que tem a propriedade de despertar um homem, ainda que exausto, para sua mais alta atividade por uma noite inteira, pela manhã ele estará tão repousado quanto se ele tivesse tido um longo sono. Apenas na noite seguinte ele deve retirar-se cedo e dormir bastante, pois a ação desta substância é apenas temporária e não é sábio renovar sua aplicação a menos em casos de urgência.
Isto eu estou preparado para demonstrar. Não garanto sucesso instantâneo em todos os casos, pois esta substância é sutil em sua ação e a dose adequada para qualquer homem deve ser determinada pela experiência. E minha experiência ela variava de 50 a 450 gotas e sou inapto a julgar o que qualquer dada pessoa necessita. A maior tolerância de suas ações que eu já vi foi no caso de uma garota de 20.
Texto Aleister Crowley
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