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Por Phil Hine,
tradução por Ícaro Aron Soares @icaroaronsoares.
“Nos ritos de subjugação, enfeitiçamento e agitação (kṣobha) [a divindade] deve ser visualizada na cor vermelha. Em ritos de subjugação (nirviṣīkaraṇa), pacificação e ritos de aumento de prosperidade [a divindade] é branca. (1.33)
Para a imobilização, a divindade é amarela, na erradicação de cor esfumaçada, em ritos desconcertantes cor de um inseto cochonilha [i.e. vermelho como uma joaninha], mas nos ritos de matança a divindade é negra.” (1.34)
– Uḍḍiśatantra.
Recentemente, ouvi Amy Hale dar uma palestra maravilhosa sobre como as teorias das cores se desenvolveram no esoterismo ocidental. Achei que já era hora de tentar algumas notas sobre o uso das cores nas tradições tântricas. Este é um assunto vasto, e vou abordá-lo com calma.
Como parte de uma discussão recente no Twitter sobre as cores que são atribuídas a vários esquemas de chakra, lembrei-me desta passagem do Kaulajñānanirṇaya (KJN):
“Ao meditar (nos Chakras) como vermelho, eles sempre dão subjugação; como amarelos causam paralisia; como puro cristal eles dão liberação; como negro, a morte; como esfumaçados dão o poder de desenraizar. Ao meditar sobre eles como sendo puro branco, como leite de vaca, isso é Mṛtyuñjaya (Vitória sobre a Morte). Pode-se causar excitação, paralisia, tremores, queda de status e assim por diante.”
– Kaulajñānanirṇaya, 10, 28-30
Isso me chamou a atenção por dois motivos. Em primeiro lugar, se estou interpretando o KJN corretamente, isso implica que os chakras (oito, nesta seção específica do texto) não têm cores fixas para meditação, mas que a cor muda de acordo com os resultados que o praticante deseja alcançar. Em segundo lugar, as cores são aquelas associadas aos chamados seis ritos de magia (abhicāra). Novamente, isso não é particularmente incomum, e vários textos fornecem instruções para atos de feitiçaria por meio da meditação nos chakras.
Os esquemas de chakra ocidentais tendem a atribuir cores fixas aos diferentes chakras. As cores atribuídas aos chakras nos esquemas indianos são, como poderíamos esperar, consideravelmente mais complexas. O Saṭcakranirūpaṇa [NOTA 1], por exemplo, diz que “as pétalas do chakra Ādhāra são de tonalidade carmesim, com a letra sânscrita em cada pétala da cor de ouro brilhante [NOTA 2] Dentro do chakra, está o quadrado elemental, de amarelo brilhante. Dentro estão Brahma em forma de criança, montado no Rei dos elefantes, e ele é “resplandecente como o jovem sol” enquanto a devī Dakinī, com olhos de um vermelho brilhante, é “resplandecente como o brilho de muitos sóis nascendo ao mesmo tempo e no mesmo instante.” (O Poder da Serpente, apêndice 4, v4-7).
Os bhūtamaṇḍalas elementares associados aos chakras são bastante consistentes nos diferentes esquemas e, até onde sei, datam dos primeiros esquemas de chakra dos Śaiva Siddhāntas, por volta do século VII.
Mas o que essas cores significam? O vermelho é frequentemente associado à paixão, vitalidade e, claro, sangue. O amarelo, como pode ser visto nas citações acima, é frequentemente associado à paralisia ou imobilidade. O branco sugere natureza (prakṛti), também o frescor da Lua, e também está associado a ritos de apaziguamento (śānti) e prosperidade (puṣṭi). “Smoky” ou cinza está associado a rituais de erradicação (uccāṭana). A deusa Dhūmāvatī – “a esfumaçada” (uma das Mahāvidyās) é particularmente associada à magia destrutiva e diz-se que concede o poder de destruição dos inimigos.
REFERÊNCIAS:
P.C. Bachi (ed), Mike Magee (Transl) Kaulajnana-nirnaya of the school of Matsyendranatha (Prachya Prakashan, 1986)
Gudrun Bühnemann, The Iconography of Hindu Tantric Deities Volume 1: The Pantheon of the Mantramahodadhi (Egbert Forsten, 2000)
David Kinsley Tantric Visions of the Divine Feminine: The Ten Mahavidyas (Motilal Banarsidass, 1998)
Sir John Woodroffe, The Serpent Power, (Ganesh & Co. 1950)
NOTAS:
1 Análise dos Seis Chakras, por volta do século XVI.
2 Nesse esquema, as letras são divindades.
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