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Magia do Caos

Perspectivas Mágicas

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Sozinhos, os processos físicos jamais conseguirão explicar a existência do universo, da vida e da consciência. As respostas religiosas não passam de pensamentos esperançosos e criações propositais lançadas como um véu sobre um poço sem fundo de ignorância. Para explicar suas experiências místicas e ocultas, os magos são forçados a desenvolver modelos além do alcance dos sistemas materiais e religiosos. Para o mago, é evidente que existe algum outro nível de realidade além da realidade puramente física. Os magos medievais pensavam que seus poderes emanavam ou de Deus ou do Diabo. De fato, a magia trabalha muito bem, obrigado, seja em nome do bem, do mal ou de motivos neutros e indiferentes. Qualquer que seja a natureza desta outra realidade, certamente não há qualquer necessidade de antropomorfizá-la, além da necessidade psicológica natural.

Muitas disciplinas científicas iniciam suas teorias a partir da negação de qualquer tipo de centelha vital dotada de consciência em eventos materiais e, então, procedem à negação sistemática de sua existência em seres vivos, inclusive em si. Simplesmente porque a consciência não cabe confortàvelmente em seus mecanismos de comprovação, os cientistas declaram-na ilusória. Os magos valem-se exatamente do argumento oposto. Pela observação da consciência em si mesmo e nos animais, eles são magnânimos o suficiente para estendê-la a todas as coisas até um certo nível, quer se trate de árvores, amuletos, planetas etc. Esta é uma atitude bastante mais respeitosa e generosa que a das religiões, cuja maioria não acredita que nem os animais tenham alma.

A visão mágica da mente difere radicalmente das idéias científicas e religiosas. Do ponto de vista religioso, somos brinquedos dos deuses, voluntária ou involuntàriamente. Da mesma forma, somos parcialmente de Deus e parcialmente do Diabo, mas principalmente do mal por opção nossa. Uma vez mais, o pensamento moralista reforça a ignorância. No momento, não há qualquer noção científica da mente; existe apenas a da Psicologia e, assim, temos que contrastá-la com a visão materialista. Este contraste é curioso. A Psicologia alega que quando algo acontece a alguém (estímulo), este faz alguma coisa (resposta). O que faz com que uma pessoa dê um tipo de resposta diferente de outra é o seu ego. Já a visão materialista da vida nos diz que existe um livre arbítrio. Afinal, eu sou o meu ego ou eu sou o meu livre arbítrio? Este antigo problema é insolúvel, posto que está formulado incorretamente. A magia oferece uma alternativa. A consciência ocorre quando o Kia (que é equivalente ao livre arbítrio e à livre percepção, mas não tem forma definida) toca a matéria (o ego, a mente, as informações sensórias e extra-sensoriais etc.). Assim, temos tanto ego quanto livre arbítrio, mas não pertencemos a qualquer uma delas: experienciamos o nosso ser apenas em seu ponto de encontro.


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