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Peter J. Carroll
O teu beijo é tão doce, Arlequim…
O teu sonho é tão manso, Pierrô…
Pudesse eu repartir-me
encontrar minha calma
dando a Arlequim meu corpo…
e a Pierrô, minha alma!
Como mestre da magia, o Adepto possui a habilidade de transformar a si mesmo e à realidade que o cerca confirme sua vontade. A marca de um Mago, no entanto, é sua capacidade de mostrar às outras pessoas como se transformarem no que desejam por meio da disciplina magica. Existem dois tipos principais de Magos legítimos: o Mago Apoteóico e o Mago da Nêmesis. Mas, além deles, há um terceiro, o Hierofante ou pseudo-mago, cada um reconhecível pelos vestígios que deixam em seu caminho.
Mago Apoteótico
O Mago da Apoteose é o Arlequim. Geralmente um mestre do disfarce interno e, frequentemente, também do disfarce externo. Frequentemente, uma pessoa de gostos extravagantes e gestos grandiosos, ele se destaca em várias atividades humanas precisamente porque conquistou a liberdade de ser qualquer coisa. Essa liberdade muitas vezes é conquistada apenas após uma tremenda luta pessoal para reparar os efeitos de um início difícil na vida. O Mago Apoteótico é Jupiteriano e ensina encorajando a emulação de sua nobreza muitas vezes finalizando com indignação. Seu jogo, quase nunca conscientemente formulado, é fornecer um modelo a ser seguido por seus seguidores e talvez mais tarde afastá-los e jogá-los de volta em seus próprios recursos, cujos horizontes foram expandidos pelo encontro. O truque essencial do Mago Apoteótico é apresentar a magia como uma fonte de autoconfiança ilimitada. Se ele conseguir convencer seus seguidores de que são magos capazes de qualquer coisa e de que tudo é permitido, tais crenças tenderão a se tornar autorrealizáveis. O Mago da Apoteose implica isso através do triunfo da vontade.
O caminho da Apoteose é solitário, difícil e perigoso. Um mago assim deve ser todas as coisas para todos os homens e mulheres. Politicamente ele está continuamente desafiando os limites do que é socialmente aceitável. Ele pode ter que recorrer à astúcia para parecer grande o suficiente para acomodar a totalidade das expectativas de seus seguidores. Qualquer verdadeira amizade impediria que ele exerça a função de sua vida em relação a essa pessoa, assim haverá poucos de seus pares com os quais ele pode ser completamente aberto. Ele receberá poucos agradecimentos da sociedade em geral por seus esforços e talvez apenas um respeito relutante daqueles que ele toca. As recompensas tangíveis desse papel se limitam àquelas que ele pode extrair de seus seguidores temporários. O Mago Apoteótico deve estar sempre alerta para evitar as consequências de seu próprio estilo de vida nele e naqueles que se associaram a ele. Ele deve estar sempre um passo à frente da batida policial. Ele frequentemente chega a um fim trágico. Magos notáveis que operam nesse modo incluem Cagliostro, Giordano Bruno, Paracelso, Aleister Crowley e Timoty Leary
O Mago Nêmesis
O Mago Nêmesis faz a mesma coisa mostrando que nada é verdadeiro. É o Pierrot que poderia chamado de “o destruidor de ilusões” ou “o provocador do caos cognitivo”. Mais Saturnino sua busca não é necessariamente pela construção de possibilidades, mas pela desconstrução de certezas e pela revelação de que nenhuma amarra é verdadeira em si mesmo. Ele desafia as estruturas mentais e as verdades estabelecidas, muitas vezes de maneiras desconfortáveis e provocativas. O jogo do Mago Nêmesis não é construir um modelo a ser seguido, mas sim desconstruir modelos existentes. Ele busca abrir espaço para a autenticidade individual, desafiando as narrativas pré-estabelecidas e encorajando a busca por uma compreensão mais profunda da realidade. Seu legado geralmente é deixado não por ele mesmo, que se escreve escreve apenas para si mesmo, mas pela testemunha daqueles que assistiram a destruição. Magos notáveis que operam nesse modo incluem Rajneesh, Gurdjieff e Bodidarma.
Mestres, Papas e Hierofantes
Ambos os Magos visam libertar a imaginação. Ambos são expoentes de um caminho curto e perigoso que inevitavelmente é cheio de baixas e mal-entendidos. No entanto, isso é considerado um pequeno preço a pagar se alguns conseguirem uma definição mais eficaz de si mesmos.
Os contratempos contínuos, reversões e períodos secos aos quais a tradição mágica está habitualmente sujeita são devidos à frequente aparição do Mago Hierofante ou pseudos-magos. O Mestre sempre se apresenta como um representante de algo maior que ele mesmo, uma forma inconsciente de reconhecer sua pequenez. De entre os múltiplos papéis, identidades e comportamentos que uma pessoa pode adotar, o Hierofante apresenta um único modelo como um ideal. Isso é particularmente conveniente para o Hierofante, pois ele não precisa ser um exemplo perfeito de seu próprio ideal e embora tente mostrar isso em público. Além disso, como é ele quem escolhe o ideal, é comparativamente fácil para ele sempre parecer um passo mais próximo dele do que seus seguidores. Claro, a maioria dos papas são simplesmente líderes e professores religiosos que raramente se aventuram em esoterismo devido aos potencialmente imensos custos do fracasso público, mas são em geral bons atores e oradores. No entanto com os milênios já temos hoje uma uma longa lista deprimente de desonra para Hierofantes ocultos ou pseudo-magos.
Os papas pode ser identificado por ensinar um sistema de magia que ele montou a partir de peças ou herança de outros. Os sistemas mais duradouros do hierofantes são aqueles que são altamente complicados e de baixa eficácia mágica. Além disso, devem ser cercados por uma série de exortações insignificantes.
Crowley e Spare
Aleister Crowley flertou com o modo Hierofante, mas foi um supremo expoente do papel do Mago Apoteótico. Ninguém de potencial duradouro aderiu a ele por muito tempo, mas muitos foram expulsos quando encontraram seu próprio caminho. Os escritos de Crowley estão generosamente salpicados com convites deliberados à emulação e adoração heroica, e igualmente temperados com dispositivos projetados para repeli-lo. No entanto, seu efeito nunca foi tão confiável quanto a presença do mago em si.
Uma multidão de pequenos Hierofantes se alimenta dos destroços do trabalho de Crowley mas poucos conseguiram ampliá-lo ou ampliar seus seguidores. As obras de Austin Spare, no entanto, têm sido amplamente resistentes à sistematização e aderência servil, pois ele deixou pouco que pudesse ser transformado em dogma. No entanto, Crowley e Spare exemplificam juntos a paradoxo enfrentado pelo verdadeiro mago. Falar e ser incompreendido ou ficar em silêncio e ser ignorado. Com raras exceções só sabemos daqueles que escolheram falar sabendo que os truques do Hierofante são um meio indispensável, mas que esses truques, em última análise, obscurecem a própria mensagem. A esperança é explodir algumas mentes enquanto isso.
O Mago da Nêmesis é uma figura rara no clima esotérico geral do Ocidente. No Oriente, o papel é mais comum. O Buda histórico, com suas regras e restrições para fornecer aos acólitos uma identidade ligeiramente nova para aderir. Regras relacionadas a roupas, sexo e dieta são particularmente eficazes e se tornam indispensáveis para o Hierofante em sua busca incessante por seguidores. A complexidade de seus sistemas garante uma instrução prolongada e sua eficácia mágica comparativamente baixa garante que poucos serão tentados a se tornar independentes. Esses sistemas são projetados para criar dependência. Novos acólitos são sempre bem-vindos nesses sistemas, não importa quão longo seja seu potencial, pois, na ausência de progresso mensurável, pelo menos os números fornecem alguma confirmação positiva. Heresia e Cisma sempre ameaçam a posição e o sistema do Hierofante. Ideais irrealistas e meios ineficazes de atingi-los sempre atrairão críticas e tentativas de revisionismo. No entanto, se esses puderem ser evitados, os Mestres podem esperar recompensas extensas de seus seguidores, a comercialização lucrativa de seu sistema e talvez deificação póstuma pelo que vale.
Pseudo-Magos hierofânticos frequentemente herdam os sistemas dos predecessores. O Mago da Apoteose e o Mago da Nêmesis raramente têm sucessores diretos, embora Hierofantes frequentemente apareçam depois e reduzam seus trabalhos a um sistema. Os pseudo-magos superam em muito o verdadeiro, por uma grande margem.
O Teste do Papas
Um único teste serve para separar o verdadeiro Mago do Hierofante. O falso mago nunca é capaz de dar uma explicação significativa e simples do que suas doutrinas supostamente devem fazer. Suas justificativas são invariavelmente concatenações verbosas e tautológicas de termos indefiníveis herdados de outros magos. São sempre pinceladas com algum tipo de ataque genérico à “massa ignorante” e aos mestres concorrentes.
Seja por Apoteose ou Nêmesis, Kia alcaçará vôo. E embora a promulgação gere sistematização, Gozar com o vôo dos outros é para perdedores.
Fonte: http://www.hollyfeld.org/heaven/Text/Magick/Kaos/maguspc.txt
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