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A questão que levantamos então não é apenas se podemos dizer ou não que Hiper Sigilos são uma forma de vida. Quanto a isso não há duvidas. A questão é se os Hiper Sigilos sabem disso. Ou seja, se algumas idéias podem crescer tanto que se tornem conscientes de si mesmas. Esta ideia pode levar alguns magistas a igualarem os Hiper Sigilos às egrégoras. Mas veremos que não é este o caso.
Para os que trabalham com o túnel de realidade do esoterismo clássico, uma egrégora, em sua definição, são realmente entidades formadas pela coletividade de seres que a alimentam e se alimentam dela, chegando em alguns casos a desenvolver uma personalidade. Entretanto ao passo que uma egrégora pode ser formada pelas mais simples associações, como famílias ou grupos de trabalhos, os Hiper Sigilos existem em uma escala muito maior.
Mas além disso não podemos afirmar simplesmente que uma egrégora imensa é necessariamente um Hiper Sigilo, pois nem sempre possui a virulência necessária para crescer indefinidamente. Segundo a téoria das egrégoras, as nações como França e Brasil são egrégoras, mas a maior parte delas não tem um interesse de crescer e multiplicar-se, elas de fato se comportam como organismos mas organismos estagnados (exceção feita a antiga União Soviética, que atende todos os requisitos de um Hiper Sigilo) .
Por fim, um Hiper Sigilo se diferencia das egrégoras gigantes e virulentas,(leia-se ‘Religiões’) por possuir uma idéia simples, concisa e bem definida como estrutura. Isso não é dizer que um sigilo é algo simples. Para ser criado é necessario um desejo, organização, uma forma bem determinada de executá-lo e uma foram de energizá-lo, isso requer organização e um processo bem definido, mas a partir do momento que é lançado ele está pronto para ser consumido. O mesmo ocorre com Hiper Sigilos. A Nestle, por exemplo, possui um processo interno, para manter a marca viva, muito complexo. Possui operações, planejamento, estratégias, mecanismos de pesquisa para se adaptar, mecanismos de planejamento para atacar ferozmente e poder crescer, etc. Você poderia dedicar a vida a estudar a Nestle e mesmo assim não conseguir tocar ou compreender a complexidade de cada processo. Mas uma vez que esse sistema exista por trás da marca, tudo o que o Hiper Sigilo precisa das pessoas, é que no calor do verão se deixem influenciar por ele para comprar um picolé.
Agora pegue o Cristianismo como outro exemplo que diferencia as egregoras dos Hiper Sigilos. O cristianismo é uma egrégora poderosa e auto-replicante, mas além de todo o sistema para mantê-lo o “consumidor final” tem tantos protocolos para seguir que sua mensagem/desejo original se torna grande demais, difusa demais e confusa demais para ser considerada um Hiper Sigilo. Imagine se além do processo de manutenção da marca, cada vez que você tivesse vontade de tomar um sorvete tivesse que se vestir de determinado modo, ir para uma sorveteria específica em um dia específico, só pudesse comprá-lo se prometesse agir de uma determinada maneira, nunca pudesse criticar o sabor e tivesse que gostar não porque o gosto é bom, mas porque supostamente aquele é o único sabor que merece ser apreciado e todos os outros são falsos. Compare um mórmom como kardecista, por exemplo, e veja como uma mesma mensagem do Cristianismo pode ser interpretada de forma diferente e criar egrégoras concorrentes à empresa original – a Igreja Católica.
Sobre este ponto afirmamos apenas que segundo essa teoria os Hiper Sigilos seriam sim egrégoras, mas de um tipo muito específico e especial. Mas para afirmarmos que um Hiper Sigilo é um sigilo que criou consciência de si mesmo entramos no campo da filosofia. A problemática de uma auto-consciência é uma questão metafísica de primeira importância, por isso não é de nosso interesse tentar discutir em poucas linhas o que isso significaria ou como provar ou refutar de fato que essa é uma realidade. Isso seria apenas uma forma de tratar o assunto de maneira profana e tendenciosa e requeriria a capacidade de definir o que é a consciência. Não podemos nem mesmo dizer com certeza se uma pessoa tem ou não consciência, mas apenas que ela se comporta como se tivesse consciência ( exatamente como um Hiper Sigilo!). Um arquivo mp3 com a gravação “Eu se quem sou” Não prova que o computador que o executa tenha uma mente. A única certeza que podemos ter é de nossa própria consciência, além disso não existe prova de mais nada.
Partindo-se então do princípio prático de que Hiper Sigilos tenham consciência, adaptando-se ao meio, evoluindo, tomando decisões que um individuo sozinho não tem poder nem meios de tomar, então abrimos uma perspectiva muito curiosa para o trabalho mágico. Gradualmente os Hiper Sigilos evoluiriam de um pensamento para ser algo vivo que não depende mais da mente que o pensou, como um meme auto consciente de grandes proporções que se espalha por conta própria. E ainda, se consideramos que um ser humano é um superior às suas células do baço, teríamos também que forçosamente considerar os Hiper Sigilos superiores ao seres humanos. Ou seja, se os deuses não existiam, nós os criamos agora.
Sobre o sacerdócio
Um dos desdobramentos das Marcas como Hiper-Sigilos é que todo funcionário de qualquer organização é uma espécie de sacerdote. Ele é responsável por garantir que sua empresa seja adorada e alimentada pelos fiéis. Assim como antigamente hoje existem deuses populares e deuses regionais, mas todos eles tem em comum o fato de que no fundo dependem de seus adoradores e de seus sacerdotes.
Os sacerdotes de hoje, assim como os de antigamente colhem vários frutos de seu trabalho. Em primeiro lugar eles obviamente em benefícios materiais. Quanto mais poderoso o hiper sigilo que servem, mas prósperos serão. Em segundo lugar os sacerdotes são personificações do prestígio de uma marca, esse deus moderno. Por fim, assim como os antigos sacerdotes viam em seus ofícios a chance de eternidade, em “O Gerente Eficaz”, Peter Drucker, pai da administração moderna diz que uma organização é um meio de sobrepor as limitações que a mortalidade estabelece para aquilo que uma pessoa pode contribuir em vida.
Como se isso não bastasse em 1987 Charles Handy, fundador da Escola de Negócios de Londres, escreveu um clássico do mundo dos negócios chamado “Deuses da Administração”. Nessa obra ele analisou e classificou o que hoje se conhece como Cultura Organizacional, ou seja classificou as personalidades de uma empresa dividindo-a em quatro personalidades: Zeus, Apolo, Atenas, Dionísio. Nada mais precisa ser dito.
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