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O Autor ou Autores – Análises e Estudos do Manuscrito

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Muitas pessoas acabaram adotando a idéia de que Roger Bacon teria sido de fato o escritor so Manuscrito, e isso aumentou muito a excitação daqueles que conjecturavam a respeito de seu conteúdo, afinal de contas Bacon era considerado como um grande mago que se interessava sobretudo pelo que chamamos experimentação científica, da qual foi um dos pioneiros, entre outras coisas ele predisse o microscópio e o telescópio – e se levarmos em conta as ilustrações que poderiam representar células ou galáxias poderíamos afirmar que ele foi muito além de apenas prever esses instrumentos – os navios com propulsão a motores, os automóveis e as máquinas voadoras. Interessava-se, igualmente, pela criptografia da qual falou na “Epístola sobre as obras secretas da arte e a nulidade da magia”. Todos conjecturavam que tal manuscrito inédito e cifrado por Roger Bacon podia conter espantosos segredos. Mas durante os anos diferentes pesquisadores começaram a descartar a possibilidade de uma origem Baconiana e chegaram a conclusões igualmente espantosas, mas cada uma delas trazia consigo alguns contras que devolviam o manuscrito às trevas de onde emergiu originalmente.

Recentemente Leonell C. Strong, um pesquisador médico de câncer e criptógrafo, acreditou ter solucionado a cifra do manuscrito. Ele descreveu o método de decifração como “um peculiar sistema duplo de progreções aritméticas de um alfabeto múltiplo”, e afirmou que o texto revelava o autor do livro: Anthony Ascham, um escritor inglês do séulo XVI que entre outras coisas escreveu a obra entitulada “A Little Herbal”, publicada em 1550. O principal argumento contra essa hipótese é que mesmo que o manuscrito Voynich tenha alguma semelhança à obra A Little Herbal não há evidências de que Ascham tivesse o conhecimento literário e criptográfico para criar um trabalho como este.

Ainda Nick Pelling propôs em seu livro sobre o manuscrito Voynich, que ele teria sido escrito por Antonio Averlino, também conhecido como Filarete, um arquiteto renascentista italiano. De acordo com a hipótese levantada por Pelling, Averlino tentou chegar a Constantinopla em 1465 e cifrou em um documento seus vários trabalhos de engenharia e seu conhecimento de forma que ele passasse pelos guardas da fronteira veneziana e chegasse às mãos dos turcos otomanos. Mas essa idéia é toda baseada em evidências muito circunstanciais.

Em 1987 surge outra tradução do texto, Leo Levitov, o homem que conseguiu decifrá-lo afirmou que o texto era uma simples transcrição de uma tradição oral poliglota. Ele explica que essa tradição é uma “língua literária que seria compreensível para pessoas que não compreendessem o latim, assim esse texto poderia ser lido por elas e compreendido”. A sua proposta de decifração usa três letras formando uma sílaba, essas sílabas quando unidas formam uma mistura de Alemão medieval acrescido de palavras em Francês antigo e Alemão Antigo.

Levitov apresentou seu trabalho de decifração em seu livro: Manuscrito Voynich Solucionado: Um Manual Litúrgico para o Ritual de Endura dos Heréticos Cártagos, o Culto de Isis. E de acordo com ele o ritual de Enduras era o ritual de suicídio assistido àquelas pessoas que já estivessem próximas da morte. Essa crença, de que os cártagos tinham práticas de eutanásia, é tida por muitos como certa mas hoje começa a ser questionada. Levitov explica que as plantas quiméricas não representam espécimes da flora de alguma região mas são símbolos secretos da fé exibida no livro. As mulheres nas banheiras, ligadas por complexos encanamentos represental o ritual do suicídio, que ele acreditava ser realizado com o uso de venesecção, as veias da pessoas seriam seccionadas e o sangue escoaria para a banheira onde a pessoa ficaria imersa em água morna. As constelações, sem nenhuma analogia reconhecida em lugar nenhum, seriam representações das estrelas no manto de Isis.

Apesar do trabalho de Levitov ser interessante, podemos questioná-lo em vários pontos. Em primeiro lugar a fé dos cártagos era supostamente uma forma de gnosticismo cristão, e mesmo que possamos ligar o culto de Nossa Senhora com o culto primitivo de Isis, é um pouco forçado ligar a crença dos cártagos em algo tão abertamente difundido. Depois, essa teoria colocaria a origem do livro nos séculos XII e XIII, o que parece ser alguns séculos antes do que todas as tentativas de datação apontam como origem provável do tomo. E finalmente, supondo-se que os cártagos adorassem Isis, e que da mesma forma que uma datação pode errar colocando um objeto num futuro mais próximo ela talvez possa aproximar demais uma data, fazendo um livro do século XII ser visto como uma livro do século XVI, os rituais de eutanásia dos cartagos envolviam o jejum e não a venesecção. Além disso, Levitov não ofereceu nenhuma evidência que suportasse suas teorias além da própria tradução do livro.

Na década de 1970, um criptógrafo da marinha americana, depois de trabalhar algum tempo com o manuscrito, observou que as páginas da seção de botânica podiam ser separadas em dois conjuntos, A e B, com propriedades estatísticas distintas e aparentemente com duas caligrafias diferentes também. Ele concluiu que o Manuscrito Voynich era o trabalho de dois ou mais autores que utilizaram diferentes dialetos ou gramáticas, mas que possuíam a mesma fórmula para a cifra. Mas estudos recentes colocaram essa teoria em cheque, um expert em caligrafia examinou todo o manuscrito e não encontrou evidências de caligrafias diferentes, assim como quando todas as sessões são examinadas é possível notar uma transição gradual na escrita, assim o conjunto A e o conjunto B seriam o resultado de uma mesma pessoa escrevendo um texto durante um longo período de tempo.

E este mistério provavelmente irá persistir enquanto o texto não for decifrado, não é de se admirar que o livro tenha trancendido a mera qualidade de texto encriptado para se tornar uma obra de mistério, e com o tempo seu conteúdo e origem começou a ser questionado levando-os para outros patamares inteiramente novos.

Jacques Bergier, famoso pesquisador e escritor do início do século XX, escreveu muito a respeito do Manuscrito Voynich, levando sua teoria para um lugar muito mais distante, não apenas no tempo, como no espaço também. Em seu livro, Os Livros Malditos, ele resume a história do manuscrito e expõe sua teoria de maneira bem clara.

Bergier afirma que o texto passou pelas mãos de Roger Bacon e de Dee, e que foi este último que o vendeu ao Imperador Rodolfo II que o entregou para ser estudado por Jacobus e assim em diante até chegar nas mãos de Voynich. Então Bergier oferece um novo caminho trilhado pelo livro. Ele afirma que em 1919 fotocópias de suas páginas chegaram às mãos de Wiliam Romaine Newbold, que na época era Deão da universidade da Pensilvânia e contava com 54 anos. Newbold era especialista em linguística e criptografia e trabalhou durante dois anos com o manuscrito e o mais assombroso é que afirmou ter descoberto a chave para decifrá-lo, mas depois disse que perdeu a chave durante suas pesquisas. Em 1921 começou a fazer conferências sobre suas descobertas. Nessas conferências Newbold afirmou que o manuscrito vinha de Bacon e que este sabia a respeito da nebulosa de Andrômeda e que ela era uma galáxia como a nossa, também aformava que através do texto ficava claro que Bacon sabia a respeito das células e que os embriões se formavam a partir da união do esperma com o óvulo. O sucesso dessas palestras assombraram não apenas o mundo científico mas o grande público em geral, existem relatos de uma mulher que atravessou o continente procurando Newbold para que ele expulsasse um demônio que a perseguia utilizando-se das fórmulas de Bacon.

O grande problema com o sistema que Newbold utilizou para decifrar o manuscrito é que aparentemente ele funcionava apenas de trás para frente, ou seja era capaz de decifrar o texto usando sua chave, mas não conseguia criar cifras semelhantes às do manuscrito a partir de textos normais. De acordo com Bergier: “Ora, é evidente que um sistema de criptografia deveria funcionar nos dois sentidos. Se possui-se um código, dever-se-ia, também, traduzir nesse código mensagens em claro. A sensação continuou, mas Newbold tornava-se cada vez mais vago, menos acessível. Morreu em 1926. Seu colega e amigo, Roland Grubb Kent, publicou seus trabalhos.”

Depois disso uma contra-ofensiva teve início, conduzida em particular por um Padre Manly que não estava de acordo com a decifração de Newbold. Manly afirmava que certos signos auxiliares eram deformações do papel e desde então se criou um hiato sobre as decifrações do manuscrito que durou décadas.

O método usado por Newbold e depois desacreditado por Manly era o da Micrografia. Newbold afirmou que o texto em si não possuia qualquer significado, mas que cada caracter era formado, por sua vez, por uma série de marcações somente perceptíveis quando magnificadas. Essas marcações supostamente eram baseadas no grego antigo, e formavam um segundo nível de escrita que possuia o significado real do texto. Assim, entre outras coisas, Newbold provou que Bacon já fazia uso do microscópio quatrocentos anos antes deste ter sido finalmente popularizado por Leeuwenhoek. Manly apontou várias falhas nessa teoria, cada sinal poderia ter uma série de interpretações e não havia uma maneira correta de determinar qual interpretação era a correta em cada um dos casos. Assim como parte do método consistia rearranjar as letras à vontade até que palavras em latim surgissem. Assim como afirmou Bergier, cria-se um caminho de mão única para se descobrir o que quiser na texto, mas se torna impossível se criar uma nova cifra a partir de um texto normal.

Como o próprio Bergier coloca: “A hipótese que vou emitir é pessoal. Parece-me, pelo menos, que nunca vi em nenhum lugar e que, igualmente, já li tudo, sobre o manuscrito Voynich. Para mim, Newbold apagou a pista conscientemente, pois teria recebido ameaças. Tinha relações muito estranhas com todos os tipos de seitas. Sabia bastante para entender que certas organizações secretas são realmente perigosas. E estou persuadido que, a partir de 1923, foi ameaçado, e, temendo graves represálias, deu um passo para trás. Dissimulou o essencial de seu método, e sua chave principal nunca foi encontrada.”

“Antes de examinarmos o que penso sobre o conteúdo do manuscrito de Voynich, preciso primeiro resumir, rapidamente, as tentativas de decifração posterior a Newbold. A maior parte são ridículas. Mas, a partir de 1994, um grande especialista em criptografia militar, William F. Friedman, morto em 1970, ocupou-se dessa questão. Utilizou um ordenador do tipo R.C.A. 301. Segundo Friedman, não só a mensagem é cifrada, mas está numa linguagem totalmente artificial. Como a língua enoquiana de John Dee. É uma hipótese interessante que, talvez, seja um dia provada.”

“Um dos objetivos da revista americana INFO, consagrada às informações de difíceis soluções, consiste na decifração do manuscrito Voynich. Até hoje, tal objetivo não progrediu muito. Parece-me que seria conveniente entregar-se mais ao manuscrito Voynich, e menos a outros problemas desse gênero. Quer se tratasse dos manuscritos de Trithème ou dos escritos incompletos de John Dee. No caso do manuscrito Voynich, parece tratar-se de um texto proibido completo. Entre as poucas frases que se encontram nas publicações de Newbold, uma faz, particularmente, sonhar. É Roger Bacon quem fala: “Vi num espelho côncavo uma estrela em forma de escaravelho. Ela se encontra entre o umbigo de Pégaso, o busto de Andrômeda e a cabeça de Cassiopéia.”

“Foi exatamente ali que se descobriu a nebulosa de Andrômeda, a primeiro grande nebulosa extragalática que se conheceu. A prova foi anunciada após a publicação de Newbold que não pôde ter sido influenciado em sua interpretação do texto por um fato que ainda não fora descoberto.”

“Outras frases de Newbold fazem alusão ao “Segredo das Estrelas Novas”.

“Se realmente o manuscrito Voynich contém os segredos das novas e dos quasares, seria preferível que ficasse indecifrável, pois uma fonte de energia superior à da bomba de hidrogênio e suficientemente simples de manejar para que um homem do século XIII possa compreendê-la, constituiria exatamente um tipo de segredo que nossa civilização não tem necessidade de conhecer. Sobrevivemos, penosamente, porque foi possível conter a bomba H. Se é possível liberar energias superiores, é melhor que não saibamos como, não ainda. Senão, nosso planeta desapareceria bem mais depressa na chama breve e brilhante de uma supernova.

“A decifração do manuscrito Voynich deveria ser, a meu ver, seguida de uma censura séria antes de sua publicação. Mas quem aplicaria tal censura? Como diz o provérbio latino, “quem guardará os guardiães?” Pergunto-me se nunca se submeteu fotocópia do manuscrito Voynich a um grande intuitivo do tipo de Edgar Cayce, que poderia traduzi-lo sem usar o laborioso processo de decifração. Seria suficiente que ele encontrasse a chave, e os ordenadores fariam todo o resto. Pode-se encontrar uma foto de uma página do manuscrito Voynich, na página 855 do livro de David Kahn, já citado, edição inglesa Weidenfeld e Nicholson. Não se pode, evidentemente, deduzir dela o que quer que seja. Simplesmente, fica-se espantado com o número de repetições. Tais repetições foram aliás notadas por inúmeros especialistas de criptografia que tiraram daí conclusões contraditórias.”

“… tenho excelentes razões para crer que uma versão desse manuscrito foi destruída. Com efeito, Roger Bacon tinha em sua posse um documento que, segundo ele, pertencera ao Rei Salomão e continha as chaves de grandes mistérios. Esse livro, constituído de rolos de pergaminho, foi queimado em 1350 por ordem do Papa Inocêncio VI. A razão que se deu foi que tal documento continha um método para invocar demônios.”

“Podemos substituir demônio por anjo, e anjo por extraterrestre, e compreender então muito bem a razão dessa destruição. É provável que se a igreja católica, em 1350, achasse o manuscrito Voynich, tê-lo-ia queimado.”

“Mas sabemos, agora, que estava escondido numa abadia, e que só com a pilhagem dessa abadia pelo Duque de Northumberland é que o manuscrito reapareceu, e foi levado ao conhecimento de John Dee. Segundo algumas notas de Roger Bacon, o documento que ele tinha e que provinha de Salomão, não estava em código, mas em escrita hebraica. Roger Bacon notou que o documento tratava mais de filosofia natural que de magia.”

“Bacon escreveu também: “Aquele que escreve a respeito de segredos, de forma não escondida ao vulgo, é um louco perigoso.” Escreveu em 1250 mais ou menos. Explicou em seguida esse método de escrita secreta que comporta a invenção de letras que não existem em nenhum alfabeto. Provavelmente foi o que fez para traduzir em código o que se poderia chamar de documento Salomão, mas que é mais cômodo chamar de manuscrito Voynich.”

Outros autores também levantaram hipóteses de a origem do livro não ser exatamente deste mundo. Gerry Kennedy e Rob Churchill, em seu livro de 2004, The Voynich Manuscript, questionam se seria possível que o livro fosse um caso do registro de glossolália ou da canalização de algo supra-humano.

Se este for o caso, o autor do manuscrito se sentiu compelido a escrever grandes quantidades de texto de uma forma que lembre escrita consciente. Um paraelo contemporâneo a isso seria no filme iluminado quando Jack Torrance escreve a mesma frase em páginas e mais páginas, imitando a estrutura de um livro.

O autor do manuscrito então se sente compelido, seja por vozes que ouve ou por algo que parte de si mesmo de registrar o texto. Enquanto glossolália geralmente diz respeito a uma linguagem inventada, feita por fragmentos da lingua do próprio autor, textos deste tamanho e dimensão são extremamente raros. Kennedy e Churchill usam os trabalhos de Hildegard von Bigens para apontar as semelhanças entes as ilustrações que ela fazia quando era atacada por crises severas de dor de cabeça – que podem induzir um estado de transe que é adequado para o surgimento da glossolália – e o Manuscrito Voynich. Características muito semelhantes encontrados em ambos são a presença constante de fileiras de estrelas e a natureza repetitiva das “ninfas” na seção de biologia.

Esta teoria é virtualmente impossível de se comprovar ou de se desprovar, a não ser que se decifrem o texto, os próprios escritores, apesar de julgar a hipótese plausível não estõa inteiramente convencidos dela, afirmando que se o documento é genuíno então o autor deve ter sido afetado por alguma doença mental ou desilusão. Mas isso não explicaria a estrutura deliberada do manuscrito ou das sessões astrológicas e astronômicas que tem um zelo muito grande em sua construção.

por Obito


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