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Meus nobres amigos e amigas, nesta manhã me vi refletindo nas minhas anotações sobre uma aula incrível que assisti no seminário do meu nobre amigo Luiz Felipe Pondé na última semana:
“(…)Lovecraft acertou na sua visão de misericórdia como a incapacidade cognitiva humana de correlacionar e entender uma visão maior do amplo espectro de nossa realidade (seja histórica ou natural) enquanto vivos. Ele também remove um personagem central ou confiável como narrador de sua narrativa cósmica a tornando acósmica. ” Relaxe vamos falar disso adiante.
E estes são pontos altos da sua obra sistêmica e sistemática, talvez o primeiro grande universo compartilhado da literatura de terror. E que reluz, inspira e influencia a gente até hoje. Para o ocultista britânico Kenneth Grant, Lovecraft descrevia através da moralidade aquilo que Aleister Crowley o fazia amoralmente e inevitavelmente extático. Todos eles acertavam no mistério do silêncio e da incapacidade de abraçar ou entender o todo.
Resta ao horror cósmico se mostrar conforme somos acometidos em avançarmos por “Hybriis” ou ganância neste grande além; é quando somos visitados (e surtamos) pelos criadores do mesmo, você sabe “Os Grandes Antigos” e os “Deuses Exteriores” e seus servos. Todos “Eles” que não aceitam (muito bem) descendentes ou resultados e consequências de suas experiências tão parvos como todos nós enquanto espécie. É assim nas páginas dos seus contos e nas adaptações e obras influenciadas por seus escritos.
Humanos e cristãos europeus por outro lado inventam malabarismos e acrobacias para cercarem Deus como só Amor e evitarem que seja o “todo” ou “tudo” na sua textualidade. O que complica bastante as coisas para os vivos e dá um destaque maior ao diabo e outros artifícios, do que as outras duas vertentes abraâmicas. Estas que pegaram muito melhor a ideia sobre Deus ser todo e o tudo – não apenas e exclusivamente o amor.
Ainda assim tivemos os Gnósticos, sempre eles, e estes sacaram que o papo do sagrado ou Deus como “é só amor” era coisa de um demiurgo, uma conclusão no mínimo sofisticada da parte dos gnósticos. Eles notavam como a realidade empírica era uma outra coisa que não era só “amor- era “something else”.
Infelizmente neste “acosmismo gnóstico, confiança” e respirar não eram facilmente incluídos no princípio/arché e tampouco na finalidade/tellus – e essa dupla polaridade deveria ser mais considerada no cotidiano da gente – e apesar de sofisticada no final do dia, talvez só queiramos abraçar nossos viés e o que podemos confiar. Nossas escolhas são mais irracionais do que gostáriamos, falo disso nos podcasts da Vox Vampyrica. Devaneios me vem neste tema.
Tal horror cósmico de Lovecraft reside nas infinitas e vastas lacunas do espectro da realidade que em vão preenchemos com nossos “viés” e “enviesamentos” pela simples ausência ou capacidade de elencarmos sua pluralidade e múltiplos aspectos. Nenhum de nós, nem os maiores especialistas conseguem elencar isso – o desconhecimento do que rola no tempo e no espaço, bem como os segundos de silêncio antes de grandes decisões é bem assim – e sim isso queima a rotina e a retina de todos pois é algo que invariavemente está muito mais atrelado a irracionalidade e o indomável do que jamais gostáriamos que fosse.
Enquanto isso me apego a ideia de misericórdia lovecraftiana diante do horror cósmico. Enquanto vivos, afinal, não estamos e nunca estivemos com essa bola toda – e nossa existência não fecha essa conta onde os pílares e pólos são tão ou mais distantes para alcançarmos verdadeiramente do que uma jornada na terra dos sonhos. (…)”
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*Agradeço sempre aos amigos do LABÔ PUCSP e sua coordenadora Andrea Kogan por nos oferecerem oportunidades especiais como este seminário!
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Outras participações de Luiz Felipe Pondé na RedeVamp
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