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Dos Antigos e sua descendência – Necronomicon parte 1 de 18

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Os Antigos foram, são e serão.

Das estrelas obscuras vieram até onde o Homem teria nascido, invisíveis e repugnantes. Desceram sobre a Terra primitiva.

Sob os oceanos permaneceram em latência durante as eras, até que os mares se retiraram. Reproduziram-se rapidamente depois e nesta multidão começaram a reinar sobre a Terra.

Sobre os pólos gelados edificaram poderosas cidades e nas altura os templos daqueles que a natureza não reconhece e os deuses amaldiçoaram.

E sua descendência invadiu a Terra e seus filhos sofreram durante as eras. Construíram com suas mãos os colmados (shantaks) de Leng; e as entidades aterradoras que permaneciam nas abóbadas primitivas de Zin os reconheciam como seus deuses. Engendraram o Ha-hag e as Entidades Lúgubres que reinam sobre a Noite. O Grande Cthulhu é seu irmão, os shaggoths hirsutos, seus escravos. Os dholes prestaram-lhes homenagem à noite no vale Pnoth e Gugs entoa-lhes suas loas sob os cimos da antiga Throk. Caminharam no meio das estrelas e percorreram a terra. A cidade de Irem no grande deserto conheceu-os; Leng viu-os passar no Deserto Gelado e a Cidadela sem idade construída sobre as alturas coroadas pelas nuvens de Kadath. O desconhecido traz sua marca. Os Antigos avidamente oprimiram os caminhos das trevas e suas blasfêmias inundaram a terra, a criação inteira inclinou-se diante de sua potência e reconheceu sua perversidade. E os deuses mais antigos abriram os olhos e constataram as abominações daqueles que assolavam a Terra. Em sua cólera, voltaram-se contra os Antigos, que permaneceram em sua injustiça, e os expulsaram da terra para o vazio dos espaços onde reina o caos e que não abrigam qualquer forma. E os deuses mais antigos apuseram seu emblema sobre o Grande Pórtico e os Antigos foram impotentes contra sua potência.

Então, o apavorante Cthulhu surgiu das profundezas e enfureceu-se contra os Guardiães da Terra. Eles ataram suas garras venenosas por meio de poderosas imprecações e o encerraram na cidade de R´lyeh onde, oculto, sob as ondas, dormirá e sonhará com a morte até o fim dos tempos.

E atrás desse Pórtico vivem atualmente os Antigos, não em espaços conhecidos pelos homens, mas os espaços que os separam. Vagueiam além das esferas celestes e esperam, sempre, o momento do retorno. Pois a Terra conheceu-os e os conhece para sempre. Esses antigos têm Azathoth como seu senhor, o louco informe, e permanecem com ele na caverna negra situada ne centro do infinito. É ali que ele devora vorazmente, num caos total, em meio ao rufar demente de tambores ocultos, o som dissonante de hórridas flautas e o uivar incessante de deuses cegos e idiotas que subsistem e gesticulam sem objetivo pela eternidade. A alma de Azathoth se encontra em Yog-Sothoth e assinalará aos Antigos quando as estrelas indicarem que chegou o momento do retorno. Pois Yog-Sothoth é o pórtico pelo qual passarão aqueles que povoam o vazio quando retornarem. Yog-Sothoth conhece os meandros do tempo, pois o Tempo é Um para ele. Sabe de onde os Antigos provêm, em tempos recuados; sabe de onde sairão quando o ciclo recomeçar.

Depois do dia vem a noite. O tempo dos homens passará e os Antigos retornarão de onde vieram. Saber-se-á, então, que nada mais eram que impureza e, malditos, terão conspurcado a terra.


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