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Excertos de O Livro da Vida
Capítulo 2 do Evangelho Segundo Marcos.
Comentado por Ya’aqov ben Ya’aqov sob orientação de Yisra’el
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O alfa (α) se revelou como sendo o ômega (ω) e o ômega (ω), como sendo o alfa (α). O princípio e o fim são a mesma coisa e estão no mesmo lugar. Assim, João Batista, que havia vindo antes de Jesus e realizado o seu batismo, também veio depois dele, tendo sofrido a sua ação purificadora e se tornando limpo da tzaraat[3]
Agora, João Batista pode realizar a sua missão profética: pregar a palavra e, por intermédio dela, batizar os elementos que se encontram imersos na água, cobertos pelo Véu de Nephesch, escravos do automatismo, dos elementos. Aquele que se ergue das águas, além de limpo, renasce em um novo mundo, deixando Assiah (o Mundo da Ação) e chegando a Yetzirah (o Mundo da Formação).
Gálatas 4 : 1-5
Ora, eu digo: enquanto o herdeiro é menor, embora dono de tudo, em nada difere de escravo. Ele fica debaixo de tutores e curadores até a data estabelecida pelo pai. Assim também nós quando éramos menores estávamos reduzidos à condição de escravos, debaixo dos elementos do mundo. Quando, porém, chegou à plenitude do tempo, enviou Deus o seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a Lei, para resgatar os que estavam sob a Lei, a fim de que recebêssemos a adoção filial.
(1) E tendo entrado de novo em Cafarnaum depois de dias ouviu-se: “Está em casa”
Quando estudamos o versículo 21 do capítulo 1, na obra “o Alfa e o Ômega”, vimos a representatividade da cidade de Cafarnaum dentro da narrativa esotérica. Localizada na Galileia, Cafarnaum significa, em hebraico, Kephar Nachûm (נחום כפר), isto é, “aldeia de Naum”, mesmo significado do seu nome em koiné, καφαρναονμ. Naum, por sua vez, além de ser o nome do sétimo, dos chamados, profetas menores, significa “consolador”. Desta forma, podemos entender que Jesus se coloca na posição de ser aquele que traz o alívio, o consolo, para os nossos “eus inferiores”. Isto é, toda a sua ação na cidade de Cafarnaum está atrelada à ideia da prática consoladora.
Aqui, nos cabe destacar o simbolismo do número 7 (sete) dentro da tradição. A letra hebraica que possui valor numérico 7 (sete) é o Zayin (ז). Na gematria do seu nome por extenso, encontramos o valor de 67 (sessenta e sete), que é o mesmo valor para Binah (compreensão). Enquanto o significado do nome da letra é “arma” ou “espada”, a sua raiz significa “sustento”, “alimentação”. Isso perfaz a ideia de que, devidamente alimentados, encontramos o nosso sustento, aquele que é capaz de cortar, pelo uso da espada, aquilo que necessita de ser cortado para a melhor compreensão[4]. Ou, de modo reverso, que o ato de cortar, separar pelo uso da espada, é o que gera a alimentação da compreensão. Ademais, por ser considerado, simbolicamente, o Vav (ו) coroado, o Zayin (ז) também representa o homem coroado, demonstrando que a compreensão do significado do número 7 (sete) transforma o homem em rei.
Deste modo, podemos qualificar a compreensão do significado de Cafarnaum, agregando ao seu simbolismo a ação de cortar para nutrir e, portanto, determinando que, a ida à cidade, significa que Jesus está segmentando o ato de trazer consolo, nutrindo a compreensão e, consequentemente, buscando a coroação do consolador.
No primeiro capítulo do Evangelho segundo Marcos, Jesus já havia se manifestado em Cafarnaum, agora, ele retorna ao mesmo local. Contudo, não podemos pensar a cidade como o mesmo local geográfico, mas compreendê-la como um símbolo de ação criativa-criadora. Em sua primeira “visita”, Jesus “povoou” Assiah (o Mundo da Ação) e Yetzirah (o Mundo Formativo) e demonstrou o processo de elevação, fazendo com que os eus que habitavam Assiah se transformassem e passassem a se manifestar em Yetzirah[5]. Agora, a sua “segunda” passagem na cidade, estabelece que o mesmo processo está para ocorrer, porém, em um nível diferente de atuação.
Aqui, necessitamos indicar 2 (dois) pontos para melhor entender essa situação.
O primeiro ponto se encontra na expressão “depois de dias”, que indica que Jesus retornou a Cafarnaum depois de alguns dias. Por este indicativo, compreendemos que, tal qual vimos na obra anterior, no qual a ida à cidade representa o quinto dia da criação, a expressão “depois de dias” está fazendo alusão ao fato de que houve uma supressão, no texto evangélico em análise, do processo criativo-criador correspondente aos 4 (quatro) primeiros dias da criação. Isto é, o presente capítulo foca na ação correspondente aos acontecimentos criativos-criadores do quinto dia.
O segundo ponto está vinculado aos acontecimentos que foram concluídos no final do capítulo anterior, com a santificação do profeta João Batista. Tendo em vista que João Batista já havia sido limpo das marcas do tzaraat, isso significa que ele se encontra apto a atuar como aquele que realiza o processo de passagem pelo Véu de Nephesch[6].
Deste modo, o versículo em análise nos revela, por uma nova perspectiva, a ação ocorrida no 5º dia da criação, e que já foi abordada tanto na análise do tópico “O 5º Dia”, quanto na do tópico “O batismo de Jesus – o Véu de Nephesch”, ambos estudados na obra “o Alfa e o Ômega”.
Em um olhar desatento, podemos ser levados a pensar que este tópico deveria narrar a ação de João Batista, posto que ele é o responsável por realizar o julgamento da passagem pelo Véu de Nephesch. Entretanto, devemos entender que, da mesma forma com que Jesus atua como um servo, um intermediário da vontade de Yahweh, o mesmo acontece com João Batista. Deste modo, eles são apenas prolongamentos da ação de Yahweh e, como Jesus simboliza algo maior do que João Batista, aquele pode ser utilizado para fazer as vezes deste, mas este não pode se fazer daquele.
João 5 : 30-31
Por mim mesmo, nada posso fazer: eu julgo segundo o que ouço, e meu julgamento é justo, porque não procuro a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. Se eu der testemunho de mim mesmo, meu testemunho não será verdadeiro.
Além disso, tendo em vista que a Mensagem é de união, o uso da figura de Jesus, no presente versículo, indica que João Batista já se encontra em seu íntimo, ratificando a ideia de que todas as ações são provenientes de um único ser, Yahweh.
(2) E congregaram-se muitos, de modo a não haver mais lugar nem diante da porta, e falava a eles a palavra.
Este versículo é uma releitura do versículo 5 do capítulo 1, que indica “E iam até ele toda a região da Judeia e todos os habitantes de Jerusalém, e eram batizados por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados”, contextualizando para o atual cenário. Isto é, todos os “eus” que se manifestam em Assiah estão se dirigindo, em decorrência das suas próprias experiências na materialidade, no campo da ação, para a transformação capaz de elevá-los a Yetzirah, o Mundo Formativo. Para isso, eles serão triturados, para ser separado o que é nutritivo, do que não é, e, depois, as partes nutritivas serão unidas, permitindo a purificação (renascimento) pelo batismo[7].
Ademais, a indicação da porta nos remete à duas questões. A primeira, é justamente associada a ideia de passagem de um local para o outro. A porta é a divisória entre regiões e que permite o acesso. Assim, no versículo, percebemos a ocorrência entre a transição entre mundos, na qual, sai-se do que é espesso, e busca-se entrar naquilo o que é sutil. E é justamente esta ideia que nos leva a segunda questão. A multidão tentando passar pela porta, transmite a ideia da “porta estreita” (Mateus 7:13- 14), na qual, para se ultrapassá-la, há a necessidade de se deixar coisas para trás.
(3) E vêm trazendo a ele um paralítico seguro por quatro.
Apesar de curto, o versículo nos revela uma série de informações fundamentais para compreendermos todo o processo da purificação pelo batismo. Tais informações podem ser agrupadas em dois segmentos, o primeiro, decorrente da figura do paralítico, enquanto o segundo está ligado a quem o levou.
A condição do paralítico representa tanto que ele está paralisado, isto é, não consegue andar, numa alusão a alma (Nephesch8), quanto a sua incapacidade de se colocar de pé pelo uso das suas próprias forças. Por isso, quem o estabelece, como se encontrando apto a ser batizado, não é o próprio paralítico, mas a ação conjunta dos 4 (quatro) Mundos (Assiah, Yetzirah, Briah e Atziluth9) que compõem Yahweh10. Pois, tal qual o pedido do “leproso” acerca da cura11, tudo acontece no tempo e segundo a vontade de Yahweh:
Eclesiastes 3 : 1-11
Há um momento para tudo e um tempo para todo propósito debaixo do céu. Tempo para nascer, e tempo para morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar a planta. Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de destruir, e tempo de construir. Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de gemer, e tempo de bailar. Tempo de atirar pedras, e tempo de recolher pedras; tempo de abraçar, e tempo de se separar. Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de jogar fora. Tempo de rasgar, e tempo de costurar; tempo de calar, e tempo de falar. Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz. Que proveito o trabalhador tira de sua fadiga? Observo a tarefa que Deus deu aos homens para que dela se ocupem: tudo o que ele fez é apropriado em seu tempo. Também colocou no coração do homem o conjunto do tempo, sem que o homem possa atinar com a obra que Deus realiza desde o princípio até o fim.
(4) E não podendo se aproximar dele pela turba, descobre a cobertura de onde estava e, tendo cavado, arriam o catre onde o paralítico jazia.
Como acontece em vários trechos do Evangelho, faz-se uso de coordenadas geográficas a fim de se indicar ensinamentos de natureza esotérica.
Logo no início do versículo, há a indicação de que os 4 (quatro), que conduzem o paralítico apresentado no versículo anterior, não podem levá-lo a Jesus por intermédio da horizontalidade de Assiah, representada pela turba. Ou seja, uma vez chegado o tempo, há a necessidade de se elevar para se alcançar a cura, a purificação.
Números 21 : 8-9
e Yahweh respondeu-lhe: “Faze uma serpente abrasadora e coloca-a em uma haste. Todo aquele que for mordido e a contemplar viverá”. Moshé, portanto, fez uma serpente de bronze e a colocou em uma haste; se alguém era mordido por uma serpente, contemplava a serpente de bronze e vivia.
Assim, o paralítico, que representa o nosso comportamento automático em face das questões da matéria, deve sair da horizontalidade de Nephesch e dirigir a sua atenção ao alto. Esta elevação é conduzida pela ação dos 4 (quatro) discípulos de Jesus, que “descobre(m) a cobertura de onde estava”, isto é, para aquele paralítico, que estava em Assiah (Mundo da Ação), é aberta uma passagem no alto, nos Céus, para que ele possa ser erguido e limpo[12].
Em uma análise literal do versículo, o leitor desatento é levado a crer que Jesus se encontrava em uma casa tomada por pessoas e que 4 (quatro) indivíduos subiram um paralítico no telhado da residência e, nele, abriram um buraco para poder descer o paralítico para perto de Jesus. Contudo, quando nos encontramos atentos, vemos que existem sugestões diversas no próprio texto, a exemplo da abertura da cobertura de onde o paralítico estava, que não é a casa na qual Jesus se encontrava. Outro ponto que merece destaque no uso dessas sugestões no versículo, encontra-se na expressão “cavado” para destacar a ação dos 4 (quatro) que carregavam o paralítico.
No texto em koiné, o verbo utilizado e que, normalmente, é traduzido como “cavado” é exorýssõ (ἐξορύσσω). Ele é composto pelo verbo orýssõ (ὀρύσσω), que, de fato, significa “cavar”, mas que também significa “sepultar”; acrescido do sufixo ex, que tem sentido de “para fora”. Assim, a expressão utilizada no versículo tem o sentido de “desenterrar”, referindo ao ato de “exumar os mortos”.
Desta forma, percebendo o “jogo de palavras” utilizado no versículo, compreendemos a dualidade do ato, que transmite tanto a ideia de se elevar “o corpo que estava morto”, quanto o de baixar o paralítico ao local, no qual Jesus se encontra. Este ato, remete ao rito do batismo nas águas do Rio Jordão, realizado por João Batista, que retira, das águas, aquele que vivia em estado de automatismo decorrente da ação de Nephesch, a Alma (animal), e o ergue, agora purificado (limpo), para um novo mundo (Yetzirah), no qual ele encontrará Ruach[13], representado na figura de Jesus.
Com esses pontos em mente, compreendemos que o processo experimentado pelo paralítico é idêntico ao descrito no batismo de Jesus descrito no versículo 10 do capítulo 1 do Evangelho segundo Marcos e que foi melhor analisado na obra “o Alfa e o Ômega”, integrante da presente coleção.
(5) E vendo Jesus a confiança deles diz ao paralítico: “Filho, teus erros se foram”.
Este versículo é importante para verificarmos como funciona o julgamento de Jesus. Ele não julga que o paralítico está limpo com base na sua impressão, mas pautado no discernimento apresentado pelos 4 (quatro) que o conduziam. Isto é, os 4 (quatro), simbolizando a integralidade de Yahweh, determinam que o paralítico está pronto e Jesus, na condição de servo de Yahweh, apenas declara o fato.
João 5 : 30-31
Por mim mesmo, nada posso fazer: eu julgo segundo o que ouço, e meu julgamento é justo, porque não procuro a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. Se eu der testemunho de mim mesmo, meu testemunho não será verdadeiro.
Isto é, o poder que irradia da ação de Jesus não lhe pertence, apenas flui pelo seu intermédio, posto que pertence a Yahweh. Assim, Jesus é o caminho (João 14:6) tanto para que os eus inferiores cheguem até o Reino de Deus, quanto para que a Vontade[14] atue nos mundos.
(6) Estavam alguns dos escribas sentados e arrazoando em seus corações:
Para compreendermos o significado deste versículo, nos cabe apontar o que, de fato, é a função do escriba. Como o próprio nome sugere, o escriba é aquele que escreve, que registra informações. Em um primeiro momento, ele funciona como uma espécie de secretário, aquele que registra os atos do sacerdote ao qual está vinculado e os assuntos relacionados ao templo:
2 Samuel 8 : 15-18
Davi reinou sobre todo o Israel, exercendo o direito e fazendo justiça a todo o povo. Joab, filho de Sárvia, comandava o exército. Josafá, filho de Ailud, era o arauto. Sadoc, filho de Aquitob, e Aquimelec, filho de Abiatar, eram sacerdotes; Saraiva era secretário [escriba]; Banaías, filho de Joiada, comandava os cereteus e os feleteus. Os filhos de Davi eram sacerdotes.
2 Crônicas 26 : 11
Ozias tinha um exército treinado, pronto para entrar em combate, dividido em grupos segundo o recenseamento feito pelo escriba Jeiel e pelo comissário Maresias; o exército estava sob a direção de Hananias, um dos oficiais do rei.
1 Crônicas 24 : 6
E Semaías, filho de Natanael, o escrivão dentre os levitas, os registrou perante o rei, e os príncipes, e Zadoque, o sacerdote, e Aimeleque, filho de Abiatar, e os chefes dos pais entre os sacerdotes, e entre os levitas; dentre as casas dos pais tomou-se uma para Eleazar, e outra para Itamar.
Esdras 4 : 7-8
No tempo de Artaxerxes, Mitridates, Tabel e outros companheiros seus escrevem contra Jerusalém a Artaxerxes, rei da Pérsia. O texto do documento era feito na escrita aramaica e em língua aramaica. Depois Reum, governador, e Samsi, secretário [escriba], escreveram ao rei Artaxerxes, contra Jerusalém, a seguinte carta:
Por desempenhar a função, que conhecemos, atualmente, como secretário, o escriba se torna uma pessoa da confiança do sacerdote e, consequentemente, conhecedor dos fatos que são registrados, tornando-o capaz de atuar como uma espécie de conselheiro. A função de conselheiro não está atribuída à sua sabedoria, mas à sua memória para lembrar dos fatos pretéritos e à sua capacidade de pensar, vinculando, situações já registradas, com aquelas que estão acontecendo no momento.
Essas funções, desempenhadas pela atividade de escriba, consolidam-se na parte final do versículo, a qual indica que eles estavam “arrazoando em seus corações”, isto é, analisando a situação por todos os pontos de vista em seus pensamentos. Como abordamos em passagens pretéritas do Evangelho segundo Marcos, embora, atualmente, o coração seja, simbolicamente, a sede das emoções e a cabeça, a dos pensamentos, na tradição judaica e helênica, o coração era compreendido como sendo a sede do pensamento, enquanto as emoções se encontravam na carne. Assim, constatamos que “arrazoando em seu corações” significa que os escritas estavam analisando os acontecimentos de todos os ângulos possíveis, dentro das suas compreensões, a fim de registrá-los da melhor maneira possível.
Contudo, há uma limitação indicativa na ação dos escribas, eles estavam sentados. A posição física, adotada pelos escribas, indica que, embora estivessem observando, para fins de registro, os acontecimentos que se desenvolviam em Yetzirah, eles ainda se encontravam vinculados a Assiah, pois não estavam erguidos, mas, mantendo-se vinculados à terra, à materialidade.
(7) “Por que fala este assim? Blasfema. Quem pode deixar ir erros senão um: Deus?”
Inicialmente, nos cabe destacar uma questão que costuma ser apresentada em outras explicações sobre o texto evangélico. Em função das indagações feitas pelos escribas, costuma-se vinculá-los ao sinédrio ou, simplesmente, os colocando como atores contrários às ações executadas por Jesus. Entretanto, pelo menos, 2 (dois) pontos merecem ser levantados.
O primeiro deles está amparado nos comentários que realizamos acerca do versículo passado, referente à posição física adotada pelos escribas e que também encontra respaldo nos comentários do versículo 1, o qual estabelece que a narrativa se dá, simbolicamente, nos acontecimentos do 5º dia da criação. Por se encontrarem sentados, os escribas tinham como referência apenas os fatos e ensinamentos decorrentes das experiências ocorridas em Assiah (Mundo da Ação) e da atuação da ação criativa-criadora em direção a esse mundo.
Feita a contextualização, entendemos que a reação adotada pelos escribas é similar àquela experimentada pela congregação, que incluí os escribas, na cura da pessoa que estava controlada por um espírito impuro, verificada no tópico “O 5º Dia”, da obra “o Alfa e o Ômega”. Ou seja, eles se espantam com as ações de Jesus, não por serem contrários a ele, mas porque ainda não tiveram acesso à continuidade do conhecimento da Lei de Yahweh, do processo de regresso ao Reino de Deus. Além disso, o assombro, o temor, é uma reação natural diante da percepção da grandeza de uma nova informação, assim como é representada, em toda a bíblia, nas situações nas quais alguém se encontra diante de Deus ou de um de seus representantes.
O segundo ponto, está associado à vinculação do trabalho dos escribas com o sacerdócio. Este vínculo, inclusive, explica o porquê de os escribas integrarem o Sinédrio, pois eles são como extensões dos próprios sacerdotes. Assim também se torna importante sabermos o que constitui um sacerdote, um Cohen (כהן), em hebraico.
Segundo a tradição da época, existiam duas modalidades de sacerdotes, os relacionados ao que se habituou a chamar de “ordem de Melquisedec” e os demais sacerdotes, que eram mais numerosos, em comparação com aqueles. Quanto aos pertencentes ao primeiro grupo, verificamos que, de maneira direta, pouco é apresentado nas escrituras judaicas, limitando-se a breves citações nas escrituras judaicas:
Salmo 110 : 1-7
Oráculo de Yahweh ao meu senhor: ‘Senta-te à minha direita, até que eu ponha teus inimigos como escabelo de teus pés’. Desde Sião, Yahweh estende teu cetro poderoso, e dominas em meio aos teus inimigos. A ti o principado no dia do teu nascimento, as honras sagradas desde o seio, desde a aurora da tua juventude. Yahweh jurou e jamais desmentiu: ‘Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedec’. O Senhor está à tua direita, ele esmaga os reis no dia da sua ira. Ele julga as nações, amontoa cadáveres, esmaga cabeças pela imensidão da terra. A caminho ele bebe da torrente, e por isso levanta a cabeça.
O transcrito Salmo é denominado como sendo o “Sacerdócio do Messias (Ungido)” ou de “Promessa de Yahweh ao seu Ungido”, e estabelece que o Chrestos também é um sacerdote “segundo a ordem de Melquisedec”.
Melquisedec [Malki-tsedek (עדק מלכי)] significa “Rei Justo”, “Rei da Justiça”, “Tsedek é Rei”, “o Rei é um Justo”, ou “Rei de Tsedek”, e é citado pela primeira vez nas escrituras como sendo identificado como sendo rei de Salém (שלם)15 e sacerdote de Yahweh (Gênesis 14:18). Cabe-nos destacar que Tsedek é um nome dado a Jerusalém e Melki-tsedek era o nome dado ao seu rei no contexto descrito, como podemos ver em:
Josué 10 : 1
Ora, aconteceu que Adoni-tsedek, Rei de Jerusalém, soube que Josué havia tomado Hai e a havia consagrado ao anátema, tratando Hai e o seu rei como havia tratado Jericó e o seu rei, e que os habitantes de Gabon haviam feito a paz com Israel e permaneciam no meio deles.
Assim, o Rei de Tsedek, isto é, de Jerusalém, deve ser o Rei da Justiça, conforme destaca o profeta Isaías ao se manifestar contra o estado no qual a cidade se encontrava:
Isaías 1 : 26
Farei que teus juízes voltem a ser o que foram antes e que teus conselheiros [escribas] sejam o que eram outrora. Quando isso se der, então sim, te chamarão de Cidade da Justiça e Cidade Fiel.
Outrossim, a própria Salém [Shalem (שלם)] também é uma referência a Jerusalém, posto ser o seu diminutivo, “Yahweh é conhecido em Judá, em Israel grande é o seu nome; sua tenda está em Salém e sua moradia em Sião” (Salmos 76:2-3). Porém, esse diminutivo não é uma referência pejorativa, mas uma característica atribuída ao simbolismo da própria cidade de Jerusalém. Enquanto Jerusalém é representada como o “coração de Israel”, isto é, a sede dos seus pensamentos, na condição de Salém, ela é o coração unificado, ou seja, aquele que só tem pensamentos de uma única natureza, pensamentos de paz.
Deste modo verificamos que o sacerdócio da ordem de Melquisedec, dentro das referências judaicas, era um título correspondente àquele que seria o Senhor de Jerusalém, tanto como Rei, quanto como Supremo Sacerdote. E, como visto anteriormente, Jerusalém era considerada simbolicamente o coração de Israel[16]. Assim, os “membros da ordem de Melquisedec” são aqueles responsáveis por realizar os julgamentos conforme os desígnios de Yahweh e, por isso, são considerados justos e pacíficos[17], são Reis-Sacerdotes, pois unificam as duas funções.
Quanto aos sacerdotes (cohen), a tradição estabelece que, inicialmente, eles eram os descendentes de Aarão, irmão mais velho de Moshé (Êxodo 29 e Levítico 8). Inclusive, a cerimônia de consagração no sacerdócio envolve o processo de unção da cabeça (Êxodo 29:7). Assim, inicialmente, para ser sagrado como um sacerdote (cohen), a pessoa deveria ser da linhagem de Aarão. Porém, como a função do sacerdote é a de oferecer os sacrifícios a Yahweh, vemos que outras figuras, como Noé (Gênesis 8:20-21) e Jó (Jó 1:5), também realizavam sacrifícios em período anterior ao da instituição do sacerdócio.
Contudo, após o estabelecimento de que a linhagem de Aarão iria atuar como sacerdote, existem outros exemplos de pessoas, que não pertencem a essa linhagem, mas que realizaram atividades atribuídas aos sacerdotes, como Gideão (Juízes 6:24-26), o profeta Samuel (1 Samuel 7:9), o profeta Elias (1 Reis 18:23-38) e o Rei Davi (2 Samuel 6:13-17), este, inclusive, é de quem Jesus descende (Mateus 1:1-16).
Assim, verificamos que não apenas os descendentes de Aarão exercem a função sacerdotal, que não constitui apenas a de realizar os sacrifícios para Yahweh ou de purificação (Números 6:11), mas também a de realizar o ensino da Lei (Levítico 10:10- 11; Deuteronômio 33:10; 2 Reis 17:27-28).
Outrossim, cabe-nos destacar uma questão relacionada ao sacerdócio, que é a figura do rabino [rabbi (רבי), em hebraico, ou ravví (ραββί), em koiné]. Rabino é uma expressão designada para indicar um professor, um mestre, alguém que ensina a Lei, pois tem a autoridade dos doutores da Torá ou é reconhecido como tal pelos líderes religiosos da comunidade[18]. Sua raiz em hebraico é Rav ou Rab (רב), que significa “muito”, “grande quantidade”, “abundante”, “mais numeroso que”, “forte” e também pode ser utilizada para designar “mestre”, no sentido de alguém que possui muito conhecimento. Assim, a expressão era utilizada dentro de um contexto de ensino da Lei, seja para reconhecer um professor que ensinou a Lei, seja entre próprios doutores para reconhecerem a grandeza de conteúdo entre os iguais.
Esclarecidos estes pontos a respeito do sacerdócio, verificamos que, exceto a referência “posterior” , no texto evangélico, de que Jesus era o Sumo Sacerdote, fazendo indicação a “ordem de Melquisedec” (Hebreus 4:14-15; Hebreus 6:20; Zacarias 6:13), na própria narrativa das suas ações, não existe a utilização direta de que ele era um sacerdote. Contudo, existem referências indiretas, tais quais como o reconhecimento de Jesus como um ravví (ραββί):
João 1 : 49
Respondeu a ele Natanael: ‘Rabbi, tu és o filho de Deus, tu rei és de Israel.
João 9 : 2
E perguntaram a ele os seus discípulos dizendo: ‘Rabbi, quem errou, esse ou os pais dele, para que cedo nasça?’
João 3 : 2
Esse [Nicodemos] foi a ele de noite e falou-lhe: ‘Rabbi, sabemos que de Deus vieste mestre. Pois ninguém pode esses sinais fazer que tu fazes, caso não esteja Deus com ele’.
Outra referência indireta, encontra-se na idade para se iniciar os trabalhos no templo. Originalmente, o serviço sacerdotal teria início com a idade de 30 (trinta) anos (Números 4), porém, ainda na época de Moshé, houve uma redução para 25 (vinte e cinco) anos (Números 8:23-26). Posteriormente, na época do Rei Davi, a idade adotada, era a de 30 (trinta) anos (1 Crônicas 23:1-3), contudo, também foram aceitos aqueles que tinham 20 (vinte) anos de idade (1 Crônicas 23:24-32), mesma idade no tempo de Ezequiel (2 Crônicas 31:17) e Esdra (Esdra 3:8). Apesar das variações da idade inicial, a regra original, era que os trabalhos oficialmente junto ao templo se iniciassem com a idade de 30 (trinta) anos19.
Apesar de não ser da tribo de Levi, mas de Judá, vimos que o próprio Rei Davi, de quem Jesus descende, também realizava funções sacerdotais. E, conforme verificado no Evangelho segundo Lucas, Jesus inicia o seu ministério com cerca de 30 (trinta) anos (Lucas 3:23).
Ademais, tal qual era necessário ao serviço no templo, Jesus sabia ler (Lucas 2:52; Lucas 4:16-17) e escrever (João 8:6-8), bem como, desde cedo, estudava as escrituras e participava de debates sobre elas no templo (Lucas 2:41-52). Cabe-nos destacar que, debates acerca do conteúdo das escrituras, é um dos modelos adotados, até os dias atuais, no estudo do rabinato20.
Com base nessas informações, podemos dizer que os escribas que se encontravam sentados, acompanhando Jesus, não haviam sido enviados pelo Sinédrio para observá-lo, mas que faziam parte da sua congregação e tomavam notas acerca da sua prática.
Esclarecido esse ponto, podemos nos voltar ao comportamento adotado pelos escribas. Conforme vimos no versículo anterior, eles se encontravam sentados, isto é, estavam vinculados às práticas conhecidas até Assiah, portanto, desconheciam os ensinamentos transmitidos no 5º Dia da Criação21. Em função deste estado de consciência dos escribas, eles fazem as indagações baseadas em seus pensamentos (“arrazoando em seus corações”). Note-se que eles não afirmam que Jesus está errado, mas indagam a respeito do que estava sendo realizado e sugerem que isso pode ser considerado blasfêmia, isto é, algo que pode estar violando a Lei de Yahweh. Esta sugestão se dá pelo fato de que há o entendimento de que, como o pecado é uma ofensa a Yahweh, cabe exclusivamente a Yahweh perdoar (Isaías 1:18). Essa indagação visa, tanto compreender o que está se desenrolando naquele momento, quanto saber se está de acordo com a Lei, para poder ser devidamente registrado o ocorrido.
(8) E logo, tendo sabido Jesus em seu espírito que arrazoavam assim entre si, diz a eles: “Que arrazoais assim em vossos corações?
Diante do questionamento realizado pelos escribas que o acompanhavam, Jesus percebe que eles estavam debatendo sobre o ocorrido e os indaga a respeito do fato.
Embora o versículo, por si, seja um tanto quanto alto explicativo quanto aos fatos, cabe-nos apontar a origem desta percepção por parte de Jesus. Enquanto, no versículo 7, vimos que os escribas estavam sentados, simbolizando se encontrarem em Assiah e sendo regidos por Nephesch (Alma), Jesus, por sua vez, encontra-se em um mundo superior, Briah (Mundo Criativo), manifestando-se em um mundo intermediário entre os dois, Yetzirah (Mundo Formativo), confundindo-se com Ruach (Espírito).
Assim, uma vez que Ruach, que em koiné é representado no versículo pela expressão pnévmati (πνεύματι), por interpenetrar a matéria e controlá-la, percebe o que acontece em suas porções mais densas, representada pelo pensamento automático dos escribas.
Provérbios 21 : 1-2
Como ribeiro de água, assim o coração22 do rei na mão de Yahweh, este, segundo o seu querer, o inclina. Todo caminho do homem é reto aos seus olhos, mas Yahweh pesa os corações.
Desta forma, Jesus, na figura de Ruach e, consequentemente, de servo de Yahweh, percebe que os escribas estão em dúvida, posto que, até aquele momento, não tinham presenciado ensinamentos como aqueles.
(9) O que é mais fácil: falar ao paralítico ‘os teus erros se foram’ ou falar ‘Levanta e pega teu leito e anda’?
Compreendendo a dúvida que se encontrava no coração dos escribas, Jesus, visando purificar as suas mentes, atua de maneira a explicar o que estava acontecendo.
Diante do questionamento feito pelos escribas, Jesus argumenta sobre a diferença entre os comportamentos, apresentando falas que parecem carregar o mesmo sentido, mas que criam resultados diferentes. Ao dizer “os teus erros se foram”, Jesus apresenta apenas a ação de limpeza proveniente do rito de purificação. Isto é, ele demonstra que a prática dos ritos, embora necessária, atua apenas no mundo de Assiah.
Em contraposição, ao falar “Levanta, pega o teu leito e anda”, ele demonstra que a verdadeira purificação se encontra na transformação do íntimo, pela ocorrência da metanoia (μετανοεῖν), da compreensão de um ensinamento que gera uma transformação nas ações. Em outras palavras, na gnose [gnōsis (γνῶσις)] capaz de atuar em Yesod [Fundação (יסד)], o nosso eu, que se encontra em Yetzirah (Mundo Formativo), está no ponto de formar uma nova conduta, uma nova forma de agir.
Provérbios 4 : 23-24
Guarda o teu coração acima de tudo, porque dele provém a vida. Afasta-te da boca enganosa; vai para longe dos lábios falsos.
Deste modo, Jesus busca esclarecer os escribas e, consequentemente, purificar os seus corações para que eles compreendam os ensinamentos do 5º Dia.
(10) Para que saibas que o Filho do Homem tem permissão para deixar ir erros sobre a terra”,
Completando o ensinamento acerca do 5º Dia, Jesus destaca que a capacidade de se purificar, além de ser uma Vontade de Yahweh23, também está associada à conduta daquele que se encontra impuro. Essa chave interpretativa, encontra-se na expressão “Filho do Homem”, que apresenta uma dualidade: tanto faz referência a ação de Jesus, quanto faz referência a qualquer pessoa que está na matéria24.
Ezequiel 18 : 27-32
E se o ímpio renunciar à sua impiedade, passando a praticar o direito e a justiça, salva a sua vida. Caiu em si e renunciou a toda a iniquidade que tinha cometido. Certamente viverá e não morrerá. E no entanto a casa de Israel diz: “O modo de proceder do Senhor não está certo”. Será meu procedimento que não está certo, ó casa de Israel? Não será antes o vosso procedimento que não está certo? Por isso mesmo eu vos julgarei, a cada um conforme o seu procedimento, ó casa de Israel, oráculo do Senhor Yahweh. Convertei-vos e abandonai todas as vossas transgressões. Não torneis a buscar pretexto para fazerdes o mal. Lançai fora todas as transgressões que cometestes, formais um coração novo e um espírito novo. Por que haveis de morrer, ó casa de Israel? Eu não tenho prazer na morte de quem quer que seja, oráculo do Senhor Yahweh. Convertei-vos e viverás!
Assim, para se alcançar o Reino de Deus, à Terra Prometida, há a necessidade de se realizar uma transformação interna no coração. Mudando a forma de se pensar, estabelece-se uma nova conduta no agir25.
(11) diz ao paralítico: “Digo-te: levanta, pega teu leito e vai para tua casa”.
Com base em tudo o que foi apresentado nos versículos anteriores, Jesus se volta ao paralítico, que havia sido conduzido pelos 4 (quatro), e estava pronto para receber a bênção de Yahweh, por intermédio de Jesus, o seu servo. Assim, Jesus instrui para que o paralítico se erga, isto é, deixe Malkuth em Assiah (Mundo da Ação) e se desloque para Yesod, em Yetzirah (Mundo Formativo).
Importante destacarmos que a expressão que costuma ser traduzida por “levanta”, em koiné é egeíró (ἐγέιρω), que significa “acordar”, isto é, Jesus determina que aquele homem deve despertar do seu sono, da influência de Nephesch, e deslocar a sua atenção para o que se encontra além, em Yetzirah.
Outrossim, Jesus também determina que o paralítico, após se erguer, deve pegar o seu krabatton (κράβατόν) e ir a sua casa. A expressão utilizada, embora possa ser traduzida como “catre”, tem o significado de “leito miserável”. Essa qualificação, “miserável”, é importante para compreendermos o que Jesus estava ordenando para aquele indivíduo fazer.
Ao designar o leito como sendo miserável, Jesus indica que o paralítico foi purificado, porém, ainda existe miséria em seu íntimo. Esta miséria é associada com a sua porção que ainda se encontrava no automático, isto é, são comportamentos associados ao cessar (dormir) da ação de Ruach. Por isso, estabelece que, agora que ele se encontra em pé, atuando em Yetzirah, ele deve se voltar para o seu íntimo, a sua casa, e buscar atuar de maneira a purificar as demais partes que o compõem, posto que o Shabat se aproxima.
O regresso à casa simboliza o olhar para dentro de si, para o íntimo, posto que o lar (בית), assim como o Bet (ב), é o local no qual a ação criativa-criadora (bara) atua26, o local para o qual a pessoa volta quando encerra os seus assuntos mundanos. Desta forma, verificamos que a utilização da expressão lar ou casa neste versículo, assim como em outros, é o indicativo de que todo o processo está acontecendo no íntimo de alguém. Cabe-nos destacar que, até o presente versículo, ainda não há o indicativo de quem é representado pela casa, apenas que existem escribas em seu interior.
(12) E levantou e logo, tendo pegado o leito, saiu diante de todos de modo a todos ficarem fora de si e glorificar a Deus dizendo: “Assim, nunca vimos”.
Diante do que foi determinado por Jesus, o ex-paralítico se ergue, alcança Yetzirah (Mundo Formativo), e, consequentemente, modifica a sua forma de agir. Por isso, volta-se para o seu íntimo, para observar o que se encontra em sua porção que ainda estava sob o domínio de Nephesch (Alma).
Cabe-nos destacar que, embora Ruach (Espírito) atue em Yetzirah (Mundo Formativo), mesmo tendo a sua sede em Tipheret [Beleza (תפארת)], em Briah (Mundo Criativo), a sua influência não é plena neste Mundo. Isto é, as influências de Nephesch, que tem a sua sede em Malkuth [Reino (מלךות)], em Assiah, ainda chegam a Yesod [Fundamento (יסד)]27. Assim, há a necessidade de se estar em sintonia com Ruach a fim de vencer as tentações28.
Com base nas ações de Jesus, que, tal qual abordado no tópico “O 5º Dia”, da obra “o Alfa e o Ômega”, viu-se um novo ensinamento: que o processo do Gênesis, após formar os 4 (quatro) mundos em um processo de “descida” e “espessamento”, deve continuar, mas em sentido oposto, “subindo” a Árvore da Vida e “sutilizando-se”.
Provérbios 3 : 1-6
Meu filho, não esqueças minha instrução, guarda no coração os meus preceitos; porque te trarão longos dias e anos, vida e prosperidade. O amor e a fidelidade não te abandonem, ata-os ao pescoço, inscreve-os na tábua do coração. E alcançarás favor e bom sucesso aos olhos de Yahweh e dos homens. Confia em Yahweh com todo o teu coração, não te fies em tua própria inteligência; em todos os teus caminhos, reconhece-o, e ele endireitará as tuas veredas.
NOTAS
[3] Para mais informações, recomendamos a leitura da obra “O Alfa e o Ômega”, que integra essa coleção de comentários às escrituras.
[4] Toda a ação divina ocorreu em 7 dias. O Shabat é o dia 7, formando a semana. O Shavuot (שבועות) é o dia 49 depois da Pesach, isto é, é a sétima semana (que é formada por 7 dias). O Tishrei (תשרי), apesar de ser o primeiro mês do calendário civil hebraico, é o sétimo do religioso, e é nele que acontecem as principais festividades, como o Rosh Hashaná, o Yom Kippur e o Sucot. Dentre outras tantas representações envolvendo o número 7.
[5] Vide tópico “O 5º Dia”, da obra “o Alfa e o Ômega”, da mesma coleção.
[6] Vide tópico “O Batismo de Jesus – o Véu de Nephesch”, da obra “o Alfa e o Ômega”, da mesma coleção.
[7] Vide comentários acerca do versículo 5 da obra “o Alfa e o Ômega”, da mesma coleção.
[8] Nephesch (נפש) costuma ser traduzida como a “Alma Animal”, pois é algo que, segundo a Torá, tanto os homens, quanto os animais possuem, mas pode ser entendida como “Alma”. Ela é o veículo do Mente/Intelecto (Ruach) que toca o pó da matéria do Abismo (representado por Daath), para que possa senti-lo, julgá-lo e reagir a ele. Ela representa a porção que se encontra no automatismo e é a que possui a capacidade de sentir, sendo ela a fonte das emoções.
[9] Simão, Jacó, João Evangelista e André, respectivamente.
[10] Vide comentário introdutório acerca do tópico “O 6º Dia” da obra “o Alfa e o Ômega”, da mesma coleção.
[12] Vide comentários sobre versículo 10 da obra “o Alfa e o Ômega”, da mesma coleção.
[13] Vide comentários sobre versículo 10 da obra “o Alfa e o Ômega”, da mesma coleção.
[14] Vide comentários sobre o versículo 40 da obra “o Alfa e o Ômega”, da mesma coleção.
[15] Salém ou Shalem, na versão transliterada da expressão em hebraico (שלם), significa “completo”, “inteiro”, “pacífico”.
[16] Vide comentários ao versículo 5 da obra “o Alfa e o Ômega”, da mesma coleção.
[17] Pacífico aqui entendido que não há conflito entre eles e a Vontade de Yahweh.
[18] O rabino da época abordada no Evangelho difere em alguns aspectos do conceito atualmente utilizado para a mesma função.
[19] Dentro do alfabeto hebraico, o numeral 30 (trinta) é o valor atribuído à letra lamed (ל), que, originalmente, representa o bastão utilizado para guiar o rebanho, por isso, dentre outros significados atrelado à letra, ela transmite a ideia de se conduzir alguém ou alguma coisa. Atualmente, o seu significa envolve a ideia de aprender e de ensinar, características presentes na prática rabínica.
[20] Percebemos isso, inclusive, quando estudamos o Talmud, pois vemos opiniões divergentes de vários rabinos acerca de ensinamentos e situações do cotidiano da vida judaica.
[21] Vide comentários no tópico “O 5º Dia”, da obra “o Alfa e o Ômega”, da mesma coleção.
[22] No contexto da Torá, o coração simboliza a sede dos pensamentos, enquanto as emoções se encontram vinculadas à carne.
[23] Vide comentários sobre o versículo 40 da obra “o Alfa e o Ômega”, da mesma coleção.
[24] Vide comentários sobre o versículo 1 da obra “o Alfa e o Ômega”, da mesma coleção.
[25] Vide comentários sobre o versículo anterior.
[26 Vide comentários sobre o tópico “Um novo Gênesis”, da obra “o Alfa e o Ômega”, da mesma coleção.
[27] É comum fazer uso da imagem simbólica da Lua para representar Yesod, enquanto o Sol é Tipheret (Gênesis 1 : 14-19), vide comentários sobre o versículo 20 do capítulo 1. Enquanto o Sol é e irradia luz, a Lua está (por conta das suas fases) e tem brilho inferior ao do Sol. Ou seja, em Yesod, a força da luz ainda não está plena e, por isso, ainda sobre influência de Nephesch.
[28] Vide comentários sobre o tópico “Tentação de Jesus – o Véu de Parokethi”, da obra “o Alfa e o Ômega”, da mesma coleção.
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