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A Trindade

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Por Jules Doinel
Traduzido para o inglês pelo Rev. Mathieu Ravignat
Traduzido para o português por Tau Hanu

 “Todos os homens, que têm algum grau de bom senso, no início de qualquer empreendimento, sejam pequenos ou grandes, sempre invocam Deus. E nós também, como vamos falar sobre a natureza do universo, seja ela criada ou não criada, se não estamos totalmente fora do seu controle, por isso devemos invocar a ajuda de deuses e deusas e orar para que nossas palavras sejam aceitáveis para eles e consistentes consigo mesmo e, consequentemente, satisfatórias para nós. ”
– O Timeu, Platão

Começarei definindo a Trindade por uma tri-unidade, significando uma unidade composta por três termos que formam uma nova unidade: uma ternária. O ternário é um ciclo completo que inclui três vezes. É simbolizado pelo número Três, que contém Um + Dois, e pelo triângulo, que contém três ângulos, cada um composto por três
pontos.

Se eu uso esses símbolos, é porque eles nos permitem capturar o que o homem, por definição, não pode entender completamente. São as ferramentas poderosas que o ser humano possui para se aproximar dos mais profundos mistérios. Cada uma dessas ferramentas possui seu modelo analógico que não deve ser adaptado a outra ferramenta.

Aqui eu pego o triângulo, que é a primeira figura geométrica que podemos desenhar, exceto o círculo, que uma vez que eu tenha assmiliado o ponto, pode formar todas as figuras. Por analogia, deduzo que o ternário é o primeiro ciclo completo pela manifestação divina.

Para representar Deus, portanto, uso a unidade matemática ou o ponto da geometria. Deduzo que o Um consiste de todos os números e que o ponto contém todas as figuras (geométricas). Por analogia, Deus é Um, o Primeiro Princípio Original contendo todas as coisas em seu poder (em potencialidade).

O tempo consiste em uma sucessão de instantes, enquanto a eternidade contém todos os instantes. Mas aqui também aparece uma limitação que é a impossibilidade de representar algo fora do tempo. Esse é o problema: devemos pensar no indefinível em relação ao que nos é conhecido. Deus está em relação à sua manifestação (emanação) tal como as horas estão para a eternidade. Está tudo lá. É a modalidade de sua exteriorização que muda com relação aos passos ontológicos.

A primeira manifestação (emanação) de Deus é o Verbo (a Palavra).

Como passamos do Um para os Dois? Adicionando um.

Como passamos de um ponto ao ângulo? Sobrepondo uma infinidade de pontos.

Isso não ajuda muito a entender como o Pai se torna Filho. Prefiro pensar nisso como uma passagem do Similiar, (isto é), do Imutável para o Outro (que não é semelhante), para o Movimento. Tudo é Um, que contém todas as coisas, que é infinito em repouso, e é por
oposição que esse descanso se torna movimento, que o Um se torna Dois. O Verbo, simbolizado pelos Dois, é o poder da vida e ação infinitas pela qual tudo fluirá.

Mas o segundo termo (princípio) para o Divino Ternário é oposição ao Um, é um ciclo aberto que requer um receptáculo fixo para se atualizar.

Este receptáculo é o Espírito Santo, que reconcilia o fogo das oposições. Por que eu uso esse termo fogo? Porque eu acho que simboliza perfeitamente o poder desse estado de Unidade no começo que, ao se confrontar, permite que a vida exista. É importante sublinhar que aimutabilidade  do Uno não é um estado passivo, mas, ao contrário, um estado ativo “por excelência”. Quando dois termos (princípios) se opõem, é criada uma unidade intermediária.

Essa unidade intermediária é o ternário divino completado pelo Espírito Santo. Penso que contém nele a passagem do ato de criação no poder, pois é o receptáculo que nele concentra dois poderes infinitamente opostos: o do Pai e o do Filho que dão um estado de equilíbrio que é capaz de estruturar um novo ciclo distinto do primeiro ternário. A Cabalá representa isso bem por: Yod-Heh-Vav-Heh: o Tetragrammaton divino representado por um Ternário que se
abre para outro no segundo Heh. Este plano tem suas origens no poder da Vida Universal, do Verbo que viu seu poder focalizado pelo Espírito Santo.

Traduzido para o Inglês pelo Rev. Mathieu Ravignat (L'Église Gnostique Apostolique)


[1] Organizado e Traduzido para o português por Tales de Azevedo (Tau Hanu – artereal.talesaz.com) a partir dos documentos em inglês selecionados e disponibilizados pelo mui rev. Mathieu Ravignat e Tau Apollonius da L’Église Gnostique Apostolique


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