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Sobre alguns poderes oníricos

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por Shirlei Massapust

Quando sonhamos racionalidades incontroláveis atuam independentemente de nossas vontades, organizando cenários a partir de conhecimento armazenado em nossas memórias e facultando diálogos com personagens oníricos por meio dos quais o intangível organizador interage conosco. Essas coisas fluidas certamente são resultado de qualquer fenômeno, mesmo não sendo aquilo mesmo que exibem para visibilizarem-se. Será que o sono ativa em todos nós traços de transtorno dissociativo de personalidade? Ou será que estamos levemente possuídos por artistas compositores do onirismo enquanto sonhamos?

René Descartes, pioneiro da filosofia moderna, afastou a hipótese de que nós seríamos ludibriados por um preternatural (gênio maligno ou deus enganador) quando acreditamos na existência concreta de construções meramente imaginativas. Buscando uma prova última e inquestionável da existência, Descartes acatou o próprio ato de pesquisa – incitado por ter uma dúvida e pensar em como solucioná-la – como toda prova de que se necessita para se ter certeza de existir. Daí a frase cogito ergo sum. No que diz respeito aos sonhos, poderíamos enganar a nós mesmos, como quando vemos uma corda e cremos ver uma cobra.

Para Zygmunt Bauman, no universo humano, onírico ou desperto, o sujeito cria a coisa mediante valoração.[1] A corda é sim uma cobra até que se prove o contrário. Por isso convencionamos a realidade de construções meramente imaginativas que restringem nossa liberdade, tais como as regras de etiqueta, os dogmas religiosos, o valor do papel moeda, a jurisprudência e os traçados de fronteiras políticas, culturais e econômicas. Convenções não fazem o estado de vigília ficar cada vez mais parecido com um sonho muito estranho?

O cogito cartesiano evoluiu para teorias mirabolantes. Com o avanço das pesquisas com células-tronco embrionárias, surgidas na década de 1980, nos EUA, alguns cientistas passaram a cultivar pequenos cérebros em tanques. Isso quase tornou verossímil a hipótese de Hillary Putnam, que resgatou o papel do criador enganador ao imaginar um cientista mantendo um cérebro numa cuba, imerso em um mundo de ilusões.[2] Outra hipótese de encapsulamento de humanos ludibriados por mundos virtuais, desta vez criados por IA, foi levantada por Lana Wachowski e Lilly Wachowski no roteiro do filme Matrix (1999).

Não duvido da hipótese onde futuramente os entusiastas de videojogos venham a permitir a digitalização de seus pensamentos, capacidade de aprender e de criar, salvando suas memórias em um computador, caso essa tecnologia de upload seja desenvolvida.[3] Entretanto, o que me causa perplexidade ainda são os sonhos do mundo natural.

São “frutos da imaginação”, diz o senso comum, mas como nossa própria imaginação pode obrar tão maravilhosamente contra nossa vontade? Como os mais complexos e detalhados cenários de mundos oníricos surgem, com notável aparência de autonomia e independência, até nos sonhos de pessoas com habilidades artísticas medíocres? Como um pesadelo pode nos atacar sem que haja nele a ação de pelo menos um sujeito (uma vontade racional) diferente do eu cartesiano, que é o objeto de sua fúria? Caberia mais de um único sujeito dentro de um mesmo cérebro sadio? Acaso um sistema nervoso é tão genial em standby que pode gerar personalidades desenvolvidas durante os breves momentos oníricos, para interagir com a identidade principal, ao passo que despertos somos o pouco que somos, sem tantas habilidades criadoras? A resposta é sim porque sim, pois é óbvio?

Desde criança todos sonhamos e aprendemos com os adultos a não dar excessiva importância a essas fantasias espontâneas. Acrescentar preocupação ao necessariamente irreal é coisa de quem tem desenvolvimento mental retardado. Sujeito do entrelugar. Gente doida, maluca, lerda, bocó, com parafuso solto. Ofensas e mais ofensas. Nenhuma teoria elegante explica a engenhosidade do humano desativado. Para eliminar o imbróglio bastaria enumerar os supostos defeitos do onirismo, como o fez Descartes:

Agora encontro uma diferença muito notável no fato que nossa memória não pode jamais ligar e juntar nossos sonhos com os outros e com toda a sequência de nossa vida, assim como costuma juntar as coisas que nos acontecem quando despertos. (…) Mas quando percebo coisas das quais conheço distintamente o lugar de onde vêm e aquele onde estão, e o tempo no qual elas me aparecem e quando, sem nenhuma interrupção, posso ligar o sentimento que delas tenho na sequência do resto de minha vida, estou inteiramente certo que as percebo em vigília e de modo algum em sonho. E não devo de maneira alguma duvidar da verdade dessas coisas se, depois de haver convocado todos os meus sentidos, minha memória e meu entendimento para examiná-las, nada me for apresentado por algum deles que esteja em oposição com o que me foi apresentado pelos outros.[4]

Talvez o problema do sonho não seja tanto a falta de continuidade, mas a valoração errônea dada às coisas contempladas pelo sujeito. Desde cedo o homem interpreta tudo como sendo pessoas, animais, objetos, etc. Além de interpretar, criamos expectativas a respeito destas formas e nosso comportamento reflete tais expectativas. Nós elaboramos um sistema intrincado de relações de causa e efeito. Passamos a confiar na existência daquilo que foi previamente vivenciado e as consequências que isso acarreta. Contamos com a presença da rua, quando abrimos a porta de casa para sair. Contamos com encontrar o mesmo lugar de antes, ver as pedras, as casas e as árvores. Porém as vezes tocamos no graveto, o objeto se assusta e sai andando. Não era pau, mas bicho-pau (insetos da ordem Phasmatodea, que mimetizam pedaços de madeira). Não era folha, mas bicho-folha (insetos fasmatódeos e ortópteros da família dos tetigonídeos, especialmente da subfamília Pterochrozinae). Algumas vezes o que pensamos ser pedra de gelo pode ser de fato um cristal de quartzo bruto.

No mundo onírico tudo é alguma coisa e seguramente nada é aquilo que parece ser. A aparência de luz elétrica, de construções de engenharia civil, etc., tudo é uma e mesma coisa mutante e fluida (embora raramente cenários e circunstâncias oníricas se repitam como folhas amassadas de metal com memória retornando ao formato anterior). Os elementos do fenômeno onírico obedecem aos seus próprios padrões, de modo que podemos perceber absurdos recorrentes: um cair do alto, um chão que desaba vezes seguidas, uma carteira escolar que começa a andar quando sentamos nela. Premissas oníricas absurdas fazem-nos pensar sermos outras pessoas e podem temporariamente até nos impor novos valores morais.

No mundo físico átomos de carbono compõe desde corpos biológicos a diamantes. Árvores e pessoas são uma e mesma coisa lato senso, mas não stricto sensu. Enfim, é possível que a matéria sutil do onirismo seja igual para todas as formas pensamento. A massa onírica é como água que toma a forma do recipiente onde a depositam. Porém ela não vira um copo concreto. Ela pesca em nós e ressignifica nossa memória do copo concreto. Os recipientes são informações previamente auferidas pelos cinco sentidos – as vezes, dificultosamente, também coisa nova e nunca vista. – Quem manipula fluido e recipiente é o misterioso desconhecido, o gerador de significados. Não penso que seja um deus monoteísta criador do Big Bang.

Por que haveria uma unidade isolada de ser eterno, imortal, onisciente, onipresente e onipotente, responsável pela criação de tudo que conhecemos, seja no sono ou na vigília? O próprio conceito de algo eterno ou eveterno parece inverossímil porque, ao menos neste lado da Brana de Planck, a regra não é durar, imutável e incorrupto, como a radiação de micro-ondas de fundo. Tudo se modifica sob a ação da entropia.

Desde que Yhwh me ensinou a voar em sonhos mimetizando pássaros, como os antigos sumérios e egípcios, a fórmula sempre funcionou para mim. Quando Yhwh, Agni e outros preternaturais me falam, entendo que tais personagens são formados pelo misterioso desconhecido a partir de informações auferidas em livros previamente lidos por mim.

Qualquer hipótese onde possa existir um organizador e/ou comunicador do onirismo, necessariamente derivaria da premissa de leis naturais que facultariam a existência de outros organizadores e/ou comunicadores de mesmo táxon, senão de vários táxons analogamente capacitados para o exercício da função organizadora e/ou comunicadora. A pluralidade de vida no planeta Terra é um exemplo da viabilidade de igual pluralidade de vida no restante deste universo ou em qualquer outro meio que se revele habitável.

Humanos imaginam elohim (אֱלֹהִים), devana (देवन), òà, etc., como sendo deuses criadores antropomorfos com traços étnicos relacionados aos povos eleitos, ou seja, aos povos cujos ministros religiosos seriam seus prepostos, receptores da comunicação. Isso faria algum sentido numa hipótese de panspermia dirigida por extraterrestres geneticistas eugenistas. Porém, se aceitássemos a comunicação onírica como premissa, nós estaríamos lidando com sujeitos desprovidos de moléculas de DNA para transposão. Portanto, seria sensato imaginar algo como a habilidade dos “perpétuos” da ficção de Neil Gaiman, que exibem forma humana diante de humanos, se mostram felinos para felinos, etc.

Suponhamos que Katie King desejasse aparecer diante de uma sessão espírita. Se não usasse o subterfúgio da alucinação por histeria coletiva, ela materializaria ectoplasma, que é uma substância fluida, modelável, solidificável e decomponível, como o ātma (आत्मा) da filosofia oriental. Numa analogia com um computador, o corpo materializado teria função de hardware. Todavia, a operação seria diferente se Katie King aparecesse em sonho para alguém. Neste caso o hardware seria o corpo do indivíduo que dorme. Katie King mexeria no software criando um avatar de si mesma de modo a poder interagir com o programa interno, que é nosso acervo simbólico.

Posso não ter entendido corretamente, mas acho um desserviço quando alguém fala em inconsciente coletivo[5]. Como poderia haver inconsciência erudita? Alguém está ou não está consciente do entorno. Talvez esteja pouco consciente, sonolento, delirante. Talvez esteja plenamente consciente. Mas estando de fato inconsciente nada sabe, nada pensa, nada sente. Dorme um sono sem sonhos. Enfim, se um coletivo de pessoas tem débil consciência de vasto simbolismo compartilhado, não comunicado verbalmente, isso sugere evidência de telepatia, o que demanda um meio condutor sutil, abundante e invisível, como a energia escura. Necessariamente haveria todo um meio ambiente compartilhado, proporcionando fracas ligações entre as consciências humanas que, na mais venturosa hipótese de projeção, chegariam a dialogar em cenários oníricos como avatares de si mesmos.

Sendo elemento natural e nativo deste meio ambiente, o misterioso desconhecido estaria melhor adaptado a ele. Notadamente, comunicadores oníricos usam a linguagem do interlocutor para transmitir as mensagens desejadas. Do contrário entende-los seria mais complicado do que a experiência de um ocidental escutando música em mandarim, hangul ou mongol. Afinal, na interdimensão não existem ondas sonoras.

Conforme exposto, imagino que os organizadores e/ou comunicadores oníricos sejam vários e que não tenham poderes ilimitados. Querendo, eles conseguem falar à humanos em estado de vigília. Embora geralmente prefiram envergonhar o ouvinte que responde às vozes que ninguém mais escuta, os comunicadores são sim capazes de falar as mesmas coisas para duas ou mais pessoas ao mesmo tempo. (Eu e minha mãe já escutamos uma mulher fantasma pronunciar duas frases). Eles até conseguem reunir a consciência de duas pessoas reais dentro do mesmo cenário onírico rico em abstrações. (Eu e Mércia Widmar já dialogamos em um cenário singular durante um sonho compartilhado).

Eles podem gerar imagens de corpos visíveis por alguns momentos, diante de uma ou de mais pessoas em estado de vigília. Todavia são provavelmente incapazes de espancar alguém. De fato, se os falantes invisíveis que me atormentaram de novembro de 2017 a setembro de 2018 pudessem me esbofetear, eles não perderiam tempo só ameaçando. Diziam copiosa e incessantemente que torturariam do modo mais humilhante a mim e a toda minha família, que após nos matar eles dariam os nossos corpos para nossos animais de estimação comerem e que depois abateriam, cozeriam e comeriam os nossos bichos.

Com tanto ódio, por que não chegaram às vias de fato? Eles terminaram sumindo após debater se é racismo afirmar que fezes de cachorro escurecem quando abandonadas no chão ao relento. Conversando com outros ouvidores de vozes nas reuniões de sábado do Intervoice eu entendi que muita gente sofre do mesmo mal. Algumas dessas vozes são bastante mesquinhas e não são diabos assinando pactos ou algo assim. Outros são poetas ou falantes amistosos que nos confortam com discursos motivacionais. Outros ainda só se mostram benfazejos no início para conquistar nosso afeto e nos prejudicar depois.

Os comunicadores que me falaram em 2017 e 2018 demonstraram estar cientes da ação de outros comunicadores mais educados e menos daninhos que me falaram em 1994 e 1995. As vozes que auxiliaram Nicola Tesla na pesquisa da eletricidade foram as mesmas que o convenceram que há vida civilizada no desértico planeta Marte, motivo pelo qual o gênio se pôs a passar vergonha em público defendendo crenças disparatadas. Os fantasmas que tanto fizeram para se mostrarem ameaçadores e me enxotarem do local onde eu vivia antes da virada do milênio podem ter tentado salvar minha vida tirando-me debaixo de uma área de risco.

Objeto visto pela primeira vez em um sonho

Cursei o Ensino Fundamental no Colégio Sagres, situado à Rua Sampaio Viana 184, Rio Comprido. Em 1989 entrei na Classe de Alfabetização (C.A). De 1990 a 1993 cursei da primeira à quarta série do primeiro grau. De 1994 a 1996 cursei da primeira à terceira série do segundo grau, que se estendeu por mais um mês de recuperação em exatas no ano 1997.

Enquanto eu ainda cursava o primeiro grau, provavelmente no segundo semestre de 1991, recebi a tarefa de pesquisar e explicar o funcionamento de uma bússola magnética em sala de aula. O material didático geralmente sugeria um experimento simples: Encha um recipiente de água, esfregue um imã numa agulha, prenda numa fatia de rolha de cortiça e ponha para boiar na água. Fazendo isso a agulha passa a apontar para o norte magnético.

Tais dados eram insuficientes para responder algumas dúvidas: Qual o tamanho e a profundidade mínima do recipiente com água? Um minúsculo imã de geladeira – com potência de aproximadamente 100 Gauss – seria suficiente para magnetizar uma agulha? Como garantir que a cortiça boiaria justamente no centro do recipiente, sem que o vento ou um eventual mal nivelamento da superfície da mesa empurrasse para as bordas?

No fim deu tudo errado. A fatia de rolha pesou e afundou em um recipiente muito raso; a agulha não mexia bruscamente conforme eu supunha que deveria mexer quando girava a base do recipiente. À noite tive um sonho onde mostraram-me um instrumento retangular, de cor preta. De um lado continha um barômetro e do outro uma coisa que eu nunca tinha visto antes. Uma espécie de bola com os símbolos dos pontos cardeais, que mostrava as direções, mas não tinha a agulha de uma bússola magnética. Achei estranho.

Como minha bússola de lixo reciclado era imprestável, e eu ainda precisava de algo para expor na aula, minha mãe decidiu comprar uma bússola de verdade e voltou trazendo o mesmo instrumento que me apresentaram durante o sonho. Trata-se de uma base de plástico contendo um barômetro e um globo giratório, sem agulha.

A constatação da existência física do objeto onírico deixou-me perplexa. Isso me pareceu absurdo demais para ser coincidência. Todavia ali estava um designe de bússola funcional, com barômetro, acoplado em uma base de plástico da mesma cor e tamanho.

Por causa disso passei anos temendo que a erupção de um supervulcão acabasse com a vida na Terra, ou que o planeta superaquecido pelo efeito estufa[6] explodisse como uma panela de pressão; pois muitas outras coisas ocorreram durante aquele sonho supostamente “profético”, que agora passo a narrar inteiro.

Sonhei que eu tinha mais idade do que possuía à época e era muito mais jovem do que sou hoje. Eu guiava um grupo de pessoas por uma trilha em uma floresta tropical. Nós precisávamos sobreviver a uma tragédia iminente, produto do aquecimento global, e tínhamos pouquíssimo tempo para isso. Quando me questionaram sobre qual caminho tomar, diante de uma bifurcação na trilha, informei que deveríamos continuar subindo aquele morro ou montanha porque descendo nós chegaríamos ao fundo de um abismo.

Durante o percurso solicitei a uma jovem mulher que me mostrasse um barômetro para medir a umidade do ar e averiguar se o efeito estufa já estava atingindo o ponto crítico. Ela entregou o pequeno instrumento multifuncional que cabia na palma da minha mão. Quando perguntei o que era o globo ao lado do barômetro, ela respondeu: “uma bússola”.

Com base na leitura do barômetro anunciei que a atividade sísmica no planeta liberaria gases e produziria rachaduras na crosta terrestre. Haveria extinções em massa.

A vegetação acabou em um dos lados da trilha para dar lugar a um abismo. Atravessei um local estreito que desabou quando o próximo membro da equipe tentou passar. Ele não chegou a cair, mas o acesso ao outro lado ficou impedido. Eu e os demais trilheiros ficamos em lados opostos. Todos possuíam mochilas de camping. O próprio peso das pessoas poderia agravar o desabamento. Portanto eles não tiveram outra escolha senão descer o monte enquanto eu continuava subindo para fazer o que deveria ser feito.

Quando finalmente cheguei ao cume avistei uma multidão lá embaixo, no solo da planície. Todas as pessoas usavam albornozes de cor bege, como os hipócritas do Inferno de Dante, e havia um sacerdote com roupa idêntica pregando para a multidão.

A multidão permanecia alheia ao perigo e cantava em uníssono, como em transe estático. A cadência até parecia um pouco com o coro de crianças em Another Brick in The Wall, do Pink Floyd. Em um certo momento o chão começou a tremer. A crosta terrestre estava rachando em pedaços. O chão passou a dissolver-se em ejeções de magma. Todos que estavam na planície entraram em pânico e correram à deriva até caírem na lava.

Acordei. Tentei dormir novamente e retornar ao sonho para averiguar se alguém sobreviveria ao cataclismo. Obtive cenas esparsas. Enquanto a multidão desempenhava seu papel em um culto ineficaz o ministro religioso mantinha o povo ignorante e alheio ao problema que mataria a todos. Uma fiel de cabeça descoberta, à frente da multidão, parecia exercer algum tipo de protagonismo feminino. Pessoas se movendo fora de contexto eram provavelmente os trilheiros que atingiram a base do morro. Acordei novamente.

Porque a bússola foi encontrada na vida real eu julguei que tudo o mais aconteceria conforme sonhado. Segundo Deleuse, citado por Peter Pál Pelbart, “entre alguns povos ameríndios os sonhos maus devem ser narrados publicamente ao acordarmos para que os eventos neles prefigurados não se atualizem”.[7] Eu também pensava que deveria falar a todos sobre este sonho. Deste modo estava presa naquele tempo intemporal da urgência perpétua imaginado por Paulo Arantes e Isabel Loureiro para definir o estado de ânimo das pessoas que vivem uma expectativa escatológica, aguardando um fim dos tempos que nunca chega.[8]

Segundo sonho com atividade sísmica

 Em 10/05/1983 os meus pais compraram um terreno com benfeitorias no Rio Comprido, cuja propriedade legalmente pertencia ao espólio de Hebe Freire de Andrade, então representado por seu inventariante Ulysses Lengruber de Andrade. Como uma das casas da vila havia sido recentemente ocupada por posseiros e algumas pessoas praticavam esbulho possessório transitando pela área verde, meus pais moveram um processo judicial reivindicando a imissão na posse do imóvel já devidamente registrado em cartório. Por acaso os sem teto eram praticantes de Umbanda. Meus pais ficaram impressionados porque, durante três noites, houve batuque de macumba e trabalhos foram realizados à frente do portão da casa onde morávamos. Os despachos continham frangos, bebidas, etc., e estavam certamente remetidos contra nós, pois escreveram nossos nomes em papéis.

Meus pais ganharam a causa no processo e os sem teto foram despejados. Na área da muralha frontal uma outra pequena fração do terreno estava ocupada pela edificação de parte de um cômodo do imóvel onde funcionava o centro de umbanda da rezadeira Vó Rita. Porém isso não era incômodo nenhum e meus pais nada fizeram contra a bondosa senhora (nós também viríamos a comprar a parte dos seus herdeiros doze anos depois).[9]

A história dos nomes nos despachos foi sendo contada e recontada por meus pais ao longo do tempo. Quando tive um segundo sonho com abalos sísmicos meu eu onírico estava parado na Avenida Paulo de Frotim, abaixo do viaduto Engenheiro Freyssinet, no ponto onde as pessoas desejosas de subir a rua Cândido de Oliveira esperavam em fila pela chegada de veículos para lotação, chamados kombi, à época fabricados pela Volkswaggen.

Neste sonho eu era a única pessoa na fila das kombis. Minha colega Sara saiu de um apartamento situado no primeiro andar de um prédio da Av. Paulo de Frontin, nº 516.[10] Como a porta estava trancada ela pulou da janela e soubemos que lá funcionava um centro de Umbanda. Sara saiu segurando um cristal, que havia furtado. Em suas mãos o cristal se transformou em espada. Mas não era uma cimitarra ou sabre de lâmina encurvada como aquelas belíssimas espadas tradicionalmente associadas a Iansã e Ogun. Era uma espada simples com lâmina prateada de dois gumes e cabo em cruz, típica da estética europeia; como uma claymore ou uma bastarda. Dois vultos com asas de morcego nas costas, cor de vantablack, seguiram minha colega Sara. Ambos eram iguais e idênticos ao personagem Demônio das Sombras (Shadow Demon) do seriado Caverna do Dragão.[11]

Com medo, Sara arremessou a espada para mim e eu peguei o objeto no ar. Minha intenção era devolver a ferramenta de orixá ao centro de Umbanda imediatamente, mas não encontrei oportunidade porque não consegui entrar no imóvel vazio. Então os dois vultos pretos se curvaram em reverência diante de mim, um a esquerda e outro a direita. O sonho mudou. Os vultos não estavam mais lá. Teve início um abalo sísmico que gerou grandes rachaduras na rua. Magma fluido do manto terrestre subiu à superfície. Acordei.

Tempos depois meu pai viria a realizar obra de reparo e ampliação da escadaria do terreno onde se encontra nossa vila. Misturada com a terra do chão tem muita mica, mas ele teve a sorte de encontrar um robusto mineral translúcido. Embora aquela pedra tão diferente das outras não haja sido furtada, tendo sido removida diretamente do solo, assim que a vi percebi que era compatível com o tamanho e com a cor do cristal visto no sonho.

Durante quarenta e um anos guardei a pedra que meu pai achou como se fosse um bem precioso. Eu nunca soube se aquilo tinha qualidade de gema e nunca tentei obter um certificado de joalheiro devido ao risco de perda do objeto a ser entregue para avaliação. Mas então descobri instruções na internet ensinado o que fazer para classificar minerais.

Nos vídeos do canal da empresa A Babiretzki Lapidação de Gemas LTDA., no YouTube, aprendi que para medir a densidade relativa de um mineral é necessário pesá-lo sozinho em uma balança, pesá-lo novamente imerso em água – estando preso por um fio de peso desprezível – e depois dividir o primeiro peso pelo segundo.[12] No caso da pedra encontrada pelo meu pai, uma balança de cozinha digital Wincy Casa marcou 247 gramas ao ar livre e 92 gramas quando o objeto estava imerso em água (após zerado o peso do copo e da água). Portanto a densidade relativa do mineral não identificado é 2,68 g/cm3.

Com base nessa informação, e também em fotografias e vídeos feitos com câmera OLYMPUS SP-800UZ, em 28/12/2024, os joalheiros Sy e Miguel opinaram que minha pedra “parece quartzo”. Portanto o mais sensato seria identificar o mineral como um quartzo com impurezas translúcidas (pois a densidade relativa de quartzos geralmente é de 2,59 a 2,65 g/cm3, conforme as tabelas para estudo de mineralogia). Afinal, apesar do Brasil ser um dos maiores produtores de goshenita – cuja densidade relativa varia de 2,63 a 2,80 – seria soberba de minha parte pensar em uma goshenita com mil duzentos e trinta e cinco quilates.[13]

Os refratômetros vendidos no mercado têm compartimento tão pequeno que o mineral que meu pai achou não caberia neles, não podendo a grande pedra bruta ser testada pela melhor tecnologia desenvolvida para pequenas gemas lapidadas.

Terceiro sonho e realização da profecia

Em 02/04/2010 minha irmã estava assistindo o canal FOX. Sentei junto a ela e vimos a dublagem brasileira de “Simpsons Tall Tales[14], episódio 21 da décima segunda temporada do desenho animado Os Simpsons. No enredo após Homer ter-se recusado a pagar uma taxa no aeroporto, para passar as férias em Delaware, a família Simpson embarca clandestinamente no vagão de um trem de carga. Nas horas de sono, pela manhã de 03/04/2010, sonhei que a família Simpson viajava em um vagão de passageiros. Aconteceu um terremoto e parte dos vagões foi lançada para cima, parando em uma posição dificultosa para o desembarque de pessoas. O sonho mudou e todos voltaram a viajar tranquilamente em um momento anterior ao desastre. Aconteceu o terremoto, uma ponte ruiu e metade do trem ficou balançando no precipício. A família Simpson desembarcou em segurança, pois eles estavam na parte do trem que não descarrilhou. Ficaram perdidos em uma rústica quadra esportiva e, graças a uma premissa onírica absurda, eu sabia que tudo aquilo era culpa de Queen Metaria (クイン・メタリア), personagem antagonista na franquia Sailor Moon (美少女戦士セーラームーン).

Comecei a enxergar o sonho pela perspectiva de Lisa Simpson e vi a deidade caótica descer do céu na forma de um robô gigante[15] de cor acobreada[16]. Mas não era uma entidade feminina como eu esperava e sim um deus da destruição chamado Lúcifer. Ele parecia um robô Mecha do aplicativo Buddy Poke devido à face humana, com cabelo muito cheio. Ele usava um monóculo de aspecto idêntico ao do Rastreador GZ do jogo Ragnaök Online[17].

Lúcifer desceu acompanhado de dois bípedes animalescos[18] que vestiam armadura metálica. O robô veio até mim – que ainda era Lisa Simpson – e deu a entender que ele desejava uma pintura. Eu disse: “Tem que ficar um tempo posando”. Ele fez menção de desprezo. Eu falei: “Não sou a melhor artista do mundo, mas talvez possa fazer melhor do que muitos porque gosto de vocês”. Ele ironizou: “Isso é uma anuente menininha”. Então decidiu que eu era inútil aos seus propósitos e merecia morrer junto com as outras pessoas.

Quando acordei tentei desenhar um rosto igual ao do sonho e imaginei que poderia ter feito um pouco melhor se Lúcifer não tivesse assumido aquela forma, imitando a estética de Matt Groening como tudo o mais naquele contexto. Naturalmente meus rabiscos teriam pouca serventia, pois Lúcifer explicou muito bem que ele desejava que eu oferecesse um quadro pintado por outra pessoa. Então procurei em buscadores online pelo objeto descrito e surpreendentemente encontrei no Ebay uma arte que até então era-me desconhecida.

Tratava-se de uma reprodução do quadro Lucifer, do pintor alemão Thomas Häfner (1928-1985), onde o personagem se mostra como um gigantesco ser robótico de face humana, usando monóculo e cabelo volumoso. (Apesar da diferença radical na estética dos elementos, que mudou de estilo Simpsons para realismo fantástico, o ser representado era essencialmente o mesmo até no título). Isto foi publicado pela primeira vez na coletânea Fantastic Art (1973) e acabou reutilizado como arte de capa em uma das edições de Moravagine de Blaise Cendrars; especificamente a edição da Penguin Books Ltd publicada em janeiro de 1979.

Thomas Häfner pincelou seu Lúcifer, deixando-o assumir a forma de uma montanha de escombros cheia de molas, próteses e outros restos tecnológicos, como se um abalo sísmico ou deslizamento houvesse derrubado um laboratório de cibernética. Três pequenas mulheres são exibidas abaixo do gigante grotesco e um totem de três cabeças jaz reproduzido como um carimbo de luxo.[19] Comprei o livro ilustrado e acreditei ter conseguido entender o recado por completo. Eu não estava com medo de morrer. Não creio em anjo caído. Mas se o espírito de Hylyl Ben Šaḥar se deu ao trabalho de elaborar uma complexa fantasia carnavalesca de Lúcifer estereotipado e expressou o desejo de ter um retrato dessa brincadeira, eu ficaria feliz em atender ao pedido. Só havia um problema: Preternaturais não tem meios de levar quaisquer presentes do mundo material para o além. Então para que serviria aquele quadro?

À tarde, ainda em 03/04/2010, meu primo Francisco trouxe um DVD do filme 2012, sobre terremotos gerados pelo deslocamento dos polos. Nele vi um trem arremessado pelos ares. — Então era isso? Previ que nós assistiríamos a um filme qualquer!? — Em todo caso não levei a sério a ambientação onírica no universo caricatural ficcional de Matt Groening. Infelizmente não deduzi o óbvio: que a simbologia do sonho poderia estar relacionada à minha vivência e que um quadro oferecido por Lisa poderia ser literalmente um quadro provido por Lisa. Afinal, qual a probabilidade de desenhos infantis trazerem cataclismos?

Durante o mês de janeiro eu havia parcelado o pagamento de algumas obras de arte anunciadas por Lisa Walkt, curadora e dona da galeria virtual Luna Art, que só trabalha na compra e venda de lixo industrial descartado pela empresa japonesa Toei Animation (東映アニメーション株式会社) após a produção da série Sailor Moon. O pacote remetido pela verdadeira Lisa foi enviado do exterior após o pagamento da última parcela e – segundo os dados do rastreio – foi recebido pela alfândega brasileira na manhã de 05/04/2010, justamente quando a região onde moro sofreu o pior deslizamento de terras desde a enchente de 1966.

A avalanche de lama no Morro dos Prazeres, em Santa Teresa, carregou diversas casas e uma igreja pentecostal. Na Rua Gomes Lopes cerca de trinta e seis pessoas morreram soterradas ou em decorrência de ferimentos causados pelo deslizamento, a maioria delas aglomeradas durante o culto na igreja. A primeira coisa que vi foram os fios elétricos dos postes balançando e muitas pessoas se reunindo em desespero em frente a uma padaria. O deslizamento foi silencioso, apesar das sucessivas explosões de botijões de gás que emergiram como clarões nos escombros. Quando olhei para o morro a desgraça estava completa. Telefonamos para o Átila Nunes que rapidamente enviou ajuda aos feridos e necessitados. Os bombeiros localizaram um braço humano com a mão se mexendo por sobre a lama. Cavaram ali. Quando conseguiram desenterrar a cabeça infelizmente nosso vizinho já estava morto por asfixia. A primeira casa onde morei foi condenada pela defesa civil e correu risco de demolição, mas acabou liberada tempos depois, porque não foi verificado nenhum dano.

Na quarta-feira, 07/04/2010, as 22h00, um novo deslizamento ocorreu na cidade de Niterói, soterrando cerca de 40 casas no Morro do Bumba. Bombeiros estimaram que 267 pessoas morreram, sendo que apenas 48 corpos foram encontrados até hoje. Um índice pluviométrico excessivo, somado à maré alta, teriam sido os responsáveis pela erosão de encostas e pela demora no escoamento das águas no mês de abril.

Depois que a alfândega liberou o pacote remetido por Lisa Walkt eu lembrei o nome da remetente e pude ver as artes. No meio de tudo havia uma célula de anime representando a personagem Beryl (ベリル), alegadamente feita para ser utilizada no episódio 33. Oculto por traz dela havia um cenário pintado em cartolinha, representando um nicho do sistema espeleológico na dimensão paralela Dark Kingdom (ダーク・キングダム). Removi a célula de anime e achei uma cena excluída exibindo a inconfundível prisão de Queen Metaria (クイン・メタリア) no momento do despertar da deusa da destruição.[20]

Se eu tivesse visto isso antes provavelmente teria retomado meu habito paranoico de dezesseis anos atrás e pregado para a vizinhança alertando que tudo iria ruir, se eu encontrasse oportunidade de ter contato com as pessoas, mas não creio que alguma viva alma acreditaria em mim a tempo de evitar a tragédia em 05/04/2010. Uma profecia só se valida depois que fatos posteriores decorrem logicamente da experiência onírica. (Pelo menos foi um cataclismo local e não a descoberta de um novo supervulcão entrando em erupção em território brasileiro, nem a conclusão da extinção em massa provocada pelo aquecimento global).

NOTAS

[1] BAUMAN, Zygmunt. A riqueza de poucos beneficia todos nós? Trad. Renato Aguiar. Rio de Janeiro, Zahar, 2015, p 83-84.

[2] PUTNAM, Hillary. Razão, Verdade e História. Trad. António Duarte. Lisboa, Dom Quixote, 1992.

[3] YOSHIDA, Soraia. Será possível digitalizar um cérebro e continuar vivendo? Em: Época Negócios. Posto online em 31/08/2017. URL: <https://epocanegocios.globo.com/Tecnologia/noticia/2017/08/sera-possivel-digitalizar-um-cerebro-e-continuar-vivendo.html>.

[4] DESCARTES, René. Meditações. Em: OS PENSADORES – DESCARTES. Trad. J. Guinsburg e Bento Prado Júnior. São Paulo, Nova Cultural, 1996, p 337.

[5] O inconsciente coletivo é um reservatório de imagens latentes, chamadas de arquétipos ou imagens primordiais, que cada pessoa herda de seus ancestrais. A pessoa não se lembra das imagens de forma consciente, porém, herda uma predisposição para reagir ao mundo da forma que seus ancestrais faziam.

[6] A imprensa e as atividades escolares deram destaque ao tema do aquecimento global, enquanto consequência da poluição, quando foi estabelecido que o Brasil recepcionaria a Conferência das Nações unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, popularmente conhecida como ECO-92. O evento aconteceu em 1992 no Rio de Janeiro, com a presença de representantes de mais de 178 países.

[7] PELBART, Peter Pál. Tempos de Deleuze: Conferência de Abertura do VII Encontro GT Deleuze e Guattari. Publicado em AGENCIAMENTOS (canal do YouTube) em 07/12/2020. Hiperlink: <https://www.youtube.com/watch?v=sLmJPmV7V8Y>.

[8] Até em 22/01/1994, durante a festa de formatura da minha turma, eu ainda estava falado às pessoas sobre o risco de cataclismos. Carolina, prima de um conhecido, achou o retrata falado que eu fiz da mulher que apareceu sem capuz no sonho parecido com Valéria, ex-namorada do seu primo, que o fez sofrer pelo rompimento do namoro. Dois dias depois Carolina me telefonou informado que ela descobriu que a tal Valéria morreu a aproximadamente oito dias. Logo, essa pessoa não poderia figurar em cenas futuras de sonhos proféticos.

[9] Porque este antigo casebre foi demolido para dar lugar a apartamentos residenciais após o fim das atividades religiosas, com o falecimento da Vó Rita, Anderson Matheus nos procurou para alugar duas casas em nosso terreno, dia 05/05/2002, as quais ele reformou e transformou no Ìlé Asé Obakakanfo Iyá Ogunté.

[10] Na vida real não existe nenhum imóvel residencial e nenhum centro de Umbanda neste local. Quando chequei, em 2025, lá funcionava a loja Ferragens Toll House e a loja de moda feminina Amix Rio.

[11] Dungeons & Dragons (Brasil: Caverna do Dragão) é uma série de animação coproduzida pela Marvel Productions, TSR e Toei Animation. Estreou no Brasil em 1986, no programa Xou da Xuxa da Rede Globo, que exibiu as duas primeiras temporadas, mas não a terceira, a despeito do sucesso da animação.

[12] ENSINANDO A IDENTIFICAR QUALQUER TIPO DE PEDRA. Em: ADRIANO – PEDRAS PRECIOSAS. Posto online em 13/06/2021. URL: <https://www.youtube.com/watch?v=S2gRRm5iDjI>.

[13] Quartzo é dióxido de silício (SiO2). A goshenita é um ciclossilicato de berílio e alumínio, fórmula química Be3Al2Si6O18. (ROCK IDENTIFIER. URL: <https://rockidentifier.com/pt/wiki/Goshenite.html>.  Acessado em 28/12/2024, 19h25.). Publicações em páginas de universidades de mineralogia brasileiras informam que tanto o quartzo quanto a goshenita podem apresentar fraturas do tipo conchoidal – de superfícies lisas e curvas. – Contudo, um youtuber minerador falou algo próximo de minha experiência com quartzos quebrados: O quartzo quebra de um jeito tosco. A goshenita mesmo quebrada continua bela. (DIFERENÇA ENTRE CRISTAL DE QUARTZO E GOSHENITA. Em: CANAL DE DICAS JR. Posto online em 07/10/2022. URL: <https://www.youtube.com/watch?v=YL3L1mxLa9I>). Não pretendo quebrar minha pedra.

[14] O episódio Simpsons Tall Tales foi dirigido por Bob Anderson, tendo roteiros escritos por John Frink, Don Payne, Bob Bendetson e Matt Selman.

[15] Em “Simpsons Tall Tales” a família Simpson encontra um mendigo no vagão de trem que diverte-os contando três histórias, todas elas similares a contos infantis, porém numa versão por ele modificada. Na primeira narrativa o protagonista Paul Bunyan é um lenhador gigante que derruba diversas árvores com uma machadada só. Seu melhor amigo é um touro gigante. Eu achei isso vagamente semelhante à Epopeia de Gilgamesh. Durante o sonho eu não associei o lenhador gigante com o Lúcifer Mecha gigante.

[16] Sobre a cor, a última coisa que fiz antes de dormir em 02/04/2010 foi pensar sobre se eu deveria ou não deveria comprar o item Steampunk Boots para equipar em um avatar do jogo online Vampire Wars. O item somente existia em cor acobreada, mas meu avatar trajava roupinhas pretas e vermelhas. Talvez nada disso combinasse com cobre. Quando acordei julguei que havia desperdiçado a oportunidade de formular uma dúvida construtiva antes de dormir. Claro que eu não esperava receber nenhuma resposta onírica sobre investimento fútil na estética de efêmeros itens virtuais de cor acobreada, mas foi o que me pareceu ter ocorrido. De qualquer modo, por causa do sonho, assim que acordei comprei Steampunk Boots no jogo Vampire Wars e Rastreador GZ no Ragnarök Online. Salvei uma figura de “Criatura Mecha” manejando meu avatar no Buddy Poke do Orkut. Descobri que o Rei Mecha foi responsável pela difusão da cisterna impermeável em tempos bíblicos. Depois passei a procurar por quadros de Lúcifer, pois eu não conhecia mais nada que lembrasse aquele sonho. Imagino que devo pedir desculpas ao leitor por estar fazendo coisas imbecilizantes em um momento tão importante. Eu não sabia o que aconteceria em breve. (Não há nada errado na comunicação simbólica. A humilhação remete ao meu habito de jogar MMORPG e assistir programas infantis na idade adulta).

[17] Eu possuía conta em um servidor brasileiro do jogo Ragnarök Online, desenvolvido pela Gravity. O item Rastreador GZ dava ao avatar a capacidade de usar a disciplina “sentido sobrenatural” para identificar monstros.

[18] Eram duas criaturas que meu amigo Rodrigo Garcia desenhou anos atrás para Hassid, meu avatar Tremere usado em uma única partida do RPG de mesa Vampiro: A Máscara.

[19] LARKIN, David (org). Fantastic Art. New York, Ballantine Books, 1973, gravura número 36.

[20] O conjunto de célula de animação e cenário custou $ 120 USD. A pintura de todas as células de animação do episódio 33 de Sailor Moon (美少女戦士セーラームーン) foi supervisionada pelo diretor de arte Masahiro Ando (安藤 まさひろ) e pelo menos alguns deles foram pintados por Kenichi Tajiri (田尻 健一), nas dependências do Studio Live (スタジオ・ライブ). Os cenários do episódio 33 foram supervisionados e talvez pintados por Kazuyuki Hashimoto (橋本 和幸), no Mukuo Studio (ムクオスタジオ).


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