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O Ser

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Paulo Jacobina

Excerto de A Manifestação

O Ser é Integral, pois, em si, está a Essência do Eu na Forma do Agente Modelador.

É o Tecido Elementar, a forma perfeita, pois, em si, estão harmonizadas todas as formas.

É a Consciência, a essência perfeita, pois, em si, estão harmonizadas todas as essências.

É a Manifestação, pois, em si, encontram-se desde a primeira até a última manifestação.

É o Dharma, pois, em si, estão harmonizadas todas as Jornadas.

É o Karma, pois, em si, estão harmonizadas todas as justiças.

É o Chakra, pois, em si, estão harmonizadas todas as conexões.

É o Absoluto, pois, em si, estão harmonizadas todas as potências.

É a Vontade, pois, em si, estão harmonizados todos os quereres.

É o Todo, pois, em si, está harmonizado tudo o que existe e o que não existe.

É a Harmonia, pois, em si, Tudo está harmonizado.

É o Sentimento, pois, em si, estão harmonizados todos os sentimentos.

É o Sentir, pois, em si, estão harmonizadas todas as sensações.

É o Pensar, pois, em si, estão harmonizados todos os pensamentos.

É a Vida, pois, em si, está harmonizada toda a energia.

É a Realidade, pois, em si, estão harmonizadas todas as ilusões.

É a Sabedoria, pois, em si, estão harmonizados todos os saberes.

É a Lei, pois, em si, estão harmonizadas todas as leis.

É a Verdade, pois, em si, estão harmonizadas todas as verdades.

É a Perfeição, pois, em si, está harmonizado tudo o que é feito.

É o Eterno, pois, em si, está harmonizado todo o tempo.

É Uno, pois, em si, estão harmonizadas todas as partes.

É o Universo, pois, em si, estão harmonizados todos os versos.

É o Fundamento, pois, em si, estão harmonizadas todas as construções.

É o Ser, pois, em si, estão harmonizados todos os seres.

O Ser É, pois, em si, está harmonizado todo o devir.

A CONCILIAÇÃO DOS PARADOXOS

O Ser concilia, em si, todos os paradoxos, pois é a Verdade, integrando as verdades do Eu com as verdades do Agente Modelador. Estas verdades se colocam ilusoriamente de forma paradoxal, uma vez que apresentam ordens aparentemente contraditórias, quando, na verdade, se encaixam perfeitamente.

Na Jornada do Eu, o tempo se desloca em uma direção, partindo do Núcleo da imagem até o Círculo, ao passo que, na Jornada do Agente Modelador, o tempo se desloca na direção oposta, partindo do Círculo e indo até o Núcleo. Para o Eu, a verdade quanto ao tempo é que ele possui um fluxo; enquanto que, para o Agente Modelador, a verdade quanto ao tempo é que ele possui um outro fluxo. Para o Eu, o tempo do Agente Modelador é o refluxo, pois segue no sentido oposto ao do seu tempo; para o Agente Modelador, o tempo do Eu é que é o refluxo, pois segue no sentido oposto ao do seu tempo.

Contudo, diferentemente do que o Eu e o Agente Modelador têm como verdade quanto ao tempo, a Verdade é que o tempo inexiste para o Ser, pois, por ser Integral, ele reconcilia a verdade do Eu com a do Agente Modelador, tornando o tempo estático e, portanto, inexistente.

Por ser Integral, composto do Eu e do Agente Modelador, no Ser há a sobreposição dos seus tempos, com o passado do Eu se confundindo com o futuro do Agente Modelador, e o futuro do Eu se confundindo com o passado do Agente Modelador.

Assim, o Ser é Eterno, pois está além do tempo, onde não há passado ou futuro; não há o que foi e o que virá a ser, o devir; não há mudança; não há transformação; não há movimento.

O Ser é Aquele que É[1] e, por isso, não se move, não se transforma, é Perfeito. O movimento, a transformação, a mudança, só podem ser experimentados em decorrência do tempo, pois é ele quem possibilita a comparação das condições transitórias de alguma coisa.

E, assim como o que está em cima é como o que está embaixo, e o que está embaixo é como o que está em cima[2], todos os Atributos do Ser se apresentam em todos os seres, pois cada ser é um trecho do Ser, animado por um Eu e formado por um Agente Modelador. E, dentro de cada ser, também existem infinitos seres, também animados por infinitos Eus e formados por infinitos Agente Modeladores. E, dentro destes seres, também existem outros infinitos seres, animados por infinitos Eus e formados por infinitos Agente Modeladores. E, assim, infinitamente, estando cada um desses infinitos seres em seu correspondente trecho do Ser.

Como possui os Atributos do Ser, cada ser também é imune à ilusão do tempo e, dentro de si, possui todas as experiências tanto do Eu, quanto do Agente Modelador. As experiências do Eu vêm do passado do Eu, ou do futuro do Agente Modelador; enquanto as experiências do Agente Modelador vêm do passado do Agente Modelador, ou do futuro do Eu.

Por mais que ilusoriamente pareçam estar separados, o Eu e o Agente Modelador são inseparáveis e, em consequência disso, as suas experiências se interpenetram, pois decorrem de uma da interação com a outra. Por isso, quando o ser acessa o passado do Agente Modelador, ele também está acessando o futuro do Eu, assim como, ao acessar o passado do Eu, ele está acessando o futuro do Agente Modelador. Visando facilitar a compreensão, a título ilustrativo, são apresentados dois exemplos básicos, o do universo e o do homem.

O universo começa com a singularidade e, posteriormente, fragmenta-se dentro de si, “encolhendo”. Contudo, ao olhar o passado do Agente Modelador, o Eu o percebe ilusoriamente como também sendo parte do seu passado e não como seu futuro e, por isso, o interpreta de forma expansiva, deixando o núcleo e caminhando para o círculo.

O outro exemplo, o do homem, apresenta situação equivalente à do universo. O Eu que anima o homem percebe-se expandindo-se, pois tem a sua jornada iniciada no núcleo e caminha em direção ao Círculo. Assim, passo a passo, o Eu se torna mais consciente, compreendo melhor a sua realidade. Contudo, como o Eu percebe o tempo e o caminho trilhado pelo Agente Modelador como o seu oposto, ele experimenta o passado do Agente Modelador, isto é, a singularidade, o círculo, o zigoto, como também sendo o seu passado. Desta forma, para o Eu, que possui a percepção expansiva, o corpo que ele anima tem início em forma diminuta, tal qual o início da sua compreensão, e, por intermédio da fragmentação, se expande até se desfazer na morte.

Quando começa a ter consciência de que é um ser integral, o homem passa a se colocar mais no estado presente, desfazendo a ilusão do passado e do futuro, do devir, da heresia da separatividade. Colocando-se no estado em que cresce, à medida que diminui; onde ele se desloca sem se mover; onde, ao se internalizar, exterioriza-se; onde, ao nascer, morre e, ao morrer, nasce; onde, ao envelhecer, rejuvenesce; onde, ao não agir, gera a ação; onde, ao nada buscar, tudo tem; onde, ao não saber, sabe; onde, ao conhecer o seu interior, conhece o exterior; onde, pelos sentimentos[3], experimenta as sensações[4]; onde, ao olhar para si, vê o próximo e, ao olhar o próximo, vê a si; onde, ao se elevar ao céu, fixa-se na terra; onde, ao ser rígido, torna-se maleável; onde, ao cristalizar-se, torna-se fluido e, ao tornar-se fluido, cristaliza-se; onde, ao ser discreto, faz-se notar; onde, na ausência, faz-se presente; onde, pelo silêncio, faz-se ouvir; onde, ao ouvir, se faz compreender; onde, ao ser livre, compromete-se; onde, ao se isolar, mescla-se; onde, ao estar sozinho, está acompanhado por todos; onde, ao focar, a tudo percebe; onde, ao abrir mão, conquista; onde, ao ser, tem, e, ao tudo ter, tudo dá; onde, ao ser inominado, é reconhecido em todos os nomes; onde, ao ser imóvel, alcança a todos os lugares; onde, ao se apagar, ilumina, e, ao iluminar, destaca as sombras; onde, ao não julgar, é justo; onde, ao matar, dá a vida, e, ao dar a vida, mata; onde, ao ver o futuro, enxerga o passado, e, ao ver o passado, enxerga o futuro; onde, ao se pacificar, gera a guerra; onde, ao se construir, destrói-se; onde, ao celebrar a vida, exalta a morte, e, ao celebrar a morte, exalta a vida…

Onde se conciliam todos os paradoxos.

Notas:

[1] EHIÉH ASHÉR EHIÉH.

[2] Trata-se do “Princípio de Correspondência”, já definido em “A Senda Infinita”.

[3] Sentimento é a forma de se compreender aquilo que se encontra dentro de si.

[4] Sensação é a forma de se compreender, por intermédio dos sentidos, aquilo que se encontra fora de si.


Paulo Jacobina mantêm o canal Pedra de Afiar, voltado a filosofia e espiritualidade de uma forma prática e universalis


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