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C.W. Leadbeater
Excerto do livro “Os Chakras”
Além de manter vivo o corpo físico, os chakras desempenham outra função quando estão em atividade. Cada chakra etérico corresponde a outro astral; mas como este é um vórtice de quatro dimensões, tem uma extensão de que carece o vórtice do chakra etérico, e portanto, não podem coincidir exatamente ambos os chakras, ainda que coincidam nas três dimensões do etérico.
O chakra etérico está sempre na superfície do duplo etérico, enquanto que o chakra astral está freqüentemente no interior do corpo astral.
Os chakras etéricos em plena atividade, ou completamente despertos, transferem para a consciência física toda qualidade inerente no correlativo chakra astral. Assim é que antes de catalogar os resultados dimanantes do despertar à plena atividade dos chakras etéricos, convém considerar a função dos chakras astrais, conquanto estes já estejam em plena atividade em todas as pessoas cultas das últimas raças. Assim, pois, que efeito produz no corpo astral o avivamento dos chakras astrais?
CHAKRAS ASTRAIS
O primeiro destes chakras, como já dissemos, é o foco do kundalini ou fogo serpentino, existente em todos os planos e cuja atividade desperta os demais chakras.
Devemos considerar o corpo astral como se originariamente houvesse sido uma massa quase inerte com consciência muito vaga, sem definida capacidade de atuação nem claro conhecimento do mundo circundante. Portanto, o primeiro que sucedeu foi o despertar do fogo serpentino no homem astral. Uma vez atualizada essa energia, passou ao segundo chakra astral, correspondente ao esplênico físico, por cujo meio vitalizou todo o corpo astral, capacitando o homem astral a viajar conscientemente, embora ainda com vago conceito do que encontrava em suas viagens.
Depois o kundalini passou para o terceiro chakra astral, correspondente ao umbilical físico, e o vivificou despertando no corpo astral a faculdade de receber toda classe de sensações, embora ainda sem percebê- las claramente.
A vivificação do quarto chakra astral correspondente ao cardíaco físico, capacitou o homem a receber e compreender as vibrações de outras entidades astrais, e simpatizar com elas de modo que conhecesse instintivamente seus sentimentos.
O despertar do quinto chakra astral, correspondente ao laríngeo, conferiu ao homem a faculdade de audição no plano astral, isto é, atualizou- lhe o sentido que no mundo astral produz em nossa consciência o mesmo efeito que no mundo físico chamamos audição.
O despertamento do sexto chakra astral, correspondente ao situado entre as sobrancelhas, produziu analogamente a visão astral ou faculdade de perceber clara e distintamente a forma e a natureza dos objetos astrais, em vez de sentir vagamente sua presença.
O despertar do sétimo chakra astral, correspondente ao coronário, completava a vida astral do homem e aperfeiçoava suas faculdades.
A respeito do sétimo chakra astral parece existir alguma diferença segundo o tipo a que pertença o homem. Em muitos indivíduos, os vórtices do sexto e sétimo chakras astrais convergem ambos ao corpo pituitário (figura cima), que em tal caso é o único enlace direto entre o corpo físico denso e os corpos superiores de matéria relativamente sutil.
Mas noutros indivíduos, embora ainda aliem o sexto chakra astral com o corpo pituitário, inclinam o sétimo até o seu vórtice coincidir com o atrofiado órgão chamado glândula pineal (figura 9) que em tal caso se reaviva e estabelece ligação direta com o mental inferior sem passar pelo intermediário comum do astral. A este tipo de homens se referia Blavatsky, ao ponderar a importância do despertar da glândula pineal. Também a doutora Besant diz que tal despertar se inicia em diferentes planos, conforme o indivíduo. A este propósito transcrevemos a seguinte passagem de sua obra Estudo Sobre a Consciência:
A construção dos centros e a sua gradual organização em rodas ou chakras, pode começar em qualquer veículo. Em cada indivíduo começará no veículo correspondente ao tipo especial de seu temperamento, que dará a tônica de maior atividade na construção de todos os seus veículos e a sua gradual conversão em instrumentos eficazes para que a consciência se manifeste no plano físico. Assim teremos que o centro de atividade poderá estar em qualquer dos corpos físicos, astral, mental, causai ou outro ainda superior, segundo o tipo do temperamento individual, e dali atuará para cima ou para baixo, para modelar veículos capazes de servir de expressão a esse temperamento.
SENTIDOS ASTRAIS
De certo modo e até certo ponto, os chakras astrais podem ser considerados como os sentidos do corpo astral. Mas convém definir este conceito para evitar erros, porque não se deve esquecer que, embora para melhor compreensão falemos da visão e audição astrais, estas expressões significam a faculdade de responder às vibrações transferíveis à consciência do ego, quando atua no corpo astral, da mesma forma pela qual transfere para sua consciência as percepções visuais e auditivas, recebidas pelos olhos e ouvidos do corpo físico.
Mas na atuação astral não se necessita de órgãos especializados para conseguir tal resultado, pois em todo o corpo astral há matéria capaz de responder às vibrações procedentes do exterior. Por conseguinte, ao atuar o ego no veículo astral, tanto vê os objetos que estão adiante como os que estão atrás de si e em cima, embaixo, dos lados, sem necessidade de girar a cabeça.
Assim, pois, a rigor não podemos considerar os chakras astrais como órgãos sensórios, pois não é por eles que o homem astral vê ou ouve, tal qual o homem físico pelos olhos e ouvidos. Contudo, a percepção astral depende do despertar dos chakras astrais, porque cada um, ao despertar para a plena atividade, dá ao corpo astral a virtude de responder a uma nova ordem de vibrações.
Com todas as partículas do corpo astral estão em incessante movimento como as da água em ebulição, todas elas passam sucessivamente por cada chakra, o qual, por sua vez, nelas infunde a virtude de responder a determinada ordem de vibrações, de modo que todos os pontos do corpo astral são igualmente perceptivos. Mas ainda que a percepção astral seja completa, nem por isso pode o homem transferir para a consciência física qualquer conseqüência de sua atuação astral.
DESPERTAR DO KUNDALINI
Enquanto se ia vivificando o corpo astral, como indicamos, o homem físico desconhecia por completo o processo, e a única maneira de identificar as consciências física e astral é o despertar dos chakras etéricos, o que se pode alcançar por vários meios, segundo a escola de Ioga que o estudante tenha aceito.
Na índia existem sete escolas, de Ioga, a saber: Raja, Karma, Jnana, Hatha, Laya, Bhakti, Mantra.
Já me referi sucintamente a estas escolas ou sistemas de Ioga na segunda edição do livro Os Mestres e a Senda, e o professor Wood descreveu- os satisfatoriamente em sua obra: Raja-Yoga; the occult training of the Hindus.
Todos os sistemas de Ioga reconhecem a existência e importância dos chakras, mas cada qual emprega um método distinto para desenvolvê- los. O do Raja-Ioga consiste em meditar sucessivamente sobre cada um deles e em despertá-los por puro esforço de vontade. É um método muito recomendável.
A escola que presta maior atenção aos chakras é a do Laya-Ioga, cujo método consiste em atualizar as potencialidades superiores do fogo serpentino e introduzi-lo sucessivamente em todos os chakras.
Esta atualização das potencialidades superiores do fogo serpentino necessita de um deliberado e perseverante esforço de vontade, porque para por o primeiro chakra em plena atividade é preciso avivar as camadas internas do fogo serpentino, e uma vez vivificado, o chakra fundamental vivifica com sua formidável energia todos os demais, dando como resultado o transporte à consciência física das faculdades atualizadas pelo despertar de seu chakra astral correspondente.
DESPERTAR DOS CHAKRAS ETÉRICOS
Quando se desperta à plena atividade o chakra esplênico, o homem é capaz de recordar-se de suas viagens astrais, ainda que às vezes só parcialmente. Se estimularmos de maneira leve e acidental o chakra esplênico, costuma-se produzir a reminiscência da beatífica sensação de voar pelos ares.
Quando se põe em plena atividade o chakra umbilical, começa o homem físico a perceber toda classe de influências astrais, compreendendo vagamente que algumas delas são amistosas e outras hostis, e que umas paragens são agradáveis e outras repulsivas, sem saber por que.
A vivificação do chakra cardíaco dá ao homem físico o conhecimento instintivo das alegrias e tristezas do próximo, e às vezes o move a reproduzir em si mesmo, por simpatia, as dores alheias.
O despertar do chakra laríngeo capacita o homem físico a ouvir vozes que costumam sugerir-lhe idéias de toda classe. Também às vezes ouve música e outros sons agradáveis. Quando está em plena atividade confere ao homem físico a clarividência etérica e astral.
A vivificação do chakra frontal capacita o homem físico a ver lugares e pessoas distantes ou astrais.
Nas primeiras fases de desenvolvimento só há vislumbres de paisagens e nuvens de cor, mas sua plena atividade confere clarividência.
O despertamento do chakra fundamental está relacionado com a faculdade da visão microscópica, isto é, de ver aumentados os objetos físicos invisíveis à simples visão corporal.
Do centro do chakra frontal projeta-se um tênue e flexível tubo de matéria etérica, semelhante a uma serpente microscópica com uma espécie de olho em seu extremo. É o órgão peculiar desta modalidade de clarividência, e o olho terminal pode dilatar-se ou contrair-se para alterar a potência aumentativa segundo o tamanho do objeto que se examina. Isto é o que significam os livros antigos ao falarem da virtude que pode ter um homem de tornar-se grande ou pequeno, voluntariamente. Para examinar um átomo, o clarividente emprega um órgão de visão de tamanho adequado ao do átomo.
A serpente projetada do chakra frontal teve seu símbolo no toucado dos reis do Egito, aos quais, como aos sumos sacerdotes daquele país, se atribuía a clarividência entre outras faculdades ocultas.
Quando o chakra coronário está plenamente ativo, o ego pode sair por ali e deixar conscientemente o seu corpo, bem como retornar a ele sem a interrupção ordinária, de modo que estará consciente noite e dia.
Quando o fogo serpentino houver passado por todos os chakras, seguindo uma ordem variável de acordo com o tipo de cada homem, a consciência não se interrompe até a entrada no mundo celeste, ao terminar a vida astral de modo que não haverá diferença entre a temporária separação do corpo físico durante o sono e a definitiva no momento da morte.
CLARIVIDÊNCIA EVENTUAL
Antes de chegar ao estado a que nos referimos, pode ter o homem físico alguns vislumbres do mundo astral, porque às vezes certas vibrações de insólita violência estimulam e põem um ou outro dos chakras em temporária atividade, sem que por isso se avive o fogo serpentino, ainda que possa suceder igualmente que este fogo se avive em parte e determine, entretanto, clarividência espasmódica. Porque, como já dissemos, o kundalini ou fogo serpentino tem sete camadas ou graus de energia, e habitualmente sucede que quem esteja exercendo sua vontade com o propósito de despertar esta energia; só consiga avivá-la num grau. Então, convencido de que já terminou a sua obra, acabará vendo que não lhe dá os resultados que esperava, e terá de reencetá-la várias vezes, aprofundando mais e mais até reavivar o fogo serpentino.
PERIGO DA ATUALIZAÇÃO PREMATURA
O kundalini, esta ígnea energia, como a chama A Voz do Silêncio, é em verdade semelhante a um fogo líquido que se difunde por todo o corpo quando a vontade o atualizou e circula em espiral qual uma serpente. Em plena atividade se lhe pode denominai a Mãe do Mundo, porque vivifica os diversos veículos humanos, de modo que o ego seja consciente em todos os mundos.
No homem comum, o kundalini está latente no chakra fundamental, sem que em toda a sua vida terrena ele note ou lhe suspeite a presença. E muito melhor é que permaneça assim latente até que o homem tenha feito definidos progressos morais, com vontade bastante forte para dominá-lo e pensamentos suficientemente puros para arrostar sem dano sua atualização. Ninguém deve tentar manejá-lo sem instruções concretas de um conhecedor do assunto, pois são muito graves e terríveis os perigos que envolvem, alguns deles puramente físicos, de modo que sua atuação indisciplinada ocasionará agudíssimas dores com o dilaceramento dos tecidos, podendo mesmo provocar a morte do incauto. Contudo, este último é o dano mais leve, porque pode, além disso, acarretar perduráveis transtornos aos veículos superiores ao físico.
Uma das mais freqüentes conseqüências de ativar prematuramente o fogo serpentino, é o de fluir para baixo do corpo em vez de subir, e o de excitar as mais torpes paixões, intensificando-as até o ponto de ser impossível ao homem dominá-las ou sequer resisti-las, porque atualizou uma energia ante a qual está tão perdido como um nadador nas mandíbulas do tubarão.
Tais indivíduos convertem-se em sátiros, em monstros de depravação, porque estão nas garras de uma energia muito superior à ordinária resistência do homem. Provavelmente adquirirão certas faculdades psíquicas, mas de tal natureza que ficarão em contato com uma ordem inferior de evolução com a qual não deve relacionar-se a Humanidade, e para se livrarem de semelhante escravidão poderão necessitar mais de uma encarnação no mundo terreno.
Não exagero o horror deste estado, como o exageraria quem o conhecesse apenas de ouvido. Tenho sido consultado por pessoas laceradas por tão terrível moléstia, e com meus próprios olhos vi tudo quanto lhes sucedia. Há uma escola de magia negra que de propósito utiliza o fogo serpentino para ativar certo chakra inferior, do qual nunca se valem os observadores da Boa Lei.
Alguns autores negam a existência de tal chakra, haver iogues dravidianos que ensinam seus discípulos mas os brâmanes da Índia meridional me asseguram a usá-lo, ainda que não precisamente com fim maligno. Não obstante, o risco é demasiado grave para se expor a ele, quando, por meio mais seguro, é possível obter o mesmo resultado.
Ainda além deste seu maior perigo, a atualização prematura dos aspectos superiores do kundalini tem muitas outras funestas possibilidades, pois intensifica tudo quanto existe na natureza humana e influi mais nas baixas e malignas qualidades do que nas boas. Por exemplo, no corpo mental desperta-se vivamente a insana ambição que muito depressa atinge um incrível grau de desordenada intensidade. Provavelmente aumentará as faculdades intelectuais, mas ao mesmo tempo engendrará um satânico orgulho, inconcebível ao homem comum.
Não é prudente crer que qualquer um esteja preparado para enfrentar esta ou aquela energia que se atualize era seu corpo, pois não será das modalidades comuns, e sim de intensidade irresistível. Portanto, nenhum ignorante deve tentar despertá-las, e se alguém nota que despertaram eventualmente deve consultar, nesse caso, pessoa que conheça profundamente a questão.
De propósito me abstenho de explicar a maneira de atualizar o fogo serpentino, nem como, depois de atualizada esta energia, se há de fazê-la passar pelos diversos chakras, porque de nenhum modo se deve tentar semelhante coisa, a não ser por expressa sugestão de um Mestre que vigie seu discípulo durante as sucessivas etapas do processo.
Aconselho solenemente aos estudantes que se abstenham de todo esforço para atualizar tão formidável energia, a não ser sob a tutela de um Mestre, porque presenciei muitos casos dos terríveis efeitos da intromissão mal informada e mal dirigida nesses gravíssimos assuntos. O kundalini é uma tremenda realidade, um dos fenômenos capitais da natureza, e não é coisa para brincadeira nem divertimento fútil, porque manejá-lo sem compreendê-lo é muito mais perigoso do que uma criança brincar com dinamite. Com razão diz desta energia um livro hindu: Liberta o iogue e escraviza o insensato.
Em assuntos como este os estudantes imaginam, às vezes, que as leis da natureza farão alguma exceção a seu favor, ou que alguma intervenção providencial salvá-los-á das conseqüências de sua loucura. Certamente não sucederá nada disto, e quem protervamente provoca uma explosão expõe-se a ser a primeira vítima. Muitas tribulações e desalentos evitariam para si os estudantes se compreendessem que tudo quanto dizemos sobre ocultismo tem significado exatamente literal e se aplica a todos os casos sem exceção, porque não há favoritismo nem privilégios nem exceções na ação das leis capitais do universo.
Todos desejam realizar quantas experiências sejam possíveis, e todos se presumem com suficiente preparação para receber os mais altos ensinamentos e para o mais adiantado desenvolvimento; mas ninguém quer trabalhar pacientemente na melhora do seu caráter, nem empregar tempo nem energias em serviço da Sociedade, ao passo que aguarda que um Mestre lhe anuncie que já está preparado para seguir adiante. Aproveito este ensejo para repetir aqui o antigo aforismo eternamente válido. “Buscai primeiro o reino de Deus e sua justiça, e o mais se vos dará por acréscimo.”
Nalguns casos atualizam-se espontaneamente os graus inferiores do fogo serpentino, de modo que se observa um mortiço esplendor, e mesmo é possível, embora mui raramente, que comece a mover-se. Quando isto ocorre, pode ocasionar viva dor, pois os condutos não estão dispostos para a passagem, e a energia os tem de abrir queimando grande quantidade de escórias etéricas, com grave sofrimento do indivíduo.
Ao despertar espontaneamente o fogo serpentino, ou ao ser atualizado por algum acidente, a energia propende a passar pelo conduto medular, seguindo o mesmo caminho já tomado pela sua manifestação inferior e moderada. Sendo possível, tem de se deter o movimento por um esforço de vontade; mas se não se o conseguir com isto, como será o mais provável, não é motivo para alarmar-se, porque é muito comum sair pela cabeça, sem outro dano que uma ligeira debilidade. O pior neste caso será uma temporária perda de consciência. O horrível perigo não está em que a energia ascenda, senão em que desça e se interne pela coluna vertebral abaixo.
A principal função do kundalini quanto ao desenvolvimento oculto do homem, é que ao passar pelos chakras etéricos ele os aviva e converte em mais eficazes pontos de conexão entre os corpos físicos e astral. Diz A Voz do Silêncio que quando o fogo serpentino chega ao chakra frontal, põe-no em plena atividade e confere ao homem a virtude de ouvir a voz do Mestre, que neste caso significa a voz do Eu superior. Baseia-se esta informação em que, quando o corpo pituitário funciona ordenadamente, serve de perfeito enlace com o veículo astral, de modo que por seu intermédio se transmitem todas as comunicações procedentes do interior.
Não só este chakra, mas todos os superiores, ter-se-ão de atualizar plenamente e responder a toda espécie de influências dos subplanos astrais. Tal atualização chegará a seu devido tempo, mas não poderão alcançá-la nesta vida terrena aqueles que pela primeira vez hajam tomado a sério este assunto. Alguns hindus talvez o consigam logo, porque seus corpos são mais adaptáveis por herança; mas a maioria de todos que na vida atual estudam os chakras, terá de esperar seu pleno despertar noutra vida.
Em cada encarnação se há de repetir o domínio do fogo serpentino, pois renovam-se constantemente os veículos físico, astral e mental inferior; mas se numa vida precedente se conseguiu subjugá-lo, serão muito fáceis as repetidas subjugações.
Convém recordar que a ação do fogo serpentino difere segundo o tipo de indivíduo, e assim alguns verão seu Eu superior antes de lhe ouvir a voz. Demais, a relação entre o inferior e o superior passa por muitos graus, pois para a personalidade significa a influência do ego, enquanto que para o ego significa a influência da mônada, e para a mônada significa a consciente expressão do Logos.
EXPERIÊNCIA PESSOAL
Será de alguma utilidade mencionar minha experiência pessoal sobre este ponto. Durante os primeiros anos de minha residência na Índia, há mais de quatro décadas, não me esforcei por despertar o fogo serpentino, nem sabia grandes coisas sobre ele, pois parecia-me que para manejá-lo seria necessário ter eu nascido com um corpo físico especial que não possuía. Mas um Mestre me ensinou que com certa classe de meditação eu despertaria o fogo serpentino. Pus logo em prática o conselho e com o tempo consegui o meu propósito. Contudo, não tenho dúvidas de que o Mestre vigiava o processo e me teria detido em caso de perigo. Dizem-me que alguns ascetas hindus ensinam a seus discípulos a maneira de atualizar o kundalini, vigiando-os cuidadosamente durante todo o processo. Mas não conheço nenhum destes ascetas, e mesmo que os conhecesse não confiaria neles, a menos que me fossem recomendados por alguém que eu soubesse possuir conhecimento verdadeiro.
Amiúde muitos me pedem que eu lhes aconselhe o que têm de fazer para atualizar o fogo serpentino, e digo-lhes que façam o mesmo que eu fiz, ou seja, que se entreguem à obra teosófica e esperem receber a ordem concreta de algum Mestre que se digna dirigir seu desenvolvimento psíquico e continuar entrementes os ordinários exercícios de meditação.
Não devem preocupar-se se o despertar da energia serpentina sobrevenha na vida atual ou na seguinte, senão que hão de considerar o assunto do ponto de vista do ego e não da personalidade, com a absoluta certeza de que os mestres estão sempre à vista daqueles aos quais podem auxiliar, sem que ninguém lhes passe inadvertido, e que indiscutivelmente darão em tempo oportuno suas instruções.
Nunca ouvi dizer que o desenvolvimento psíquico tivesse limite de idade, e portanto, não creio que a idade seja para isso obstáculo, contanto que o indivíduo goze de perfeita saúde, pois a saúde é condição necessária, porque só um corpo robusto pode suportar o esforço, muito mais vigoroso do que o podem imaginar aqueles que não têm feito esforço algum.
Uma vez atualizada a energia do kundalini, tem de ser rigorosamente dominada e dirigida para os chakras, numa ordem que difere segundo o tipo do indivíduo. Para que a energia se mova eficazmente, é indispensável dirigi-la em determinado sentido, que o Mestre explicará em tempo oportuno.
A TELA ETÉRICA
Já disse que os chakras astrais e etéricos estão em íntima correspondência; mas entre eles, e interpenetrando-os de maneira difícil de descrever, há uma cobertura ou tela de textura compacta, constituída por uma camada de átomos físicos ultérrimos muito comprimidos e banhados por uma especial modalidade de energia vital.
A vida divina que normalmente desce do corpo astral ao físico, está sintonizada de modo a passar pela tela com toda a facilidade, mas essa tela constitui uma barreira intransponível para as demais modalidades de energia que não podem utilizar a matéria atômica dos planos físicos e astral, e assim é ela o instrumento natural para impedir a prematura comunicação entre os planos, o que seria irremediavelmente prejudicial.
Essa tela impede em condições normais a clara recordação do ocorrido durante o sono, e é a causadora da temporária inconsciência que se segue sempre à morte.
Sem a misericordiosa provisão da tela etérica, o homem comum, que nada sabe destas coisas e está completamente desprevenido contra elas, poderia ser em qualquer momento vítima de uma entidade astral que o pusesse sob a influência de energias irresistíveis. Ou então estaria exposto à constante obsessão por parte de qualquer entidade astral desejosa de se apoderar de seus veículos.
Compreende-se, pois que um defeito ou dano nesta tela, ocasionaria terrível desastre. Muitas maneiras há de estropiar a tela, e, portanto, devemos esforçar-nos diligentemente por evitá-los. Pode estropiar- se por acidente ou por algum hábito. Uma violenta sacudida do corpo astral, ocasionada por um terrível pasmo, pode dilacerar de lado a tela e enlouquecer o indivíduo1. Também pode produzir o mesmo efeito um tremendo arrebatamento de cólera ou qualquer outra violentíssima emoção de índole sinistra.
OS EFEITOS DE ÁLCOOL E NARCÓTICOS
São de duas classes os hábitos viciosos ou práticas nocivas que podem estropiar a tela protetora: o uso do álcool e os narcóticos, ou o empenho de abrir portas que a natureza mantém fechadas, por meios como os descritos nalguns comunicados espiritistas.
Certos alcalóides e bebidas, sobretudo o álcool e os narcóticos, inclusive o tabaco, contêm substâncias que ao se decomporem se volatilizam. Algumas delas passam do plano físico para o astral1 através dos chakras, em direção oposta à normal, de modo que a repetição desta anormalidade deteriora gravemente finalmente destrói a delicada tela protetora.
Esta deterioração e destruição podem ocorrer de duas maneiras distintas, segundo o tipo do indivíduo e a proporção das substâncias nocivas contidas em seu duplo etérico e em seu corpo astral. Em primeiro lugar, as substâncias volatilizadas queimam a tela e com isso abrem a porta a toda classe de energias bastardas e influências malignas. Em segundo lugar, tais substâncias volatilizadas, ao passarem pelo átomo físico ultérrimo, o endurecem e impedem suas pulsações, de modo que já não o pode vitalizar a especial energia que os entrelaça, resultando disso algo assim como uma ossificação da tela que intercepta as comunicações entre um plano e outro.
Podemos observar no bêbado habitual os efeitos de ambas as classes de deterioração. Os que franqueiam a passagem às nocivas influências se tornam loucos, obsedados ou morrem delirantes, ainda que sejam raros os deste tipo. Mais freqüente é a deterioração por obstrução, que debilita as faculdades e mergulha o indivíduo no grosseiro sensualismo e brutalidade, sem o mais leve sentimento de delicadeza e possibilidade de autodomínio. Perde o sentimento de responsabilidade, e ainda que em estado lúcido ame sua mulher e filhos, quando lhe comete a ânsia de bebida não vacilará em gastar em vinho o dinheiro que deveria empregar em manter a família, porque se desvanecem o afeto e a noção de responsabilidade.
EFEITOS DO TABACO
A segunda classe de deterioração da tela etérica é muito freqüente nos escravos do tabaco, que vemos persistirem em seu vício ainda que saibam perfeitamente que incomodam os não-fumantes. Prova do estropiamento da tela temos no fato de ser o único vício em que um cavalheiro persiste apesar de perceber o desgosto que causa aos demais. Vê- se claramente que neste caso se embotaram os sentimentos delicados. De tal modo este nocivo hábito escraviza os que o adquirem, que são incapazes de vencê-lo e se esquecem de todo instinto de cavalheirismo por seu tão insensato e horrível egoísmo.
Os perniciosos efeitos do tabaco são evidentes nos corpos físico, astral e mental, e saturam o homem de partículas sumamente impuras, cujas emanações são tão grosseiramente materiais que ferem o olfato alheio.
Astralmente, não só o tabaco introduz impureza como amortece muitas vibrações e por esta razão sói dizer-se que “acalma os nervos”. Mas o progresso no ocultismo não requer que se amorteçam as vibrações nem que se carregue o corpo astral de partículas nauseabundas e venenosas. Pelo contrário, necessitamos de responder instantaneamente a toda possível longitude de ondas e ao mesmo tempo dominar-nos tão completamente que nossos desejos sejam como cavalos dirigidos pela razão, levando-nos aonde quisermos e não arrastando-nos em seu desenfreamento como o faz o pernicioso hábito do tabaco, que nos coloca em situações onde a natureza superior compreende que jamais deveríamos achar-nos. Seus resultados depois da morte são também dos mais desastrosos, porque determinam uma espécie de ossificação ou paralisia do corpo astral, de modo que durante longo tempo, por semanas e ainda meses, o homem permanece desamparado, tolhido, quase inconsciente e como que preso a uma masmorra sem poder comunicar-se com ninguém e incapaz de receber, portanto, as influências superiores. Vale a pena sofrer todas estas aflições por uma pitada de fumo? O tabaco é muito pernicioso e deve cuidadosamente ser evitado por quem verdadeiramente anele disciplinar seus veículos e adiantar-se na Senda de Santidade. Segundo dissemos, as vibrações só podem passar de um plano a outro pelos subplanos atômicos; mas quando pelo uso do tabaco se diminui a potência responsiva, esta diminuição ou amortecimento também afeta o segundo e o terceiro subplanos. Neste caso, a comunicação entre o astral e o físico por intermédio do duplo etérico só poderá efetuar-se pelos subplanos inferiores de cada plano, onde formigam as sinistras e malignas influências cujas grosseiras e violentas vibrações excitam a resposta.
ABERTURA DAS PORTAS
Conquanto a natureza tome esquisitas precauções para resguardar os chakras, não é seu propósito que permaneçam sempre rigidamente fechados. Há um processo normal de abri-los. Talvez fosse mais próprio dizer que a natureza não se propõe abrir os chakras mais do que o estão, senão que o homem deve aperfeiçoar-se de modo que lhes aumente até a plenitude a sua atividade.
A consciência do homem comum não é ainda capaz de utilizar a matéria atômica do corpo físico nem a do astral, e portanto, em circunstâncias normais não pode estabelecer comunicação voluntária entre os dois planos. O único meio de consegui-lo é purificar ambos os veículos até que se lhes vitalize a matéria atômica, de modo que todas as comunicações entre um e outro sigam seu caminho obrigatório. Em tal caso, a tela etérica se mantém no maior grau de posição e atividade, e em conseqüência já não representa um obstáculo para a intercomunicação, e contudo impede o contato entre os subplanos inferiores, que daria passagem a todo o gênero de sinistras influências.
Por este motivo aconselhamos sempre a todos os estudantes de ocultismo e a todos em geral, que esperem as faculdades psíquicas se atualizarem em seu devido tempo, como uma conseqüência do aperfeiçoa- mento do caráter, pois segundo inferimos do estudo dos chakras, assim terá de suceder certamente. Tal é a evolução natural, o único meio seguro, que traz ao estudante todos os benefícios e lhe evita todos os perigos. Tal é a Senda que nossos Mestres trilharam no passado e é portanto a nossa Senda atual.
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