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É praxe que toda caçada seja registrada pelo menos em áudio do começo ao fim. Um dos fenômenos mais antigos associados com atividades fantasmagóricas é a gravação de vozes e sons sobrenaturais. Um dos primeiros investigadores paranormais que tentou registrar vozes de fantasmas foi o fotógrafo americano Attila von Szalay, no início ele tentava usar discos de cera sem muito sucesso até que em 1956 experimentou fazer gravações com gravador de fita magnética. Os
primeiros registros de gravações de vozes e ruídos foram conseguidos utilizando simplesmente um gravador antigo conectado a um microfone. De início as primeiras gravações mostravam sons que não podiam ser ouvidos durante as sessões, mas logo começaram a surgir vozes e frases.
É sempre necessário que um caça-fantasmas seja antes de qualquer coisa um cético. Quando olhamos para o céu podemos olhar uma nuvem e nos espantar como ela tem a forma exata de uma ovelha, um coelho felpudo ou de Elvis em sua roupa branca com franjas nas mangas e águia de lantejoula nas costas. O ser humano tem uma necessidade básica de ordenar coisas, é uma necessidade tão básica que não chega a ser racional, assim podemos ver coisas e interpretar de forma a fazer sentido para nós. Como vimos no começo do livro além disso o ser humano pode ser induzido a ver coisas que não estão lá. A banda australiana AC/DC, por exemplo, gravou em 1990 o álbum The Razors Edge, uma das músicas que fazem parte do disco é a Mistress for Christmas, aos 3:24 minutos da música é possível ouvir o vocalista da banda gritando EU QUERO SER CAMPEÃO, EU QUERO SER CAMPEÃO! Como parte da música. É claro que ele não cantou nenhuma parte dela em português, da mesma forma que não existe nada de sobrenatural nisso, simplesmente a frase que ele canta tem um som muito semelhante a EU QUERO SER CAMPEÃO!, e dificilmente depois de ler isso e ouvir a música você será capaz de discernir o que Brian Johnson canta originalmente, a frase em português vai surgir na sua mente sempre que a ouvir.
Isso pode acontecer também com ruídos gravados, em gravadores de rolo de fita ou de fitas cassete existem inúmeros ruídos naturais que já poluem a gravação quando queremos um resultado “limpo”, o som do mecanismo do gravador funcionando, mesmo a fita raspando no cabeçote acabam gerando ruídos que quando amplificados e depois de mudar a velocidade da fita podem parecer uma palavra ou rosnado vindo do além. Assim não faça gravações esperando ouvir algo, mas ouça ruídos buscando apenas ruídos e sons ambientes, qualquer coisa que de cara se destaque disso é o que você estava procurando.
Agora não se deixe desanimar por causa desses parágrafos, as primeiras gravações que entusiasmaram Szalay não foram apenas ruídos ou coisas que poderiam ser palavras ou não, os primeiros registros feitos do que acrediram ser vozes de espíritos foram frases nítidas como “This is G!” (este é G!), “Hot dog, Art” (Cachorro quente, Art – nome próprio ou “arte” em inglês), “Merry Christmas and Happy New Year to you all” (Feliz Natal e feliz ano novo para todos vocês).
Essas gravações se amontoam aos milhares, e existem grupos que se dedicam a estudá-las, como por exemplo o Instituto de Transcomunicação Instrumental, ou ITC (Instrumental Trans-Comunication). Este fenômeno ficou conhecido como Fenômeno de Voz Eletrônica e no Brasil já é chamado de FVN por cada vez mais pessoas que usavam a abreviação inglesa de EVP (i-vi-pi – Eletronic Voice Phenomenon).
Novamente não há como dizer o porque esse fenômeno ocorre. Cada grupo tem sua explicação mas tecnicamente todas podem ser resumidas em: os aparelhos de gravação não tem a limitação do ouvido humano, eles podem gravar freqüências que nós não ouvimos. E por que espíritos se comunicariam nessas freqüências? Bem para começo de conversa eles não tem mais pulmões, gargantas, línguas e cordas vocais. Qualquer tipo de som que um fantasmas produza será produzido de alguma forma não orgânica, e por algum motivo esse “ventriloquismo” gera sons em freqüências baixas demais ou lentas demais para serem ouvidas, mas
essas freqüências são gravadas, elas existem. Assim um estudo das fitas pode fazer com que tenhamos acesso a elas.
Novamente isso não deve ser motivo de desânimo, quando falamos de gravações estamos falando de registros, como vimos nos tipos de experiências é possível ouvir também vozes e sons sem gravadores, e é possível ouvir uma conversa inteira e ela não ser registrada pelo aparelho, isso mostra que alguns tipos se sons fantasmagóricos não são inteiramente de natureza eletromagnética, seria possível que fantasmas sejam mentes desencarnadas se comunicando por telepatia e nós
entendemos essa sugestão telepática como uma voz alienígena percebida pelo ouvido vindo de fora de nossa cabeça? Não podemos afirmar nem refutar qualquer hipótese, isso são fatos que ocorrem, mas no que diz respeito ao registro objetivo de vozes fantasmas elas são possíveis.
Com a evolução da tecnologia trocamos os gravadores de fitas por gravadores eletrônicos e programas para tratamento de áudio. Os gravadores digitais tem a vantagem de não terem processos mecânicos envolvidos na gravação, criando uma amostra mais limpa, sem contar que eles criam arquivos que podem ser analisados diretamente, enquanto uma fita gravada tem que ser convertida para um novo formato antes de uma análise mais minuciosa. E chegamos então ao momento de escolher que tipo de equipamento é o ideal para comprarmos com o objetivo único e exclusivo de caçar fantasmas.
Uma coisa para ter sempre em mente é a regra de ouro e ela é: quem tem o ouro faz as regras. Invariavelmente equipamentos melhores custam mais caro, mas nem sempre os mais caros são os melhores. Eu posso usar meu celular para gravar fantasmas, o meu M3player ou o gravador do meu irmão que é técnico de som? Antes de dar qualquer resposta vamos nos lembrar que apesar de hoje haver equipamentos do tamanho de um fusca construídos especificamente para não apenas se gravar, mas se manter comunicação com espíritos, as primeiras gravações foram feitas em gravadores que hoje nos parecem toscos e obsoletos, por mais charmosos que sejam. Eram tralhas pesadas, que precisavam de microfones acoplados por plugs e fios, que gravavam mais estática e chiados do que qualquer coisa, e esses equipamentos, sem nenhum software de áudio, conseguiam registrar um “feliz natal” nítido em uma sala onde não havia ninguém no momento em que o equipamento estava ligado.
Assim, hoje o ideal é um gravador portátil. Na verdade não apenas um, mas vários. Claro que tudo isto requer dinheiro, então de início invista em um gravador principal e com o tempo compre mais alguns. Provavelmente você irá querer analisar a sua gravação ao invés de apenas aumentar o volume e ter acesso à velocidade da gravação, então um gravador portátil digital com uma saída para se conectar a um micro é muito bom para o seu primeiro equipamento.
Hoje toda caçada é acompanhada de pelo menos o dobro de tempo que durou em análise de todos os dados coletados, isso significa algumas horas com os amigos analisando entre outras coisas os arquivos de som. Lembre-se portanto de adicionar a sua lista de equipamento um modelo profissional de fones de ouvidos. Caso tenha em casa daqueles gravadores de fitas cassete pequenas não ache que precisará de um novo, leve-o para campo e o teste, a maior vantagem dos gravadores digitais não é a sua sensibilidade, mas a possibilidade de pegar o que foi registrado e passar para a análise sem intermédio de outros meios
que possam contaminar a gravação. O preço de um gravador varia de R$50,00 reais até valores que te fariam considerar comprar um fusca. Mas se estiver disposto ou disposta a gastar até R$300,00 reais em um aparelho vai achar equipamentos muito bons e de qualidade. Como todos os outros equipamentos que você vai adquirir leve em conta não apenas tudo o que ele tem a oferecer, mas a simplicidade que tem e a sua facilidade em lidar com ele. Existem gravadores digitais que gravam sons que acontecem do outro lado do quarteirão, através de paredes de concreto e que tem tantos botões que parecem uma mistura de painel de
carro com um forno de microondas. Poucos botões não é sinônimo de simplicidade. Sempre que for comprar um aparelho primeiro verifique se ele oferece o que você busca e se é fácil de operar, lembre-se que você pode se ver em uma noite em um porão escuro, com o gravador na mão e de repente ter que escolher entre segurar uma lanterna, o gravador, ver que horas são ou anotar algo e ter que levantar e correr com o seu detector de campos eletromagnéticos enquanto checa a
temperatura. Quanto menos botões ou opções você tiver para apertar ou escolher melhor será no momento.
A vantagem de ter vários gravadores à mão é testar qual funciona melhor em cada situação, não apenas os fantasmas são imprevisíveis, mas suas manifestações também. Se você for para uma casa de vários andares ou vários cômodos ou ambos, não poderá estar em todos os lugares ao mesmo tempo, escolher locais estratégicos e deixar gravadores ligados podem lhe valer uma grata surpresa ao fim de uma investigação.
Além de usar o aparelho para buscar vozes do além você também deve usá-lo para notas rápidas, como por exemplo registrar a hora e o local onde se encontra. Blocos de notas são bons para se anotar detalhescomo formas que surjam, em que local de um quarto tal coisa aconteceu,se surgiu um desenho ou uma escrita em algum lugar, mas você também não pode parar a todo instante para anotar algo e depois ainda tentar conferir anotações escritas com o que estava sendo gravado, da mesma forma que se ficar gravando sua voz o tempo todo pode perder algum recado fantasmagórico.
Uma técnica que muitos caçadores usam é usar o gravador para tentar conversar com o fantasma. Quando estiver em um cômodo ou andando pelolocal faça perguntas que possam ser respondidas de forma curta. “Luciano, você esta ai?” Ligue o gravador, registre o cômodo em que está, a hora e faça perguntas casuais como se existe alguma presença ali, o nome da presença, peça para ela se manifestar de alguma forma. E sempre espere algum tempo entre as perguntas, para haver tempo para respostas, isso pode ser interessante para você saber se o fantasma interage com o pesquisador e diferenciar a atividade entre entidades
ou espectros.
Cada caçador ou caçadora com o tempo desenvolvem sua própria técnica de investigação. Alguns acham que tratar o fantasma de maneira educada gera melhores respostas, outros acham que provocar o fantasma resulta em respostas mais intensas. Só a experiência vai te mostrar como você conseguirá seus melhores resultados.
Por enquanto apenas ler sobre este tipo de fenômeno pode criar uma expectativa estranha, por um lado gravar a voz de um espírito parece algo incrível demais para ser verdade, por outro uma gravação assim seria a prova real da existência de fantasmas. Como dissemos isso pode ser frustrante. Se você procurar a ITC, mesmo na internet, vai ouvir centenas de gravações, algumas de celebridades, outras de desconhecidos, outras de entidades que dizem nunca ter sido humanas. Existem grupos que se comunicam com espíritos que dizem que existem enormes grupos de desencarnados com suas máquinas desencarnadas e laboratórios desencarnados que usam aparelhos espíritas para falar conosco. Outros que tem teorias elaboradíssimas desta comunicação. Mas todas tem horas e mais horas de gravações, se apenas um bom diálogo fosse necessário para provar ao mundo que espíritos são reais então todos já saberiam que fantasmas são tão concretos quanto o chão que você pisa. Esses grupos são ótimos, e muitos deles tem sites na internet. Utilize-os para se familiarizar não com suas teorias mas com material já registrado. Eles costumam ter ótimas dicas de equipamentos e programas para analisá-los.
Caso resolva começar ao estilo lobo solitário, existem inúmeros programas de áudio que podem ser interessantes para o iniciante. Softwares como o Audacity é gratuito, possui plataforma para PC e Mac e vários recursos que podem te ajudar. O procedimento padrão é escutar a caçada várias vezes na velocidade normal e em seguida escutar em velocidade reduzida para pegar sons de frequência mais baixa. Se puder gastar um pouco com isso existem as opções como o adobe audition, por exemplo, que traz mais funções e mais opções de recursos. Novamente, não adianta conseguir o software mais complexo e ligá-lo a uma mesa de
som se você irá usar apenas 10% de sua capacidade. Tente começar com algum programa gratuito e veja como ele funciona, teste arquivos deáudio nele e então parta para analisar algumas gravações. Com o tempo irá ver se um programa pago atende melhor a suas necessidades do que o mais simples.
E voltando ao “bom demais para ser verdade”, nenhuma teoria é suficiente para explicar o momento em que você consegue os seus primeiros FVE claros e nítidos. Quando pega os seus gravadores que estavam em quartos vazios e ouve vozes e recados que obviamente não são apenas sons que parecem vozes.
Um aparelho que pode auxiliar muito quando falamos de gravação de sons inexplicáveis são os amplificadores de audio. Como o próprio nome sugere são aparelhos que amplificam qualquer som ambiente em muitas vezes. Alguns deles podem ser ligados a gravadores ou a fones de ouvido. Amplificadores assim tem vantagens e desvantagens, as vantagens é que com a ajuda de um, você pode localizar algumas vozes ou ruídos que normalmente não ouviria e então dedicar alguma atenção à
area em questão. Eles trazem, por outro lado, um problema; caso você esteja em algum lugar que possua muitos sons ambientes, como pessoas conversando, máquinas funcionando, trânsito por perto, apenas vai amplificar essa cacofonia natural, por isso o ideal é que os utilize em locais sem movimentação e silenciosos. Os amplificadores podem ser encontrados em lojas que vendem material para detetives e até mesmo em lojas de brinquedo. Os mais simples são os aparelhos que se prendem na orelha para ajudar em caso de surdez parcial. Todos eles podem servir como uma ferramenta muito boa para um primeiro reconhecimento do terreno. Caso adquira um que possa ser ligado a um gravador pode usar os mesmo softwares de audio para examinar os sons captados por esse aparelho.
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