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*trecho do Manual dos Caça Fantasmas
Qualquer afirmação que tente fugir da mera explicação religiosa sobre o mecanismo responsável pela formação do que chamamos de fantasmas permanecerá no campo das hipóteses. Não se sabe ainda como eles se formam ou mesmo porque eles se formam. Como já vimos existe uma grande dificuldade em começar a definir o que de fato é uma entidade fantasmagórica, quanto mais em tentar explicar seu “nascimento”. Primeiro é importante entender que existe uma grande diferença entre um “espírito” e um “fantasmas”. Em segundo, podemos confiar apenas parcialmente no que os espíritos dizem sobre os fantasmas e sobre si mesmos, pois assim como o próprio ser humano não pode dizer o que definitivamente é, eles também só enxergam até o limiar de sua própria ignorância. Mas o que podemos fazer é, nos baseando em experiências passadas e registros de estudos, tentar traçar um esboço geral sobre a natureza fantasmagórica.
Como já foi dito, podemos deduzir algumas características sobre a personalidade fantasmagórica a partir de suas motivações. Aparentemente mortes violentas e repentinas são um dos principais eventos capazes de gerar fantasmas, pessoas em vida com sentimentos fortes e obsessivos também. Isso leva muitas pessoas a acreditar que emoções fortes, sejam elas “positivas” como amor e carinho ou “negativas” como ódio e vingança, fazem com que parte da personalidade de uma pessoa sobreviva ao fim das funções cerebrais de seu corpo. Essa idéia não é exatamente nova, existem textos antigos como “O Segredo da Flor de Ouro”, um livro chinês com mais de dois mil e quinhentos anos de idade, que ensina práticas de Tao Yin, exercícios de meditação e yoga que tem como um de seus objetivos a criação de um feto imortal dentro de si que com o tempo se torna um corpo de energia que sobreviveria à morte física. Este é apenas um exemplo da crença de que é possível com que uma pessoa possa utilizar de técnicas para cristalizar sua consciência de forma que ela não se dissolva assim que o corpo físico deixa de funcionar. Claro que esta prática, assim como muitas outras semelhantes, exigem treino, dedicação e fantasmas costumam ser o resultado de algo muito mais repentino e dificilmente aqueles que agora existem em vida foram mestres yogis. Mas como Aimé Michel já apontou: “Não existe ainda ciência do homem total. Entre todas as hipóteses possíveis sobre nosso futuro, a menos tola e mais inverossímil é que este futuro é ilimitado e não começamos nossa própria exploração. Os extraordinários êxitos do gênio humano, aos quais assistimos presentemente, dão de nós mesmos a imagem de uma criança que acaba de descobrir uma nova brincadeira”.
Não é errado afirmar que praticamente cada ser humano é por si só capaz do que nós chamaríamos do fantástico. Pessoas que erguem pesos incríveis em momentos de stress, mães que sentem seus filhos em situações de perigo, mesmo coisas banais como pensar em uma pessoa que não vê há tempos e em instantes o telefone tocar com esta exata pessoa desejando falar com você. Apenas quem já passou por situações assim sabe dizer o quão reais elas são, mesmo que depois de algum tempo o seu mecanismo “racional” dê uma explicação mais banal e aquele sentimento de uma possibilidade fora do comum é entorpecida novamente. Nossa mente ainda é um completo mistério e isso ocorre não pela falta de interesse em estudá-la, mas simplesmente porque as pessoas não sabem como estudá-la. Investigadores sérios que desejem provar que fenômenos de percepção extra sensorial são reais (que pessoas podem ler mentes, predizer o futuro, etc.) provam que eles são reais, por outro lado as pessoas que desejam provar que esses fenômenos são fraudes também conseguem prová-los como fraudes. Isso significa que não existem? Jacques Bergier escreveu em seu “O Livro do Inexplicável” que “A vontade, ao mesmo tempo de crer e não crer, é muito viva.
A vontade de enganar não é menor. Não tomamos posição sobre a‘credibilidade’, porque pode-se duvidar que haja uma posição útil a se tomar.” Por isso, como vimos nos capítulos anteriores se tornar um caçador de fantasmas para arranjar qualquer tipo de prova definitiva de que existe uma vida após a morte é uma tarefa que pode se tornar muito desgastante, pois não importa que tipo de evidências você consiga, dificilmente elas serão aceitas por outras comunidades que
não as comunidades parapsicológicas ou outros grupos espíritas ou de caçadores como você.
Assim, para cada amante que percebe quando sua alma gêmea está triste ou em perigo, existem centenas que estão em casa vendo televisão tranqüilamente enquanto o amor de sua vida grita desesperado preso nas ferragens de um carro em chamas a alguns quilômetros de distância de casa. Para cada mãe que tem uma história de um elo de amor com o filho, outras centenas não sabem como explicar o desaparecimento de suas crianças. E não existe uma explicação que diferencie um grupo do outro. Assim como existem aqueles espíritas fervorosos que passam a vida dizendo que voltaram da morte para conversar e confortar os que
ficam e que depois do ocorrido nunca mais dão as caras, temos casos de pessoas normais, até mesmo banais, do ponto de vista parapsicológico, que depois de mortas passam a rondar casas ou museus. Mortes violentas de fato parecem ser capazes de gerar espíritos, mas nem todas ela, afinal podemos dizer que dificilmente existe um metro quadrado em cada país onde não tenha havido uma batalha, um assassinato, um crime. Porque Hiroshima não se tornou a capital fantasmagórica do mundo enquanto uma cabana no meio do interior faz aparelhos de medição enlouquecerem? Procurar respostas para estas questões apenas tomariam tempo e resultariam em respostas pouco satisfatórias. Assim, preencher páginas com uma exposição cheia de detalhes mostrando como o desequilíbrio de um capitão somados pela energia gerada por uma tripulação perturbada, comparando com as últimas teorias de como emoções podem “gravar” impressões no tecido da realidade poderia nos fornecer uma pseudo explicação para a existência do Holandês Voador, mas onde estão todos os outros navios fantasmas resultantes de embates piratas, da primeira e segunda guerra, da guerra do golfo que passaram pelo mesmo stress emocional e posterior destruição? Submarinos fantasmas? Aviões fantasmas? O 11 de Setembro deveria ter resultado em pelo menos duas aeronaves que estariam circulando por Nova Iorque
hoje.
Assim para explicar o surgimento de fantasmas não devemos nos ater em suposições que possam satisfazer um grupo e não outro. Vamos nos ater em fatos. Imagine quanto tempo a raça humana levou para explicar como bebês eram formados. Mesmo a explicação óbvia de “homem coloca pênis dentro de mulher” não era algo tão lógico, quantos atos sexuais consumados não terminam em crianças e quantas histórias de virgens dando à luz não existem até os dias de hoje? Contamos agora com o conhecimento de espermatozóides, óvulos, períodos férteis, mas por alguns anos as pessoas viam apenas mulheres ficando grávidas. Com fantasmas vamos fazer o mesmo, ao invés de filosofar sobre como aquela figura transparente da sua avó, morta há alguns anos, que anda pela sala da antiga casa se formou vamos nos concentrar na figura em si.
Os romanos antigos talvez tenham sido os primeiros a registrar a ligação entre fenômenos sobrenaturais e a energia de um local, no caso era a absorção de calor. Eles notaram que muitos fenômenos, quando se manifestavam, causavam uma queda na temperatura do ambiente. Mais recentemente, o caso de poltergeister que estudamos no capítulo anterior, ficou conhecido como o caso do fantasma elétrico de Rosenhein, no estudo daquele fenômeno especialistas em eletricidade
documentaram os acontecidos e como afetavam ou interagiam com campos elétricos. Com o tempo ficou claro que aquele era um caso de atividade poltergeister, algo que não está claramente relacionada com atividades fantasmagóricas, mas aquela abordagem foi a responsável por muito do que temos hoje no campo de detecção e interação com fantasmas.
Como já foi visto também no capítulo sobre a importância da observação objetiva de fantasmas pudemos perceber que existe uma interação entre os fantasmas e métodos de captação eletrônicos e magnéticos, ou seja, não são apenas experiências oculares do fenômeno, podemos dizer que em alguns casos eles podem interagir com objetos como câmeras fotográficas e gravadores.
Tendo isto em mente a imagem que existe hoje de fantasmas acaba pendendo um pouco para o lado da ciência que lida com o eletromagnetismo. Fantasmas geralmente estão relacionados a fenômenos elétricos e a ambientes onde a eletricidade tem maior chance de se concentrar. No capítulo de equipamentos para a caçada vamos ver comonos aproveitar disso.
Agora vamos entrar mais um pouco no campo da especulação prática. Fenômenos elétricos costumam acontecer com mais freqüência em locais frios e secos, os elétrons soltos na atmosfera tem uma interação maior entre si em lugares secos, que permitem o acúmulo de cargas. A maioria absoluta de tudo o que nos cerca é feito de energia, e isto não é uma visão esotérica de mundo. Átomos são feitos de prótons, elétrons e nêutrons. Tudo que é composto de átomos possui esta estrutura básica, a eletricidade nada mais é do que elétrons soltos pulando de um lado para o outro. Além de serem formadas de energia as coisas também
emitem energia. Acenda um fósforo e você tem uma fonte de calor e luz enquanto houver matéria que possa servir de combustível e comburente (o oxigênio e a madeira neste caso). Nós estamos imersos em campos eletro magnéticos o tempo todo, a luz do sol, ondas de rádio e televisão, aparelhos celulares, microondas, raios ultravioletas e infravermelhos, calor, etc., mas não estamos cientes desses campos e nem ao menos temos como detectá-los naturalmente. Se você construir
uma lanterna infravermelha e a acender não vai enxergar nada, mas coloque uma câmera sensível ao infravermelho e verá, através dela, tudo claro como o dia. Monte um rádio e um ambiente silencioso se enche de vozes e música ou ruído.
A natureza da interação dos fantasmas com o nosso meio geram uma série de explicações que por enquanto podem ser expressas de maneira mais ou menos satisfatória quando observamos a maneira como se manifestam. A eletricidade é algo corriqueiro, que não existe apenas em baterias e tomadas. Num dia frio e seco de inverno é comum você levar choques que vem aparentemente do nada ao tocar objetos de metal. Uma experiência prática é colocar meias de lã nos pés e esfregá-los num tapete enquanto anda, e então tocar uma maçaneta. Isso cria um pequeno choque elétrico graças à eletricidade estática criada no seu corpo e o
ambiente. Se ao invés de tocar na maçaneta aproximar seus dedos de pequenos pedaços de papel ou cinzas de cigarro verá que eles se movem, novamente é a eletricidade estática em você agindo com os elétrons desses materiais, quando mais leves eles forem maior a reação. Por séculos cientistas e estudiosos tentaram entender a eletricidade, que era tão parecida e tão diferente do magnetismo. Um ímã atrai outro pedaço de metal e por instantes transforma esse novo pedaço em um novo magneto. Mas a eletricidade parecia atrair e afastar qualquer tipo de material, não apenas metais. Com o tempo conseguiram separar esses dois fenômenos apenas para depois uni-los novamente. Assim como cargas elétricas geram campos magnéticos, campos magnéticos são capazes de criar cargas elétricas. E como tudo o que nos cerca é formado de átomos e elétrons praticamente tudo ao nosso redor criar pequenas cargas de eletricidade. Quando essas cargas se perdem na atmosfera não as percebemos, mas quando ficam concentradas, sem conseguir se “perder” criamos campos de eletricidade estática que podem resultar no choque quando tocamos a maçaneta.
Essa eletricidade em movimento pode causar o que chamamos de ventos iônicos, que são grupos de elétrons percorrendo um corpo. Em locais onde existe muita eletricidade estática esse vento iônico pode ser percebido. Pegue uma televisão dos modelos mais antigos de tubo, a ligue e então desligue com o seu braço próximo do visor, seus pelos se eriçam, causando uma sensação de arrepio quando os elétrons da matéria que formam o seu corpo são atraídos para a televisão desligada.
Sons são outro tipo de radiação eletromagnética, o ouvido humano é capaz de registrar sons que variam entre 20 Hz (Hertz) até 20000 Hz. Mas o quanto é isso exatamente? O hertz é a unidade que adotaram como unidade base para se medir a freqüência de algo, assim como usamos centímetros para medir tamanho usamos hertz para medir essas freqüências. Essa freqüência é a quantidade de ciclos por segundo um evento periódico apresenta. 1 Hz significa 1 ciclo por segundo, 100 Hz significa 100 ciclos por segundo, e assim por diante. Essa unidade se aplica a descrição de qualquer evento periódico. Por exemplo, o
coração de um humano saudável em repouso bate a aproximadamente 1,2 Hz (1,2 batidas por segundo). Os sons são freqüências percebidos por nossos ouvidos e transmitida para nosso cérebro, mas nossa percepção é muito limitada, por exemplo ondas de radio (AM, FM, VHF, UHF) possuem freqüência que varia entre x e x, e nosso ouvido não tem a estrutura para captá-las. Da mesma forma, a luz visível, ela existe no espectro entre 400 THz e 750 THz, que é o espectro que nossos alhos captam, a luz com menos freqüência gera o infravermelho, com mais freqüência o ultravioleta, que são cores para as quais nós, humanos, somos cegos, embora outras espécies consigam enxergar essas cores, por exemplo, cobras enxergam o infravermelho e abelhas o ultra violeta.
E o que isso tem a ver com fantasmas?
Bem, isso nos ajuda a entender o que se passa por invisível para nós e porque não conseguimos ver e ouvir e sentir certas coisas. Neutrinos não partículas sub atômicas que atravessam nosso planeta, e inclusive a nós mesmos, a todo instante. Ondas de raios-X conseguem atravessar nossa pele, mas não ossos e tecidos mais densos também, e não as percebemos, mas estão ao nosso redor, seja por causa do sol ou por causa de uma visita ao pronto-socorro. O olho humano também não consegue captar movimentos muito rápidos, se olharmos uma roda de carro girando não conseguimos ver os aros da calota, se ligamos um
ventilador as pás da hélice desaparecem e podemos enxergar o que existe atrás delas. Quando a velocidade diminui conseguimos vê-las novamente.
De alguma forma se isso não serve para nos dizer do que fantasmas são feitos ou como eles surgem, podemos usar essas informações para interagir com eles.
Hoje muitos indicadores da presença de um fantasma são as experiências subjetivas, por exemplo você está vendo televisão e então o prato na sua frente começa a girar e se ergue, você ouve uma voz e então algo se materializa na sua frente, e isso é óbvio também, se fantasmas só pudessem ser percebidos através de aparelhos só teríamos relatos deles após a invenção desses aparelhos, eles seriam como vírus de computador que só passaram a existir depois da criação de computadores. Agora a diferença entre uma vítima de assombração e um caçador de fantasmas é que o caçador deseja buscar o fantasmas não apenas quando ele pode ser visto ou percebido, e sabendo das limitações de nosso hardware e software natural (nossos olhos, ouvidos, pele e cérebro) podemos nos
utilizar de equipamentos que nos dêem uma visão mais ampla do que aquela que a mãe natureza nos deu.
Assim, não podemos dizer que um fantasmas nasce porque um trauma mental e emocional ocorreu com certeza, e esse trauma de alguma forma faz uma consciência permanecer coesa após o desligamento do corpo, mas podemos dizer que seja lá o que ocorreu, se um fantasma causa mudanças na temperatura de um ambiente, podemos usar um termômetro para registrar e seguir essa mudança. Se essa consciência consegue tocar objetos físicos ela precisa de um modo de interação e se temos grandes concentrações de campos eletromagnéticos quando isso acontece podemos usar medidores de campos para observarmos quando um campo começa a se formar aparentemente do nada e a ter características típicas de uma manifestação fantasmagórica.
Assim não temos como dizer o que uma mente ou consciência ou mesmo uma alma tem como características, mas temos como captar, medir, e o melhor, rastrear, a interação delas com o ambiente.
E isto não é características apenas de mentes desencarnadas. Nosso cérebro cria campos eletromagnéticos conforme o utilizamos. Esses campos variam de intensidade, assim equipamentos de ressonância são capazes não apenas de mapear o que se passa no seu cérebro como gravar esses campos para serem analisados, fantasmas aparentemente funcionam com o mesmo princípio, apenas não tem um corpo para gerarem esses campos. E isso talvez explique as quedas de temperatura, não porque a morte é gelada, mas porque ao se manifestar um fantasmas precisa da energia do ambiente, já que não possui um corpo que gere essa energia, e ao concentrar essa energia em um ponto as áreas ao redor desse ponto sofrem um déficit de energia. É como criar um mecanismo de peltier, que transforma eletricidade em calor, mas não gerando calor, o mecanismo gera frio, ele é usado para se criar coolers sem hélices e ventuinhas, é como o princípio da sua geladeira, onde se cria um sistema que drena a energia causando o frio.
Uma hipótese plausível para a manifestação fantasmagórica é que essa energia é consumida do ambiente para gerar as impressões sensoriais que obtemos com as atividades fantasmagóricas. Com um campo de energia estática é possível não apenas gerar freqüência eletromagnéticas de luz vísivel, mas também atrair os elétrons da sua pele e cabelos causando sensações de arrepios. Eletricidade estática pode até mesmo causar sensação de toques, petelecos e tapas. E uma concentração maior de energia pode fazer com que alguns sons que se encontravam em freqüências muito baixas para serem percebidas se tornem auditíveis ou
mesmo o contrário, que sons em freqüências muito altas para serem ouvidos percam parte da freqüência e passem a ser escutados. A eletricidade estática pode mover objetos e também causar curtos circuitos. Outro fenômeno relacionado ao ambientes carregados de campos eletro magnéticos é uma sensação de opressão, cansaço e mesmo paranóia. Isso ocorre porque grandes campos eletromagnéticos, mesmo que não sejamos conscientes, interagem com o nosso corpo. Converse com alguém que se mudou há pouco tempo para lugares cercados de redes elétricas e terá relatos de pessoas mais cansadas, mais nervosas, mais irritadiças e paranóicas. É bom ter isso em mente também não apenas para detectar fantasmas, mas para saber quando um evento não é causado por eles. Imagine que os eletrons excitados pela atividade fantasmagórica são como o lençol dos antigos desenhos de fantasmas cobertos. Nem todo lençol tem um fantasma debaixo dele e o fantasma pode não ser propriamente o lençol, mas quando você pode vê-lo passeando pelo castelo sabe que o fantasma mas não está longe dele.
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