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Paulo Jacobina
A alegoria da escada, na qual cada degrau corresponde a um nível de consciência, embora não represente realmente os diferentes estágios nos quais cada Eu se encontra, serve para ilustrar o conceito macro dessa ilusória divisão de estágios de consciência.
Assim, no primeiro nível da escada se encontram todos os Eus Inferiores; no último nível, os Eus Superiores; ao passo que nos infinitos degraus estão todos os estágios de consciência intermediários que o Eu pode experimentar, fazendo com que todos os Eus estejam alocados em seus respectivos degraus e que todos os infinitos degraus estejam ocupados pelo grupo de Eus que lhe corresponde.
Porém, diferentemente do que muitos acreditam, todos esses Eus espalhados por esses infinitos degraus encontram-se interligados, pois são parte integrante do Absoluto e, quer tenham consciência disso ou não, fazem parte de um intricado sistema de auxílio mútuo.
Aqueles que se encontram no mesmo degrau compartilham os mesmos tipos de situações, visando adquirir a experiência necessária para, por ressonância, alcançarem o degrau superior. Contudo, as situações nas quais se encontram não estão isoladas, fazendo parte de um sistema no qual recebem o auxílio daqueles que se encontram no degrau imediatamente superior, que, por intermédio, principalmente do exemplo, os orientam[1].
Conforme vão sendo orientados por aqueles que se encontram no degrau superior, também orientam aqueles que se encontram no degrau imediatamente inferior, criando um infinito fluxo de vitalidade e transmutação, com cada um desempenhando a sua função[2] e aprendendo com aqueles que se encontram no degrau superior, no inferior e no mesmo degrau.
Entretanto, como nenhum Eu se apresenta de forma monodimensional, uma vez que manifesta uma ampla gama de características decorrentes dos infinitos graus das polaridades dos atributos que nele atuam, ele não se encontra em apenas um degrau nessa escada alegórica, mas em tantos degraus quanto os números de características que manifesta, fazendo com que cada Eu seja único, de acordo com o Dharma que lhe é próprio.
Desta forma, o Eu se encontra em infindáveis escadas. Em cada uma delas, em um degrau diferente, interagindo com aqueles que se encontram nos mesmos degraus, sendo auxiliado por aqueles que se encontram nos degraus imediatamente superiores e auxiliando aqueles que se encontram nos degraus imediatamente inferiores.
A média desses infinitos degraus e a diferença entre os graus das polaridades dos atributos são o que estabelecem o Mundo de Existência no qual o Eu necessita estar para experimentar as situações indispensáveis para, por ressonância, se deslocar na Consciência.
[1] Muitos acreditam equivocadamente que auxiliar o próximo significa resolver a situação na qual o outro se encontra, como um pai que, ao invés de auxiliar um filho em seu dever de casa, simplesmente o resolve, sem deixar que o filho possa experimentar, pela tentativa e erro, alcançar a sua resolução. “Resolver” uma situação para o próximo lhe é extremamente prejudicial, pois, além de não aprender a resolver aquela situação, acaba por criar o conceito de que as situações, vistas como problemáticas de onde se encontra, podem ser solucionadas por outros e não por ele mesmo. Isso faz com que o “ajudado” permaneça estagnado naquele degrau, fadado a vivenciar aquela situação com roupagens diferentes, até encontrar a compreensão dentro de si e superá-la.
A jornada existencial não é cíclica, como muitos acreditam. Os ditos “problemas”, que nada mais são do que as situações vivenciadas em cada degrau, apenas se repetem enquanto o Eu ainda se encontra naquele degrau e, por isso, no mesmo nível daquela ilusória situação e pode vivenciá-la. Ao passo que se muda de degrau, aquela situação deixa de ser vivenciada e, consequentemente, deixa de existir para o Eu, mostrando-se como realmente é, uma ilusão com a capacidade de criar a experiência necessária para, por ressonância, se deslocar na Consciência.
[2] O desempenho da função que lhe corresponde para cada situação é o que faz com que tudo flua naturalmente, como, por exemplo, numa sala de aula, na qual o professor tem a função de conduzir a aula, e não de ensinar como muitos acreditam; enquanto os alunos têm a função de auxiliarem na condução da aula. Quando o professor conduz e os alunos auxiliam, a aula flui de forma com que todas as partes integrantes consigam absorver o conhecimento de que, naquele momento, necessitam.
~ Paulo Jacobina mantêm o canal Pedra de Afiar, voltado a filosofia e espiritualidade de uma forma prática e universalista.
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