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Cultos Afro-americanos

Exu e a Pedra ‘Yangí’

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por: Casa de Pantera Negra

Dentro do Culto dos Exus, praticado pela Quimbanda Brasileira, existe o fundamento do assentamento. Por ora, não entraremos nesse assunto; contudo, abordaremos um tema controverso e extremamente importante para que a força dos assentamentos exista: a Pedra Yangí.

Yangí é o termo Yorubá para a pedra ou rocha de cor avermelhada, a laterita (hoje conhecida como plintita). Essas rochas são extraídas do solo, que possui alta concentração de ferro e alumínio. Isso acontece porque as chuvas eliminam quase todas as outras substâncias orgânicas presentes nas rochas, predominando o óxido de ferro. Essas pedras não são consideradas barro, pois geralmente não contêm sílica, e sua composição inclui finos fios de quartzo.

Um fundamento importante é a correspondência entre a Yangí e o sangue. Assim como a Yangí, o sangue possui coloração avermelhada devido às células que armazenam um pigmento vermelho chamado hemoglobina, o qual se conecta tanto aos átomos de ferro quanto aos de oxigênio. Portanto, o ferro é o principal motivo pelo qual o sangue é vermelho.

Segundo os nagôs e sua concepção do universo, a Yangí, chamada de Èsú-Yangi, foi a primeira protoforma, ou seja, a primeira matéria dotada de existência individual. Foi a lama amorfa que se desprendeu da terra e se solidificou. Posteriormente, segundo as lendas, ‘Iku’ (a morte) usou-a como matéria-prima para modelar os homens. Cada pedaço de Yangí representa uma ancestralidade de Èsú e uma conexão direta com o Rei (Pai Ancestral) de Todos os Èsús (Yangí). Através de cada pedaço dessa pedra, o antigo responderá, pois a Yangí representa o processo de expansão e multiplicação.

Apesar de estar atrelado ao culto aos Orixás, esse conhecimento foi absorvido pelos vórtices da Quimbanda. Entendemos que a pedra Yangí representa o corpo e o sangue da Terra, ou melhor, a casca apta para receber as fagulhas espirituais. Ao usarmos essa pedra nos assentamentos, teremos um receptáculo pronto para reavivar a força do Exu, buscando toda sua energia ancestral. É como se, através de rituais, fizéssemos o processo inverso de ‘Iku’, ou seja, extrairíamos da Terra a força daqueles que já retornaram a ela, reavivando toda sua trajetória. Esse conceito reafirma a ideia de que a Quimbanda é um culto necrosófico e eclético. A Yangí não será Èsú-Yangi, mas o corpo, a matéria para a vinda e o estabelecimento de uma alma que já se encontra em fase elevada de desenvolvimento. Essa alma (Exu ou Pombagira) usará esse meio para estabelecer uma via de acesso entre o mundo dos vivos e dos mortos.

 

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