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Enoquiano

John Dee

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John Dee nasceu em Londres, em 13 de julho de 1527 e morreu em dezembro de 1608, tendo vivido 81 anos. Seu pai, Roland Dee, foi um comerciante e Oficial do governo de Henrique VIII, em Londres. Estudou no Saint John’s College, em Cambridge. Construiu robôs, como um escaravelho mecânico que soltou durante a apresentação teatral “Paz de Aristófanes” e causou pânico. Foi expulso de Cambridge em 1547, acusado de bruxaria e chamado de herege. Então foi para a Universidade de Louvain onde se tornou um hábil astrólogo, passando a ganhar a vida fazendo horóscopos.

Dee era da religião anglicana. Estudou Hermetismo, Cabala, o Talmud, Astrologia e Alquimia. Na maior parte de sua vida foi um alquimista itinerante. Mas, além de hábil astrólogo e filósofo oculto, foi um grande estudioso de Matemática. Previu as seguintes invenções posteriores: microscópio, telescópio, navios à propulsão de motores, automóveis e máquinas voadoras.

Dee recebeu uma proposta de lecionar na Universidade de Paris em 1551, e ocupar uma posição como conferencista em matemática em Oxford em 1554. Ele decaiu em ambas posições. Foi sustentado na maior parte de sua vida por meio de patrocínios, nunca viveu necessariamente de seu trabalho e esforço, sempre soube tirar o melhor proveito de seus conhecimentos ocultos, porque o estudo da filosofia oculta sim era o seu forte. Recebeu apoio financeiro para as suas pesquisas da Duquesa de Northumberland e de seu marido, de 1551 a 1555. Neste período, foi também tutor das crianças do ducado de Northumberland, tendo sido tutor do futuro Conde de Leicester. O Rei Edward lhe concedeu uma pensão anual de cem coroas, quando retornou à Inglaterra, em 1552. Dee também recebeu dinheiro de estudantes que o procuravam para aprender alquimia.

Em Louvain, de 1548 a 1550, Dee começou a ser tutor pessoas influentes em assuntos como matemática e geografia. Em algum ponto entre estas datas, ele tutorou o Conde de Warwick. Aparentemente o Senhor Philip Sidney estudou com ele, um pouco mais tarde. Em 1550, em Paris, expôs a teoria da matemática mágica, teoria revivida por Ficino. Ele trouxe instrumentos astronômicos e de navegação para a Inglaterra quando ele voltou do continente em 1550.

Ele foi uma figura importante para as descobertas geográficas que ocorreram durante o reinado Tudor. Por um longo período, aproximadamente de 1551 a 1583, Dee foi o conselheiro para as viagens de descobrimento inglesas, do Nordeste ao Noroeste. Ele pode ter tido Drake como um conselheiro para viagens. Sua Arte Perfeita de Navegação (mais geografia e propaganda para império Inglês do que a ciência de navegação propriamente dita), de 1577, originalmente pretendia ser um trabalho mais grandioso, uma história geral de descobertas. Ele foi um consultor de navegação da Companhia de Muscovy , aproximadamente de 1551 a 1583. A serviço da Companhia, em 1553, ele desenvolveu um gráfico para navegação em regiões polares. Em 1558, escreveu Propaedeumata Aphoristica, um livro de astrologia.

A coroação da Rainha Elizabeth I (05/09/1533), em 1559, teve sua importante participação. Dee, que já havia calculado horóscopos para Elizabeth I durante o reinado de Mary Tudor, e recebido o título de Astrólogo Real, escolheu a data e hora da coroação de Elizabeth I (a Rainha Virgem). O seu trabalho foi considerado o melhor trabalho de Astrologia Eletiva (especialidade na qual o astrólogo escolhe data e hora em que devem ocorrer acontecimentos importantes). Contudo, nunca recebeu o patrocínio esperado por parte de Elizabeth I, tendo recebido apenas quantias irrisórias e cargos pouco pomposos da mesma. O interessante é que havia sido preso no Hampt Court (na mesma semana antes do pentecostes em que Elizabeth I, antes de subir ao trono, também esteve ali prisioneira), acusado de bruxaria e conspiração contra a vida da Rainha Mary Tudor (Bloody Mary). Tudo porque certa vez, durante um retiro em Woodstock, sua irmã mais nova Elizabeth I o consultou sobre a época da morte de Mary Tudor, e este a revelou através de horóscopo. Ele foi julgado e conde nado à fogueira. Se livrou da morte com ajuda de Elizabeth I, e quando esta assumiu tudo melhorou para ele.

Pesquisou durante sete anos a “Steganographia” (alfabeto secreto) de Jean Tritheme (1462-1516), uma figura da renascença germânica que foi um dos mestres de Paracelso. Inspirado em tal obra escreveu Monas Hieroglyphia em 1564. No mesmo ano, apresentou uma cópia de Monas Hieroglypha ao Rei Maximillian II, ao qual ele tinha dedicado o trabalho. Monas Hieroglypha foi feito em 12 dias, e os segredos deste livro ligam-se à criptografia. Dee tinha contato por telepatia e clarividência com seres não-humanos. Quando Dee ficou gravemente doente em 1571, Elizabeth I enviou dois médicos para o curar. Entretanto, ela nunca concedeu a ele as posições lucrativas que este esperava Prefaciou a tradução do livro do grande matemático grego Euclides, em 1570.

Ele projetou um instrumento astronômico de longo alcance para Thomas Digges observar a nova estrela de 1572. Depois, continuou a trabalhar no desenvolvimento de instrumentos científicos. Smet o reconheceu como figura central no desenvolvimento da cartografia científica na Inglaterra, e sugeriu que a influência de Dee fosse transmitida à Holanda, onde o tal influencia ajudou a formular a cartografia Holandesa em sua idade dourada

Em 1573, escreveu Parallacticae commentationis praxos que- teoremas trigonométricos . Foi um admirador e de Copérnico, cujo trabalho estudou.

Em 1580, em Praga, estava na mira de uma condenação por parte da Igreja Católica.
Em 1582, ele se associou com o Edward Kelly em projetos alquímicos e ocultos.
Elizabeth I, finalmente lhe concede uma posição honrosa: a Tutela da Universidade Cristã, em Manchester, de 1595 a 1605.Em maio de 1583, o conde Alberto Laski, um rico polonês, viajou à Oxford especialmente para conhecer os Dee e Kelly. Perante as boas aventuranças que Kelly previa para Laski, este os levou a Polônia, onde começa uma nova fase em suas vidas.

John Dee e Edward Kellley

Antes de relatar os acontecimentos ocorridos após a associação de Dee E Kelly, remontemos à origem de tudo…Quando estava em seu museu, em meio a fervorosas preces, na janela que olhava para o ocidente. O Anjo Uriel (anjo de Mercúrio) lhe apareceu e lhe deu um cristal de forma convexa com o qual se comunicaria com seres de outras esferas se fitasse atentamente o cristal. Dee viu outros mundos e inteligências não humanas. Disse que a linguagem de tais criaturas era linguagem enoquiana. Para praticar sua “Cristalomancia”, chamou os ajudantes Barnabas Saul e Edward Tabolt (mais tarde se tornaria Edward Kelly) para que olhassem no espelho enquanto anotasse. Barnabas Saul foi dispensado por suspeita de agir como um espião.

Edward Kelly nasceu em 1 de agosto de 1555. Segundo Anthony Wood, durante o terceiro ano reinado de Mary Tudor, Kelly teria passado pela Universidade de Oxford;. Wood dia que este fez aprendizado de Boticário, obtendo conhecimentos químicos, e que ainda entrou para as profissões da lei e foi notório, que sabia inglês arcaico, e que por ser natural de Worcester, sabia galês. Era hábil calígrafo, e usava tal habilidade para falsificar documentos. Foi exposto ao pelourinho em Lancaster e perdeu as duas orelhas. Cobriu o local onde estariam as orelhas com um “barrete negro”, escondendo tão bem seu segredo, que o próprio Dee nuca descobrira este aspecto da vida de Kelly.

Depois de tal mutilação e de várias estadias na cadeia, Kelly fugiu para o país de Gales e adotou uma vida nômade, andando pelos arredores da abadia de Glastonbury (território famoso pela lenda do Rei Arthur). Numa hospedaria, ganhou a amizade do proprietário que lhe forneceu um velho manuscrito em língua galesa antiga. O manuscrito tratava da transmutação de metais e foi encontrado durante a violação de um túmulo de um bispo, numa igreja das vizinhanças. Junto ao corpo, estava o manuscrito e dois cofrinhos de marfim que continham respectivamente pó vermelho e pó branco, as “duas tinturas da Filosofia Hermética(!)”. Kelly se tornou dono do “kit”, já que aqueles que o descobriram ignoravam o seu valor. Os pós eram essenciais para a execução do Magnus Opus. Foi assim, num golpe de sorte, que Kelly se tornou proprietário do Livro de Saint Dustan e de seus pós alquímicos. Saint Dustan, ou arcebispo da Cantuária foi um alquimista e “Santo Padroeiro dos Ourives”.

John Dee, que já conhecia a alquimia, e Edward Kelly unidos a este manuscrito achado em Glastonbury (primeiro local Druídico) somaram uma corrente hermética poderosa.
Em relação ao espelho, Dee considerou Kelly um médium excelente. Não é para menos, Kelly havia visto e conversado com os 72 Anjos Herméticos!

Com a fama, o Conde Alberto Laski, os levou à Polônia, na Cracóvia, custeando as suas experiências alquímicas para que lhe fabricassem ouro. Foi durante este período, em 1584, que Dee teve a notícia da destruição de sua Biblioteca e de sua casa em Mortlake, pelas mãos de fanáticos que o acusavam de bruxaria. Com o ocorrido, deixam a corte de Laski, que fica arruinado financeiramente e sem resultados de seu investimento.

A dupla parte para a corte de Rodolfo II, de Habsbourg, em Praga, onde ficam de 1584 a 1589. É para Rodolfo II que Dee deixa o famoso manuscrito Voynich, depois de tenta-lo decifrá-lo em vão. O manuscrito Voynich foi achado pelo duque de Northumberland, quando este pilhava mosteiros durante o reinado de Henrique VIII. A família do duque passou o manuscrito a Dee. Segundo documentos encontrados, o manuscrito teria sido escrito por Roger Bacon (1214-1294). O manuscrito consiste em uma brochura de 15 por 27 cm, sem capa e, segundo a paginação, lhe faltam 28 páginas. Nele se encontram desenhos de mulheres nuas, diagramas e quatrocentas plantas imaginárias.

Em uma determinada altura, dizem que Dee prostituiu a sua esposa nos altares da alquimia. A esposa de Kelly, Joan Kelly, não era bonita e tinha hábitos vulgares, o que o levou a cobiçar Jane Dee, esposa de seu amigo, que era bonita e atraente. Um dia, perante o espelho mágico, Kelly disse a Dee que lhe havia aparecido uma mulher nua que lhe advertiu que os mesmos deveriam fazer uma troca de esposas sob pena de que o espelho não os revelaria mais nada se não o fizessem. Dee não aceitou, e já se encontrava saturado com a figura de Kelly, este por sua vez não conseguia mais esconder a insatisfação de apenas Dee levar o mérito de tudo. Dee dispensa Kelly e coloca seu filho Arthur Dee, na época com oito anos. Para olhar no espelho. Como vidente, seu filho foi uma negação, então Dee teve que recorrer a Kelly e ocorreu a troca de casais.

Em marco de 1589, em Praga, Dee e seus assistentes instalaram uma série de espelhos mágicos, através dos quais conseguiam emitir sinais a largas distâncias. Isso funcionava melhor em noites enluaradas.

Nesta época, a campanha contra os turcos na Hungria estava incerta, mas mesmo assim Dee informou a Rodolfo II que a cidade de Raab acabara de ser conquistada pelas forcas imperiais. É por esta e outras que a estadia de Dee na corte de Praga não foi muito feliz. George Popel Von Lobkowitz afirmava ao povo: “esse homem foi enviado pela rainha Elizabeth I, uma protestante, para afastar o nosso imperador da causa católica”. Rodolfo II expulsou Dee da Boêmia, por causa deste boato. Mas Dee não deixou a Boêmia e se tornou conselheiro de Guilherme de Roisenberg. Kelly permanece na corte de Rodolfo, do qual torna-se amigo e lhe dá um elixir misterioso.

Kelly, em Praga, não havia obtido ainda um bom resultado de suas experiências. O impaciente Rodolfo II, o manda prender na masmorra do Castelo de Zobeslau, para pressioná-lo. Kelly disse que teria que consultar Dee e foi-lhe permitido retornar escoltado à Praga, mas a casa onde se instalou era uma verdadeira prisão. Os católicos se voltaram contra Kelly. Lobkowitz induziu um jovem a desafiar Kelly para um duelo, mesmo com a proibição de duelos por parte de Rodolfo II. Ao se defender, Kelly feriu mortalmente o opositor, foi apanhado e preso. Elizabeth I enviou o capitão Peter Gwinne. Para persuadir Kelly para fugir e retornar ao seu país. Ao tentar fugir, Kelly quebrou uma perna (era muito gordo e a corda da fuga não agüentou o seu peso), e como a ferida não foi tratada adequadamente, ele morreu.

Dee dizia que a Terra não era completamente redonda, e sim composta por esferas superpostas alinhadas ao longo de uma outra dimensão. Entre estas esferas haveria pontos e superfícies de comunicação. Entendia a “Groelândia” como o “infinito” sobre as terras além das nossas. Dizia a Elizabeth I para que ela tomasse conta da Groelândia para que ela tivesse acesso a outros mundos. Conheceu Shakespeare, que se inspirou em Dee para criar seu personagem “Próspero” da obra “Tempestade”. Diz-se que Dee estava mais próximo da obra de Shakespeare do que Francis Bacon. Escreveu o livro chamado “Filosofia Oculta” e um tratado chamado “Harptarchia Mystica”, um sistema hermético prático que ficou conhecido como “Sistema Enoquiano”. Também dizem que Dee teria traduzido o “Necronomicon” de Abdul-Al-Azrid.

A Pedra Negra (espelho mágico), vinda de outro universo, foi recolhida pelo conde Peter Borough e depois por Horace Walpole. Atualmente, se encontra no Museu do Louvre e não pode ser tocado e nem estudado.

Dee havia sido convidado pelo Tzar da Rússia para ir à Moscou, talvez recusou por intermédio de Elizabeth I. Depois de tantos altos e baixos, já estava com a fortuna arruinada e pediu auxílio à Elizabeth I, que lhe negou ajuda dizendo que se fosse um alquimista de verdade não passaria por necessidades. Suas obras foram queimadas por ordem de James I, no triste episódio de Mortlake, local onde mais tarde faleceu por morte natural. Seu “Sistema Enoquiano” influenciou várias ordens secretas, inclusive a Golden Dawn, por onde passaram renomados ocultistas que influenciaram as Ordens Modernas.

Texto de Soror Agarath

1527 – 1608


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