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Betty e Gerald Scheuler
“Eu poderia viver recluso numa casca de noz
e me considerar rei do espaço infinito.”
Hamlet
As duas técnicas preeminentes empregadas na prática da Magia Enoquiana são a vidência (skrying) e a jornada no Corpo de Luz, frequentemente referida como a viagem na Visão Espiritual. Contudo, antecedendo a aplicação destas técnicas em uma operação mágica, é imperativo erigir um círculo mágico no qual conduzir os trabalhos.
I. Consagração de um Círculo.
Os magos do sistema enoquianos em geral inauguram suas operações mágicas com a solene consagração de um círculo. Este círculo é concebido como um espaço de trabalho idílico para a execução de operações mágicas. Muitos adeptos preferem desenhar ou pintar um círculo sobre o solo de seu recinto de trabalho. Após a elaboração do círculo, inscrevem-se os nomes dos elementos em suas respectivas direções conforme se segue:
- BITOM no Sul: Fogo, Vermelho
- NANTA no Norte: Terra, Preto
- HKOMA no Oeste: Água, Azul
- EXARP no Leste: Ar, Amarelo
II. Escurecimento.
A prática do vidência consiste na contemplação de um cristal (Dee e Kelly empregavam uma pedra ou cristal de visão). Este cristal é utilizado como uma ferramenta para concentrar a mente em um objetivo desejado. Uma fonte de luz é essencial para esta operação. O Sol, uma lâmpada ou uma vela destacam-se como as três principais fontes de luz costumeiramente empregadas. O cristal deve situar-se entre a fonte luminosa e o olhar. Permita que os olhos penetrem no cristal enquanto a mente se concentra no propósito da operação. Este método é também empregado para estabelecer comunicação com as divindades que residem nas Torres de Vigia e nos Éteres.
III. Visão Espiritual
A jornada no Corpo de Luz representa o processo pelo qual a mente se desvincula do invólucro físico sem a perda de consciência experimentada durante o sono. Mediante a técnica da viagem na Visão Espiritual, a mente é capacitada a desassociar-se do corpo com plena consciência e retenção de memória. Esta constitui a técnica primordial empregada para explorar as Torres de Vigia e os Éteres; ademais, figura como uma das primeiras disciplinas que um mago enoquiano deve dominar.
O termo “Visão Espiritual” sugere uma percepção para além do físico, às vezes denominada viagem astral. Partículas terrestres encontram-se impossibilitadas de abandonar o plano físico tanto quanto partículas aquáticas são incapazes de transcender o plano astral, ou partículas aéreas podem se desvencilhar do plano mental. Contudo, a consciência detém a habilidade de transitar por todos os Planos Cósmicos manifestados.
Um corpo físico se encontra circunscrito ao seu contínuo espaço-temporal, mas a consciência ostenta a capacidade de adentrar outros contínuos. De fato, isso ocorre periodicamente nos estados denominados sono e morte. A natureza ondulante da consciência permite-lhe irradiar-se para além do corpo físico no estado de vigília, para estender-se através do corpo astral durante o estado onírico e para difundir-se através do corpo mental durante o estado de sono profundo. A vontade disciplinada pode orientar a direção da consciência, focando-a em todos os subplanos dos Planos Cósmicos.
A consciência está sempre alojada em um corpo ou veículo. Assim, onde quer que a consciência se manifeste, haverá um correspondente corpo adaptado ao seu ambiente. No plano astral, por exemplo, a consciência se concentra em um corpo astral dotado de sentidos astrais apropriados. As Torre de Vigia da Torre de Água são exploradas no corpo astral. As Torre de Vigia do Ar são visitadas no corpo mental, e assim sucessivamente.
fonte: https://llewellyn.com/encyclopedia/article/26
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