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Por Ícaro Aron Soares.
A Grande Enéada era um grupo de nove divindades da mitologia egípcia adoradas em Heliópolis: o deus sol Atum; seus filhos Shu e Tefnut; seus filhos Geb e Nut; e seus filhos Osíris, Ísis, Set e Néftis. A Enéada às vezes inclui Hórus, o Velho, uma forma antiga do deus falcão, não o filho de Osíris e Ísis.
STATUS NO ANTIGO EGITO:
A Grande Enéada era apenas um dos vários agrupamentos de nove divindades no antigo Egito. As reivindicações de preeminência por parte dos sacerdotes heliopolitanos não eram respeitadas em todo o Egito. Tão perto quanto Mênfis (também situada no Cairo moderno), os sacerdotes de Ptah o celebravam como superior aos Nove Deuses.
Além de Mênfis ter seu próprio mito da criação, a Ogdóada (da cidade de Hermópolis) centrada na criação física e em oito deuses primordiais era outra história de criação que existiu ao mesmo tempo.
ORIGEM DO TERMO:
O nome português ‘enéada’ é um empréstimo via latim do nome grego enneás (ἐννεάς), que significa “os nove”. O termo era uma tentativa de tradução do nome egípcio, escrito Pesedjet e que também significa “os Nove”.
A HISTÓRIA DA GRANDE ENÉADA:
Os antigos egípcios criaram várias enéadas à medida que sua unificação sob a Dinastia I colocou vários cultos locais em contato uns com os outros. A antiga mitologia egípcia muitas vezes tinha muitas explicações diferentes para o mesmo fenômeno. Este conceito é especialmente único porque nenhuma história era mais precisa do que outra, mas sim a verdade era uma mistura de todas elas. Os Textos das Pirâmides das Dinastias V e VI mencionam a “Grande Enéada”, a “Enéada Menor”, a “Enéada Dupla” e as “Sete Enéadas”. Alguns faraós estabeleceram enéadas que se incorporaram como deuses. O caso mais notável é o de Seti I da Dinastia XIX, cujo templo mortuário em Redesiyah celebrava uma enéada de seis deuses principais e três formas divinizadas de si mesmo. A Enéada mencionada no calendário egípcio de dias de sorte e azar pode fazer referência às Plêiades.
A mais importante foi a “Grande” ou a “Enéada Heliopolitana” de Awanu, conhecida pelos gregos e romanos como Heliópolis. Ela celebrava a família do deus sol Atum (às vezes referido como Atum-Rá) e prosperou desde o Império Antigo até o período ptolomaico.
O seu desenvolvimento permanece incerto, embora pareça ter surgido pela primeira vez quando o culto de Rá – supremo sob a Dinastia V – diminuiu em importância sob a Dinastia VI. Os egiptólogos tradicionalmente teorizam que o sacerdócio heliopolitano o estabeleceu para concretizar a preeminência de Atum sobre os outros, incorporando alguns deuses principais em posições inferiores e omitindo outros inteiramente. A mais proeminente dessas divindades era Osíris, o deus da vegetação e da vida após a morte, que foi incorporado à Enéada como um bisneto de Atum. Contudo, no século XX, alguns egiptólogos questionaram todo o cenário. Depois que a Grande Enéada foi bem estabelecida, o culto de Rá – identificado com Atum – recuperou grande parte de sua importância até ser substituído pelo culto de Hórus. Os dois foram então combinados como Rá-Hórus dos Horizontes.
A MITOLOGIA DA GRANDE ENÉADA:
De acordo com a história da criação dos sacerdotes heliopolitanos, o mundo originalmente consistia nas águas primordiais da pré-criação personificadas como Nun. Dele surgiu um monte na Primeira Ocasião. Sobre o monte estava sentado o deus autogerado Atum, que era equiparado ao deus sol Rá. Atum evoluiu de Nun através da autocriação. Atum cuspiu ou se masturbou, produzindo ar personificado como Shu e a umidade personificada como Tefnut. Os irmãos Shu e Tefnut se acasalaram para produzir a terra personificada como Geb e o céu noturno personificado como Nut.
Geb e Nut eram os pais de Osíris, Ísis, Set e Néftis, que por sua vez se tornaram respectivos casais. Osíris e Ísis representam a fertilidade e a ordem, enquanto Set e Néftis representam o caos para equilibrar Osíris e Ísis. Hórus, o filho de Osíris e Ísis, é frequentemente incluído nesta tradição da criação. Devido à dualidade dos mitos egípcios antigos, esta é apenas uma das muitas histórias da criação. Os egípcios acreditavam que nenhum mito específico era mais correto do que o outro, mas sim que alguma combinação desses mitos era correta. Esta história da criação, a tradição heliopolitana, é de criação fisiológica. As outras principais tradições de criação são a Teologia Menfita e o mito da criação da Ogdóada de Hermópolis.
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