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Por Enfys Book.
Apaixonei-me pelo Tarô e pela Qabala quase ao mesmo tempo e, por pura coincidência, o primeiro baralho de Tarô que comprei era um com as dez esferas da Árvore da Vida embutidas na arte dos Arcanos Maiores (o livro da Ellen Cannon Reed, “The Witches Tarot (O Tarô das Bruxas)”, que comprei na mesma época em que li seu livro “The Witches’ Qabala (A Cabala das Bruxas)”). Passei os últimos anos estudando as interseções entre a Qabala e o Tarô, pois cada um pode fornecer insights ao outro. A Qabala atua como o “sistema operacional” da maioria dos baralhos de tarô modernos.
Ainda assim, como na Qabala, tenho lutado com a heteronormatividade, o patriarcado, o binarismo de gênero e o foco agrário retratados na maioria dos baralhos de tarô padrão. Onde me vejo, uma pessoa queer fora do binário de gênero que viveu toda a sua vida em comunidades metropolitanas, nessas cartas?
Apesar do fato de muitas das pessoas queer em minha vida usarem o Tarô como uma ferramenta espiritual e de crescimento pessoal, e embora muitos dos melhores livros sobre Tarô sejam escritos por autores queer, e embora muitos baralhos de Tarô centrados no queer tenham sido lançados nos últimos anos, o mundo estava carente de um livro especificamente sobre como ver o Tarô através de uma lente queer até o livro de Cassandra Snow de 2019, “Queering the Tarot (O Tarô Queer)”.
Por que precisamos de um livro especificamente sobre como ver o Tarô dessa maneira? Como Beth Maiden, do LittleRedTarot.com, diz no Prefácio, o Tarô é e tem sido uma excelente ferramenta para pessoas queer “explorarem nossa história coletiva, suas lutas, sua resiliência, seu crescimento”. Como um grupo que existe à margem da sociedade, somos atraídas por ferramentas que também foram historicamente marginalizadas. Como os caminhos principais para o poder e a autorrealização são frequentemente cortados para nós, buscamos maneiras não convencionais de nos recuperar, e isso inclui a magia.
“Tornar queer algo, então, significa pegar o que nossa sociedade nos deu e encontrar nosso próprio caminho, fora dos limites dessa sociedade. Eles nos colocam em uma caixa e ainda encontramos maneiras de criar, prosperar e torná-la a caixa mais bem decorada que você verá. O tornar queer apaga a estreiteza e a mesquinhez do normal. Abrange a beleza, o mistério e a vastidão de nossas diferenças. Acolhe todas as que precisam de um espaço mais seguro e assume a responsabilidade de ajudar essas pessoas a se recuperarem.”
– Cassandra Snow, Queering the Tarot.
Cassandra Snow é uma pessoa sexo-positiva, poliamorosa e de gênero fluido que tem uma parceira queer-platônica e se identifica com a comunidade kink (fetichista), e o livro abrange todo o espectro de identidades e experiências queer sexuais, românticas e relacionadas a gênero. Snow examina cada uma das 78 cartas de uma perspectiva queer, observando onde as leitoras queer podem ver suas próprias jornadas, preocupações e alegrias nas cartas, incluindo anedotas pessoais para adicionar sabor e profundidade à compreensão de cada carta. O livro é ilustrado com imagens do lindo e inclusivo baralho Urban Tarot (O Tarô Urbano) de Robin Scott, que rapidamente se tornou um dos meus baralhos favoritos.
Uma das coisas que mais aprecio neste livro é como Snow inclui maneiras multifacetadas de abordar cada carta e nos lembra que não há uma interpretação correta de qualquer carta. Snow oferece uma lente para ver as cartas, mas encoraja a pessoa leitora a confiar mais em sua própria conexão com as cartas. Embora reconheça abertamente as lutas pessoais com certas cartas, como o Hierofante, e as dores que podem ser conectadas ao simbolismo de certas cartas para pessoas queer, Snow dá às leitoras permissão total para não trabalhar para dar um toque positivo em cada carta do baralho. Se o significado de uma carta para você é negativo, é assim que a interpreta: “Você está onde estão a intuição e a magia”, diz Snow.
Ao examinar cartas de gênero específico como O Imperador/ A Imperatriz, O Mago/ A Suma Sacerdotisa e reis e rainhas das cartas da corte, a abordagem de Snow é examinar a experiência sobre o gênero retratado para chegar à sua verdade. A Imperatriz representa qualquer pessoa, independente do gênero, que seja carinhosa, artística, em sintonia com a natureza, por exemplo.
Embora o livro seja uma leitura relativamente rápida, é profundamente instigante e adicionou muitas dimensões novas e intrigantes às minhas interpretações enquanto leio para mim e para outras consulentes queer. É uma adição bem-vinda à minha biblioteca de Tarô.
Fonte: https://majorarqueerna.com/queering-the-tarot-review/
Texto enviado por Ícaro Aron Soares.
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