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Também no que se refere às bruxas que copulam com demônios, existem grandes dificuldades para considerar os métodos pelos quais se consumam tais abominações. Por parte do demônio: Primeiro, de que elemento é composto o corpo que adota; segundo, se o ato vai sempre acompanhado pela injeção de sêmen recebido de outrem; terceiro, quanto ao tempo e lugar, que se comete este ato com mais freqüência, em certas ocasiões ao invés de outras; quarto, se o ato é invisível para qualquer um que possa se encontrar por perto. Por parte das mulheres: Primeiro, é preciso averiguar se apenas aquelas concebida dessa maneira conflitante são visitadas com freqüência pelos demônios; ou segundo, se elas foram oferecidas aos demônios por parteiras no momento de seu nascimento; e terceiro se o deleite venéreo é realmente entre os pares da classe mais débil. Mas aqui não podemos responder a todas estas perguntas, não somente porque nos dedicamos a um estudo geral, mas como na segunda parte desta obra explicaremos devidas suas ações. Portanto, consideremos antes de mais nada às mulheres; e primeiro porque este tipo de perfídia se encontra num sexo tão frágil; mais que nos homens. E nossa investigação será antes de mais nada geral, e quanto ao tipo de mulheres que se entregam à superstição e a bruxaria; e terceiro de maneira específica, com relação às parteiras que superam em malignidade a todas as outras. Porque a superstição se encontra antes de tudo nas mulheres? Em quanto à primeira pergunta, porque há uma grande quantidade de bruxos do frágil sexo feminino, em maior proporção que entre os homens; trata-se na verdade de um fato que acabaria ocioso quando contrariado, já que a experiência o confirma, aparte do depoimento verbal de testemunhas dignas de confiança. E sem prejudicar de maneira alguma um sexo no qual Deus sempre achou grande glória pelo fato de que Seu poderio ser difundido, digamos que diferentes homens atribuíram diversas razões a este fato, ainda que coincidam em princípio. Portanto é conveniente, para admoestação* das mulheres, falar disto, e a experiência demostrou muitas vezes que se mostram ansiosas em atendê-los, sempre que se exponham com discrição. (*) Admoestação: Do latim, admonestare, significa: Advertência, aviso, conselho. Leve repreensão; reparo, reprimenda, admonição, corrigenda. (NT-Pt) Porém alguns homens sábios propõem esta razão: Que há três coisas na natureza: A Língua, o Eclesiástico e a Mulher, que não conhecem a moderação na bondade ou no vício, e quando superam os limites de sua condição chegam as maiores alturas ou ao abismo mais profundo da bondade ou do vício. Quando estão governados por um espirito bom, se excedem em virtudes; mais se for mau, dedicamse aos piores vícios. Isto se torna claro no caso da língua, que por seu ministério, a maioria dos reinos foram atraídos para a fé de Cristo; e o Espirito Santo apareceu sobre os Apóstolos de Cristo em meio as línguas de fogo. Outros sábios evangelistas também tiveram, por assim dizer, línguas de cães que lambiam as feridas e chagas de Lázaro agonizante. Como se diz: Com as línguas de cães salvais vossa alma do inimigo. Por esta razão, São Domingo, chefe e pai da Ordem dos Evangelistas, é representado na figura de um cão que ladra, com uma tocha acesa na boca, para que, com seus latidos, aparte os lobos hereges do rebanho das ovelhas de Cristo. Também é da experiência comum que a língua de um homem prudente pode dominar as tendências de uma multidão; enquanto, com justiça, Salomão em Provérbios X, canta em seu louvor: “Nos lábios do prudente acha-se sabedoria”. E depois: “Prata escolhida é a língua do justo; mas o entendimento dos ímpios é como nada”. E mais adiante: “Os lábios do justo apascentam a muitos; mas os tolos por falta de entendimento morrem”. Por tal motivo agrega ao capítulo XVI: “Do homem são as disposições do coração; mas de Jeová a resposta da língua”. Porém a respeito de uma língua maligna encontra-se em Eclesiastes XXVIII: “Uma língua que replica inquieta a muitos, e os afugenta de nação em nação; derruba cidades a sorte, e demoli as casas dos grandes homens”. E por língua que replica se entende uma terceira pessoa que com irreflexão ou rancor intervém entre duas partes em conflito. O segundo termo, a respeito dos Eclesiásticos, isto é, os clérigos e religiosos de ambos os sexos, São João Crisóstomo fala no texto: “Expulsou do templo aqueles que vendiam e compravam”. Pois o sacerdócio engendra todo o bem e tudo o mau. Em sua epístola, aos nepotenses, São Jerônimo diz: “Evitei como se fosse à peste um sacerdote comerciante que se elevou da pobreza à riqueza, de uma posição inferior a uma superior” E o Beato Bernardo em sua Homilia 23, sobre os Salmos, diz a respeito dos clérigos: “Se um surgisse como um franco herege, que fosse expulso e silenciado; se for um inimigo violento, que todos os homens bons fujam dele”. Mas como saberemos a quem expulsar e de quem fugir? Pois nos confundem, são amistosos e hostis, pacíficos e briguentos, amáveis e egoístas. E por outro lado: Nossos bispos converteram-se em aventureiros, e nossos pastores em tosquiadores. E por bispos se entende aqui, os orgulhosos abades que impõem pesados trabalhos aos seus inferiores, que eles mesmos não tocariam com o dedo mindinho. São Gregório diz a respeito dos pastores: “Ninguém comete mais dano a igreja que o dono do nome ou da ordem de santidade, e vive em pecado; porque ninguém se atreve a acusá-lo de pecado e, portanto este se difunde grandemente, já que se honra ao pecador pela santidade de sua ordem”. O Beato Agostinho também fala dos monges a Vicente o Donatista*: “Confesso livremente tua caridade perante o Senhor nosso Deus, que é testemunha de minha alma desde o momento em que comecei a servi-lo; a grande dificuldade que de fato experimentei, resulta da impossibilidade de encontrar homens piores ou melhores que os que honram ou desonram os monastérios”.
(*) Donatista: O Donatismo foi uma doutrina religiosa cristã, considerada herética pelo catolicismo. Persistiu na África romanizada nos séculos IV e V. Seu nome advém de dois bispos com o mesmo nome: Donato de Casa Nigra, bispo da Numídia (Norte da África); e Donato o Grande, bispo de Cartago. Os donatistas defendiam que os sacramentos só eram válidos se quem os ministrava era digno. No catolicismo, porém, crê-se que os sacramentos valem por si, seja o ministrante (geralmente um sacerdote) um indivíduo corrupto ou não. Os autores que mais influenciaram os donatistas, em termos de doutrina religiosa, foram São Cipriano, Montano e Tertuliano. (NT-Pt) E da maldade das mulheres fala-se em Eclesiastes XXV: “Não há cabeça superior à de uma serpente, e não há ira superior à de uma mulher. Prefiro viver com um leão e um dragão, que com uma mulher malévola”. E entre muitas outras coisas que nesse ponto precedem e seguem ao tema da mulher maligna, concluímos: Todas as malignidades são pouca coisa em comparação com a de uma mulher. Pelo qual São João Crisóstomo diz em texto: “Não convém se casar”. São Mateus, XIX: Que outra coisa é uma mulher, senão um inimigo da amizade, um castigo inevitável, um mal necessário, uma tentação natural, uma calamidade desejável, um perigo doméstico, um deleitável detrimento, um mal da natureza pintado com alegres cores! Portanto, se é um pecado divorciar-se dela quando deveria mantê-la, é na verdade uma tortura necessária. Pois ou bem cometemos adultério ao nos divorciar, ou devemos suportar uma luta quotidiana. Em seu segundo livro A Retórica, Cícero diz: “Os muitos apetites dos homens levam-no a um pecado, mas o único apetite das mulheres as conduz a todos os pecados, pois a raiz de todos os vícios femininos é a avareza”. E Séneca diz em suas Tragédias: “Uma mulher ama ou odeia; não há uma terceira alternativa. E as lágrimas de uma mulher é um engano, pois podem brotar de uma pena verdadeira, ou ser uma armadilha. Quando uma mulher pensa sozinha, pensa o mal”. Mas para as boas mulheres há tanto louvor que lemos que deram beatitude aos homens, e salvaram nações, países e cidades; como fica claro no caso de Judith, Déborah e Esther. Veja-se também Coríntios I: “Da mulher que tem um marido infiel, e consente em habitar com ele; não a dispense. Porque o marido infiel é santificado na mulher”. E Eclesiastes, XXVI: “Bendito o homem que tem uma mulher virtuosa, pois o número de seus dias se duplicará”. E ao longo desse capítulo se dizem muitos elogios sobre a excelência das mulheres boas, o mesmo que no último capítulo dos Provérbios a respeito de uma mulher virtuosa. E tudo isto fica claro no Novo Testamento, a respeito das mulheres e virgens e outras mulheres santas que pela fé afastaram nações e reinos da adoração de ídolos, para leva-los à religião cristã. Quem ler Vincent de Beauvais – em Spec. Histor. XXM 9 – encontrará coisas maravilhosas na conversão da Hungria pela muito cristã Gilia, e dos francos por Clotilda, esposa de Clodoveo. Portanto, em muitas críticas que lemos contra as mulheres, a palavra mulher se usa para significar o apetite da carne. E como foi dito: Aqui verificamos que a mulher é mais amarga que a morte e, uma boa mulher está submetida ao apetite carnal.
Outros propuseram outras razões pela existência de mais mulheres supersticiosas do que homens. E a primeira é mais crédula; e como o principal objetivo do demônio é corromper a fé, prefere atacá-las. Veja-se Eclesiastes, XIX: Quem é rápido em sua credulidade, é de mente débil, e será decaído. A segunda razão é que, por natureza, as mulheres são mais impressionáveis e mais prontas a receber a influência de um espírito desencarnado; e que quando usam bem esta qualidade, são muito boas; mas quando a usam mal, são muito más. A terceira razão é que possuem língua solta, e são incapazes de ocultar de seus semelhantes as coisas que conhecem das artes do mal e como são débeis, encontram uma maneira fácil e secreta de justificativa por meio da bruxaria. Veja-se Eclesiastes, tal como citamos acima: “Prefiro viver com um leão e um dragão, do que habitar com uma mulher malvada”. Toda maldade é pouca coisa em comparação com a de uma mulher. E a isto pode se agregar que, como são muito impressionáveis, atuam em conivência. Também há outros que postulam outras razões, das quais os evangelistas deveriam ter sumo cuidado quanto à maneira em que as usam. Pois é certo que no Antigo Testamento as Escrituras dizem muitas coisas más sobre as mulheres, e isso é devido à primeira tentadora, Eva, e suas imitadoras; porém depois, no Novo Testamento, encontramos uma troca de nome, como Evato Ave (como diz São Jerônimo), e todo o pecado de Eva eliminado pela Benção de Maria. Portanto os evangelistas sempre deveriam louvá-las tanto quanto seja possível. Mas como nestes tempos esta perfídia se encontra com mais freqüência entre as mulheres do que entre os homens, como sabemos pela experiência, se alguém sentir curiosidade em ter razão, podemos agregar, ao que foi dito o seguinte: que como são mais débeis de mente e de corpo, não é de se estranhar que caiam em maior medida sob o feitiço da bruxaria. Porque no diz respeito ao intelecto, e à compreensão das coisas espirituais, elas parecem ser de natureza diferente dos homens, fato respaldado pela lógica das autoridades, e apoiado por diversos exemplos das Escrituras. Terêncio diz: “No intelectual, as mulheres são como crianças”. E Latâncio em Institutiones III: “Mulher alguma, entendeu a filosofia, exceto Temeste”. Em Provérbios, XI como se descrevesse uma mulher, diz: “Argola de ouro no focinho do porco é como uma mulher formosa apartada da razão”. Mas a razão natural é mais carnal que o homem, como fica claro analisando suas muitas abominações carnais. E devemos apontar o defeito na formação da primeira mulher, que foi formada de uma costela curva, isto é, a costela do peito, que se encontra encurvada, por assim dizer, em direção contrária a do homem. E devido a este defeito é um animal imperfeito, sempre engana. Por isso diz Catão: “Quando uma mulher chorar, fique preso na rede”. E depois: “Quando uma mulher chora se esforça para enganar um homem”. E isto é mostrado pela esposa de Sansão, que o instruiu a dizer o enigma proposto aos filisteus, e lhes deu a resposta, assim os enganando. E fica claro, no caso da primeira mulher, que tinha pouca fé; pois quando a serpente perguntou por que não comiam de todas as árvores do Paraíso, ela respondeu: “De todas as árvores, etc…, não é que por acaso morramos”. Com o qual mostrou que duvidava, e que tinha pouca fé na palavra de Deus. E tudo isso é mostrado pela etimologia da palavra; pois Femina provem de Fé e Menos, considerando que é muito débil para manter e conservar a fé. E tudo isso, que diz respeito a fé, pertence a sua natureza, ainda que por graça e natureza a fé jamais faltou a Santa Virgem, mesmo no momento da paixão de Cristo, quando faltou a todos os homens. Portanto, uma mulher malvada é por natureza mais rápida em vacilar em sua fé e, portanto, mais rápida em abjurar da fé, o que constitui a raiz da bruxaria. E quanto a sua outra qualidade mental, isto é, sua vontade natural; quando odeiam alguém a quem antes amou, fervem de ira e impaciência por toda alma, tal como as marés dos oceanos sempre se erguendo e arrebentando. Muitas autoridades referem-se a esta causa: Eclesiastes XXV “Não há ira superior à de uma mulher”. E Sêneca em Tragédias: “Nenhuma força das chamas ou da tempestade, nenhuma arma mortífera, deve temer-se tanto como a luxuria e o ódio de uma mulher que foi divorciada do leito matrimonial”. Isto também se mostra na mulher que acusou falsamente José, e o fez prisioneiro porque não aceitou o delito de adultério com ela (Gênesis, XXX). E em verdade, a causa mais poderosa que contribui para aumento do número das bruxas é a lastimosa rivalidade entre as pessoas casadas e as mulheres e os homens solteiros. E se isto é assim inclusive entre as “santas”, como será, então, entre as demais? Pois em Gênesis, XXI vê-se o quanto impaciente e invejosa foi Sarah a respeito de Hagar quando concebeu; quanta inveja teve Raquel de Léa, porque não tinha filhos (Gênesis, XXX); e Hannah, que era estéril, da frutífera Peninnah (I Reis); e como Maria (Números, XII) murmurou e falou mal de Moisés, e portanto foi atacada de lepra; e de como Martha tinha inveja de Maria Madalena, porque estava ocupada e Maria achava-se sentada (São Lucas, X). A isto se refere Eclesiastes, XXXVII: “Não consultes com uma mulher a respeito daquela de quem está zelosa”. Quer dizer que é inútil consultar com ela, já que sempre há ciúme, ou seja, inveja numa mulher malvada. E se as mulheres comportam-se desse modo entre si, quanto mais o farão entre os homens. Valerlo Máximo conta que quando Foroneo, rei dos gregos, se encontrava moribundo, disse a seu irmão Leoncio que nada lhe haveria faltado em matéria de felicidade se sempre lhe tivesse faltado uma esposa. E quando Leoncio lhe perguntou como uma esposa poderia se interpor no caminho da felicidade, lhe respondeu que todos os homens casados o sabiam muito bem. E quando o filósofo Sócrates lhe perguntou se deveria ter casado com uma esposa, respondeu: “Se não o fazes estarás sozinho, tua família morrerá e te herdará um alheio; se o fazes sofre em eterna ansiedade, de lamurientos planos; recriminação a respeito da porção correspondente ao casamento; o forte desagrado de teus parentes, a charlatanice de uma sogra, um belo par de cornos, e a chegada nada segura de um herdeiro”. Isso foi dito como quem sabia o que dizia. Pois São Jerônimo, em seu Contra Loniniannm, diz: “Este Sócrates tinha duas esposas que suportou com muita paciência, mas não pôde livrarse de suas obstinações e suas clamorosas críticas. De maneira que um dia, quando se queixavam dele, por ter saído de casa para fugir do assédio, indo sentar-se do lado de fora; então as mulheres jogaram nele a água que lhe serviriam”. Mas o filósofo não se importou com isso, e disse: “Já sabia que depois do trovão viria a chuva”. E também existe a história de um homem cuja esposa se afogou num rio. Enquanto ele procurava o cadáver para tirá-lo d’água, lhe perguntaram por quê caminhava correnteza acima; já que corpos pesados não se elevam, mas apenas descem, e ele procurava contra a corrente do rio; respondeu: “Quando esta mulher vivia, sempre, tanto em palavras como nos fatos, contradisse minhas ordens; portanto procuro na direção contrária, porque agora, mesmo morta, ainda conserva seu disposição contraditória”. E na verdade, pelo seu primeiro defeito de inteligência, são mais propensas a abjurar da fé, assim, como no segundo defeito de afetos e paixões exageradas, procuram, matutam e infligem diversas vinganças, seja por bruxaria ou outros meios. Pelo qual não é assombroso que existam tantas bruxas neste sexo. As mulheres também têm memória débil, e nelas é um vício natural não serem disciplinadas, senão seguir seus próprios impulsos, sem sentido algum no que pretendem fazer; e isto é tudo o que sabem, e a única coisa que conservam na memória. De maneira que Teofrasto diz: “Se a elas entregar toda a administração da casa, mas reservar ao marido algum pequeno detalhe para seu próprio julgamento, ela pensará que ele demonstra uma grande falta de fé nela, e armará desavenças; e se ele não for logo procurar conselhos, ela lhe preparará veneno e consultará videntes e algures, e logo se converterá numa bruxa”. Mas quanto à dominação pelas mulheres, escute o que diz Cícero nos Paradoxos. “Pode ser chamado de livre um homem cuja esposa o governa, lhe impõe leis, lhe dá ordens e lhe proíbe de fazer o que deseja, de modo que não pode nem se atreve a lhe negar nada do que lhe pede? Eu não só o chamaria de escravo, senão, o mais baixo dos escravos, ainda que nascido na família mais nobre.” E Seneca, na personagem da furiosa Medea, diz: “Porque deixas de seguir teu impulso feliz; tão grande é a parte da vingança com que te regozijas?” Onde apresenta muitas provas de que a mulher não pode ser governada, senão que segue seu próprio impulso, mesmo até sua destruição. Da mesma forma, lemos a respeito de muitas mulheres que se mataram por amor ou pena, porque não podiam se vingar. Ao escrever sobre Daniel, São Jerônimo relata uma história de Laodicea, esposa de Antioco, rei da Síria; de como, ansiosa de que ele amasse sua outra esposa, Berenice, mais que ela, fez primeiro que Berenice e sua filha com Antioco fossem assassinadas, e depois se envenenou. E por que? Porque não queria ser governada, mais desejava seguir seus próprios impulsos. Portanto, São João Crisóstomo diz, não sem razão: “Oh maldade, pior que todos os males, uma mulher maligna, seja pobre ou rica”. Pois se é esposa de um rico, não deixa de excitar, dia e noite, seu esposo, com palavras ardentes, nem de usar argumentos malignos e importunações violentas. E se tem um esposo pobre não deixa de incitá-lo até a cólera e a rixa. E se é viúva, dedica-se a menosprezar todos, em qualquer lugar, e se mostra inflamada para todas as audácias, por seu espirito orgulhoso. Se pesquisarmos, veremos que quase todos os reinos do mundo foram derrubados por mulheres. Tróia, que era um reino próspero, foi destruída pela violação de uma mulher, Helena, e muitos milhares de gregos foram mortos. O reino dos judeus sofreu grandes infortúnios e destruição por causa da maldita Jezebel, e sua filha Ataliah, rainha da Judéia, que fez que os filhos de seu filho fossem mortos, para que na morte deles pudesse chegar a reinar; mas cada uma delas foi morta. O reino dos romanos suportou muitos males devido a Cleópatra, rainha de Egito, a pior das mulheres. E assim como outras. Portanto, não é estranho que o mundo sofra agora com malícia das mulheres. E examinaremos em seguida os desejos carnais do corpo, dos quais surgiram inumeráveis danos para a vida humana. Com justiça podemos dizer como Catão de Utica: “Se o mundo pudesse libertar-se das mulheres, não careceríamos de Deus em nossas relações”. Pois em verdade, sem a malignidade das mulheres, para não falar da bruxaria, o mundo seguiria existindo a prova de inumeráveis perigos. Ouça o que disse Valerlo a Rufino: “Não sabeis que a mulher é a Quimera, mas é bom que o saibas, pois esse monstro tinha três formas; seu rosto era de um radiante e nobre leão; tinha o asqueroso ventre de uma cabra, e estava armada da cauda virulenta de uma víbora”. Quer dizer que uma mulher é formosa na aparência, contamina pelo tato e é mortífero viver com ela. Consideremos outra de suas propriedades, sua voz. Pois como é embusteira por natureza, assim também em sua fala fere enquanto nos deleita. Pelo qual sua voz é como o canto das sereias, que com suas doces melodias atraem aos viajantes e os matam. Pois os matam esvaziando-lhes os bolsos, consumindo-lhes as forças, e fazendo-os abandonar a Deus. E Valerlo também diz a Rufino: “Quando fala, é um deleite que aroma o pecado; a flor do amor é uma rosa, pois embaixo de seu botão se escondem muitos espinhos”. Veja Provérbios, v 3-4: “Porque os lábios da estranha destilam mel e seu paladar é mais macio que o azeite; mas seu fim é amargo como o absinto*”. (Sua garganta é mais lisa que o óleo. Mas sua extremidade é tão amarga quanto o absinto). (*) Absinto: Pequena erva aromática dotada de propriedades amargas; mais conhecida por suas características tóxicas. (NT-Pt) Consideremos também seu porte, postura e vestimenta, que é a vaidade das vaidades. Não há homem no mundo que se esforce tanto por comprazer ao bom Deus, como uma mulher comum estuda suas vaidades para comprazer aos homens. Um exemplo disso se encontra na vida de Pelagia, uma mulher mundana que saíra para passear por Antióquia ataviada e enfeitada nas formas mais extravagantes. Um santo padre, chamado Nonno, viu-a e rompeu-se a chorar, e disse a seus companheiros que nunca em sua vida havia usado tanta diligência para comprazer a Deus, e agregar-se muito mais a Ele, se resguardando em orações. Isto é o que se lamenta em Eclesiastes VII e que a igreja inclusive lamenta agora devido à grande quantidade de bruxas. “E eu achei mais amarga que a morte, a mulher, a qual é rede e laços do coração; suas mãos são como ligaduras. O que agrada a Deus escapará dela; mas o pecador será preso nela”. Mais amarga que a morte, isto é, que o demônio: Apocalipse VI, 8, “tenha, por nome Morte”. Pois mesmo o demônio levando Eva ao pecado, Eva seduziu Adão. E como o pecado de Eva não havia levado a morte a nossa alma e corpo, a menos que o pecado passasse depois para Adão, o qual foi tentado por Eva, e não pelo demônio, então ela é mais amarga que a morte. É mais amarga que a morte, porque isso é natural e destrói apenas o corpo; mas o pecado que nasceu da mulher destrói a alma ao despojá-la da graça, e entregar o corpo ao castigo pelo pecado. É mais amarga que a morte, porque a morte do corpo é um inimigo franco e terrível, mas a mulher é um inimigo lamuriento e secreto. E o fato de que é mais perigosa que uma armadilha, não falando das armadilhas dos caçadores, mas dos demônios. Pois os homens são capturados, não só por seus desejos carnais, quando vêem e ouvem às mulheres; mas, como diz São Bernardo: “Seu rosto é um vento quente, e sua voz o apito das serpentes”; e também provocam encantamentos em inúmeros homens e animais. E quando se diz que o coração delas é uma rede, se fala da inescrutável malícia que reina em seu coração. E suas mãos são como laços para amarrar, pois quando posam suas mãos sobre uma criatura para enfeitiçá-la, então, com a ajuda do demônio, executam seu desígnio. Para terminar. Todas as bruxarias provem do apetite carnal que nas mulheres é insaciável. Vejam-se Provérbios XXX: “Há três coisas que nunca se fartam; ainda a quarta nunca diz basta”: a matriz estéril. Pelo qual, para satisfazer seus apetites, se unem inclusive aos demônios. Muitas outras razões deveríamos apresentar, mas para o entendimento está claro que não é de se estranhar que existam mais mulheres que homens infectadas pela heresia da bruxaria. E em conseqüência disso, é melhor chamar de heresia das bruxas do que dos bruxos, já que o nome deriva do grupo mais poderoso. E bendito seja o Altíssimo, que até hoje protegeu o sexo masculino de tão grave delito; pois Ele se mostrou disposto a nascer e sofrer por nós e, portanto concedeu esse privilégio aos homens.
Alimente sua alma com mais:
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