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Opiniões divergentes sobre os pactos – Manual dos Pactos Satânicos

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Entre os ocultistas sérios não é dificil encontrar praticantes favoráveis a prática do pacto com espíritos diabólicos, que enxerga no ritual um ato de coragem de de domínio sobre ospoderes da escuridão. Com eles faz coro a voz de Pierre Delancre, ao dizer que: “O aspirante aos segredos das sombras; a manipulação das armas mágicas; aquele que se recusa a tentar contra os demônios, não merece nem o ensinamento de seu mestre, nem os segredos, nem os desvendamentos, muito menos a própria existência. O exercício do controle sobre as serpentes é condição sine qua non para a prática integra da bruxaria, seja ela branca ou negra.”

E justamente por ser um ato de dominação,não é uma pratica para fracos.  por este motivo, Emmanuel Swedenborg, e outros estudiosos alertam que “Quando os demônios insinuam-se aos iniciados, começam por ceder as mais distintas vontades de seu pretensioso manipulador: com a única intenção de atraí-lo – fingem obediência, submissão e subordinação. Ele acredita, inocentemente que está no controle da situação. Com os ponteiros do relógio acelerados, o homem passa a ter a noção de que ele é o elo mais fraco dessa corrente; o lado mais frágil desta corda intitulada de pacto; que há de arrebentar-se e o levará pelo pescoço ao fundo de um poço da qual jamais ninguém encontrou o caminho de volta.” –

Frente a opiniões tão diferentes, de medo versus coragem e de imprudência versus cautela, não é dificil a confusão mental. Mas tente imaginar a cena por si mesmo, não  é difícil:

Você e o Diabo frente a frente, um contrato a sua frente e um futuro brilhante e cheio de dinheiro e sucesso, também a sua frente. Isso para não esquecer as mulheres; quem mais faria um contrato vendendo a alma sem o direito de ter uma Playboy Mansion para desfrutar ? Sempre em frente. Como diria o frontman do Iron Maiden, Bruce Dickinson em Caught Somewhere In Time, faixa de abertura do album Somewhere In Time de 1986: “You have got just your soul to lose.”

Navegando pela internet ou checando velhos livros de páginas amareladas pelo tempo, a quantidade de bobagens ditas e escritas, e o pior de tudo: SEGUIDAS sobre supostos entendidos em magia negra e seus pactos diabólicos; é para se dar razão aos céticos quando nos olham com um risinho cínico e até mesmo piedoso. A distorção dos fatos, fez dos pactos diabólicos, umas das atividades menos críveis da história da magia.

Pois vejamos algumas das asneiras encontradas em livros considerados sérios e também da rede mundial de computadores, mais conhecida como Internet:

Eliphas Levi, em Dogma e Ritual da Alta Magia, desaconselha, despreza e até ridiculariza práticas de magia negra incluindo o Pacto com Diabo. Apesar disso tudo, ele inclui em sua mais famosa e comentada obra alguns comentários pertinentes e descrições sobre este tipo de Pacto:

“Os evocadores do diabo devem, antes de tudo, ser da religião que admite um diabo criador e rival de Deus. Eis como procederá um firme crente na religião do diabo, para corresponder-se com seu pseudodeus (falso-deus).” Levi deixa claro que qualquer “diabo” é uma criação do operado, entidade composta de fluidos astrais provenientes das próprias emanações energéticas sutis do magista que as provoca deliberadamente.

Aquele que afirma o diabo, cria ou faz o diabo. Ainda segundo Levi, para ser bem sucedido nas evocações infernais, é preciso ter:

1º – Uma teimosia invencível

2º – Uma consciência ao mesmo tempo endurecida no crime e muito acessível ao remorso e ao medo.

3º – Uma ignorância parente ou natural.

4º – Uma fé cega em tudo o que não é crível.

5º – Uma idéia completamente falsa de Deus.

Eliphas Levi destaca a necessidade de renegar a Deus posto que o Diabo é o principal adversário do Criador. A fim de efetivar esse ato de rejeição, o autor enumera complexos procedimentos tais como:

1) PROFANAR as cerimônias do culto ou religião de origem e desrespeitar seus símbolos sagrados.

2) JEJEUM: durante quinze dias fazer somente uma refeição, sem sal e depois do crepúsculo: “esta refeição será de pão preto e sangue temperados com molho, também sem sal, de favas pretas, ervas leitosas e narcóticas.

3) EMBEBEDAR-SE: A cada cinco dias, depois do crepúsculo, além da refeição, é preciso embebedar-se com vinho preparado com uma INFUSÃO feita com 5 cabeças de papoulas negras e cinco onças de linhaça triturada. Deixa-se descansar por cinco horas. A mistura deve, então, ser coada em uma toalha que tenha sido feita ( ou que pertença a uma ) por uma mulher, de preferência, prostituta.

4) DIAS DA EVOCAÇÃO: Os dias propícios para a evocação do demônio são: na noite de segunda para terça-feira OU na virada entre a sexta-feira e o sábado.

5) LOCAL DA EVOCAÇÃO: “É preciso procurar um lugar solitário e assombrado, tal como um cemitério freqüentado por maus espíritos, uma ruína temida, no campo, os fundos de um convento abandonado, o lugar onde foi cometido um assassinato, um altar druídico ou um antigo templo pagão.”

(LEVI, 1995 – p 346)

6) VESTIMENTA: É preciso prover-se de uma roupa preta, sem costuras e sem manchas; um gorro ou capuz em tom de chumbo ornamentado com os signos da Lua, Vênus e Saturno. O mago negro deve também providenciar, um vasto arsenal, como se segue:

OBJETOS E ACESSÓRIOS

2 velas de sebo humano colocadas em candelabros de madeira negra cortados em forma de crescente lunar. (Implica acesso a uma vítima humana, um morto recente.)

2 coroas de Verbena.

1 espada mágica, de cabo preto.

1 ou A forquilha mágica.

1 fogareiro tripé (três pés)

Um vaso de cobre contendo o sangue da vítima (de quem se extraiu o sebo).

PERFUMES: Os perfumes são preparados para queima no fogareiro que fica no altar do círculo mágico. Na invocação do Demo, o operador deve levar uma caixa contendo incensos de cânfora, aloés, ambar-pardo e estorague, misturados e homogeneizados com sangue de bode, sangue de poupa e sangue de morcego.

4 Cravos tirados do caixão de um supliciado.

1 CABEÇA DE UM GATO PRETO alimentado com carne humana durante cinco dias.

1 MORCEGO morto por afogamento em sangue.

Os chifres de um bode que tenha sido seviciado pelo operador.

O crânio de um parricida.

A pele da vítima imolada, que forneceu sangue e sebo.

Assim paramentado e portando os objetos listados acima e estando no local, data e hora apropriados o operador, sozinho ou acompanhado de dois assistentes, deverá traçar o círculo mágico com a ponta da espada deixando uma ruptura ou “ponto de saída”. A pele da vítima, cortada em faixas, devera ser disposta ao longo do círculo, formando um segundo círculo que será fixado com os quatro cravos do caixão de um supliciado.

DENTRO DO CÍRCULO, deverá ser traçado, também com a espada, um triângulo equilátero. Este triângulo devela ser pigmentado com o sangue da vítima. O fogareiro deve ser colocado no vértice do triângulo que estará voltado para o Norte. Na BASE DO TRIÂNGULO, serão traçados três círculos, que demarcam o lugar onde deve ficar o operador (no centro) e seus assistentes. Com o próprio sangue, atrás do seu círculo, o operador deverá traçar, o símbolo de Constantino – que é um grande “P” com o traço vertical cortado por um “X” (ver figura acima).

Nos pontos marcados pelos quatro cravos (pregos), fora do círculo, são colocados: a cabeça do gato, o crânio humano, os chifres do bode e o morcego. Tais objetos devem ser aspergidos com o sangue da vítima. Depois, acende-se o fogo usando ramos de amieiro e cipreste. As duas velas são colocadas à direita e esquerda do operador, no centro das coroas de Verbena. Feito TUDO ISSO! o operador pronunciará as fórmulas de evocação, que são várias. Por exemplo, a Evocação do Grande Grimório Dragão Vermelho:

Per Adonai Elohim, Adonai Jeova, Adonai Sabaoth, Metraton On Agla Adonai Mathom, vérbum pythónicum, mistérium salamándrae, convéntus sylphórum, antra gnomórum, doemónia Coeli Gad, Almousin, Gibor, Jehosua, Evam, Zariatnatmik – Veni, veni, veni.

A fórmula indicada por Eliphas Levi, embora pareça algo inventado pelo pesquisador, de fato, está registrada em inúmeros livros de magia negra, grimórios, manuais repletos de fórmulas espetaculares e de difícil execução. Nos dias atuais estas dificuldades são ainda maiores no que diz respeito à obtenção da maior parte dos “ingredientes”.

Fica claro que um mago negro é alguém que tem de ser pervertido o suficiente para se permitir a prática das mais exóticas e inumanas aberrações e seu primeiro passo é tornar-se um assassino, posto que precisa de uma vítima humana para obter boa parte dos materiais que o pacto exige.

Supondo que este mago negro suje suas mãos cometendo o homicídio, ainda assim terá um exaustivo trabalho para conseguir elementos como gato, morcego, chifres de bode seviciado e o crânio de um parricida, coisa complicada porque não há parricidas mortos e conhecidos em pencas por aí.

A execução de uma “fórmula” como essa é tão complexa e arriscada que antes convida a desistir e esquecer uma empreitada que, se não fosse tão macabra, seria certamente a página apoteótica de uma crônica da “Magia Ridícula” e não é de admirar que o Diabo apareça para quem se preste a produção deste “espetáculo”; afinal, alguém que faz tais coisas, se não é louco, é quase; e a loucura pode engendrar todo tipo de alucinação inclusive a ilusão perfeita de uma visão de Satanás.

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