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Por Frater Goya
Se você perde o sono, liga sua TV e vai zapeando entre um canal e outro, é comum que entre um canal e outro em algum momento você passe por uma cena de um pastor gritando algo como: “Sai desse corpo que não te pertence, Satanás!”… Se formos ver pelos cultos pentecostais, nos próximos mil anos o Diabo não vai ter crise. O inferno estará abarrotado de almas e de dinheiro, se ele receber pelo menos 1% dos dízimos que essas Igrejas recebem. E enquanto não vejo nada que valha a pena deixar o controle remoto de lado, começo a refletir: “Será que o tal do diabo tem tanto serviço assim? Teria ele contrato de exclusividade com Igrejas Fundamentalistas? Tem ele tanto interesse em aparecer na TV incomodando viúvas, e pobres coitados?”
Eu sou da época que ele preferia jovens ninfetas, à época da menarca (sangue novo sempre é bom, dizem), e que as meninas reviravam os olhos, levitavam na cama, e vomitavam verde. Mas o mundo anda bem mudado… E o diabo, na falta de virgens, se volta à população carente. Já repararam que nunca aparece na TV um dono de empresa do calibre de um Bill Gates? Sempre é um Zé Mané, que na verdade, às vezes nem emprego tem. Dai além de estar fu#@dO na vida, o diabo ainda quer o c# dele. Assim não dá! Dai vem o bom pastor, grita um pouco, fala de Jesus expulsando demônios pra um bando de porcos e o cara volta pra casa feliz da vida, mas ainda fu#@dO. Isso que se você acompanhar a programação diária de paredão do diabo, vai ver que alguns tem o diabo no corpo de forma recorrente e de vez em quando retornam ao programa, igual a turma do Big Brother que foi pro paredão numa edição e resolve aparecer de novo pra assombrar.
O fascínio do oculto revela o fracasso da ciência e dos dogmas religiosos e explica o surpreendente êxito que encontraram no público The Possession of Joel Delaney, Rosemary’s Baby ou, mais centrado no tema que nos ocupa, The Exorcist, de William Peter Blatty. Transposto para o cinema, este best-seller de livraria desencadeou, como desejava, o entusiasmo dos espectadores. Nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha, milhões de pessoas deslocaram-se para assistir, primeiro com horror, depois com repugnância, à visão degradante da possessão de uma garota de doze anos, soltando gritos agudos, rangendo os dentes, proferindo obscenidades e frases de latrina, finalmente masturbando- se com um crucifixo. O contágio tornou-se tão forte que em várias sessões foi preciso evacuar as salas em escuridão onde, tomados de mal-estar, alguns espectadores (e o número de homens excedia o das mulheres) tiveram de ser levados para os serviços dos hospitais psiquiátricos. Jogando assim com o medo e com o mistério, observava inteligentemente Martine Monod, “Blatty consegue duplo golpe. Por um lado, interessa os seus concidadãos porque lhes toca qualquer coisa que eles sentem no mais íntimo de si próprios. Por outro lado, consegue introduzir em pessoas tornadas mais vulneráveis pelos choques emocionais que a sua história e as suas imagens lhes impõe as ideias estreitamente obscurantistas e reacionárias de que ele é propagandista”. (Humanité-Dimanche, 21 de Abril de 1974).
- Um pontífice mórmon declara que, se certas mulheres se tinham inscrito no M.L.F., fora porque o Diabo entrara dentro delas (Aurore, 10 de outubro de 1973);
- Em Washington, um membro da Câmara dos Representantes, o padre Robert Drinan, único acerdote católico do Congresso, “acaba por propor uma solução radical ao problema suscitado pelo escândalo Watergate. Se não conseguem destituir Nixon, propôs o padre, então exorcizem-no!”;
- Um jornalista, e além disso pastor episcopaliano, preocupa-se em saber se o diabo não se terá metido nos espaços em branco das fitas magnéticas referentes ao escândalo. Durante uma conferência de imprensa na Casa Branca, propôs a intervenção de exorcistas para expulsar as “forças do mal”da residência do Presidente…(France-Soir, 24 de Janeiro de 1974);
- Numa fábrica de Hirson (aisne), dez raparigas tomadas de pânico nervoso representam inconscientemente as “Feiticeiras de Salém”(título do France-Soir, 7 de Outubro de 1957);
- Trágica história de bruxaria na Touraine: julgando estar “possesso”, um jovem suicida-se (L’Humanité, 2 de Novembro de 1959); Dois fanáticos, os esposos McCullough, mataram barbaramente em Vinipegue a filha adotiva de sete anos, Luísa, para “expulsar o demônio do seu corpo”(telegrama A.F.P.).
Definição de Exorcismo:
Exorcismo, prática que consiste em expulsar demônios e espíritos malignos das pessoas ou lugares possuídos. Geralmente, o exorcismo é executado por uma pessoa dotada de autoridade religiosa especial, como o sacerdote ou um xamã. Na Bíblia existem diversas referências ao demônio e ao exorcismo. O Novo Testamento relata como Jesus Cristo expulsava os espíritos malignos através da oração. Os sacerdotes da Igreja católica necessitam permissão especial para praticar o exorcismo. Exorcizar é dirigir contra uma a vontade de muitos. Evocar é atrair ou se colocar em relação mental com o ser evocado. E conjurar é jurar, fazendo um ato de fé comum. Os magos exorcizavam, evocavam e conjuravam os príncipes dos quatro elementos, porque desse modo preparavam e garantiam o êxito de suas operações. O modo como faziam isso é o mesmo usado nos templos católicos pelos sacerdotes, pois o transcendental da magia ainda é conservado e perpetuado pela Igreja. A caldeirinha de água lustral (água benta), o hisopo e a cruz ansata, o turíbulo, são instrumentos indispensáveis nestas operações.
Missa Negra:
Uma espécie de culto diabólico, o ritual, de modo geral, consistia em (1) uma exortação ( o “sermão”) à prática do mal no seio da comunidade, (2) no coito com o demônio (supostamente doloroso, o pênis do diabo era invariavelmente descrito como “frio como o gelo”), e (3) uma variedade de profanações, principalmente de índole sexual. Por exemplo: preparavam hóstias de Comunhão (feitas de farinha, fezes, sangue de menstruação e pus) de tamanho fora do comum, que depois partiam e usavam como vaginas artificiais, copuladas ferozmente pelos oficiantes, aos gritos de que estavam deflorando a Virgem Maria ou sodomizando Cristo. Noutro exemplo dessas práticas, introduziram uma imagem de Cristo na vagina de uma moça, ao mesmo tempo que lhe enfiavam uma hóstia no ânus, que o sacerdote depois esmigalhou, proferindo blasfêmias e sodomizando a moça. Estátuas de tamanho natural, tanto de Cristo como da Virgem Maria, também desempenhavam um papel freqüente no ritual. A da Virgem, por exemplo – geralmente pintada para dar-lhe um aspecto dissoluto, indecente – era equipada com seios, que os devotos sugavam, além de uma vagina, onde podiam introduzir o pênis. As de Cristo traziam um falo para a felação masculina e feminina, e também para ser introduzido na vagina das mulheres e no ânus dos homens. Ocasionalmente, em vez de recorrerem a imagens, amarravam uma pessoa qualquer na cruz e ela funcionava no lugar da estátua, e depois de chegar ao orgasmo tinha o sêmen recolhido num cálice sacrilegamente consagrado e usado no preparo da hóstia de comunhão, que se destinava à consagração num altar repleto de excrementos.
– William Peter Blatty, O EXORCISTA.
O Histórico do Exorcismo:
Conforme a explicação dada acima, o exorcismo, era praticado pelos antigos magos como forma de domínio na proporção de um para muitos, buscando o domínio de forças supostamente “demoníacas”. Nos primeiros séculos da Igreja Cristã, o poder eucarístico carismático concedido por Jesus aos Apóstolos e aos Discípulos, e prometido mais tarde, antes da Ascensão, a todos os cristãos, era muito difundido inclusive entre os simples fiéis, por um desígnio particular da Divina Providência, que queria facilitar nos inícios a difusão da fé cristã. Todos os cristãos, clérigos ou não, expulsavam os demônios; o fato era tão generalizado, que constituía até um argumento utilizado pelos apologistas para provar a divindade do Cristianismo. Com o decorrer do tempo e stabelecida já a Igreja, esse poder foi diminuindo, porém não desapareceu por completo, como o testemunham a vida dos santos e as crônicas missionárias.
O Exorcista:
Do grego eksorkistés, é aquele que pratica exorcismos sobre pessoas ou lugares que se acredita estarem submetidas a algum influxo ou ação extraordinária do demônio. Atualmente, chama-se Exorcista o sacerdote que recebe do bispo a incumbência e a faculdade de fazer exorcismos sobre possessos. Ele pode apenas usar essa faculdade de acordo com as normas estabelecidas pelo RITUAL ROMANO. Muitas dioceses tem pelo menos um exorcista permanente; em outras, o bispo nomeia os exorcistas conforme ocorram os casos em que sua intervenção se faz necessária.
Tipos de Exorcismo:
Sobre a natureza dos exorcismos, poder -se-ia resumir da seguinte forma:
Os Oficiais ou apotropaicos, chamados também de sacramentais ou solenes, no qual, apenas a Igreja, e somente ela, pode determinar a ritualidade, o ministro, o sujeito, etc. Os não Oficiais preventivos ou profiláticos, denominados Exercícios Piedosos, ou forma de devoção popular. Na magia, podemos encontrar outros tipos de exorcismo, sendo hoje extremamente populares o Ritual de Banimento do Pentagrama e do Hexagrama, conforme publicados originalmente pela Golden Dawn (mesmo que sejam oriundos do Sidur judaico: O trecho do Sidur de onde se origina o Ritual Menor do Pentagrama: Beshem- Em nome do Eterno, Deus de Israel: à minha direita, (o anjo) Michael; à minha esquerda, (o anjo) Gabriel; à minha frente, (o anjo) Uriel, à minha retaguarda, (o anjo) Rafael; e sobre minha cabeça paira a presença de Deus”. – Oração noite, Sidur com tradução e transliteração, Ed. Sefer, 1997, pag.227).
Outras formas de exorcismo presumem banhos, aprisionamento em objetos como garrafa lâmpadas ou espelhos. Desde os primórdios da humanidade, existe a prática de expulsar espíritos dos corpos, e coloca-los em animais (porcos ou serpentes por exemplo), ou mesmo e símbolos e talismãs. Mas na verdade, são os exorcismos cristãos os mais conhecidos população em geral. Não por serem os mais eficazes, mas apenas por serem mais comuns. E sendo tão comuns nos levam a pensar que a religião cristã mais cultiva demônios do que os afasta, dada a proximidade de seus membros com os tais.
A Validade do Exorcismo:
A legitimidade do exorcismo na acepção lato sensu, do modo de agir do seguidor de Cristo. A validade tanto dos sacramentais quanto dos exorcismos stricto sensu depende da vontade da Igreja que determina todas as suas modalidades executivo-celebrativas. Mas essa validade não prejudica a validade dos exorcismos latu sensu, com a diferença que, quando se age in Persona Ecclesiae, é convocada a fé do Cristus Totus. Segundo a Igreja, é no nome do Cristo que se pratica o exorcismo. Mas esse nome só opera quando paira o Espírito Santo. Ainda a respeito dessa validade, como já dissemos logo no início, o fato de se ter possuídos recorrentes pessoas que não se curam completamente, ou ainda aqueles que o próprio exorcista torna-se vítima de possessão, como no caso ilustrado pelo filme “O Ritual” de 2011. Recentemente, o tema tem voltado à moda no cinema. Talvez tentando reaver o sucesso do romance de Blatty, Hollywood se volta para o gênero de filmes que paga as contas da casa. Somente para citar alguns:
- O Exorcismo de Emily Rose (2005) – Vale citar que Anneliese (que inspirou a história do filme morreu durante o processo de exorcismo.
- Constantine (2005) – Versão piegas do personagem de Allan Moore, que em breve retornará em série televisiva.
- O Último Exorcismo (2010) – filme B, que arrecadou 67,7 milhões de bilheteria.
- O Ritual (2011) – Em que o próprio exorcista torna-se vítima de possessão (semelhante ao filme de Blatty, que o padre exorcista morre no processo do ritual de exorcismo).
- Invocação do Mal (2013) – apesar de ser realizado um ritual, a possessão continua, e os pais resolvem abandonar as tentativas de exorcismo. Ainda sobre Invocação do Mal, o mesmo relata um caso de Harrisville, um dos mais bem documentados até o momento. Na ocasião, um padre do Vaticano foi até a casa e segundo Perron, andou pela casa, parando em cada cômodo e murmurando suas orações. Quando saiu, o homem disse: “Sinto muito Sra. Perron. Esta casa não pode ser limpa”. Andrea Perron, que escreveu um livro (na verdade uma trilogia, “House of Darkness, House of Light” I, II e III) sobre suas experiências na casa, deu a entender que o espírito inominável pode ter molestado algumas das meninas. Quando perguntado sobre o espírito durante uma entrevista, ela evitou a questão, dizendo ao repórter:
“Vamos apenas dizer que havia um espírito masculino muito ruim na casa – com cinco garotinhas”.
E também seriados como American Horror Story (2013) e Salem (2014) exploram o tema. Todavia, os exorcismos sempre possuem um viés judaico-cristão. Mas porque insistir num exorcismo judaico-cristão que não funciona? Há inúmeros exemplos que comprovam a falta de eficácia deles. Mas se eles não funcionam, o que acontece? Por que não funcionam?
E o que pode ser feito? Bem, as razões mais óbvias para isso podem ser interessantes de serem analisadas:
- A religião judaico-cristã atualmente, nada mais é do que um arremedo de religião, sendo um amontoado de práticas mais antigas, cuja finalidade principal não era a eficácia, mas apenas o domínio político/religioso;
- Jesus, mesmo se fosse aceito em algum panteão maior, seria um deus novo. E como uma criança malcriada, não pode fazer nada a não ser espernear diante dos mais velhos, até que alguém lhe repreenda (por isso os casos de exorcismo pela Igreja Católica Romana se demonstram tão ineficazes apesar da propaganda);
- Vários magistas em contatos com o mundo espiritual já obtiveram informações que dizem Jesus ser um usurpador da Glória de Deus (vide diários de John Dee1 a respeito);
- Símbolos como a cruz, são muito mais antigos que o cristianismo. No Egito, o Ank era chamado “Chave da Imortalidade” e era conduzido pelos deuses. Sua associação com a morte, só veio depois do cristianismo. Porque os deuses antigos deveriam temer algo que sempre foi dominado por eles (a vida e a morte)?
- A primeira premissa de um exorcismo bem-feito é a fé absoluta que o Exorcista tem em seu ritual e sua religiosidade ou sacralidade. Mas o que vemos em especial no cristianismo e nas igrejas pentecostais, são sacerdotes de fé vascilante, que trocam de igreja como quem troca de roupa, portanto, jamais serão respeitados por nenhum pobre-diabo, pois estão inclusive, abaixo deles.
- Por mais eficaz que seja um ritual ele possui certas premissas como já tratamos aqui. E as pessoas no geral são mal preparadas para a função, e tentam queimar etapas. Não é à toa que o ditado diz: “o diabo mora no detalhe”…
- Além de pessoas mal preparadas, falta material profundo, pesquisas e professores que possam explicar a maneira correta.
- Saber o nome do demônio é uma chave, mas saber usá-lo, é a fechadura.
- Mais de 90% dos casos envolvem adolescentes. Junto com a tempestade de hormônios da adolescência há uma hoste de demônios pairando nesses ventos… Em quase 30 anos de pesquisa, todos os casos levantados foram justificados hormonalmente.
- A vibração correta de um nome e de uma oração pode ser mais eficaz do que o ritual todo;
- Conhecimento sobre o adversário é muito mais importante do que simplesmente bater às cegas. Informação é essencial.
A Legislação da Igreja Católica sobre os Exorcismos:
Os exorcismos sobre possessos (exorcismos solenes), só podem ser feitos legitimamente:
- mediante licença peculiar (para um caso concreto) e expressa (não pode ser presumida) do Ordinário do lugar.
- essa licença não deve ser concedida senão a sacerdotes (não pode ser dada a leigos ou religiosos não-sacerdotes) de reconhecida piedade, prudência, ciência e integridade de vida.
- estes sacerdotes não procederão senão depois de constatar, mediante diligente e prudente investigação, que se trata realmente de um caso de possessão diabólica.
- os exorcistas observarão cuidadosamente os ritos e as fórmulas aprovadas pela Igreja.
- no exorcizar o ministro deve ater-se ordinariamente às fórmulas do Ritual Romano, evitando em cada caso o uso de remédios ou de práticas supersticiosas.
Alguns Casos Conhecidos:
Placência (Itália) – Conta um monsenhor que uma mulher foi ex posta aos ataques dum sinistro mágico que conseguiu embucha-la com um naco de porco salgado, o qual recusou qualquer modo de evacuação, num desafio às leis da fisiologia. Perturbado por semelhante fenômeno, o bispo acabou por mandar que se recorresse a vias de fato.
“Deita fora!” – mandava o exorcista, mas não saía nada… “São quatro horas e trinta e cinco!”, disse. “Com toda a autoridade que me vem de Deus, ordeeno- te – espírito imundo – que saias imediatamente deste corpo. Se saíres imediatamente, mando-te para o deserto, para o centro do Saara; senão, mando-te para o Inferno!”
Finalmente, a possessa corre ao bacio e sai-lhe da boca “uma grande quantidade de coisas inomináveis”. Um médico, cético mas de bom estômago, remexe então com a própria bengala o conteúdo do bacio: “Olhem!”, exclama. Ao mesmo tempo, a bengala levantava de uma só vez tudo o que a mulher deitara fora como se aquilo fosse uma peça de tecido. Realmente, aos olhos das testemunhas estupefactas viu-se desdobrar uma espécie de véu lindíssimo, cheio de cores do arco-íris! Retirado o véu, viu- se no fundo do recipiente a famosa bola tantas vezes descrita pelo Demônio no decorrer dos exorcismos. Tratava-se duma pequena esfera de porco salgado, da grossura duma noz pequena, com sete cornos.
E depois? O bispo morreu….Santa Margarida Marida Alacoque, que lambe os excrementos duma desentérica ou os vômitos dos doentes, em homenagem ao Sagrado Coração de Jesus, declara “Quando o meu Soberano Mestre queria alguma coisa de mim, apertava-me tão vivamente que eu tinha de ceder; as minhas resistências só me serviam para me fazer sofrer. Eu era tão delicada que a menor sujidade me fazia saltar o coração. Ele tomou-se com tal força a este respeito que, uma vez, ao querer limpar os vômitos duma doente, não pude impedir-me de o fazer com a língua. Ele fez-me encontrar tantas delícias nesta ação que gostaria de ter ocasião de as fazer semelhantes todos os dias. Na noite seguinte, se não me engano, para me recompensar, teve-me durante duas ou três horas com a boca colada ao seu sagrado coração.”
Outubro de 1986 – o tribunal de Oklahoma condenou Sean Sellers, de 17 anos, por assassinato triplo: matou a mãe, o padrasto e um funcionário de uma loja de utilidades. Ele encontrou um exemplar da Bíblia Satânica em uma gaveta na sua escola. Num diário que ele chamava de “Livro das Sombras”, escrevera: “Em nome de Satanás, senhor da terra e rei do mundo, ordeno que todas as forças das trevas derramem sobre mim seu poder infernal”.
Abril de 1989 – a polícia federal mexicana descobriu quinze corpos num rancho nas proximidades de Matamoros, México. A descoberta foi feita após uma investigação que se empreendia para encontrar Mark Kilroy, um estudante da Universidade do Texas desaparecido durante as férias.
Os líderes do grupo de Matamoros acreditavam que estavam livres de serem descobertos graças aos rituais de magia negra que haviam praticado. Quinze pessoas foram sacrificadas naquele ritual. A exumação dos corpos trouxe revelações particularmente estarrecedoras. Muitos policiais federais mexicanos adoeceram fisicamente depois de verem o que havia sido feito às vítimas.
Possíveis Causas:
Deus permite a expansão das possessões diabólicas, observa S. Boaventura, “quer em vista a manifestar a sua glória, quer para a punição do pecado, quer para nossa própria instrução. Mas saber por qual destas causas deixa Ele atuar o Demônio é coisa que escapa à sagacidade humana: os juízos de Deus são secretos. O que é certo é que não são injustos.”
São múltiplas as causas da possessão, pois elas pertencem tanto ao campo da medicina como ao das místicas (divina e diabólica). Essas causas podem ser divididas em três categorias:
- Glorificação da obra divina;
- Punição bem clara do pecado;
- Intervenção dum malefício ou dum sortilégio.
Sinais de Possessão Diabólica:
O presidente da Conferência Episcopal Alemã, cardeal Höffner, em duas declarações, em 1976, alertou expressadamente para o perigo de uma demonização precipitada.
Dizia ele: “Em princípio vale o seguinte: quando se afirma que aqui e acolá surge um caso de possessão, é preciso guardar extrema prudência e máxima cautela. Dever -se-á pedia o conselho de médicos e psicólogos e fazer-se a seguinte interrogação: as forças físicas e psíquicas, supostamente extraordinárias, não podem ser interpretadas como tramas de histeria? Não se trata quiçá de forças de natureza parapsíquica (telepatia, clarividência , segunda visão, pressentimentos ou de outras formas semelhantes)? Há estados de pressão e de dissociação de personalidade que levam a crer que o paciente possui um segundo “eu”. O próprio Ritual nos exorta a que “não creiamos facilmente que alguém esteja possesso de um espírito mau”.
“De resto, nada impede que as determinações do Ritual Romano possam ser submetidas a uma revisão à luz dos conhecimentos da medicina e psicologia moderna. Afirmar num caso concreto que alguém de racionalista incrédulo por ter opinião diferente em caso semelhante”.
Os Sinais indubitáveis da possessão diabólica, enumerados pelo Ritual Romano no terceiro parágrafo do texto intitulado “De exorcizandis obsessis a daemonio” (Dos Endemoninhados a exorcizar), são, por um lado, sinais intelectuais – Falar uma língua desconhecida ou de adivinhar os pensamentos -, por outro lado, sinais físicos, caracterizados pela levitação ou pela demonstração de forças que excedem as normas habituais.
“Que o exorcista”, diz o ritual, “saiba que sinais distinguem o possesso das pessoas que a melancolia ou qualquer outra enfermidade incomodam. Os sinais da presença do demônio são os seguintes:
- Falar uma língua desconhecida, seja usando diversas palavras dessa língua, seja entendendo alguém que a fala;
- descobrir o que se passa à distância ou está oculto;
- desencadear forças desproporcionais à idade ou ao estado natural da pessoa;
- e outras coisas do mesmo gênero. E quando esses sinais se acumulam constituem uma prova mais forte.
Martin Delrio, que apóia as suas Controverses et recherches magiques (Paris, 1611, pp. 1027 e segs) no Livro Sacerdotal do exorcista Sammarinus e nas conclusões do médico Baptista Condronchus, estabelece uma nova lista de dezessete sinais e índices, a qual permite descobrir se um tal indivíduo se encontra ou não exposto a um malefício ou é vítima duma possessão.
- Se a enfermidade for de tal ordem que os médicos a não conseguem descobrir nem conhecer.
- Se ela aumentar em lugar de diminuir, apesar de todos os remédios possíveis que venham a ser administrados.
- Se desde o começo ela se acompanhar de mui grandes sintomas e dores, contra o habitual em outras enfermidades que crescem pouco a pouco.
- Se for inconstante e variável nos dias, nas horas e nos períodos: e ademais se tiver efetivamente muitas coisas diferentes das naturais, embora em aparência se mostre semelhante.
- Se o paciente não for capaz de dizer em que parte do corpo sente a dor, ainda que esteja muito enfermo.
- Se soltar suspiros tristes e dignos de compaixão, sem qualquer legítima causa.
- Se perder o apetite e vomitar o que haja tomado de carnes…
- Se sentir dores penosas e outros alanceamentos agudos na zona do coração, tanto que esteja convencido de o estarem a roer e a partir em pedaços.
- Se lhe foram vistas pulsar e tremer as artérias em volta do pescoço.
- Se for atormentado de alguma cólica ou dor de rins veemente…
- Se ficar impotente para os trabalhos de Vênus.
- Se tiver algum ligeiro suor, mesmo durante a noite, quando o tempo e o ar estão bastante frios.
- Se tiver os membros e as partes do corpo como que ligados.
- Se lhe vierem a faltar as forças por todo o corpo, com um extremo langor… Se tiver movimentos convulsivos que o façam parecer com os que são atingidos do mal caduco. Se os membros se lhe inteiriçarem por modo de convulsão e espasmos…
- Se não conseguir olhar fixamente o sacerdote ou se tiver grande dor e dificuldade em o olhar. Se a branca dos olhos lhe mudar variadamente.
- Se ele se perturbar, se assustar ou for atingido de algum movimento notável quando aquele que se supõe ter-lhe metido entra no lugar onde está.
- Finalmente, se, quando o sacerdote, para a cura do mal, lhe aplicar algumas unções sagradas nos olhos, nos ouvidos, na testa ou em outras partes do corpo, essas partes começarem a deitar algum suor ou receberem qualquer outra modificação.
Ao se avaliar o falar uma língua desconhecida, está previsto a utilização de palavras e de uma série de expressões suscetíveis de serem interpretadas pelo exorcista… Em verdade, o exame das questões de possessão diabólica revela um terrível desconhecimento lingüístico na maioria dos casos. “Lúcifer preocupa-se pouco com os seus diabos, em mandá-los à escola.”, já dizia Cyrano de Bergerac. Não se pode dizer com verdade que alguma dessas possessas tenha falado qualquer língua estrangeira, sendo verdade que, ao dizerem-lhes algumas palavras latinas que tinham grande afinidade com a língua francesa, elas não podiam deixar de testemunhar que as entendiam, mas explicavam-nas muito mal.
Adivinhar pensamentos ou os objetos ocultos é coisa mais sutil e está fora do alcance do comum dos mortais. Venturosamente, a boa gente que vai à consulta das videntes ou se submete em peregrinações não tem qualquer dúvida quanto a esta espécie de virtudes. Quando se trata de objetos sagrados autênticos, o verdadeiro demônio responde com uma explosão de fúria.
Simplesmente podemos dizer que, se outrora tivesse sido aplicado esse critério com todo o rigor, a Igreja nunca teria detectado um caso de verdadeira possessão. A manifestação de forças físicas que excedem a força normal, tendo em conta a saúde, a idade e o sexo, acontece freqüentemente nos casos de possessão. À semelhança das bacantes, impregnadas pela fúria do deus, que destruíam tudo à sua passagem e pareciam insensíveis aos ferimentos, também religiosas e convulsionarias levantam pesos enormes, torcem barras metálicas e opõem uma obstinada resistência aos que, porventura, tentam acalma-las.
Em 1738 em Paris, no caso das convulsionarias de Saint-Médard,viu Charlotte Delaporte deixar-se bater e comprimir as costelas com uma força tão prodigiosa que os ossos deviam ficar feitos em mil pedaços. Deitada por terra, deixava- se calcar pelos pés dos homens mais robustos; por mais esforço que fizessem para enterrar os tacões das botas nas costelas, não se encontrava meio, nem desta maneira nem de outra, de as apertar suficientemente à sua vontade.
O Novo Rito dos Exorcismos
No Ritual hoje apresentado, encontra-se sobretudo, o ritual do exorcismo propriamente dito, que se deve realizar sobre a pessoa obsessa. Depois são apresentadas as orações que devem ser recitadas publicamente por um sacerdote, com a permissão do Bispo, quando se julga de modo prudente que existe uma influência de Satanás sobre os lugares, objetos ou pessoas, sem chegar ao nível de uma possessão propriamente dita. Contém, além disso, uma série de orações que podem ser ditas privadamente pelos fiéis, quando suspei tam com fundamento que estão sujeitos às influências diabólicas.
– Cardeal Medina Estévez, em 26 de Janeiro de 1999, L’Osservatore Romano
O Exorcismo Hoje:
Hoje é muito comum encontrar exorcismos em todos os cantos, entre católicos e principalmente evangélicos, tem tornado-se prática comum expulsar o demônio das pessoas. Segundo Freud, os demônios são “desejos maus, reprovados, nascidos de impulsões rejeitadas recalcadas. Afastamos simplesmente a projeção, feita pela Idade Média, destas criações psíquicas no mundo exterior; deixamo-las nascer na vida interior dos doentes onde elas residem”.
Em quase 30 anos de estudos de sobre ocultismo, religião e demonologia, não encontramos nenhum caso supostamente real, que não possa ser resultado de doenças mentais derivadas da histeria. A teatralidade, aliada à histeria coletiva provocada pelos ritos evangélicos (principalmente das igrejas fundamentalistas), torna-se ambiente ideal para o aparecimento muitas vezes do diabo num pobre coitado crédulo. Práticas essas de controle de massas, acabam mostrando-se ineficazes nos casos de possessão real.
Gostaríamos de ver um pastor de uma igreja dessas encontrar-se com o Inimigo em situação real. Seria cômico se não fosse trágico. O homem sempre precisou dar uma forma a seus medos e a achar um culpado para seus erros. Nada melhor que culpar o próprio demônio pela sua bebedeira, violência familiar ou como motivo de seu desemprego. Na tentativa de justificar essa incapacidade, culpa – se ao pobre diabo que já está cheio de culpas passadas, que lhe foram imputando ao longo do tempo. Lembrem-se da frase de Françoise Mallet-Joris “A possessão começa pelo orgulho de se pensar digno dela.”
Mais do que possessão demoníaca, o homem de hoje é presa de seus medos e anseios, os quais ele acaba vestindo com roupa de diabo. Mas, independente disso, não devemos nos esquecer:
Hoje, Satanás goza de melhor saúde que nunca. Se diluiu na bruma do quotidiano, e conserva alguns adeptos sinceros, altares e templos. Como na música dos Stones: “da mesma maneira que todo policial é um criminoso e todos os santos são pecadores /da cabeça aos pés me chamam Lúcifer eu preciso de alguma restrição/ se você me encontrar tenha alguma cortesia tenha um pouco de simpatia e algum trato/ use toda sua educação bem aprendida ou eu porei sua alma perder.”
Portanto, se você pretende preservar sua alma, tenha cuidado: “Os tempos se cumpriram e Satã revela-se;/ Foi profanado o altar, dos vendilhões é o templo,/ Reinam a fealdade, os loucos e os malvados, /Os elogios pagos e a notícia falsa.” – André Mary, Lê livre nocturne.
Segundo o psicanalista americano Ehrewald caracteriza este estado de coisas nos seguintes termos:
“O homem moderno construiu sua imagem científica do mundo sobre as ruínas do pensamento mágico e animístico, provocando assim uma secreta simpatia pelas forças primitivas, que continuam a agir nele. Ele luta duramente contra o ressurgimento, na sua experiência cotidiana, do que foi reprimido. O que mais teme é que os ídolos monstruosos de uma época soterrada possam retomar o lugar que haviam ocupado”.
A verdadeira busca do homem é encontrar -se com Deus. Mas na sua longa jornada de volta ao Paraíso, muitas serão as dificuldades. Onde, como e quando chegar, ainda é uma pergunta para a qual não temos resposta.
Qual é o exorcismo que se fará frente aos demônios criados pela mídia? Qual é a pior possessão: a diabólica ou a psicológica? Criamos demônios tratados a pão-de-ló, enquanto nossa dignidade se desmonta. Onde está a moral de um mundo que se sujeita à venda de corpos? Qual o pior demônio: aquele que compra a alma, ou aquele que compra o corpo? Num país onde o corpo manda mais que o talento, deveria se pensar um pouco mais a qual dos senhores estamos realmente servindo…
Em L.L.L.L.,
Frater Goya (demonologista, entre outras coisas que me atribuem)
Sol em 25º de Áries, Lua em 29º Libra, Dies Martes. 15:08 – 29/5/2014
Post Scriptum ao texto original:
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A referência de Dee é importante ser considerada por um ponto essencial: John Dee é da primeira geração de protestantes, e portanto, Cristão até a medula dos ossos. Quando ele realizava as operações enochianas, ele fazia uma ladainha com toda a pompa cristã para essas ocasiões. Mas o interessante, e vale à pena buscar os diários, é que em certo ponto, os anjos simplesmente ignoravam essa ladainha, e foram deixando claro esta situação que citamos no texto. Portanto, não foi o John Dee ou Kelley que tinham oposições ao cristianismo, muito ao contrário, eles ficaram sem chão com a informação dada pelos anjos.
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O cristianismo (capitaneado pela Igreja Católica Apostólica Romana [ICAR], é um arremedo de paganismo, sendo costurado de inúmeras tradições anteriores, e nem sempre concordantes. Por isso, no texto, salientamos também a ineficácia dos exorcismos oriundos do cristianismo.
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Há uma diferença entre o Jesus e o “Cristo”. Jesus foi uma pessoa, a quem a ICAR atribuiu uma Igreja. Mas até onde os registros nos permitem, ele foi apenas mais um Rabi. Já “Cristo”, é um estado do ser. Que no molde oriental recebe a denominação de Avatar, ou mesmo estado Búdico. Lembrando que não há apenas “um” Buda, mas vários Budas, sendo que o mais conhecido é Sidarta Gautama. Este é um dos motivos de Crowley, ter a encrenca dele com o Cristianismo. A briga de fato não era com o estado crístico, que Crowley tbm defende, mas com a imposição de Jesus como “O Cristo”, “Ninguém vai ao Pai a não ser por mim” – já que uma vez atingido o estado Crístico, todos podemos chegar ao Pai em via direta, e que corrobora o discurso dos anjos. Note-se que eles não são contra Cristo, mas discordam que Jesus seja “O Cristo”.
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Além disso, o texto em questão foca em rituais de exorcismo e sua eficácia (ou não), e apontamos a ineficácia do exorcismo cristão, como qualquer pesquisa mais aprofundada poderá apontar. Nosso objetivo não é descaracterizar ou condenar o movimento “Cristão”, mas apenas salientar técnicas de determinado escopo e sua funcionalidade. Logo, não é um texto sobre teologia pagã x cristã, mas avaliação de um ritual numa situação pontual.
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Vale ainda lembrar que esoterismo cristão (como o rosacrucianismo e martinismo) buscam também atingir o estado Crístico (vide Cristian Rosenkreutz e o Casamento Alquímico) onde se busca esta identificação e a obtenção da iluminação. Dai se pensarmos em sermos o Jesus e não O Cristo, estamos indo atrás do bonde errado não? Contam que uma vez perguntaram ao Buda: “Onde está a verdade?” e Buda apontou com o dedo ao longe, indicando que a verdade estava no mundo, na vida, que seria preciso vive-la para chegar à iluminação. Porém, o interlocutor não entendeu dessa forma, e começou a espalhar que a Verdade estava na ponta do dedo do Buda. É exatamente o mesmo problema com o cristianismo. Se Jesus serve como exemplo, deseja-lo é buscar o dedo do Buda e não a Iluminação.
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Esse vídeo que mostra um caso recente, ocorrido no Rio Grande do Sul/Brasil: https://www.youtube.com/watch?v=kzbiLHQmtk4
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Atenciosamente,
Frater Goya
1A citação pode ser encontrada em “True & Faithful Relation of Dr. John Dee & Some Spirits” Pág,164.
Fonte: https://cih.org.br/?p=1167
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