Categorias
Demônios e Anjos

Bene ha’Elohim e a Geração dos Nefilin

Este texto foi lambido por 853 almas esse mês

Os Filhos de Deus (em hebraico bene ha’ Elohim) são conhecidos de vários textos da Bíblia Hebraica. Em Jó 1:6 e 2:1 os Filhos de Deus se apresentam a Iahweh na divina assembléia celestial; mais adiante, em Jó 38:7, vemos os Filhos de Deus estiveram ao lado de Iahweh na criação do mundo: quando vêem a obra de Deus “rejubilavam os filhos de Deus”. Eles aparecem também (na forma hebraica bene ‘elim) na assembléia divina de Iahweh no Salmo 89:7, onde se proclama a sua incomparabilidade entre o Deus. Uma cena semelhante ocorre no Salmo 29:1, onde os Filhos de Deus (bene ‘elim) tributam glória ao senhor.

Talvez a mais curiosa referência aos Filhos de Deus seja a do famoso Cântico de Moisés, no Deuteronômio 32, justamente antes dele subir ao monte Nebo, para morrer sem ter entrado na Terra Prometida. O Deuteronômio 32,8 contém o que aparentemente é uma velha referência mitológica à primitiva história da humanidade. – Descobriu-se que um texto fragmentário entre os Manuscritos do Mar Morto continha o Deuteronômio 32:8. composto em escrita do final do período herodiano (fim do século I a.C. ao início do século 1 d.C.). Esse fragmento é hoje o mais antigo texto hebraico do Deuteronômio 32:8 conhecido. Nesse fragmento, as últimas palavras do versículo são claramente bene ha’ Elohim (Filhos de Elohin). Essa redação foi preservada na Septuaginta Grega, que traduziu como “aggelon theou”:

“Quando o Altíssimo repartia as nações,
quando espalhava os filhos de Adão
ele fixou fronteiras para os povos,
conforme o número dos filhos de Deus”
(Deuteronômio 32,8)

Aqui são os anjos que guardam ou governam as nações. Porém Deus reservou cuidar pessoalmente de Israel, seu povo eleito: “Mas a parte de Iahweh foi o seu povo, o lote da sua herança foi Jacó”. (Deuteronômio 32,9). Foi uma sábia decisão, já que outros textos indicam que os anjos não fizeram exatamente o que deveriam, ou melhor, fizeram coisas além do que deveriam. Como, por exemplo, ensinar aos homens ciências divinas, casar-se e ter filhos.

O livro da Gênese assinala a união fecunda dos Benei-ha-Elohim com as filhas dos homens. Misterioso casamento do qual nasceu a grande raça dos gibborim, ou dos nephilim:

«Quando os homens começaram a se multiplicar sobre a face da terra e lhes nasceram filhas, os bene ha’ Elohim viram que as filhas dos homens eram belas e tomaram como mulher todas as que lhes agradaram. E então disse o Senhor: “Meu espírito não terá força (yadon) indefinidamente sobre o homem, pois este na verdade é só carne. E os seus dias serão cento e vinte anos.” Ora, naqueles tempos, os Nefilim habitavam sobre a terra, e também depois, quando os bene ha’ Elohim se uniam às filhas dos homens e estas lhes davam filhos: estes foram os heróis dos tempos antigos, os homens de renome.» (Gênesis 6:1-4)

O episódio dos “filhos de Deus”, que se casaram com as “filhas dos homens”, é de tradição javista. O capítulo 6 é provavelmente um fragmento de uma antiga versão hebraica do Livro de Enoch que se adicionou ao Gênesis para fornecer uma motivação moral à história do dilúvio, derivada de versões mesopotâmicas, como a epopéia de Gilgamesh, nas quais essa motivação inexiste.

O termo Nefelim significa literalmente “os caídos”, sendo um eufemismo comum para “os mortos”, (por exemplo, Jeremias 6:15 diz: “eles cairão entre os que caem [em hebraico nopelim]”). Em Ezequiel 32:27, temos os Nefilim como guerreiros que caíram:

Eles jazem com os guerreiros,
Os nefelim dos tempos antigos,
Que desceram ao Xeol [sepulcro]
com suas armas de guerra. (Ezequiel 32:27)

Em outras partes da tradição bíblica, os Nefilim são descritos como gigantes, que eram os habitantes nativos de Canãa.

Por Shirley Massapust


Conheça as vantagens de se juntar à Morte Súbita inc.

Deixe um comentário


Apoie. Faça parte do Problema.