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Os Filhos de Deus (em hebraico bene ha’ Elohim) são conhecidos de vários textos da Bíblia Hebraica. Em Jó 1:6 e 2:1 os Filhos de Deus se apresentam a Iahweh na divina assembléia celestial; mais adiante, em Jó 38:7, vemos os Filhos de Deus estiveram ao lado de Iahweh na criação do mundo: quando vêem a obra de Deus “rejubilavam os filhos de Deus”. Eles aparecem também (na forma hebraica bene ‘elim) na assembléia divina de Iahweh no Salmo 89:7, onde se proclama a sua incomparabilidade entre o Deus. Uma cena semelhante ocorre no Salmo 29:1, onde os Filhos de Deus (bene ‘elim) tributam glória ao senhor.
Talvez a mais curiosa referência aos Filhos de Deus seja a do famoso Cântico de Moisés, no Deuteronômio 32, justamente antes dele subir ao monte Nebo, para morrer sem ter entrado na Terra Prometida. O Deuteronômio 32,8 contém o que aparentemente é uma velha referência mitológica à primitiva história da humanidade. – Descobriu-se que um texto fragmentário entre os Manuscritos do Mar Morto continha o Deuteronômio 32:8. composto em escrita do final do período herodiano (fim do século I a.C. ao início do século 1 d.C.). Esse fragmento é hoje o mais antigo texto hebraico do Deuteronômio 32:8 conhecido. Nesse fragmento, as últimas palavras do versículo são claramente bene ha’ Elohim (Filhos de Elohin). Essa redação foi preservada na Septuaginta Grega, que traduziu como “aggelon theou”:
“Quando o Altíssimo repartia as nações,
quando espalhava os filhos de Adão
ele fixou fronteiras para os povos,
conforme o número dos filhos de Deus”
(Deuteronômio 32,8)
Aqui são os anjos que guardam ou governam as nações. Porém Deus reservou cuidar pessoalmente de Israel, seu povo eleito: “Mas a parte de Iahweh foi o seu povo, o lote da sua herança foi Jacó”. (Deuteronômio 32,9). Foi uma sábia decisão, já que outros textos indicam que os anjos não fizeram exatamente o que deveriam, ou melhor, fizeram coisas além do que deveriam. Como, por exemplo, ensinar aos homens ciências divinas, casar-se e ter filhos.
O livro da Gênese assinala a união fecunda dos Benei-ha-Elohim com as filhas dos homens. Misterioso casamento do qual nasceu a grande raça dos gibborim, ou dos nephilim:
«Quando os homens começaram a se multiplicar sobre a face da terra e lhes nasceram filhas, os bene ha’ Elohim viram que as filhas dos homens eram belas e tomaram como mulher todas as que lhes agradaram. E então disse o Senhor: “Meu espírito não terá força (yadon) indefinidamente sobre o homem, pois este na verdade é só carne. E os seus dias serão cento e vinte anos.” Ora, naqueles tempos, os Nefilim habitavam sobre a terra, e também depois, quando os bene ha’ Elohim se uniam às filhas dos homens e estas lhes davam filhos: estes foram os heróis dos tempos antigos, os homens de renome.» (Gênesis 6:1-4)
O episódio dos “filhos de Deus”, que se casaram com as “filhas dos homens”, é de tradição javista. O capítulo 6 é provavelmente um fragmento de uma antiga versão hebraica do Livro de Enoch que se adicionou ao Gênesis para fornecer uma motivação moral à história do dilúvio, derivada de versões mesopotâmicas, como a epopéia de Gilgamesh, nas quais essa motivação inexiste.
O termo Nefelim significa literalmente “os caídos”, sendo um eufemismo comum para “os mortos”, (por exemplo, Jeremias 6:15 diz: “eles cairão entre os que caem [em hebraico nopelim]”). Em Ezequiel 32:27, temos os Nefilim como guerreiros que caíram:
Eles jazem com os guerreiros,
Os nefelim dos tempos antigos,
Que desceram ao Xeol [sepulcro]
com suas armas de guerra. (Ezequiel 32:27)
Em outras partes da tradição bíblica, os Nefilim são descritos como gigantes, que eram os habitantes nativos de Canãa.
Por Shirley Massapust
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