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“Há uma Arte Negra e uma Arte Branca… uma ciência da Altura e uma ciência do Abismo, de Metraton e de Belial.”
Arthur Edward Waite, The Book of Cerimonial Magic
Prealusio, Um Breve Relato
Uma das primeiras Divindades Goéticas com a qual eu tive o prazer de trabalhar foi justamente Belial. De maneira um tanto incomum, não posso dizer que tenha seguido as orientações tradicionais da Goetia, não naquele momento.
Eu estava iniciando o estudo de uma fórmula mágicka atribuída ao oitavo grau de uma célebre ordem mágicka e estava profundamente imerso no estudo de símbolos antigos.
Naquela ocasião eu trabalhava com um sistema de simbolismo bastante heterodoxo, fruto de minhas pesquisas pessoais e dos resultados positivos que estava obtendo na exploração pantacular, também não posso ignorar o influxo positivo que recebia de determinadas organizações e de meus Irmãos em minhas operações práticas.
Formulei então um “desejo” e o transformei num pantáclo, onde procurei reunir os caracteres necessários para traduzi-lo na linguagem mais adequada para o sucesso do intento. Tal pantáclo foi consagrado com uma mistura caótica de técnicas que vinha estudando e praticando.
Inicialmente me senti um tanto decepcionado. Nos primeiros dias os resultados não apareceram.
Passadas algumas semanas resolvi consagrar o pantáclo novamente, desta vez utilizando somente a base daquela técnica que costuma ser atribuída ao oitavo grau da OTO e algo começou a acontecer.
Do fenômeno que se manifestou nos dias seguintes lembro-me com maior exatidão das visões de Belial, que me apareceu trajando longas vestes vermelhas adornadas com detalhes dourados. Lembro-me do frio cortante e intenso que surgia antes de sua aparição e das rajadas de vento a sibilarem na fumaça dos incensos.
Acredito que o “fenômeno” não seja necessariamente uma indicação de êxito numa operação, para ser sincero, atribuo significado somente ao resultado do intento, mas devo observar que alguma presença de fenômeno costuma indicar que algo aconteceu.
Após alguns dias senti que o pantáclo emanava energia própria, como se um vórtice tivesse sido ativado.
Em pouco tempo notei a presença dos primeiros resultados e que os mesmos ascendiam lentamente.
Ainda hoje o possuo e sou grato a Divindade que me emprestou sua capacidade de “alavancar”, pois no centro do pantáclo estavam sigilizados os sinais de evocação de Belial.
Belial
Belial era um conhecido espírito da escuridão e da descrença na mitologia Judaica da antiga Palestina, era também o nome do chefe dos maus espíritos em alguns contos apocalípticos do judaísmo antigo.
Seu nome aparece no Antigo Testamento aproximadamente 13 vezes, algumas como substantivo próprio indicando o Deus Belial, outras como adjetivo simples, sinônimo de vil, indigno, mal, blasfemo, impuro ou contrário às leis de Deus.
Na lenda da queda dos anjos costuma-se dizer que Belial foi um dos primeiros anjos que teria aderido à revolta de Lúcifer.
Na Magia Sagrada de Abramelin, Belial é um dos quatro Príncipes e Espíritos Superiores que devem ser conjurados no primeiro dia de operações.
Por volta de 1473 foi publicado o livro “Das Buch Belial”. A obra teve seu nome inscrito no Index Librorum Prohibitorum (Lista de Livros Proibidos da Igreja Católica) por volta de 1529. Seu conteúdo mais notório são as xilogravuras ilustrando os encontros de Belial com Salomão. Jacobus de Téramo (1349-1417), o autor do “Das Buch Belial”, foi bispo da Igreja Católica. Os personagens principais de sua obra são: Lúcifer, Belial, Jesus Cristo e Salomão. Apesar do caráter “cristão” da escritura, ao “demônio” é garantido o direito de “se apoderar dos corpos e das almas dos condenados até o dia do juízo final”.
O nome Belial é escrito em hebraico com as letras beth+lamed+yod+aleph+lamed e possui valor gemátrico igual a 73. No Sepher Sephiroth (de Aleister Crowley) seu nome é traduzido como Rei Demônio de Hod e Demônio da Noite do segundo decanato de Aquário.
Ele é o sexagésimo oitavo Espírito da Goécia, um poderoso Rei que pode aparecer na forma de um belo anjo numa carruagem de fogo, como um demônio de pequena estatura em trajes vermelhos e atraindo para si toda a luz num vácuo de escuridão, como uma imensa pomba de olhos de fogo ou como dois lindos anjos.
Segundo as edições mais conhecidas da Goetia, ele fala com voz agradável e declara que ocupava a mesma posição de Michael antes da queda dos anjos.
Ele dá excelentes espíritos familiares ao Magista, além de distribuir cargos elevados e causar o favor de amigos e inimigos.
Costuma exigir sacrifícios e obras de arte duradouras em sua honra.
Tradicionalmente Belial governa 50 legiões de espíritos, embora o livro Pseudomonarchia Daemonum de Weyer afirme que são 80 legiões.
Conforme a Goetia, esse é o selo que deveria ser utilizado na sua evocação:
Correspondências mais comuns:
Belial
- 2° decanato de Aquário (10°-20°)
- VI de Espadas
- 30 de janeiro – 8 de fevereiro
- Planeta: Sol
- Metal: Ouro
Bibliografia de referência:
- The Goetia The Lesser Key of Solomon the King, de Mathers / Aleister Crowley, Weiser Books;
- Aleister Crowley Illustred Goetia, de Lon Milo DuQuette e Christopher S. Hyatt, PhD, New Falcon;
- The Goetia – The Lesser Key of Solomon the King Luciferian Edition, Michael W. Ford;
- Nightside of Eden, Kenneth Grant, Scoob Books;
- Aleister Crowley and the Hidden God, Kenneth Grant, Scoob Books;
- Luciferian Hierarchy, Guido Wolther (sem informações editoriais);
- The Book of Sacred Magic of Abra-Melin the Mage, de Mathers, Aquarian Press Books;
- The Book of Cerimonial Magic, Arthur Edward Waite (sem informações editoriais).
Goetia Summa Belial, por Pharzhuph
Belial, um relato
II Samuel 16,7; Salmo 18-5; II Coríntios 6,15
Do Hebraico (?) – “O Profano, O Desprezível. Por ser dos mais vis, é um espírito que adotou formas insólitas e grotescas, mas sempre emblemas de voracidade, como uma nuvem de escorpiões alados, um charco de lama negra ao meu redor ou como o fogo escuro e fumacento de uma tocha sem luz. Ao que tudo indica, tem grande resistência em assumir a forma humana, possivelmente por orgulho e repugnância…
Sobre esse demônio tem-se estabelecido muito pouco, apesar de sua grande notoriedade. Sabe-se que foi um dos primeiros anjos a aderir à Rebelião de Lúcifer e que foi o que mais arrastou outros consigo, com seu proselitismo. Também está estabelecido que o único local onde lhe foi prestado culto abertamente foi em Sodoma, o que motivou a destruição da cidade. Podemos acrescentar o episódio em que o Rei Salomão o prendeu com suas legiões em uma garrafa que jogou um poço, onde ficou até que os babilônios a abrissem, e teremos esgotado o material “comprovado” sobre ele. Na verdade isso se deve ao fato de que Belial é um espírito de rebelião surda, cegamente embrutecido numa torpe obstinação para o Mal, pelo que sua função maior é a de intensificar os danos de seus cúmplices. No entanto, empenha-se nisso com terrível furor, o que faz com que não sejam nada desprezíveis os efeitos de seus ataques. Sob sua inspiração estão os crimes bárbaros e sem razão aparente, principalmente entre familiares e amigos. Também patrocina os “serial killers” e todos os tipos de loucura agressiva ou assassina, bem como tudo que for irracional, intenso e altamente destrutivo. Por ser demônio de nenhuma profundidade filosófica, careca de maior importância para registro, já que é incapaz de expressar-se por idéias articuladas, ou pelo menos o foi comigo. Talvez ele tenha pensado a mesma coisa de mim, sob o seu ponto de vista… Provavelmente por ser tão obtuso e tacanho, ocupa a função de “atender ao distinto público”, ou “OMBUDSMAN”, o que deve fazer o Inferno parecer ainda pior para os seus adeptos…
– O Livro dos Demônios – Antonio Augusto Fagundes Filho
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