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Vodu é uma religião caribenha misturada com religiões africanas tradicionais e santeria católica cristã. Originalmente associada a Haiti também é uma expressão espiritual forte na Jamaica e em São Domingos. Vodu é uma palavra nigeriana que significa divindade ou ainda espírito.
O vodu está dominado pela crença nos loas, também chamados de mysteres, espíritos da terra, do ar, do fogo, da água e dos ancestrais. Os seguidores do vodu acreditam que Deus, Le Gran Maitre, é elevado demais para se preocupar com questões mundanas como a vida na terra, e assim os loas agem como seus intermediários em questões humanas.
No vodu, o ser humano é tido como sendo composto de cinco partes:
- Corps cadavre
- N’âme,
- Z’etoile
- Gros bon ange e
- Ti bon ange
Corps Cadavre se refere à carne mortal, o coro humano. N’âme é a energia vital que permite o corpo funcionar durante a vida, sendo correlato ao chi oriental. Z’etoile refere-se a estrela do destino de determinado indivíduo, é aquele eu-amahã para onde diariamente todos caminhamos. Gros bom ange (literalmente “grande anjo bom”) e Ti bon ange (“pequeno anjo bom”) constituem, por assim dizer, a alma do indivíduo.
O Gros bon ange entra nos seres humanos durante a concepção. É uma porção da energia universal, a condição de consciência que todos os humanos têm. O ti bon ange, pelo contrário, é a alma ou essência do indivíduo que se constrói durante á vida, ou seja, sua personalidade. É esta “pequena alma” que viaja para fora do corpo durante os sonhos, assim como também quando o corpo está sendo possuído por um loa.
A possessão é parte importante e algo extremamente desejável no contexto vodu. Um provérbio haitinano diz: “cristãos vão a igreja para falar com Deus, nós vamos ao hounfort (templo vodu) para nos transformarmos nele.” Os loa se apossam de uma pessoa viva, ato conhecido como “montar o cavalo”. Quando isso acontece a pessoa perde a consciência e se torna completamente um instrumento de um loa. Os gestos e as expressões faciais transformam-se nos do seu espírito possuidor. Esta crença esta tão enraizada no povo haitiano que faz parte até de seu processo de independência. Durante a guerra contra a França, os bokor (feiticeiros vodu) realizavam rituais no qual os soldados eram possuídos pelos mais poderosos e guerreiros Loas. Quem lutou contra os franceses não foram humanos, dizem os haitianos, mas semi-deuses. Verdade ou não, dotados desta convicção os haitianos lutaram ao ponto de libertar o seu pais.
Quando a pessoa morre, de acordo com a crença vodu, a alma permanece perto do corpo por uma semana. Durante esse período de sete dias, o ti bom ange é vilnerável e pode ser capturado e transformado em “zumbi espiritual” por um feiticeiro. Para que isso não ocorra, um sacerdote arranca-a ritualmente doc corpo para que a alma possa morar em águas escuras por um ano e um dia. Nesse ponto, os parente elevam a alma ritualmente e colocam-na no govi, agora conhecido como esprit. Esses esprits são alimentados, vestidos e tratados como divindades. Mais tarde são libertados e vão morar nas rochas e nas árvores. Eventualmente esses espíritos passam a fazer parte do intercambio espiritual entre humanos e Loas até seu renascimento. Dezesseis incorporações mais tarde, os espíritos se fundem na energia cósmica novamente.
Mas, o que torna o vodu único entre as religiões caribenhas são as crenças vinculadas ao lado mais obscuro da natureza humana. Isso reflete-se nos “Petro Loa“, poderosos espíritos ameaçadores e vingativos portadores de doenças que só prestam ajuda mediante uma promessa de serviços e vingam-se violentamente se ela não é cumprida. Este é o chamado “trabalho da mão esquerda” praticado por seitas surgidas de diversas comunidades vodu. Essas seitas surgem sob o mais estrito segredo e são rejeitadas pelos praticantes da corrente principal do vodu.
Alguns desses Petro Loa são invocados via rituais para efetuarem perigosos serviços em troca de um sacrifício: normalmente um porco, um cabrito, um touro, ou as vezes um cadáver pego em um cemitério, quando não um verdadeiro sacrifício humano.
Em setembro de 1994 pouco antes dos Estados Unidos terem invadido o Haiti, supões-se que foi celebrada uma cerimônia vodu que durou três dias, no quartel militar da junta dominante, para evitar que os invasores continuassem seu avanço. Durante a cerimônia os Petro Loa ais violentos foram invocados e, relatos não confirmados dizem que foram recebidas pelo menos treze pessoas ao sacrifício. Talvez seja uma coincidência, mas em meados de outubro, três soldados suicidaram-se, entre eles Geraldo Luciano, que disparou contra sua própria cabeça enquanto jogava uma partida de cartas. Em um país onde freqüentemente os bokor fazem as leis serem cumpridas e onde as execuções são habituais, ninguém pode assegurar se ocorrem ou não sacrifícios humanos.
Dentre as seitas as mais terríveis são o Bizango e o Cochon Gris, que invocam os Petro Loa para prejudicar outras pessoas, praticam sacrifícios humanos (muitas vezes desculpas para assassinatos encomendados) e transformam pessoas em zumbis como castigo contra comportamentos sociais considerados incorretos ou que não condiga com os interesses dos bokor. Nas regiões mais remotas do Haiti, o vodu é muito poderoso, de modo a força estatal constituída ser praticamente irrelevante.
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