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Ganzflicker: trabalhando com alucinações artificiais

Leia em 5 minutos.

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Uma das primeiras perguntas que um iniciante em magia faz aos mais experientes é “Quando é que eu vou ver alguma coisa?“, querem enxergar os espíritos, ver demônios dentro dos triângulos e o futuro na bola de cristal. Tudo isso é possível, mas mas importante é o conceito de que a interação entre as experiências do universo subjetivo com as manifestações do universo objetivo é uma poderosa ferramenta mágica.  Não por acaso as principais escolas iniciáticas possuem exercícios de concentração e imaginação logo em seus primeiros graus.

Ganzflicker busca induzir “imagens de Ganzfeld“, com oscilações visuais que ajudam a mente a criar pseudo-alucinações visuais. Os princípios por trás das Maquinas de Alucinar foram simplificados e hoje temos um mínimo eficiente que pode dispensar os instrumentos anteriores e ser usado virtualmente em qualquer lugar por qualquer pessoa que tenha acesso online (ver final do artigo).

Enquanto Sigilos são uma forma prática e popular de se enviar  mensagens (Zos 🡲 Kia), seja para a mente subonsciente ou o universo dependendo do seu conjunto de crenças, o Ganzflicker, pode tornar-se uma promissora contraparte (Kia 🡲 Zos) de receber imagens e impressões mentais. Isso pode ser particularmente útil aos magistas menos puritanos nas operações de divinação, evocação e como uma ferramenta adicional de autoconhecimento para a iluminação. E o melhor, sem qualquer risco de causar dependência química. Não apenas isso mas encarada como um Portal que pode ser usado nos dois sentidos essa técnica pode também induzir transes e até como uma forma alternativa de se lançar sigilos.

Efeitos observados

Hoje sabemos que basta uma tremulação intensa e ininterrupta em dada frequência oscilando entre o vermelho e o preto para induzir  imaginação visual e a criação de pseudo-alucinações sem com isso causar nenhuma mudança permanente no cérebro. O uso de ruído-branco como o de uma tempestade pode ajudar, mas não é imprescindível. A técnica permite a projeção realista de imagens subjetivas e de natureza espontânea. Não é preciso muito esforço para ver nessa técnica aqui uma poderosa ferramenta de investigação oculta e uma opção mais prática do que o prescrutar os espelhos negros e incensórios do scrying tradicional.

A técnica foi recentemente abordada em um artigo de Dr Reshanne Reeder da Edge Hill University para a The Conversation, onde relata algumas das declarações de pessoas que usaram a técnica:

“Senti que poderia estender a mão pela tela para chegar a outro lugar.”

“Os lasers se tornaram ventiladores de luz que se espalha, e então parecia que a tela começou a se expandir.”

“Eu vi velhos edifícios de pedra … como um castelo … eu estava voando acima dele.”

O que interessou os pesquisadores do novo estudo, publicado na Cortex, foi a variedade de relatos e a razão do porque algumas pessoas veem castelos, rostos e cenas detalhadas enquanto outros enxergam apenas fractais durante o Ganzflicker. Para a maioria, apenas dez minutos bastam para criar estados alterados de consciência e alucinações sem efeitos duradouros para o cérebro, mas temos ainda uma minoria relata ainda que relata que simplesmente nada acontece.

Hipótese e explicações

A solução proposta é que como uma tela de computador, a parte do cérebro que processa as informações visuais (o córtex visual) tem uma taxa de atualização que o ajuda a amostrar o ambiente – como que tirando fotos do mundo em rápida sucessão. Em outras palavras, seu cérebro coleta informações sensoriais com uma certa frequência. Mesmo assim, você vê o mundo como contínuo e dinâmico, graças à sofisticada capacidade de seu cérebro de preencher estas lacunas.

Outro exemplo é que entre os seus olhos há um ponto cego fora do centro de visão, mas você não vê uma mancha escura o tempo todo. Seu córtex visual extrapola a partir da informação visual circundante, de modo que todo o seu campo de visão parece estar completo. Segundo essa teoria o que ocorre quando a informação sensorial que está sendo processada é Ganzflicker, o cérebro é obrigado a interagir com os próprios ritmos e preenche ou interpreta o que está vendo com o que estiver disponível.

O artigo esclarece que o cérebro é composto de muitas regiões diferentes interagindo entre si, incluindo regiões sensoriais de “nível baixo” e regiões que correspondem a processos cognitivos de “nível alto”. Discriminar se uma linha é vertical ou horizontal, por exemplo, é considerado um processo sensorial de baixo nível, enquanto determinar se um rosto é amigável ou hostil é um processo cognitivo de alto nível. Este último é mais aberto à interpretação.

Imagens visuais, sejam elas fornecidas pelos olhos, sonhadas ou ativamente imaginadas são todos exemplos de processos cognitivos de alto nível e que forçosamente precisam interagir com processos de baixo nível para moldar a interpretação do seu cérebro sobre o que você está vendo.

Esta capacidade de preencher o vazio sensorial varia de pessoa para pessoa. Algumas pessoas têm uma habilidade tão grande para isso que algumas de suas imagens mentais são tão vívidas quanto aquelas que vê em sua frente. A maioria das pessoas não chega a tanto, mas essa habilidade de criar imagens se manifesta mais fortemente durante os sonhos. Por fim existe ainda uma minúscula parcela da população de pessoas que são cegas a imaginação e não consegue nem visualizar o rosto de seus amigos ou familiares. Essa condição é chamada de afantasia, e começou a ser estudada apenas recentemente a partir de um estudo publicado pelo Professor Adam Zeman em 2015.

O estudo ainda revelou que essa capacidade de imaginação pode ser induzida na maioria dos indivíduos por uma experiência de apenas dez minutos com Ganzflicker.  Metade das pessoas que viram alguma coisa relataram principalmente padrões geométricos simples e cores ilusórias e a outra metade relatou ter visto imagens mais complexas e significativas como animais, rostos e ambientes inteiros, como uma praia tempestuosa ou um castelo medieval. Pessoas com afantasia não viram absolutamente nada.

Como Otimizar a Experiência Ganzflicker

  • Não clique nos links a seguir se você tiver epilepsia fotossensível
  • Visualisar o Ganzflicker por cerca de 10 minutos
  • Assistir em um quarto escuro, sem distrações em um desktop ou notebook no modo tela-cheia (F11)
  • Escutar Ruido-Branco (com fone de ouvido) durante a experiência pode auxiliar.
  • Adote uma postura confortável que permita você “esquecer do corpo” por um tempo. (sentado ao modo maçônico ou em posição de lótus por exemplo)
  • Você pode ajudar a pesquisa sobre o assunto respondendo este questionário com sua experiência

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