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“Praticar magia muitas vezes é frustrante, mas seu estudo é um prazer incansável!”
– Autor Desconhecido
Prefácio
Este material é o resultado dos meus estudos e práticas na Magia Enochiana. Parte deste conteúdo foi adquirido em estado alterado de consciência, enquanto outras foram criadas através de raciocínio lógico. Optei por suprimir esses detalhes para evitar influenciar o leitor com qualquer tipo de misticismo.
A proposta é que o leitor tire suas próprias conclusões, e opte por usar ou não o conteúdo apresentado em suas experiências, pois a final, cada um é dono de sua própria verdade.
Se este material em uma pequena forma lhe for útil, mesmo que seja para questionar se o que está escrito está certo ou errado, ele já cumpriu com sua função.
A leitura a seguir não deve ser usada como uma única fonte de referência e em hipótese alguma substitui o material do sistema original encontrado nos manuscritos de John Dee.
A quem se destina?
Este material é destinado aos estudantes e principalmente aos que colocam à prova as antigas tradições em busca da verdade.
Pré-requisitos
Possuir pelo menos conhecimentos intermediários de Cabala e Magia Enochiana.
Introdução
Quando comecei a estudar magia, um horizonte de informações se abriu diante de mim. Um mundo novo, repleto de novos caminhos. Tão complexo e ao mesmo tempo, tão intrigante.
São tantas informações que é difícil saber por onde começar. Mas as leituras aleatórias me levaram a criar meu próprio caminho. Meus dogmas fizeram-me tomar determinadas decisões, e essas decisões me levaram a Cabala.
A Cabala é um sistema fácil e coerente. Baseado em emanações e interligados por um conjunto de caminhos, apresenta ao estudante um método lógico de como nosso universo é criado e como os seres espirituais são organizados.
Quando estudamos Cabala por exemplo, vamos nos deparar com uma obra chamada Sepher Yetzirah, onde encontramos os 32 caminhos de sabedoria. A obra abrange os números de 1 à 10 e as 22 letras do alfabeto hebraico. As letras em particular, possuem três divisões, sendo:
– 3 Letras Mães, das quais todas as demais letras são derivadas;
– 7 Letras Duplas; e
– 12 Letras Simples.
Saindo da Cabala, e analisando a astrologia de Ptolomeu, temos:
– 3 Temperamentos que regem sobre os signos, sendo eles Cardinal, Fixo e Mutável;
– 7 Planetas; e
– 12 Signos Zodiacais.
Avançando no tempo nos depararemos com a Alquimia. Ela é formada pelos:
– 3 Princípios de Paracelso. Sendo o Enxofre, Sal e Mercúrio;
– 7 Metais; e
– 12 chaves ou 12 processos alquímicos, assim como descritos por Basílio Valentin, Jorge Ripley, entre outros.
Temos também, os Arcanos Maiores do Tarot, composto por 22 cartas, que nada mais é do que a soma de 3 + 7 + 12.
Todo estudante de Cabala, quando inicia a exploração de um novo sistema místico, é natural procurar compreender o novo sistema, fazendo associações com aquilo que já conhece.
Na maioria dos sistemas herméticos, essa associação é feita de forma direta, devida a semelhança entre as determinadas disciplinas.
Já na magia enochiana, esta relação não é tão clara. Há mais de cem anos ocultistas tentam apresentar a correspondência da Magia Enochiana com a Cabala. Manuscritos antigos, materiais publicados nas ordens mágicas, posts em blogs especializados na internet, livros na Amazon, etc. A única conclusão que podemos chegar é que o assunto divide opiniões.
O que temos de fato é que pouquíssimas pessoas realmente se aventuraram a estudar e praticar o sistema. E a maior parte deste pequeno grupo foram influenciados pela a Golden Dawn. A questão é que a Golden Dawn adaptou parte do sistema as suas tradições, deixando de lado chaves importantes para a compreensão do sistema.
Sem querer tirar o brilhantismo do trabalho da Golden Dawn, que por sinal, se não fosse ela este assunto estaria engavetado na biblioteca museu britânico, o fato é que a ela ao atribuir o sistema as suas tradições, acabou escondendo ainda mais a relação do sistema com a Cabala.
Recentemente, um ocultista chamado Benjamin Rowe, falecido na década passada, foi até agora, o que obteve maior sucesso neste assunto. Rowe deixou um acervo respeitável de documentos baseados na sua experiência com o sistema de magia enochiana. Apesar de seu material ser de extrema qualidade, e obrigatório a qualquer um que deseja conhecer o que é magia enochiana, podemos observar que existem inconsistência em pontos específicos.
Esta obra explora esses pontos e procura apresentar uma nova abordagem da Magia Enochiana, permitindo aos leitores que possuem conhecimentos de cabala, entender com mais facilidade o sistema enochiano.
Caso o leitor sinta-se conformável com o conteúdo apresentado, ele terá a sua disposição um conjunto de informações sobre a natureza de cada anjo e suas funções, compreenderá as regiões da Grande Tabela e dos éteres, bem como conhecer melhor personalidade e temperamentos de cada uma dessas entidades.
Desejo a você um bom proveito e boa leitura.
Parte 1 – Entendendo a Cabala no Sistema Enochiano
A Grande Tabela
Ao longo deste material, desenvolverei uma série de reflexões, a ponto de tentar provar a relação da Magia Enochiana, criada por John Dee e Eduard Kelley no século XVI, com a Cabala Hermética.
Tomaremos com ponto de partida, o documento denominado Enochian Temples Chapbook. Nele, Rowe apresenta a correspondência dos quatros mundos com a hierarquia angélica Enochiana.
Minha primeira intuição foi de mudar essa associação para as quatro torres de vigia, transmitidas pelo anjo Ave em 25 de junho 1584. Sendo assim, os quatro mundos da Cabala seriam vistos da seguinte forma no Enochiano:
Então cada torre seria distribuída na árvore da vida de acordo com o mundo, assim a cabala passaria a ser vista da seguinte forma:
Se que cada mundo também é representado por uma nova Cabala, então podemos dizer que uma torre corresponde a uma árvore da vida, logo teríamos a seguinte visão:
Se as torres de vigias determinam os quadrantes da Grande Tabela no Enochiano, e na Cabala cada mundo pode ser representado por uma árvore da vida independente, chegamos a seguinte conclusão:
A Torre de Vigia e a Árvore da vida são a mesma coisa.
Parte 2 – Encontrando o Mundo Atziluth na Magia Enochiana
A segunda tabela que encontramos no material do Benjamin Rowe, mostra a relação da hierarquia angélica Enochiana distribuída nas Sephiroth:
Particularmente acredito que ele deve ter seguido a Ordem de Anjos da Cabala. Caso seja verdade, então a visão do Rowe foi a seguinte:
Relação entre as hierarquias angélicas Enochiana e na Cabala
Qtde | Ordem dos Anjos Enochiano | Ordem de Anjos da Cabala |
4 | O Sagrado Nome de 12 Letras | Serafins |
4 | Rei elemental de 8 Letras | Querubins |
24 | Anciões de 7 Letras | Tronos |
24 | Nomes Sagrados de 6 Letras | Dominações |
24 | Nomes Sagrados de 5 Letras | Potências |
24 | Arcanjos Querúbicos 4 Letras | Virtudes |
24 | Anjos Querúbicos 4 Letras | Principados |
64 | Arcanjos Serventes 4 Letras | Arcanjos |
64 | Anjos Serventes 4 Letras | Anjos |
64 | Cacodemos 3 Letras | Almas |
Em um primeiro momento, a relação acima parece aceitável. Entretanto, a ligação entre os Cacodemos e as Almas, não corresponde a natureza desses seres.
Em Godzilla Meets E.T., ele nos apresenta a relação dos 7 planetas ao Rei e aos Anciões da magia Enochiana. Neste artigo o Rei é representado pelo Sol, enquanto os 6 senhores representam os demais planetas. Abaixo veremos a explicação sobre o Rei Elemental:
O próximo na sequência é o Elemental Rei do Tabela (Nota: No texto completo, Rowe explicava anteriormente o Sagrado Nome de 12 Letras), formado por uma espiral em torno do centro da Cruz. A função do Rei é concentrar a força chamada pelos Sagrado Nome de 12 Letras, e para transferir essa força para baixo através de todos os planos representados pelas tabelas. Nos manuscritos de Dee mostra dois nomes de reis, cada um usando apenas uma das duas letras centrais da cruz. Para a Tabela da Terra, estes seriam ICZHIHA e ICZHIHL. Os anjos indicaram que o primeiro desses nomes era para ser usado para invocar forças utilizadas para fins amigáveis, e a segunda para obras de raiva, vingança ou punição. O uso moderno (Golden Dawn) faz a inclusão destas duas letras em um nome só, por exemplo, ICZHIHAL.
No mesmo texto, um pouco abaixo, encontramos o seguinte comentário:
Os reis e os seis Anciões acreditam-se corresponder ao Sol e os planetas. No entanto, suas energias e atividades não refletem com precisão a natureza dos planetas na astrologia ou cabala. O Sol é o símbolo da centralidade e de si mesmo, reunindo as funções de todos os níveis do ser, coordenando-os de tal forma a criar um sistema altamente interconectado e homeostático. A interação intensa produz uma radiação secundária que por sua vez se espalha por todo o sistema e para além dele, numa “aura” em torno do todo. O Rei Elemental também tem a função de concentração, mas apenas para o poder dos Nomes de Deus. Ele nem coordena nem unifica as outras potências dentro das Tabelas. Neste caso, ele tem mais em comum com a natureza de Kether, o Primum Móvel, do que com a concepção cabalística de Sol ou Tiphereth.
Podemos perceber que Rowe coloca em dúvida a relação do Rei com o Sol. E neste ponto ele está certo!
Sabemos que o Sol, está em Tiphereth, e se recordarmos a relação das Sephiroth, vamos ver que ele atribui o Rei a Chockmah. A chave para o problema, está no próprio artigo do Rowe, ou nos manuscritos de Dee. Neles, vamos encontrar que o Rei elemental possui 2 nomes de 7 letras, o qual a Golden Dawn concentrou em apenas um nome de 8 letras. De acordo com Dee, os 2 nomes representam energias opostas, que se equilibram uma com a outra. Se são energias opostas, podemos então separa-las em 2 energias, e se observarmos também que o segundo nome do Rei, possui mais características de Binah(Saturno) do que Chockmah(Zodíaco). Então podemos utilizar os nomes do Rei para associá-los as duas Sephiroth distintas. Sendo assim, teríamos o mundo Atiziluth ou a trindade superior definida pelo Sagrado Nome de 12 Letras, o Nome do Rei Elemental da Misericórdia de 7 Letras e o Nome do Rei Elemental da Severidade de 7 Letras.
Com esta definição, podemos observar que a correspondência correta, está na associação dos nomes dos Anjos e não da hierarquia. Abaixo veremos o mundo Atiziluth por essa perspectiva:
Nº | Cabala | Enochiano |
1 | Kether | Associado a Sagrado Nome de 12 Letras; |
2 | Chockmah | Associado ao Nome do Rei da Misericórdia de 7 Letras ; |
3 | Binah | Associado ao Nome do Rei da Severidade de 7 Letras; |
Parte 3 – Encontrando os Mundos Briah e Yetzirah na magia Enochiana
O próximo passo vamos compreender as energias que emanam de Briah e Yetzirah.
Rowe definiu esses mundos da seguinte forma:
Relação entre as hierarquias angélicas Enochiana e os mundos Briah e Yetzirah na Cabala
Nº | Qtde. | Nome Enochiano | Nome Cabala |
4 | 4 | Nomes Sagrados de 6 Letras | Chesed |
5 | 4 | Nomes Sagrados de 5 Letras | Geburah |
6 | 4 | Arcanjos Querúbicos | Típhereth |
7 | 4 | Anjos Querúbicos | Netzach |
8 | 4 | Arcanjos Serventes | Hod |
9 | 16 | Anjos Serventes | Yesod |
A proposta para a compreensão segue a mesma linha do mundo anterior (Atiziluth), ou seja, relacionar o próximo nível da hierarquia dos anjos Enochianos aos regentes das Sephiroth, que no caso, seriam os 6 Anciões. De acordo com Rowe, os Anciãos estão em Binah, mas tanto ele quanto a Golden Dawn, fazem associações dos Anciãos com os planetas. Apresentamos abaixo a relação feita pelo Rowe e pela Golden Dawn:
A letra “A” corresponde a visão da Golden Dawn e a letra “B” do Benjamin Rowe. Observe que o Rowe procurou equilibrar o fluxo das energias, mas mesmo assim temos inconsistências, já que somente Saturno está associado a Binah. Na proposta que apresentamos, Saturno foi relacionado ao Rei da Severidade, enquanto o Rei da misericórdia está associado a Chockmah. Se utilizássemos a proposta do Rowe, e substituíssemos Saturno pelo Sol, poderia satisfazer o modelo, mas esse não é o entendimento, pois acredito que a forma que foi construída a Grande Tabela, não se encaixa no fluxo acima. Para isso, precisamos entender o que representa a cruz onde estão os Anciãos.
Observe que os sub-elementos que estão em contato com a Linea Patris são do ponto de vista da alquimia, quentes e leves, enquanto os sub-elementos que estão em contato com a Linea Filis são frios e densos. a Linea Spiritum Sancti, tem o propósito de equilíbrio estando em contato com todas as energias. Sendo assim, podemos associar a Linea Patris a atributos masculinos, enquanto na Linea Filis a atributos femininos. Se pensarmos nas correspondências com a Cabala, vamos concluir que a Linea Patris é a representação do Pilar Masculino ou da Misericórdia, enquanto a Linea Filis é o Pilar Feminino ou da Severidade, e portanto, a Linea Spiritum Sancti é o Pilar do Equilíbrio.
Seguindo o raciocínio, podemos então fazer a distribuição dos 6 Anciões de acordo com sua nova correspondência.
Note que a agora Linea Patris representa Júpiter e Vênus, a Linea Filis Marte e Mercúrio e a Linea Spiritum Sancti o Sol e a Lua. Então as Sephiroth passaram a ter as seguintes correspondências:
Relação entre as hierarquias angélicas Enochiana e os mundos Briah e Yetzirah na Cabala retificada
1. Kether associado a Sagrado Nome de 12 Letras;
2. Chockmah associado ao Nome do Rei da Misericórdia de 7 Letras ;
3. Binah associado ao Nome do Rei da Severidade de 7 Letras;
4. Chesed associado ao 1º Ancião da Linea Patris;
5. Geburah associado ao 2º Ancião da Linea Filis;
6. Tiphereth associado ao 1º Ancião da Linea Spiritum Sancti;
7. Netzach associado ao 2º Ancião da Linea Patris;
8. Hod associado ao 1º Ancião da Linea Filis;
9. Yesod associado ao 2º Ancião da Linea Spiritum Sancti;
O modelo apresentado elimina a dúvida de séculos com relação a posição dos sub-elementos, feita pelo Anjo Rafael. Se trocarmos a posição do sub-elemento fogo pela terra, a Linea Patris perderia a essência de elementos masculinos, assim como a Linea Filis de elementos femininos.
Parte 4 – Encontrando o Mundo Assiah na magia Enochiana
O mundo Assiah, representado por Malkut ou o Reino, recebe a concentração ou a união das forças superiores, divididas nos quatros Elementos. Rowe atribui os Cacodemos a este mundo, mas eles parecem conter energias inferiores as almas. Nos diálogos de Dee e Kelley com o Anjo Ave, ele não demostrou interesse em explicar os detalhes de como seria a convocação desses seres. A única informação que temos, são os seus nomes e que para evoca-los, os Nomes Sagrados de 6 e 5 Letras deveriam ser pronunciados de forma invertida. Essas criaturas estariam talvez mais próximas das energias Qliphóticas do que Sephiróticas. Ave inclusive proíbe terminantemente a convocação dessas entidades. Sendo assim, o mundo material, deveria ser entendido como o aspecto central das Torres de Vigias, e isso na magia Enochiana corresponde a Tabela da União. E neste caso, os regentes deste mundo seriam os espíritos dos elementos. A visão de Kelley da Cidade Santa, consta que ele viu o Rei sendo seguido por 5 Príncipes. Podemos supor que os príncipes sejam os espíritos Elementais. O planeta Terra (Malkut) é chamado também de Princesa pelos Cabalistas Herméticos, o que já poderia ser uma alusão a visão de Kelley. É interessante observar que o nome do Rei da Severidade como regente de Binah, também temos um aspecto masculino na sephirah associada a Rainha.
Então, a Cabala passa a ser vista da seguinte forma:
Relação entre as hierarquias angélicas Enochiana na Cabala retificada
1. Kether associado a Sagrado Nome de 12 Letras;
2. Chockmah associado ao Nome do Rei da Misericórdia de 7 Letras ;
3. Binah associado ao Nome do Rei da Severidade de 7 Letras;
4. Chesed associado ao 1º Ancião da Linea Patris;
5. Geburah associado ao 2º Ancião da Linea Filis;
6. Tiphereth associado ao 1º Ancião da Linea Spiritum Sancti;
7. Netzach associado ao 2º Ancião da Linea Patris;
8. Hod associado ao 1º Ancião da Linea Filis;
9. Yesod associado ao 2º Ancião da Linea Spiritum Sancti;
10 Malkut associados aos espíritos da Tabela da União
Graficamente, a Cabala seria representada assim:
obs: Ainda teríamos em Malkut o quinto elemento regido pelo Espirito do Espírito.
Parte 5 – Encontrando os Sagrados Nomes de 6 e 5 Letras na Cabala
Agora que identificamos os regentes de cada Sephirah, vamos fazer a distribuição dos demais anjos, e acredito que a chave para isso, seja a Linea Spiritum Sancti. De acordo com o raciocínio que estamos desenvolvendo, a Linea Spiritum Sancti é responsável por controlar e equilibrar as energias das outras duas colunas, da mesma forma que os Nomes Sagrados de 6 e 5 Letras fazem com os anjos de cada quadrante. Então concluímos que estes anjos sejam distribuídos de acordo com seus elementos pela coluna do Equilíbrio ou central da Cabala.
Parte 6 – Encontrando os Anjos Serventes na Cabala
Se os Sagrados Nomes de 6 e 5 Letras regem a coluna que equilibra e controla as demais forças, é natural que os Arcanjos e os Anjos Servidores sejam distribuídos pelas colunas laterais. O primeiro desafio é entender como faremos essa distribuição. A proposta para este caso, é manter cada quadrante relacionado com mundo da Cabala, e dentro do mundo fazer a distribuição dos anjos de acordo com suas características. Anjos dos elementos Ar e Fogo, na coluna da Misericórdia, e Anjos da Água e da Terra, Coluna da Severidade. A sequência que acreditamos ser a mais adequada, é seguir a ordem da revelação dos Selos dos elementos passada pelo anjo Ave à Kelley em 25 de Junho de 1584. Mostraremos ela a seguir:
Sendo assim, teríamos a seguinte distribuição:
Números das Sephiroth
Como Malkut concentra as emanações de ambas as colunas, o quadrante da Terra recebe todos os anjos. Então teremos a distribuição dos anjos da seguinte forma:
Parte 7 – Encontrando os Anjos Querúbicos na Cabala
Os Arcanjos e Anjos Querúbicos não parecem obedecer aos Nomes Sagrados de 6 e 5 Letras, então a melhor forma de representa-los, seria vinculando eles somente aos elementos.
Parte 8 – Criando a Correspondência entre os alfabetos Hebraico e Enochiano
Vamos agora fazer as correspondências dos caminhos. Na teoria, esta seria a parte mais fácil de entender, já que cada um dos sistemas possui um alfabeto ligado a ele. O problema esbarra em outro ponto. Primeiro é que o alfabeto hebraico possui 22 letras, enquanto alfabeto enochiano possui somente 21. Mas o problema não fica somente em uma única letra. Algumas letras do alfabeto Hebraico é completamente diferente do Alfabeto Enochiano. Vamos em um primeiro momento, separar aquilo que corresponde diretamente, ou pelo menos “parece“ que corresponde diretamente. O que corre a nosso favor, é que os anjos passaram seus ensinamentos em no alfabeto conhecido, e sendo assim, parte da correspondência, podemos deixar por conta dos anjos.
Correspondência Direta
Lógica Utilizada
- As letras Chet e Teth estão em uma sequência, assim como as E e F em Enochiano;
- A Letra Shin é a penúltima Letra do alfabeto hebraico, assim como a letra X é do alfabeto A letra Shin e a letra X tem sonoridade iguais;
- A Letra Ayin e a letra O tem sonoridade parecida;
- Tzaddi, não possui correspondência.
Com base nas Tabelas 7 e 8, a Cabala Enochiana poderia ser expressada da seguinte forma
Tzaddi é um dos caminhos mais controversos da Cabala. Crowley entende que as posições de Tzaddi e He devem ser trocadas. Eu prefiro entender que Tzaddi seja um caminho emblemático, o qual não possui letra. Tzaddi seria então o caminho silencioso, como viajar sem nada nas mãos. Uma realização íntima de comunhão.
Parte 9 – A Heptarchia Mística
No caso do primeiro sistema de Dee, não temos dificuldades em fazer a correspondência. A Heptarquia é um sistema planetário, onde podemos fazer diretamente a relação dos planetas. Como temos um oitavo Rei, capaz de interagir com todos os demais, vejo que ele poderia ser a representação do zodíaco. Sendo assim, sua associação estaria em Chockmah.
Parte 10 – Entendendo os Éteres
Neste momento já temos nossa cabala montada e os anjos distribuídos ao longo das Sephiroth. O próximo passo é analisarmos os 30 éteres, e ver como eles se encaixam na cabala. Em um primeiro momento, parece uma tarefa complexa e quase impossível de perceber. Os anjos vincularam os éteres com partes do planeta terra e com as doze tribos de Israel, o que levou muitos magistas a fazerem correspondências zodiacais. As correspondências existem, mas a forma como conhecemos estão incorretas. Para entendermos como encaixar os éteres dentro de sistema cabalístico, vamos deixa-los de lado por enquanto e analisar os 91 anjos que os governam. Se olharmos a Grande Tabela com os 91 sigilos, vamos ter uma enorme surpresa, pois 3 sigilos estarão sob as letras da cruz negra, e os outros 88 espalhados pelas 4 tabelas elementares, com exatamente 22 anjos por tabela, ou seja, exatamente o mesmo número de caminhos que temos na Cabala. Desta forma, podemos dizer que cada anjo governa um caminho em um dos 4 mundos.
Vamos então ver como ficam as correspondências:
Observações
Observe que nenhuma árvore possui o Éter 10 ZAX. ZAX é formado a partir dos nomes que estão na Cruz Negra. Como ela separa os quatro mundos, podemos entender que ela representa o abismo, encaixando perfeitamente no modelo.
Para finalizar, segue a ilustração completa com os três sistemas de John Dee na Cabala:
Parte 11 – Conclusão
Percebemos que a teoria apresentada é bastante consistente. A partir dela é possível criar uma nova abordagem para a magia Enochiana. Nesta visão é possível usar o Liber 777 para traçar correspondências entre os anjos, fazer associações com cartas do Tarot, confeccionar círculos mágicos, bastões, Cálices entre outras armas mágicas, usando os nomes em Enochiano. Essas associações podem nos fornecer mais informações sobre a natureza, comportamento, habilidades e conhecimento dos anjos Enochianos nos três sistemas. Por exemplo, sabemos agora que os governadores de ZID correspondem a Zain, Chet e Teth, do mundo de Briah na Cabala. As três letras correspondem aos aspectos emocionais dos signos de Gêmeos, Câncer e Leão na astrologia ou aos mesmos aspectos dos Arcanos Enamorados, Carro e da Força do Tarot. Se naquela época, a Golden Dawn tivesse este entendimento, seu modelo de Magia Enochiana poderia ser bastante diferente de como vemos hoje. É importante salientar que o que foi apresentado, não invalida modelos anteriores. Todos os modelos são resultados do trabalho e investigação de pessoas que dedicaram um tempo de suas vidas em estudar e explorar o sistema. O objetivo aqui é propor uma evolução no entendimento do sistema, e quem sabe, popularizar a Magia Enochiana para mais ocultistas.
Observação Final: O nome ARPHE, escolhido para este texto, é o nome que encontrei mais próximo do significado de Cabala. Cabala significa receber uma tradição, e Arphe em Enochiano significa Herança.
Parte 12 – Créditos
Texto e Estudo: Ulisses Pereira da Silva
Ilustração da Árvore da Vida – Rodrigo Amorim Grola
Grande Tabela (Letras)– Manuscritos Originais de John Dee
Grande Tabela (Sigilos) – Manuscritos Originais de John Dee
Parte 13- Referências
Enochian Temples Chapbook – Benjamin Rowe Godzilla Meets E.T. Chapter 2, part 2 – Benjamin Rowe
Magia Enochiana para Iniciantes – Donald Tyson – Editora Madras.
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Alimente sua alma com mais:
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