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Cabala Sagrado Feminino

Ela me disse num sonho: “Meu nome se pronuncia Yeah!”

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Shirlei Massapust

Num belo dia recebi um e-mail do professor de hebraico bíblico Paulo de Magalhães, ensinando que YHWH é obviamente um nome de mulher, assim como Hayah, Havah e Yhieh, porque o último H (ה) é um sufixo adicionado para formar o feminino singular.[1]. O teólogo Francolino J. Golçalvez, da École Biblique et Archéologique Française, em Jerusalém, foi mais contundente ao propor uma hipótese onde a palavra méʿèyka, em Isaías 63:15, definiria o sexo biológico de um deus possuidor de útero, embora seja normalmente referido por pronomes de tratamento de gênero masculino:

O AT menciona a maioria das partes do corpo de YHWH: Face, olhos, ouvidos, narinas, boca, lábios, língua (Is 30,27), dentes (Job 16,9), costas (Ex 33,23), braços, mãos, dedos, coração, rins, entranhas (Is 63,15) e pés (34)… Talvez seja ainda mais curioso o fato de que Isaías 63:15, o único texto que parece atribuir órgãos sexuais a YHWH se refere a um órgão genital feminino… Em paralelismo com mé‘èyka (as tuas entranhas), rahamèyka deve ter o sentido próprio de “o teu útero”.[2]

Supomos que YHWH não teria a obrigação moral ou cívica de ser uma celibatária virgem igual a Santa Joana D’Arc, que passou a usar armadura masculina quando virou chefe militar do exército francês. Porém o costume de travestir a rara figura da mulher governante era atestado pelo histórico reinado da egípcia Hatshepsut, que equipava até barba falsa ao se vestir de Faraó. O acervo do Museu Ashmolean, em Oxford, contém uma estátua votiva do período dinástico primitivo, proveniente do “Depósito Principal” do templo de Kom el-Ahmar, que representa uma figura humana usando cinto com penduricalho de pênis falso.[3] Supõe-se que em tempos idos existia, no Egito, um cinto fálico relacionado ao culto de Osíris, usado por mulheres heterossexuais quando atuavam no papel de deidade masculina celebrando um rito semelhante ao atual festival do deus falo Kanamara Matsuri, realizado anualmente em Kawasaki, no Japão.

Isto talvez explique por que o espírito (pássaro) de YHWH utiliza uma serpente como cinto ou tem pernas serpentiformes nos diversos amuletos do séc. II a.C. observados pelo jornalista Patrick Tierney.[4] W. R. Cooper viu igualmente fontes gnósticas do século II d.C. onde uma áspide aparece acompanhada da legenda IAH SABAOTH (IAΩ ΣABAΩ), remetendo-nos ao adjetivo hebraico tsebaoth , no sentido de “Senhor dos Exércitos”.[5]

 

 Amuletos datados de II a.C. a II d.C.

Gente, esses amuletinhos são feios de danar! Não é a toa que YHWH não gostava de quimeras não autorizadas. Muita gente interpreta todas essas excentricidades como metáforas ou analogias poéticas porque pensam em deus como um ente imaterial, assexuado, insípido, inodoro e insosso, blábláblá, feito de vento ou cheio de nada. Haveremos de discordar posto que saci não existe, mas tem uma perna só e é filho jesuíta do bárbaro grego sciapodo. A deusa YHWH poderia perfeitamente ser uma figura antropomorfa bissexuada com coração, boca, língua, bunda e útero ao mesmo tempo pois ela aparece perante os humanos como uma pareidolia crepitando sobre uma árvore incendiada ou bruxuleando furiosamente sobre a chama do altar de sacrifícios (onde se fazia o melhor churrasco das festividades religiosas da antiga Israel).

Referências:

[1] Magalhães, Paulo de. “Ayn Suf 3”. E-mail para Ormenorah, grupo de estudos de cultura judaica no Yahoo! Gupos Brasil, enviado em 03/12/2014 às 10:23.

[2] GONÇALVES, Francolino J. O Antigo Testamento e a Sexualidade. Lisboa, Instituto São Tomás de Aquino (ISTA), 2003. Acessado em 05/04/2009 às 19:28. URL: http://www.triplov.com/ista/fatima_2003/francolino/francol_02.html

[3] O MUNDO EGÍPCIO: Volume I. Trd. Maria Emília Vidigal. Madrid, Edições Del Prado, 1996, p 78.

[4] TIERNEY, Patrick. O Altar Supremo: Uma história de sacrifício humano. Trd. Dílson Bento de Faria Lima. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1993, p 429.

[5] COOPER, W. R. The Serpent Myths of Ancient Egypt. London, Robert Hardwicke, 1873, p 14.


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