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Título: Geburah, Força, Severidade. (Em hebraico: Gimel, Beth, Vau, Resh, Hé.)
Imagem: Um poderoso guerreiro em seu carro. Localização na Árvore: No centro do flar da Severidade. Texto Yetzirático: 0 Quinto Caminho chama-se Inteligencia Radical, porque se assemelha à Unidade, unindo-se a Binah. Enteildimento, que emana das profundidades primordiais de Chokmah, Sabedoria. Títulos Conferidos a Geburah: Din (justiça); Pachad (medo).
Nome Divino: Elohim Gebor. Arcanjo: Khamael. Coro Angélico: Seraphim, Serpentes de Fogo. Chakra Cósmico: Madim, Marte. Experiência Espiritual: Visão do poder.
Virtude: Energia, coragem.
Vício: Crueldade, destruição.
Correspondência no Microcosmo: braço direito.
Simbolos: pentágono. A Rosa de Tudor de Cinco Pétalas. A espada. A lança. 0 açoite. A corrente. Cartas do Tarô: Os quatro cincos: Cinco de Paus: luta; Cinco de Copas: perda no prazer; C1nco de Espadas:derrota; Cinco de Ouros: conflito terrestre. Cor em Atziluth : Laranja. Cor em Briah: Vermelho-escarlate. Cor em Yetzirah:Escarlate-brilhante. Cor em Assiah : Vermelho, salpicado de negro.
1. Um dos aspectos menos compreendidos da filosofia cristã é o problema do mal; a um dos assuntos menos abordados na ética cristã é o problema da força, ou severidade, em oposição à misericórdia e à doçura. Conseqüentemente, Geburah, a Quinta Sephirah, cujos títulos adicionais são Din (lustiça) a Pachad (Medo), é a Sephirah menos compreendida de todas as Esferas, sendo, portanto, uma das mais importantes. Se a doutrina cabalística não afirmasse explicitamente que todas as Dez Sephiroth são sagradas, muitos estariam inclinados a considerar Geburah como o aspecto maléfico da Árvore da Vida. E, de fato, o planeta Marte, cuja Esfera é o chakra cósmico de Geburah, é chamado na Astrologia de maléfico.
2. Contudo, aqueles que foram instruídos além da rude ilusão de uma filosofia enganosa, sabem que Geburah de maneira alguma é o Inimigo ou Adversário descrito nas Escrituras, mas sim o rei em seu carro que marcha para a guerra, cujo poderoso braço direito protege o seu povo com a espada da legalidade a assegura que a justiça será feita. Chesed, o rei sentado em seu trono, o pai de seu povo em tempos de paz, pode conquistar nosso amor; mas é Geburah, o rei em seu carro a caminho da guerra, que merece nosso respeito. Jamais se fez suficiente justiça ao papel exercido pelo sentimento de respeito na emoção do amor. Temos uma espécie de amor pela pessoa que pode nos inspirar o temor de Deus, apresentando-se a ocasião, que é de uma qualidade muito diferente; ele é muito mais estável a permanente e, curiosamente, muito mais satisfatório emocionalmente do que o amor no qual não existe nenhum quê de temor. É Geburah que fornece o elemento de temor, de medo do Senhor, que é o início da Sabedoria, a de um respeito saudável geral que nos ajuda a enfrentar o Caminho difícil a estreito a evoca a nossa melhor natureza, porque sabemos que nossos pecados serão postos à luz.
3. Esse é um fato ao qual a ética cristã, tal como é popularmente compreendida, não dá bastante importância; e, como o tom geral da sociedade cristã se inclina contra a Quinta Sephirah sagrada, será necessário considerar em detalhes o lugar que essa esfera ocupa na Árvore e o papel que exerce tanto na vida espiritual como na social, pois ela é malcompreendida, e essa ausência de compreensão do fator Geburah é a causa de muitas de nossas dificuldades na vida moderna.
4. Geburah ocupa a posição central do Pilar da Severidade; representa, por conseguinte, o aspecto catabólico ou destrutivo da força. 0 catabo-
lismo, convém recordar, é aquele aspecto do metabolismo, ou do processo vital, que se relaciona com a liberação da força na atividade. Já se disse que o Bem é o que é construtivo a edificador, e o Mal é o que é destrutivo a demolidor. Podemos ver quão falsa é essa filosofia se tentamos classificar, de acordo com esse princípio, um câncer a um desinfetante. No ensinamento mais profundo a mais filosófico dos Mistérios, reconhecemos que o Bem e o Mal não são coisas em si, mas estados. 0 Mal é simplesmente uma força que não está sem lugar; se deslocada no tempo, fora de sua época, está tâo longe de sua meta que se toma inútil. Deslocada no espaço, se se manifesta no lugar errado, como, por exemplo, uma brasa no tapete da lareira ou a água do banheiro no forro da sala de estar. Se deslocada, quanto às proporçôes, um excesso de amor, por exemplo, nos toma tolos a sentimentais; já uma falta de amor nos toma cruéis a destrutivos. É em tais coisas que reside o Mal, não num demônio pessoal que age como um adversário.
S. Geburah, o Destruidor, o Senhor do Medo a da Severidade, é, portanto, tão necessário ao equiliõrio da Árvore como Chesed, o Senhor do Amor, a Netzach, a Senhora da Beleza. Geburah é o Cirurgião Celestial; é o cavaleiro de armadura brilhante, o matador de dragôes; belo como um noivo, em sua força, para a donzela ansiosa, embora, sem dúvida, o dragão preferisse um pouco mais de amor.
6. As iniciaçôes dos maléficos, Saturno, Marte e a enganosa Yesod lunar, sáo tão necessárias à evolução a ao desenvolvimento equilibrado da alma como o são os Mistérios da Crucificação atribuídos a Tiphareth. É o ponto de vista unilateral do Cristianismo que causa sua debilidade, sendo ele responsável por tudo que é patológico a malsáo tanto em nossas vidas privadas como em nossa vida social. Mas não devemos esquecer igualmente que o Cristiamsmo chegou como um remédio para o mundo pagão que estava moribundo por causa de suas próprias toxinas. Temos necessidade daquilo que o Cristianismo tem para dar; mas também, infelizmente, temos de ter em conta o que lhe falta. Consideremos, agora, a influência adstritiva a corretiva de Geburah.
7. A energia dinâmica é tão necessária ao bem-estar da sociedade quanto a doçura, a caridade e a paciência. Não devemos esquecer que a dieta eliminatória que restaura a saúde, na doença, produz a doença na saúde. Jamais deveríamos exaltar as qualidades que são necessárias para compensar um excesso de força como fins em si a como meios de salvação. Caridade em excesso é obra de um louco; paciência em excesso é o sinete de um covarde. Necessitamos de um equilíbrio justo a sábio, que contribui para a felicidade, a saúdé e a franca compreensão de que sacrifícios são necessários pa-
ra obtê-las. Não podemos comer o bolo a conservá-lo, seja na esfera espiritual ou em qualquer outra.
8. Geburah é o sacerdote sacrificial dos Mistérios. 0 sacrifício não significa oferecer algo que nos é caro porque um Deus ciumento não suporta interesses rivais em Seus devotos a se regozija com o nosso sofrimento. Significa a escolha deliberada a vigilante de um bem maior, de preferência a um bem menor, assim como o atleta prefere a fadiga do exercício à facilidade da preguiça que o põe fora de condiçôes. 0 carvão queimado numa fornalha é sacrificado ao deus do poder do vapor. 0 sacrifício é realmente a transmutação da força; a energia latente no carvão, oferecida no altar sacrifical da fornalha, é transmutada na energia dinãmica do vapor por meio da maquinaria apropriada.
9. Existe uma maquinaria psicológica a cósmica de que podemos dispor a que se relaciona a todo ato de sacrifício que converte este ato em energia espiritual; a essa energia espiritual pode ser apiicada a outros mecanismos, reaparecendo nos planos da forma como um tipo inteiramente diferente de força do que aquela com que começou.
10. Por exemplo, um homem pode sacrificar as emoções em favor de sua carreira; ou uma mulher pode sacrificar a carreira às suas emoçôes. Se o ato é puro a sem arrependimentos, uma imensa quantidade de energia psíquica é liberada para a utilizaçâo no canal escolhido. Mas, se o desejo inferior é simplesmente expressão inibida a negada a não realmente deposto no altar do sacrifício como uma deliberada a livre oferenda, a vítima infortunada fez a pior escolha. É aqui que precisamos de Geburah para nos tornarmos como o sacerdote que arranca o sacrifício de nossas mãos, mesmo que seja o nosso primogênito, e o oferece a Deus com um golpe rápido, puro e mÍsericordioso. Pois, Geburah, no microcosmo, que é a alma do homem, é a coragem a resolução que nos liberta da nódoa da autopiedade.
11. Que falta nos fazem-as virtudes espartanas de Geburah nesta época de sentimentalismos a neurosesl Quantas quedas não poderíamos evitar se esse Cirurgião Celestial pudesse executar o corte limpo que tem chance de curar, evitando assim o compromisso fatal e a irresolução doentia, que é como uma ferida aberta a ameaçada de gangrenal
12. Além disso, se não houvesse uma mão forte a serviço do Bem no mundo, o Mal se multiplicaria. Se não é bom apagar um tição quando este ainda arde, é igualmente mau deixar a cinza acumular-se, evitando a utilização do atiçador. Há um momento em que a paciência se toma fraqueza, desperdiçando o tempo do melhor homem, a em que a misericórdia se toma uma loucura a expõe o inocente ao perigo. A política da não-resistência ao
Mal só pode ser seguida satisfatoriamente numa sociedade bem vigiada; ela jamais foi tentada com sucesso sob condiçôes-limites. Pois a natureza, de dentes a garras vermelhas, exibe as cores de Geburah, ao passo que a civilização compensadora pertence a Chesed, Misericórdia, que modifica a força irrestrita e a destrutividade excessiva de tudo que está na fase Geburah de seu desenvolvimento. Mas, igualmente, devemos lembrar que a civilização repousa na natureza como um edifício repousa sobre suas fundações, onde está oculto o esgoto, tão necessário à saúde.
13. Onde quer que haja algo que tenha sobrevivido à sua utilidade, Geburah deve brandir a sua faca de poder; onde quer que haja egoísmo, este deve ser traspassado pela ponta da lança de Geburah; onde quer que exista violência contra a fraqueza, ou o use impiedoso da força, é a espada de Geburah, não o orbe de Chesed, que é o neutralizador mais eficaz; onde quer que haja preguiça a desonestidade, o flagelo sagrado de Geburah é necessário; a onde haja uma remoção das estacas colocadas para proteger-nos de nosso vizinho, é a cadeia de Geburah que deve intervir.
14. Essas coisas são tão necessárias à saúde da sociedade a do indivíduo como o amor fratemo; mas são muito raras em nossa época sentimental, que as utiliza medicinalmente a não vingativamente. Aquele que grita “Alto” ao agressor a “Saiam” àqueles que lhe bloqueiam o caminho, esse age como um sacerdote na Esfera da Quinta Sephirah Sagrada.
15. Se observarmos a vida, constataremos que o ritmo, não a estabilidade, é o princípio vital. A estabilidade que a existência manifesta alcança é a estabilidade de um homem sobre uma bicicleta, que se equilibra entre duas quedas opostas; ele pode cair para a direita ou para a esquerda, a manter o equiliôrio por meio de seu impulso.
16. Na vida dos indivíduos, no desenvolvimento de qualquer transaçáo, no tom de qualquer mente grupal disciplinada ou altamente organizada, vemos a constante altemância das influências de Geburah a Gedulah num balanço rítmico de um lado a outro. Todo aquele que é responsável pelo disciplinarrmento de um grupo organizado sabe conhecer a constante necessidade de apertar a afrouxar as rédeas; de estimular a refrear. Há uma sensação da necessidade de soltar a linha quando o grupo transborda com um impulso de interesse a entusiasmo, seguido pela necessidade de tomar a folga quando
o impulso se perde. Se não se pega a folga com mão firme, o grupo mete-se nos laços a toma-se insubordinado. O sábio manipulador dos homens sabe qúando a reação se dissipou a chega o momento de estalar o látego de Geburah sobre os cavalos a fazé-los saltar no varal novamente quando o novo impulso dinámico se avoluma; mas ele sabe também que não deve estalá-to muito cedo, quando os cavalos estão tendo um descanso ou quando um dos mais inquietos tem uma perna enroscada.
17. Na vida nacional, especialmente, podemos nos dar conta dos ritmos altemantes de Geburah a Gedulah. Arrisco-me a profetizar que a nação inglesa está saindo de uma fase Gedulah a entrando numa fase Geburah. Em todas as partes vemos que a misericórdia, superestimada pelas imperfeiçôes da natureza humana, está sendo abolida em favor de uma severidade que restaurará o equilíbrio da justiça imparcial a impedirá que o mal se multiplique. O trabalho da polícia está sendo reorganizado; os juízes estão dando sentenças mais severas; a reforma penal experimentou um recuo; o humanitarismo não terá a última palavra. A alma grupal da raça está entrando na fase Geburah, a perdeu a paciência com as suas unidades imperfeitas.
18. No próximo ciclo, a tendéncia será descartar o incapaz a concentrar-se no esforço de conduzir o hábil ao seu desenvolvimento mais elevado. Geburah será o parceiro mais velho, a toda atenuação da severidade que Gedulah propõe terá de passar pelo escrutínio da justiça imparcial. Essa é uma reforma muito necessária, pois, no fim de uma fase, os extremos tendem a desenvolver-se, e o humanitarismo de Gedulah toma-se abusivo a ridículo, e seus refinamentos convertem-se em debilidade, perdendo o contato com as realidades.
19. Quando uma nova fase se inicia numa escala de mente grupal, é nos menos iluminados, nos de mente estreita, que sua influência é mais forte; os cultos tendem a manter-se longe dos extremos. Podemos constatá-to analisando a linha adotada pelos vários tipos de jornalismo. O jornalismo popular clama pela livre utilização do chicote como uma punição para o crime; pelo repúdio das dívidas a pactos intemacionais; em, suma, pelos golpes germs com a espada de Geburah. Em todas as partes, cresce a tendência de não sofrer a estupidez de ninguém – tendência que toma as negociações extremamente difícies, pois Geburah é um péssimo negociante, a sua única contribuição à discussão é a do soldado grego que tomou a espada a cortou o nó.
20. Ora, o iniciado, sabendo que as fases se sucedem na altemáncia rítmica, não toma qualquer fase muito seriamente, nem pensa que está vivendo no fim do mundo ou no do milénio. Ele sabe que a vida seguirá seu
curso, iniciando um corretivo valioso a necessário, a concluindo pelos extremos; mas, desde que haja visão suficiente entre os iluminados de uma raça, as pessoas não perecerão, pois o próprio fato de chegar-se aos extremos indica o fim da inclinação, e o pêndulo reverterá normalmente o seu movimento e começará a voltar em direção ao centro da estabilidade. É apenas quando o povo perde completamente a visão que o pêndulo se desequilibra a se autodestrói. Foi esse o caso de Roma, de Cartago e, mais recentemente, da Rússia. Mas, mesmo quando a organização social se quebra e o pêndulo se perde no espaço, o princípio do ritmo é inerente em toda a existência manifests, a se restabelece de imediato quando qualquer espécie de organização se forma depois do naufrágio.
21. A grande fragilidade do Cristianismo reside no fato de que ele ignora o ritmo. Ele equilibra Deus com o Demônio, em vez de Vishnu com Siva. Seus dualismos são antagônicos em lugar de equilibrantes e, por conseguinte, jamais podem resultar no três funcional, no qual o poder está em equilíbrio. Seu Deus é o mesmo de ontem, hoje a amanhã, a não progride com a criaçáo, mss entrega-se em um único espaço criativo, repousando depois sóbre seus louros. A experiência humans total, o conhecimento humano total é contra a verdade dessa concepção.
21. 0 conceito cristão, sendo estático a não-dinâmico, não pode entender que, quando uma coisa é boa, seu oposto não é necessariamente mau. Ele não tem nenhum sentido de proporção porque não compreende o princípio do equilíbrio no espaço a do ritmo no tempo. Conseqüentemente, para o ideal cristão, a parte é sempre maior do que o todo. A cordura, a misericórdia e o amor constituem o ideal do caráter cristão, e, como assinala com razão Nietzsche, essas são as virtudes do escravo. Deveríamos ter lugar em nosso ideal para as virtudes do governante a do líder – coragem, energia, justiça a integridade. 0 Cristianismo nada tem a dizer-nos sobre as virtudes dinâmicas; conseqüentemente, aqueles que empreendem o trabalho do mundo não podem seguir o ideal cristão por causa de suas limitações a de sua inaplicabilidade aos problemas que lhe dizem respeito. Eles não podem medir o certo e o errado por nenhum padrão, salvo o seu próprio auto-respeito. 0 resultado é o espetáculo ridículo de uma civilização dedicada a um ideal unilateral a forçada a manter seus ideais a sua honra em compartimentos separados.
23. Precisamos tanto do realismo de Geburah para equilibrar o idealismo de Gedulah, quanto precisamos da justiça para temperas a misericórdia. A experiência na educação das crianças nos ensina que a criança que nunca é contrariada é uma criança estragada; que o jovem carente da espora da competição pode tomar-se um jovem negligente, pois são muito poucos os que trabalham por amor ao trabalho. Ocorre o mesmo com as nações. O monopólio, na falta da espora da competição, sempre se revelou ineficaz; as profissões não-competitivas sofrem sempre de obesidade intelectual.
24. Geburah é o elemento dinâmico da vida que incita a vencer os obstáculos. 0 caráter a que faltam os aspectos marcianos nunca fará nada na vida. Aqueles que dependem de um arrimo de família não-Geburah sabem que o amor não é uma completa solução para os problemas da vida. Devemos aprender a amar o guerreiro armado de espada, assim como o Amor Divino, que nos dá o copo de água a nos diz “Vinde a mim os que estão cansados a carregados”.
25. Quando aprendermos a beijar a vara a compreendermos o valor das experiências constritivas, receberemos a primeira das iniciações de Geburah; e, quando aprendermos a perder nossas vidas a fim de salvá-las, teremos a segunda. Há um certo tipo de coragem que não teme a dissolução, pois ela sabe que todos os princípios espirituais são indestrutíveis e, na medida em que os arquétipos persistem, tudo pode ser reconstruído. Geburah só é destrutivo para aquilo que é temporal; é o servo daquilo que é eterno, pois, quando, por meio da atividade ácida de Geburah, tudo que é impermanente desaparecer, as realidades eternas a incorpóreas brilharão em toda a sua glória, deixando ver todos os seus detalhes.
26. Geburah é o melhor amigo que podemos ter, se somos honestos. A sinceridade não precisa temer suas atividades; na verdade, ela é a melhor proteção que podemos ter contra a insinceridade do próximo, pois nada há melhor do que a influência de Geburah para desmascarar tanto pessoas como pontos de vista.
27. Geburah a Gedulah precisam trabalhar juntas; jamais uma sem a outra. Devemos adorar o Deus das Batalhas assim como o Deus do Amor, para que o elemento combativo no universo renda homenagens ao Senhor Único, ao Eu Sou Aquele Que É. Não se deve maldizer a espada como um instrumento do Demônio, mss abençoá-la a consagrá-la para que jamais possa ser empunhada numa causa injusta. Jamais deveremos pô-la de lado devido a um pacificismo impraticável, mss brandi-la a serviço de Deus, de modo que, emitida a ordem para que não se sofra mais a coisa má, o poderoso Khamael, o Arcanjo de Geburah, possa conduzir os Serafins à batalha, não numa raiva destrutiva, mss sóbria a impessoalmente a serviço de Deus, no intuito de esclarecer o Mal a fazer o Bem prevalecer.
28. Já falamos tanto a respeito da natureza de Geburah, que não nos resta muita coisa a dizer sobre as suas atribuições.
29.0 Texto Yetzirático nos diz que o Quinto Caminho chama-se Inteligência Radical porque se assemelha à Unidade. Ora, a Unidade é apenas um dos títulos atribuídos a Kether; por conseguinte, podemos dizer que Geburah é correlata de Kether num arco inferior. Há várias Sephiroth que são assim referidas na Sepher Yetzirah, a essas referências são muito importantes quando se procura penetrar-lhes a natureza. Afirma-se que Chokmah é o Esplendor da Unidade a seu igual, a que as raízes de Binah estão em Amém, que é também um título de Kether.
30. Geburah é uma Sephirah altamente dinâmica, a sua energia, transbordando no mundo da forma a vitalizando-o, estabelece uma analogia estreita com a força transbordante de Kether, que é a base de toda manifestação.
31.0 Texto Yetzirático afirma também que Geburah se une a Binah, o Entendimento. Quando lembramos que, na Astrologia, Saturno, o chakra cósniico de Binah, a Marte, o chakra cósmico de Geburah, chamam-se os Maléficos Major a Menor, vemos que deve haver mais do que uma relação superficial entre os dois.
32. Binah é a causa da morte porque é o dador de forma à força primordial, tomando-a, desse modo, estática; Geburah chama-se Destruidor porque a ígnea força de Marte quebra as formas a as destrói. Vemos, assim, que Binah está etemamente ocupada em encerrar a força na forma, e Geburah em quebrar a destruir perpetuamente todas as formas com a sua energia desagregadora.
33. Mas devemos perceber igualmente que é apenas quando a influência protetora a preservativa de Chesed está ausente que as influências destrutivas de Geburah sáo capazes de operar sobre as formas edificadas por Binah, pois o Caminho das Emanações entre Binah a Geburah passa por Chesed. Geburah é o corretivo essencial de Binah, sem o qual Binah prenderia toda a criação na rigidez. Binah, por sua vez, como assinala o Texto Yetzirático, emana das profundezas primordiais de Chokmah, a Sabedoria. Vemos assim que existe um aspecto dinâmico mesmo em Binah. Nenhuma Sephirah confina-se exclusivamente a um único tipo de força, pois cada Sephirah emana de uma Esfera do tipo oposto de polaridade, a por sua vez emana uma Sephirah de polaridade oposta. 0 que realmente temos no Relâmpago Brilhante são fases sucessivas no desenvolvimento de uma única força; e, como estas emanam sucessivamente, não se superpondo umas às outras, elas permanecem como planos de manifestação a tipos de organização.
34. Essas fases a planos sucessivos de manifestação podem ser comparados às sucessivas fases de um rio. Este começa como uma corrente montanhosa; depois, toma-se um plácido ribeiro entre os prados; e, finalmente, o grande caminho de água entre as docas por onde passam os navios. Os diferentes trechos do rio permanecem constantes; o tipo de água em cada um é constante; claro a brilhante nos trechos superiores, cheia de aluviões entre os ribeiros dos prados, suja a enegrecida abaixo das docas. Mas, ao mesmo tempo, a água em si não é constante, pois ela não fica estagnada em qualquer ponto, estando em comunicação ininterrupta; as águas “emanam” umas das outras, para utilizar a linguagem da Cabala. Mas a água transforma sua natureza enquanto progride, pois algo se acrescenta a ela pelas experiências por que passa; solo de aluvião dos ribeiros dos prados; a sujeira da cidade nas docas.
35. Da mesma maneira, a emanação primordial de Kether modifica-se em cada trecho sephirótico do rio cósmico; os trechos, ou Esferas sephiróticas, permanecem constantes; as emanações fluem, sofrendo modificações em cada esfera.
36. Os títulos atribuídos a Geburah, tais como Força, Justiça, Severidade a Medo, falam por si mesmos a indicam os aspectos duais dessa Sephirah. A medida que descemos na Árvore em direção aos planos da forma, vemos mais a mais claramente que toda Sephirah é dupla a que seu excesso tende à força desequilibrada.
37. A imagem mágica de um guerreiro poderoso em seu carro, coroado a armado, indica a natureza dinâmica da força Geburah. 0 chakra cósmico do ígneo Marte expressa ainda mais claramente a mesma idéia.
38. A experiência espiritual evocada pela iniciação na Esfera de Geburah é a visão do poder. É apenas quando um homem a recebe que se toma um Adeptus Major. A manipulação correta do poder é um dos maiores testes que podem ser impostos a qualquer ser humano. Até esse ponto de seu Progresso nos graus, o iniciado aprende as lições da disciplina, controle a estabilidade; ele adquire, de fato, o que Nietzsche chama de moralidade do escravo – uma disciplina muito necessária para a natureza humana impenitente, tão orgulhosa de seu próprio conceito. Com o grau de Adeptus Major, con. tudo, ele deve adquirir as virtudes do super-homem, a aprender a utilizar o poder em vez de submeter-se a ele. Mas, mesmo assim, ele não é a lei, a sim o servo do poder que utiliza, devendo seguir-lhe os propósitos a não servir
aos seus. Embora não mais responsável perante seus colegas, ele é ainda responsável perante o Criador do céu a da terra, a deverá render-lhe conta de sua administração.
39. Cabe-lhe uma grande liberdade; mas também um grande esforço. Ele pode pronunciar a palavra de poder que desencadeia o vento, mas deve estar preparado para cavalgar o turbilhão decorrente. Eis um aspecto que o mago amador nem sempre compreende.
40. A energia e a coragem, que são as virtudes de Marte, e a crueldade e a destruição, que são seus vícios quando tais qualidades se tomam excessivas, dispensam comentários, pois são auto-explicativas.
41. Os símbolos atribuídos a Marte-Geburah precisam de algum esclarecimento, contudo, pois seu significado nem sempre transparece à primeira vista.
42. As figuras planas com um número variável de lados são atribuídas aos diferentes planetas e, na magia cerimonial, ou talismánica, são utilizadas como o esquema de qualquer forma associada a uma força planetária. A Saturno, o mais antigo planeta, o primeiro a desenvolver-se no tempo evolutivo, atribui-se a figura bidimensional mais simples, o triângulo. A estabilidade equilibrada de Chesed tem a figura de quatro lados, o quadrado. E, à terceira Sephirah planetária, Marte, atribui-se uma figura de cinco lados, e o cinco é considerado no sistema cabalístico como o número de Marte. Conseqüentemente, o Pentágono, a figura de cinco lados, é o símbolo de Marte, e todo altar a Marte deverá ser pentagonal ou de cinco lados, assim como todo talismã. A Rosa Tudor, de cinco pétalas, que é outro símbolo de Marte, requer mais explicações, mas, quando lembramos a íntima associação entre Marte a Vênus na mitologia, a que a rosa é a flor de Vênus, temos uma chave do significado simbólico correspondente. As linhas de força que cruzam a Árvore vão de Geburah-Marte a Netzach-Vênus, através de Tiphareth, o Lugar do Redentor, o centro do equiliôrio, da mesma maneira que Chesed e Hod se vinculam, como se indica claramente no Texto Yetzirático, que diz que Hod tem sua raiz nos locais ocultos de Gedulah, a quarta Sephirah.
43. Compreendendo, portanto, a íntima relação entre os pares diagonais que formam os quadrantes-do quadrado central da Árvore, entendemos o relacionamento indicado pela forma da rosa com suas cinco pétalas.
44. A espada, a lança, o açoite e a corrente são armas tão características de Marte que dispensam qualquer comentário.
45. Os quatro cincos do baralho do Tart são cartas maléficas, cada uma de acordo com o seu tipo. De fato, todo o naipe de espadas, que está sob o govemo de-Marte, representa a litigiosidade, pois seus melhores aspectos são “Descanso da luta” a “Sucesso após a batalha” e, quando uma carta de Espadas é associada a uma Sephirah cujo chakra cósmico é um dos maléficos astrológicos, o resultado é desastroso, a descobrimos os Senhores da Derrota a da Ruína nesse naipe.
46. Nossa habilidade para receber a iniciação de Geburah depende de nossa disposição para com as forças marcianas, a só podemos determiná-la pelo grau de autodisciplina a estabilidade que atingimos em nossas próprias naturezas.
47. Geburah é a mais dinámica a violenta de todas as Sephiroth, mas é também a mais altamente disciplinada. Na verdade, a disciplina militar, regida pelo deus da Guerra, é um sinônimo da mais rigorosa espécie de controle que pode ser imposto sobre os seres humanos. A disciplina de Geburah precisa adequar-se exatamente a essa energia; em outras palavras, os freios de um carro devem ter uma relação direta com a potência do motor se queremos dirigir a salvo na estrada. É essa tremenda disciplina de Geburah que é um dos pontos de teste dos Mistérios. Empregamos a expressão “disciplina de ferro” a ferro é o metal de Marte.
48. 0 iniciado de Geburah é uma pessoa muito dinâmica a severa, mas é também uma pessoa muito controlada. Suas virtudes características são a calma e a paciência sob a provocação. No campo esportivo, que é o aspecto lúdico do deus da Guerra, sabe-se que a perda da paciéncia implica a derrota. Todo boxeador sabe que, se a cólera se apoderar dele instigando-o a lutar em vez de boxear, as vantagens estarão contra ele. 0 iniciado de Marte é essencialmente o Guerreiro Feliz, o iniciado que passou pelo grau de Tiphareth e conquistou o equilíbrio.
49. Ele luta sem malícia; perdoa o fraco e o ferido; não combate para destruir a lei, mas para que ela seja corretamente respeitada. É o restaurador do equilíbrio e, como tal, é sempre o defensor dos fracos a dos oprimidos. Nunca é um deus que se encontra do lado dos grandes exércitos, embora diga: “Com os obstinados, mostro-me obstinado.” Ele agarra o gigante de duas cabeças das Qliphoth, Thaumiel, as Duas Forças Oponentes, bate-lhes as cabeças a diz: “Maldição para as tuas casasl Fica na paz de Deus ou te arrependerásl”
50. Quando uma alma está naquele estágio de desenvolvimento em que o único caminho pelo qual se pode desenvolver é o da experiéncia, Geburah não o desaponta, a cuida para que ela encontre o que está procurando. Geburah é o Grande Iniciador dos presunçosos.
A Cabala Mística – Dion Fortune
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