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1. As Dez Sephiroth Sagradas, quando dispostas na Árvore da Vida em seu padrão tradicional, enquadram-se em três divisões horizontais principais, assim como nas três divisôes verticais dos Pilares. A mais alta dessas divisões horizontais consiste nas Três Supremas, que, para todos os propósitos práticos, estão além da Esfera de nossa compreensão. Postulamo-las como princípios fundamentais que devem existir para que as manifestações subseqüentes possam ser explicadas. Elas representam o Ser Puro a os princípios opostos da atividade a da passividade, e o nome de Triângulo Supremo cailhes muito bem.
2. 0 triângulo funcional que vem a seguir na Árvore consiste em Chesed, Geburah a Tiphareth. Essas esferas representam os princípios ativos do anabolismo, do catabolismo a do equiliíbrio, a podemos aplicar-lhes apropriadamente o nome de Triángulo Abstrato.
3. Considerando em detalhe as seis Sephiroth superiores, observamos que os três Princípios Supremos formam a base de manifestação, a que os três Princípios Abstratos dão expressão à manifestação. As três Esferas superiores são latentes a as três inferiores são potentes. Se compreendermos esse ponto, descobriremos que dispomos de um sistema para explicar a infinita diversidade da manifestação dos planos da forma, reduzindo-a aos seus princípios primários, o que toma as relações entre elas e o modo de sua interação a desenvolvimento claramente compreensíveis – resultado totalmente diverso daquele que obteremos se tentarmos reduzir todas as coisas em termos de força, em vez de resolvê-las nesses mesmós termos.
4. A unidade funcional mais baixa sobre a Árvore consiste não de um triângulo, mas de um quadrado, a esse quadrado, segundo dizem os cabalistas, foi afetado pela Queda, erguendo-se a cabeça de Leviatã das profundezas do Abismo, num ponto entre Yesod a Tiphareth. Não lhe é permitido it além, a por isso as seis Sephiroth superiores conservaram a sua inocência. Em outras palavras, as quatro Sephiroth inferiores pertencem aos planos da forma, em que a força não se move livremente, mas está “encerrada, confinada, contida”, sendo libertada apenas por obra da destruição.
5. Tiphareth, como já se observou, é o centro de equilíbrio da Árvore. 0 equilíbrio dá origem à estabilidade, e a estabilidade, à coesão. De agora em diante, na rota descendente da vida através do Caminho da Involução, encontramos o princípio da coesão que exerce um papel progressivamente predominante, até que em Malkuth encontra seu apogeu.
6. Os princípios ativos do Triángulo Abstrato sofrem uma subdivisão e especialização no curso da descida da vida através de Netzach, a em Yesod atingem um grau considerável de estereotipia, por meio da qual se determinam as formas de Malkuth. Assim que Malkuth – o plano da forma pura atinge o desenvolvimento, a corrente evolutiva começa a voltar-se para o espírito, libertando-se da prisão da forma, embora retendo as capacidades adquiridas pela experiência da disciplina da forma.
7. São numerosos, portanto, os princípios abstratos da função da vida que se revestem de forma devido à influência da experiência de suas manifestações exteriores no Reino da Forma. Ou, na linguágem dos cabalistas, a influência da Queda se irradiou até elas, a elas perderam sua inocência.
8. Essas considerações dão-nos a chave da natureza quatemária dos planos da forma, a permitem-nos trilhar o Caminho do Meio, entre a credulidade e o ceticismo, nesta Esfera da Ilusão, como a chamaram um tanto severamente.
9. A grande maré da vida evolutiva, proveniente de uma emanação de Tipliareth, pane-se na Sephirah Netzach, como num prisma, em diversos raios de manifestação; daí provém a descrição yetzirática dessa Sephirah como “o esplendor refulgente”. Em Hod, essas forças multifárias revestem-se de forma; e, em Yesod, elas agem como moldes etéreos para as emanações finais de Malkuth.
10. A manifestação em Malkuth completa o arco expansivo da involução, e a vida retoma sobre si mesma para seguir um curso paralelo no arco de retomo da evolução. A inteligência humana se desenvolve, a começa a meditar nas causas e a discemir os deuses. Note-se que o homem primitivo não atingiu o monoteísmo numa única pemada, mas imaginou múltiplas causas, a foram necessárias muitas gerações de cultura para reduzir a multiplicidade ao Um.
11. Isso nos leva à grande questão do que poderíamos chamar de Guardião do Tesouro da Ciência Oculta – figura tremenda que defronta todo aventureiro do invisível, unindo em si as funções da esfinge a dirigindo à alma uma pergunta de cuja resposta depende seu destino. Será ela condena-
da a errar nos reinos da ilusão? Voltará ela aos planos da forma ou ser-lhe-á permitido passar à luz? A questão é: “Acreditas nos deuses?”. Se responder “Sim”, a alma errará nos planos da ilusão, pois os deuses não sâo pessoas reais no sentido em que entendemós a personalidade. Se responder “Não”, será expulsa, pois os deuses não são ilusões. 0 que deverá ela responder?
12. A intuição de um poeta deu-nos a resposta:
“For no thought of man made Gods to love and honour
Ere lhe song within lhe silent soul began,
Nor might earth in dream or deed take heaven upon her
Till lhe word was clolhed with speech by lips of man.”
[“Pois nenhum pensamento humano criou deuses para amar a honrar
Senão depois que a canção vibrou no silêncio da alma,
E nem em sonhos pôde a terra unirse aos céus
Antes que a palavra se vestisse de fala pelos lábios do homem”.]
13. Temos aqui a chave do enigma. Os deuses são criaçôes do criado. Nascem da adoração daqueles que o invocam. Não são os deuses que fazem o trabalho da criação, mas sim as grandes forças naturais, cada uma agindo de acordo com a sua natureza; a procissão dos deuses tem início depois de o Cisne do Empíreo depositar o ovo da manifestação na noite cósmica.
14. Os deuses são emanaçôes ,das almas grupais das raças, a não emanações de Eheieh, o Um, o Eterno. Não obstante, são imensamente poderosos, porque, graças à sua influência na imaginação de seus adoradores, eles unem o microcosmo ao macrocosmo; meditando sobre a beleza ideal de Apolo, a alma humana abre-se à beleza em geral.
15. Quando os homens analisaram a discemiram, fator por fator, as causas primeiras, eles as endeusaram. Ao descobrir que em todas as partes do globo as mesmas necessidades a os mesmos motivos atuavam sobre eles, desenvolveram panteões semelhantes. Mas, visto que os temperamentos diferem, desenvolveram panteões tão diferentes quanto os bandoleiros do México a os radiantes seres da Hélade.
16. Podemos perguntar, portanto, se os deuses são completamente subjetivos; se vivem sua vida apenas na imaginação de seus adoradores, ou se têm uma vida independente. A respota a essa questão reside num aspecto da experiência oculta que náo pode ser explicado por aquilo que conhecemos modemamente como ciência natural, mas que deve ser admitido por todo ocultista prático que deseje obter resultados. Poder-se-is dizer que os resultados por ele obtidos estão na proporção direta de sua fé, uma vez que eles são de fato obtidos porque o adepto neles acredita. A razão disso é que apenas uma proporção muito pequena do estofo mental existente no universo, qualquer que seja ele, está organizado nos cérebros a nos sistemas nervosos das criaturas sensíveis. A vasta massa do que, na falta de um nome melhor, chamamos de “matéria mental” – porque essa é a sua analogia mais próxima entre as coisas conhecidas – move-se livremente no que os ocultistas chamam de plano astral, organizado em formas, mas não necessariamente vinculado à matéria. Ocultistas diferentes referem-se a esse estofo mental livre por diferentes nomes. Mme. Blavatsky chama-o de “Akasha”; Éliphas Lévi drama-o de “éter refletor”. Netzach representa o aspecto da força, a Hod, o aspecto da forma desse Akasha.
17. Os moldes de todas as formas provêm desse estofo mental; a nesses moldes ergue-se a estrutura das correntes etéreas que funcionam na Esferya de Yesod, a em que estão suspensas as moléculas da matéria que formam o corpo da manifestação no plano físico.
18. Normalmente, essas formas são constituídas pela consciência cósmica a expressas como forças naturais, funcionando cada uma de acordo com a sua natureza; mas, quando a consciência começou a desenvolver-se nas criaturas do Criador, ela exercitou suas funções em vários graus na matéria mental astral, que, por sua natureza, era suscetível às influências da consciência; conseqüentemente, “o pensamento humano engendrou deuses para amar a honrar”. Essas formas, uma vez constituídas, tomaram-se canais de expressão dessas forças especializadas que as formas tinham por missão representar, concentrando-se sobre seus adoradores. Nesse sentido particular, os iniciados não apenas acreditam nos deuses, mas também os adoram.
A Cabala Mística – Dion Fortune
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