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Em um documento publicado em 1617, o editor do terceiro manifesto rosa-cruz revelou a própria identidade: Johannes Valentinus Andreae (1586-1654), um teólogo e pastor protestante de Württemberg, no sul da Alemanha. Seu pai era chanceler e abade comendatário de Konnigsbronn, e tinha por hobby a alquimia. Andreae era parente de um pastor de grande renome e tornou-se um dos homens mais eruditos de sua época. Tendo aprendido a falar com fluência línguas antigas e modernas, além de ter se dedicado a geografia, história, genealogia, matemática e teologia, sendo um homem de vasta cultura e, na sua juventude, visitou vários países europeus; publicou vários textos científicos. Mal dá para deixar de perceber os paralelos com a vida de Christianus Rosencreutz.
Andreae também afirmou, em um livro intitulado Menippus, que “As Núpcias Alquímicas de Christian Rosenkreutz” não passara de um ludibrium, palavra latina para “farsa, logro”, com o qual ele quisera estimular as reivindicações por reformas sociais. Em outras palavras, a rosa-cruz não passava de uma invenção literária. O impacto de seus livros acabou sendo muito diferente do que ele imaginara. Ao que parece, o jovem e entusiasmado escritor criou, de modo involuntário, um poderoso movimento espiritual, que logo ganhou autonomia e nem mesmo seu fundador foi capaz de detê-lo.
Na verdade tudo indicava que também os dois primeiros manifestos eram fruto de sua pena, em conjunto com dois amigos seus, Christoph Besold e Arndt Gerhardt. Em tempos violentos como aqueles, os autores provavelmente adotaram o anonimato por medida de segurança. Nessa época, na passagem do século XVI para o século XVII, a Europa, ainda agitada pelas conseqüências promovidas pela reforma luterana, vivia em meio a toda ansiedade provocada por um sem número de pequenos grupos independentes, os mais variados possíveis, que acalentavam sonhos reformistas a procura da sociedade ideal. Normalmente, esses grupos eram formados por idealistas, filósofos, e, de modo geral, por pessoas bem instruídas e inteligentes. Andreae veio a participar de um desses grupos, que ficou conhecido pelo nome de “Círculo de Tubinga”, ou círculo alquímico “Fundação dos Tintureiros”. Este Círculo teria fundamental importância na formação dos ideais do jovem Andreae, sendo creditado a este movimento, o alicerce dos belos ideais apresentados na forma dos três manifestos rosacruzes. Pesquisas históricas nos anos 1980 e 1990 comprovaram que os autores principais de tais textos era um grupo de amigos, ligados à Universidade de Tübingen (o “Círculo de Tübingen”). Foi constatado também que os Manifestos nasceram na casa do jurista Tobias Hess. É convicção de alguns autores que Andreae o teria escrito como se fosse o contraponto da “Companhia de Jesus” (Jesuítas).
Os dois primeiros textos são atribuídos a Tobias Hess (1568-1614) e Johann Valentin Andreae (1586-1654), elaborados no momento de grande crise que resulta na Guerra de Trinta Anos. O segundo é autor inconteste do romance publicado em 1616. Enquanto vivo, é vítima de muitas intrigas, pois as autoridades protestantes suspeitam de que é iniciador desse mito rosicruciano.
Andreas resolveu declarar ao público que, dessa forma, tencionara ridicularizar a mania de maravilhoso e o alquimismo ocultista, que caracterizavam os homens do seu tempo. Não lhe deram crédito, porém a Alemanha e, depois, a França se viram recobertas por uma onda de escritos referentes à Rosa-Cruz.
Os historiadores Richard van Dülmen, Martin Brecht e Roland Edighoffer reconstituíam os fatos graças a uma pesquisa histórica aprofundada, que aconteceu a partir de 1977. Brecht e Edighoffer estudaram, ao mesmo tempo e independentemente um do outro, e finalmente provaram a autoria dos manifestos.
A grande maioria dos personagens relacionados com o lançamento dos “Manifestos Rosacruzes” se originaram do meio luterano alemão. Esses pensadores e teólogos luteranos acreditavam que a Reforma de Lutero deveria ser ampliada, que a doutrina ortodoxa não era suficiente e que o Cristão devia realizar a comunhão mística com Deus. É de se notar que o próprio Lutero foi um dos primeiros a utilizar uma “rosa-cruz” (no seu brasão – “selo de Lutero”, ou “rosa de Lutero”) como símbolo de sua teologia – formado por uma cruz de santo André em forma de X emoldurada por uma rosa, abaixo está a frase: “O coração do cristão permanece em rosas, quando ele permanece sob a cruz.” Também é feita uma associação entre o Brasão da família Andreae com o mote Rosacruz, visto haver ali algumas rosas e também uma cruz…
Excerto de a Epopéia Rosa Cruz
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