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Com certeza a bruxa de Évora, ainda conhecida como a Moura Torta, é uma das figuras mais notórias e rodeada de mistério no âmbito da magia ibérica e povoou o imaginário dos portugueses e depois os brasileiros com a chegada dos colonizadores. É um daqueles casos onde a história e as lendas se misturam e o mito que nasce se torna mais relevante do que a biografia que o originou. Uma figura representativa do “medo mouro” e dos fascínio europeu pelos segredos e feitiços do Oriente.
É difícil precisar a época em que teria vivido. Contos ibéricos dão conta que essa poderosa bruxa viveu em Portugal, na época de Dom Afonso Henriques, o primeiro Rei de Portugal, que nasceu em 1109 em Coimbra e faleceu em 1185 na Galiza. Em seu livro ‘A Bruxa De Evora’, Maria Helena Farelli relata:
“Era a bruxa da cidade, que andava com um mocho às costas e que tocava harpa nas noites frias de inverno. Aliada do Tinhoso era ao mesmo tempo temida e adorada. A bruxa árabe era chamada de Moura Torta, nome que fazia os portugueses se arrepiarem, fazendo o sinal da cruz; e como moura e bruxa passou à história” …. “Vivia como eremita, sempre só em sua casa, com suas galinhas e coelhos, com chapelão, saia e avental, com sapatos golpeados, murmurando rezas estranhas
Muito requisitada, quando os outros não sabem o que fazer, ela sabe e faz com a maior vontade e ódio, sedenta a completar seu objetivo. Mas ao invés de perseguir suas vitimas, ela prefere atraí-los, o que faz muito bem. É ela quem decide qual demônio será designado para cada missão e tem o poder de suspendê-los se não desempenharem bem sua função.
A Bruxa de Évora falava bem o árabe, o português e o latim. Foi criada por umas velha tia que lhe ensinou as artes mágicas, dando-lhe como talismãs sete moedas de ouro do califa Omir, uma pedra ágata com inscrições árabes e uma chapa de prata com o nome do profeta. Usava trapos, mas em seu peito brilhava um amuleto de âmbar. Ela lia o Alcorão e escrevia, sabia matemática, e olhando o céu reconhecia as estrelas, lia a sorte nas areias, nas estrelas e fazia feitiços e curas. Conhecia a magia dos seus ancestrais muçulmanos, mas também sabia a dos celtas.
A bruxa voava montada em cães, lobos, camelos, carneiros e em vassouras, mas sempre era vista voando em seu bode preto. O bode sempre foi um animal de feiticeiros, talvez por ser muito sensual; sugere pactos com demônios, feiticeiras, seres parte homem e parte animal, força de grande magia. O bode da era pagã emprestou sua forma para o diabo. As bruxas também eram companheiras dos dragões, deram a eles muitos nomes: o terrível, o magnífico, o senhor do mundo, o guardião.
A Bruxa Évora tinha um gato preto chamado Lusbel. Apesar de temida, as pessoas buscam os poderes dessa bruxa: seus feitiços, sortilégios, banhos, amarração, conjuros, etc…, com a finalidade de obter cura, proteção e sucesso no amor e na vida.
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