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Archibald Cockren

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Archibald Cockren iniciou sua carreira na área médica após completar o período necessário de treinamento. Em 1904, ele foi certificado pelo Hospital Nacional para Paralisia e Epilepsia como totalmente qualificado para todos os propósitos de massagem, exercícios terapêuticos e tratamento elétrico. Após essa certificação, ingressou na equipe do Great Northern Central Hospital, onde permaneceu por vários anos, aprofundando seus conhecimentos em fisioterapia e práticas médicas.

Em 1908, Cockren se estabeleceu no West End de Londres, dedicando parte de seu tempo à prática privada. Além de seus conhecimentos médicos, ele já havia desenvolvido um interesse profundo nas ciências da metalurgia, química e, especialmente, alquimia, explorando a transmutação de metais e o preparo de substâncias como o “Mercúrio dos Filósofos” e a “Água Bendita” (Aqua Benedicta). Esses estudos iniciais formaram a base para suas futuras descobertas no campo alquímico. [Nota do Editor: A Aqua Benedicta, também chamada de Água Bendita, é um termo alquímico que se refere a uma substância purificada através de processos específicos de destilação, simbolizando a purificação e o renascimento dos elementos].

Durante a Primeira Guerra Mundial, Cockren interrompeu sua prática privada para servir em hospitais militares. Nos anos de 1915 e 1916, ele foi responsável por todos os tratamentos elétricos, massagens, manipulações e exercícios terapêuticos no Hospital Russo para Oficiais Britânicos, localizado na South Audley Street, em Londres. Esse hospital foi inaugurado pela nobreza russa residente em Londres e era inteiramente mantido com recursos russos. Em seguida, entre 1917 e 1918, Cockren assumiu um papel similar no Hospital de Prisioneiros de Guerra, enquanto também estava vinculado ao Hospital Militar de Millbank. Em 1918, ele foi transferido para o Exército Australiano e, em 1919, fez parte da equipe da Conferência de Paz do Primeiro-Ministro Australiano.

Com o fim da guerra, Cockren retomou sua prática privada no West End de Londres, onde permaneceu por mais de vinte anos. Durante esse período, ele continuou seus estudos alquímicos de forma intensa, realizando uma série de experimentos laboratoriais que visavam a criação e a transformação de substâncias alquímicas. Em um de seus relatos, ele descreve a destilação de um metal desconhecido, testemunhando um fenômeno peculiar: um jato de vapor emergindo da retorta seguido de uma explosão violenta, acompanhado por um odor que lembrava “a terra úmida de uma manhã de junho, com o perfume de flores e a brisa passando sobre charnecas e montes” [Nota do Editor: Esse tipo de descrição é comum nos relatos de alquimistas, que frequentemente associam aromas específicos aos processos de transformação de substâncias, como forma de validar a autenticidade do experimento].

Inspirado por alquimistas como Nicolas Flamel e o Comte de St. Germain, Cockren identificou o cheiro como um indício de que estava no caminho certo. Assim como Flamel no século XIV, que mencionou a descoberta do que desejava através do “forte cheiro e odor”, e Cremer, que descreveu uma fragrância doce que preenchia seu laboratório, Cockren reconheceu esses sinais em suas próprias experiências. Ele desenvolveu métodos inovadores para armazenar os gases resultantes de suas operações alquímicas, utilizando tubulações de vidro em espiral submersas em água para evitar explosões. O resultado foi a condensação de um líquido dourado e extremamente inflamável, identificado como a “Água Mercurial” descrita por St. Germain como athoeter, ou a água primária de todos os metais [Nota do Editor: Athoeter é referido por Manly Palmer Hall como a substância primordial dos metais, extremamente volátil e utilizada em processos alquímicos avançados, sendo essencial para a produção de elixires e substâncias transformativas].

Em 1941, Cockren publicou sua obra mais influente, Alchemy Rediscovered and Restored, que teria um impacto significativo na forma como a alquimia era entendida e praticada no século XX. Cockren buscou desmistificar e modernizar a alquimia, removendo muitos dos símbolos enigmáticos que tradicionalmente a cercavam e apresentando suas aplicações físicas, medicinais e espirituais de maneira prática e acessível. O livro conectava as práticas alquímicas antigas às técnicas contemporâneas, destacando seu potencial de relevância e aplicação na ciência moderna.

No laboratório, Cockren explorou a produção do “óleo de ouro”, obtido ao combinar a “Água Mercurial” com sais de ouro previamente lavados para remover a acidez do aqua regia. Esse óleo, que ele chamou de “ouro potável”, não retorna à sua forma metálica e é descrito como um líquido âmbar consistente [Nota do Editor: Esse ouro potável é um elixir descrito por vários alquimistas ao longo dos séculos como possuindo propriedades curativas e transformativas, sendo um elemento chave na busca pelo Elixir da Vida]. Cockren também estudou as propriedades dos metais em soluções ácidas e os riscos associados às injeções de sais de ouro, que poderiam resultar em envenenamento caso o meio dissolvente perdesse sua acidez, permitindo que os sais se reconvertessem em ouro metálico no corpo.

Ele advertia que os químicos contemporâneos não conheciam todos os segredos dos metais e suas propriedades ocultas. Suas experiências com a “água dourada” resultaram em várias descobertas, como a separação de uma água branca e de uma tintura vermelha profunda — os Mercúrios Branco e Vermelho descritos pelos alquimistas. A combinação dessas substâncias resultava em um “ouro filosófico”, um elixir de um brilho intenso que, segundo ele, tinha propriedades superiores ao óleo de ouro [Nota do Editor: Mercúrio Branco e Vermelho simbolizam os princípios masculino e feminino na alquimia, conhecidos também como Sol e Lua, que ao serem combinados formam o Elixir Filosófico, considerado mais potente do que o óleo de ouro].

Na busca pelo objetivo final da alquimia, a Pedra Filosofal, Cockren identificou os princípios de Mercúrio e Enxofre, e trabalhou para purificar o “corpo morto” do metal, ou seja, os resíduos negros deixados após a extração da água dourada. Ele descreve o processo de calciná-los até que se transformassem em um sal branco e, em seguida, combiná-los em proporções exatas com os outros princípios em um frasco hermeticamente selado, mantendo o calor em uma temperatura precisa. Durante o processo de aquecimento, a mistura assumia a aparência de uma “lama plúmbea” que se elevava como massa de pão, formando cristais que mudavam de cor. Após várias fases de aquecimento e adição de Mercúrio, a substância evoluía para o Elixir Branco e, finalmente, para a forma vermelha conhecida como Elixir Vitae, ou a Pedra Filosofal [Nota do Editor: O Elixir Vitae é um termo alquímico que simboliza a substância capaz de curar e prolongar a vida, o ápice da prática alquímica].

O impacto de Cockren na alquimia do século XX é inegável. Sua abordagem prática e moderna influenciou alquimistas e estudiosos contemporâneos, tornando a alquimia mais acessível e relevante para a prática científica. Um exemplo notável de sua influência foi sobre Frater Albertus, fundador da Paracelsus Research Society, que reconheceu publicamente a importância do trabalho de Cockren. Em um dos boletins da sociedade, Albertus citou a receita de Cockren para o óleo de ferro, evidenciando a validade e a eficácia de suas técnicas. Tal reconhecimento consolidou o legado de Cockren e estabeleceu uma ponte entre a alquimia tradicional e as práticas alquímicas contemporâneas, perpetuando a relevância do seu trabalho no estudo da espagiria e da transformação dos metais.


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