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Por Robson Belli[1]
“Vive para ti mesmo e para as Musas; evita a amizade com a multidão, sê ávido por tempo, benéfico para todos os homens, usa os Anjos e espíritos dados e atribuídos a ti como ministros, sem imprudência e presunção, como os Mensageiros de Deus; sê vigilante em tua vocação.”
– Arbatel da magia
Este artigo tem como objetivo investigar o papel do individualismo e da inspiração divina, especificamente através das Musas da mitologia grega e dos anjos, na vida e na vocação de um indivíduo. Discutiremos a importância da autossuficiência, da busca constante pela sabedoria e do equilíbrio entre o mundano e o espiritual.
1. O Poder do Individualismo
A frase “vive para ti mesmo” é uma afirmação do poder do individualismo. Nietzsche (1883) postula que viver para si mesmo não significa viver em egoísmo, mas sim valorizar a autenticidade e a autodeterminação. É a busca pelo autoaperfeiçoamento e pelo autodesenvolvimento (Nietzsche, 1883).
2. A Inspiração Divina: As Musas
Na mitologia grega, as Musas são as nove deusas que presidem as artes e as ciências. Elas são filhas de Zeus, o rei dos deuses, e Mnemosine, a deusa da memória. Cada Musa é associada a um domínio específico das artes e das ciências.
- Calíope: a Musa da poesia épica, a mais importante das Musas.
- Clio: a Musa da história.
- Erato: a Musa do amor e da poesia lírica.
- Euterpe: a Musa da música e da poesia lírica.
- Melpômene: a Musa da tragédia.
- Polímnia: a Musa dos hinos sagrados e da eloquência.
- Tália: a Musa da comédia e da poesia bucólica.
- Terpsícore: a Musa da dança e da poesia coral.
- Urânia: a Musa da astronomia.
As Musas eram consideradas fontes de inspiração para os artistas e escritores, e invocar as Musas era uma forma comum de começar um poema ou uma história. Na antiguidade, era comum que os poetas pedissem a ajuda das Musas para criar suas obras, como faz Homero no início da Ilíada e da Odisseia.
Além disso, o termo “musa” é utilizado no sentido figurado para se referir a uma fonte de inspiração, geralmente uma mulher, para um artista ou escritor.
3. Evitando a Multidão
Seguindo os ensinamentos de Epicuro (300 a.C.), a frase “evita a amizade com a multidão” sugere uma abordagem cuidadosa ao envolvimento social. Epicuro sugeria que a verdadeira amizade só poderia ser encontrada com poucos indivíduos escolhidos, e que a convivência com a multidão poderia levar à perda da serenidade (Epicuro, 300 a.C.).
4. O papel dos Anjos e Espíritos
A referência aos anjos e espíritos sugere uma abordagem teológica ou espiritual na orientação de nossa vida e vocação. Segundo Santo Agostinho (397), os anjos servem como mensageiros de Deus e podem nos guiar em nossas jornadas. Eles devem ser tratados com respeito e humildade (Agostinho, 397).
5. Vigilância em Sua Vocação
A frase “sê vigilante em tua vocação” ressoa com o conceito de “chamado” ou “vocação” de muitos filósofos e teólogos. Como Tillich (1951) sugeriu, a verdadeira vocação deve ser uma expressão do eu mais profundo, não apenas uma profissão, mas um chamado para ser verdadeiramente nós mesmos (Tillich, 1951).
Conclusão
Viver para si mesmo e para as Musas, evitar a amizade com a multidão e ser vigilante em sua vocação é uma filosofia que abraça o individualismo, a inspiração divina e a busca constante pela sabedoria. Isso também implica em um equilíbrio entre o mundo físico e o espiritual, onde os anjos e espíritos servem como guias. Esse equilíbrio é fundamental para a autenticidade e a integridade pessoal, à medida que navegamos através da vida e respondemos ao nosso chamado ou vocação.
Ao compreender essa filosofia como um todo, podemos nos tornar mais atentos às necessidades da nossa própria alma e também mais sintonizados com a inspiração e a sabedoria que vêm tanto do mundo natural quanto do divino. Este equilíbrio nos permite viver de uma forma mais autêntica, valorizando a nossa individualidade e a nossa conexão com o divino, ao mesmo tempo em que mantemos uma saudável distância da distracção e da superficialidade da ‘multidão’. Através da vigilância constante em relação à nossa vocação, podemos manter-nos focados no nosso caminho e no nosso propósito, utilizando a orientação dos anjos e dos espíritos para nos ajudar ao longo do caminho. Assim, esta filosofia oferece uma poderosa forma de viver que une o pessoal, o espiritual e o divino em um único e harmonioso todo.
Referências
- (300 a.C.). Carta a Meneceu. Na coleção privada de [nome do dono], [localidade].
- Graves, R. (1955). Os mitos gregos. Londres: Penguin.
- (800 a.C.). Ilíada e Odisseia. Na coleção privada de [nome do dono], [localidade].
- Nietzsche, F. (1883). Assim falou Zaratustra. Na coleção privada de [nome do dono], [localidade].
- Santo Agostinho. (397). Confissões. Na coleção privada de [nome do dono], [localidade].
- Tillich, P. (1951). O Coragem de Ser. Yale University Press.
Robson Belli, é tarólogo, praticante das artes ocultas com larga experiência em magia enochiana e salomônica, colaborador fixo do projeto Morte Súbita, cohost do Bate-Papo Mayhem e autor de diversos livros sobre ocultismo prático.
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