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Por Aluizio Fontenelle, Exu, Capítulo XXI, 2ed.
Conhecem-se nas Leis de Kaballah, diversos signos ou caracteres, que representam os dogmas da alta iniciação cessas leis, cujas representações são feitas através de figuras ou sinais kabalísticos, que traduzem os mistérios e a razão de ser das práticas e dos rituais da Alta Magia.
O PENTAGRAMA — representando a dominação dos espíritos sobre os elementos. Por este signo encadeiam-se os demônios do ar, os espectros da água, os fantasmas da terra, os espíritos do fogo, etc. dando a faculdade de ser servido por legiões de anjos e colunas ou falanges de demônios.
OS QUATRO NOMES KABALÍSTICOS — Diz-se kabalisticamente que o axioma incomunicável está contido nas quatro letras do tetagrama, dispostas em forma de cruz, representados por caracteres gregos e hebraicos, e pelas palavras AZOTH e INRI, escritas kabalìsticamente, bem como no monograma de Cristo, tal como é interpretado pelo Kabalista Postello, na palavra ROTA, a qual deu origem aos TAROS. A palavra AZOTH é formada por duas letras do alfabeto latino, grego e hebraico: A e Z, Alfa e Omega ou ainda: Aleph e Thau, significando o princípio e o fim de todas as cousas; o elemento primordial de onde procedem todas as causas e para onde terão que votar. Na alquimia é considerada LUZ-PRINCÍPIO de todas as formas, ou “ABSOLUTO”.
A palavra INRI, significa: Igne Natura Renovatur Integra, isto é: Pelo fogo a natureza se renova inteiramente, e não como muitos julgam tratar-se da frase: Jesus Nazareno Rei dos Judeus, inscrição que foi pregada no alto da cruz de Cristo, ao ser martirizado no cimo do Calvário.
O GRANDE SÍMBOLO DE SALOMÃO — representado por dois triângulos figurando os dois anciãos da Kaballah, com o significado de: macrocosmo e microcosmo, ou ainda: o Deus de Luz e o Deus de reflexos; o Deus misericordioso e o Deus vingativo; o Jeová branco e o Jeová preto.
ADDHA-NARI, Grande Pentáculo Indiano — Representando a Religião ou a Verdade, é Addha-Nari uma imagem panteística, simbolizando uma entidade Hindu. Com características semelhantes ou análogas ao querubim de Ezequiel, está representado na forma de uma figura humana, a qual, colocada entre um bezerro enfrelado e um tigre, dá o triângulo de Kether, Geburah e Gedulah ou Chesed. Neste símbolo hindu encontram- se os quatro sinais mágicos do “Taro”, possuindo Addha-Nari quatro braços, tendo em cada uma das mãos um desses sinais. O lado esquerdo de Addha-Nari simboliza o lado do iniciado, e em suas mãos conduz numa o cetro, e na outra uma copa.
O lado direito simboliza o lado profano, representado pelo tigre, a espada e circulo, tomando esse circulo a denominação de anel de cadeia ou colar de ferro.
Ainda do lado esquerdo (iniciado), a figura, que representa uma deusa, está vestida com os despojos do tigre, e do lado contrário traz um vestido estrelado e tem os cabelos envoltos em um véu. Da fronte de Addha-Nari brota un jorro de leite, o qual corre do lado do iniciado, formando em redor da imagem e dos dois animais, um circulo mágico que os fecha numa ilha simbolizando o mundo.
Em volta do pescoço, traz a simbólica deusa, uma cadeia mágica que se distingue do lado dos iniciados por cabeças pensadoras, e do lado profano, por anéis de ferro. Na fronte, traz a imagem a figura dos lingham e de cada lado, três linhas sobrepostas, representando o equilíbrio do ternário, lembrando os trigramas do Fo-Hi.
Segundo as crenças hindus, esta figura representa a chave de todas as ciências ocultas, possuindo igual força kabalística ao querube de Jekeskiel, ou vulgarmente denominado Ezequiel.
O ESOTERISMO SACERDOTAL — representa a mão do sacerdote fazendo o sinal esotérico, o qual vendo-se a sua sombra projetada, representa a figura do demônio; vendo-se na parte de cima o ás de ouro do TARO Chinês, e dois triângulos sobrepostos, sendo um branco e outro preto, significando a origem do bem e do mal.
Essa figura representa a criação do demônio pelo mistério.
OS PENTÁCULOS DE EZEQUIEL E DE PITÁGORAS — Representado no duplo triângulo de Salomão comporta o querubim de quatro cabeças da profecia de Ezequiel. |
Na parte de baixo, está representada a roda e Ezequiel, chave de todos os pentáculos, e ainda: o pentáculo de Pitágoras. As quatro cabeças do querubim representam o quaternário de Mercavah; as seis asas são o senário de Bereschit. A figura humana colocada ao centro representa a razão; e a cabeça de águia simboliza a crença; o boi é a resignação e o trabalho; o leão é a luta e a conquista.
A representação deste símbolo é em tudo análogo ao da esfinge dos egípcios, porém é de significação própria dos Kabalistas Hebreus.
BODE DO SABBAT — Baphomet de Mendes — É a representação de uma figura panteística e mágica simbolizando o “ABSOLUTO”.
A sua representação gráfica é concebida na forma de um bode que tem no alto da cabeça um facho, colocado entre os dois chifres, significando a inteligência equilibrante do ternário. A cabeça do bode, reunindo os caracteres do cão, do touro e do burro, representa a responsabilidade somente da matéria e a expiação dos pecados corporais, nos corpos humanos. As mãos humanas e perfeitas, demonstram fazendo o sinal do esoterismo a santidade dos trabalhos. A mão direita aponta para um crescente lunar branco, ao passo que a mão esquerda mostra um crescente lunar preto, explicando aos iniciados as relações do bem e do mal, da misericórdia e da justiça. A parte dos membros inferiores, por estarem cobertas, significam a imagem dos mistérios da geração universal, a qual é expressa somente pelo símbolo do caduceu, que é visto por duas cobras entrelaçadas em um cetro. O ventre do bode é verde e escamado, tendo a circundá-lo, um semicírculo de cor azul. Traz no peito, penas de diversas cores e possui seios de mulher, significando a maternidade e o trabalho, como sinais redentores.
Na frente da figura e abaixo do facho, traz o bode de Sabbat o signo do microcosmo ou o pentagrama de ponta para cima, simbolizando a inteligência humana, o qual, por estar colocado sob o facho, faz da chama deste, uma imagem da revelação divina.
Essa divindade tem por assento um cubo, e como estrado, uma bola ou um escabelo triangular, vendo-se fora do manto que cobre as penas, os característicos pés de cabra.
Na Magia Negra é essa figura representada na imagem do verdadeiro Satanaz, tomando ainda outras formas, de acordo com a concepção dos trabalhos, sendo que todas essas formas, se apresentam com asas de abutre, tal como o Bode de Sabbat ou Baphomet de Mendes.
TRIDENTE DE PARACELSO — É comum ver-se em quase todos os pontos riscados de Exus, um tridente que assemelhando-se a um garfo de três pontas, é por alguns interpretado como o garfo de Satanaz. Esse tridente, na interpretação dada na Alta Magia, significa a figura do ternário. É formado por três dentes em forma de pirâmides, sobrepostos a um “tau” grego ou latino. No primeiro dente (parte de cima), vê-se um “jod” que atravessa de um lado um crescente (meia lua), e do outro uma linha transversal, assemelhando-se hieroglificamente ao signo zodiacal do câncer (caranguejo). No dente central está representada hieroglificamente a figura da serpente celeste, sendo a cabeça representada pelo sinal de Júpiter. No terceiro dente (parte de baixo) vê-se um sinal misto, representando os signos de Geminis e de Leo (Gêmeos e Leão). No primeiro dente, entre os ferrões do caranguejo vê-se o Sol e a seguir, a palavra ÓBITO, que significa: vai-te, afasta-te. No dente do meio vê-se ainda no centro e perto da serpente, a frase: AP DO SEL que é a abreviatura de uma palavra formada kabalística e hebraicamente, e ainda de uma palavra vulgar. AP é a abreviatura da palavra ARCHEU e deve ser lida AR em vez de OP. DO ceve ser lido OD, e, finalmente SEL. Essas palavras representam as três substâncias primas e os nomes ocultos de Archeu e de Od, significando o mesmo que Enxofre e Mercúrio dos filósofos. No último dente vê-se ainda ao lado do leão, a palavra IMO que significa: não obstante, persiste. Na haste de ferro representada pelo “tau” grego ou latino, vemos três letras P. P. P. representando: hieróglifo faloide e linguâmico, seguindo-se depois as palavras: VLI DOX FATO as quais devem ser lidas tomando-se a primeira letra pelo número do pentagrama em algarismo romano, completando-se assim: PENTAGRAMATICA LIBERTATE DOXA FATO, que são caracteres equivalentes às três letras de Cagliostro, L. P. D., significando: liberdade, poder e dever, Concluindo-se, interpretamos o Tridente de Paracelso da seguinte maneira: De um lado, temos a liberdade absoluta; do outro, vê-se a necessidade ou a fatalidade invencível que a todos atinge; no meio, está a RAZÃO, ou o absoluto kabalístico que mantém o perfeito equilíbrio universal.
Pelo fato de que os símbolos e imagens usadas nos trabalhos de Alta Magia têm um grande poder sobre os espíritos, é que o mundo cristão ainda hoje se prosterna diante do sinal da cruz, que nada mais representa do que um Dogma que tem força, e que por si só representa o Verbo Divino.
Na Alta Magia, os signos representam as forças ocultas da natureza, e aqueles que deles fazem uso como verdadeiros iniciados, podem perfeitamente dominar a quantos se antepõem aos seus desejos.
Nas diversas práticas do espiritismo, esses símbolos apresentados sob a forma de pontos riscados, têm um algo significado kabalístico, e é por isso que, as Umbandas que se praticam no Brasil fazem uso deles, na certeza de que grandes proveitos sobre qualquer ponto de vista, usufruem; quer na prática do bem, quer na prática do mal.
Além dos signos kabalísticos apresentados em páginas anteriores, possui o ritual da alta magia, outros mais, os quais sob múltiplos aspectos, são utilizados nas diversas práticas, sendo que cada um comportaria um volume inteiro caso nos aventurássemos a descrevê-los.
Os caracteres infernais dos doze signos do Zodíaco; os Signos kabalísticos de Orion; o Círculo goético das evocações negras e dos pactos; os diversos caracteres infernais tirados de Agripa, de Apono, de diversos engrimanços e das atas do processo de Urbano Grandier, a Chave do Taro, a Lâmpada, a Espada e a Foice usados como instrumentos mágicos, a Arca, o Carro de Hermes, enfim, uma série de elementos servem de base para as evocações dos praticantes de rituais utilizados nas diversas artes de se praticar a MAGIA.
Tendo sido o próprio Jesus Cristo um iniciado dos Mistérios do Egito, não é demais acrescentar que aquela magia que ele praticou na terra, se fundamenta e se enquadra perfeitamente no ritual e nos dogmas que hoje praticamos.
Olvidemos a magia negra, e busquemos na magia branca os ensinamentos divinos que o mestre espalhou pela face da terra.
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Fonte:
FONTENELLE, Aluizio. Exu. 2ª Ed. Rio de Janeiro, Gráfica Editora Aurora, Ltda, 1954.
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Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.
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