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Resumo e Chave Geral das Quatro Ciências Ocultas – Dogma e Ritual da Alta Magia

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22 – Z

SIGNA – THOT – PAN

Resumamos, agora, toda a ciência dos princípios.

A analogia é a última palavra da ciência e a primeira palavra da fé.

A harmonia está no equilíbrio, e o equilíbrio subsiste pela analogia dos contrários.

A unidade absoluta é a razão suprema e última das coisas. Ora, esta razão não pode ser uma pessoa nem três pessoas: é uma razão, e é a razão por excelência.

Para criar o equilíbrio é preciso separar e unir: separar pelos pólos, unir pelo centro.

Raciocinar sobre a fé é destruir a fé; fazer misticismo em filosofia é atentar contra a razão.

A razão e a fé se excluem mutuamente pela sua natureza e se unem pela analogia.

A analogia é o único mediador possível entre o visível e o invisível, entre o finito e o infinito. O dogma é a hipótese sempre ascendente de uma equação presumível.

Para o ignorante, é a hipótese que é a afirmação absoluta, e a afirmação absoluta que é a hipótese. Há, na ciência, hipóteses necessárias, e aquele que procura realizá- las, engrandece a ciência, sem restringir a fé, porque do outro lado da fé há o infinito.

Nós cremos naquilo que ignoramos, e que a razão quer que admitamos. Definir o objeto da fé e circunscrevê – lo é, pois, formular o desconhecido. As profissões de fé são as fórmulas da ignorância e das aspirações do homem. Os teoremas da ciência são os monumentos das suas conquistas.

O homem que nega a Deus é tão fanático como aquele que O define com uma pretensa infalibilidade. Ordinariamente, definimos Deus, dizendo tudo o que Ele não é.

O homem faz Deus por uma analogia do menos ao mais: resulta disso que a concepção de Deus no homem é sempre a de um homem infinito, o que faz do homem um deus finito.

O homem pode realizar o que acredita na medida do que sabe e em razão do que ignora, e faz tudo o que quer na medida do que crê e em razão do que sabe.

A analogia dos contrários é a relação da luz à sombra, da saliência à cavidade, do cheio ao vácuo. A alegoria, mãe de todos os dogmas, é a substituição das estampas dos clichês, das sombras às realidades. É a mentira da verdade e a verdade da mentira.

Ninguém inventa um dogma, cobre – se com um véu uma verdade, e produz- se uma sombra em favor dos olhos fracos. O iniciador não é um impostor, é um revelador; isto é, conforme a expressão da palavra latina revelare , um homem que vela de novo. É o criador de uma nova sombra.

A analogia é a chave de todos os segredos da natureza e a única razão de ser de todas as revelações.

Eis aí por que as religiões parecem estar escritas no céu e em toda a natureza; isto deve ser, porque a obra de Deus é o livro de Deus, e no que ele escreve devemos ver a expressão do seu pensamento e, por conseguinte, do seu ser, pois que nós o concebemos como o pensamento supremo. Dupuis e Volney só viram um plágio nesta esplêndida analogia que devia tê – los levado a reconhecer a catolicidade, isto é, a universalidade do dogma primitivo, único, mágico, cabalístico e imutável da revelação pela analogia.

A analogia dá ao mago todas as forças da natureza; a analogia é a quintessência da pedra filosofal, é o segredo do movimento perpétuo, é a quadratura do círculo, é o templo que repousa sobre as duas colunas Jakin e Bohas , é a chave do grande Arcano, é a raiz da árvore da vida, é a ciência do bem e do mal.

Achar a escala exata das analogias nas coisas apreciáveis pela ciência é fixar as bases da fé e assim apoderar- se da baqueta dos milagres. Ora, existe um princípio e uma fórmula rigorosa, que é o grande Arcano. Não o procure o sábio, ele já o achou; mas o vulgo que o procure sempre, nunca o achará.

A transmutação metálica se opera espiritual e materialmente pela chave positiva das analogias.

A medicina oculta é simplesmente o exercício da vontade aplicada as próprias fontes da vida, a esta luz astral, cuja existência é um fato, e cujo movimento é conforme os cálculos, cuja escala ascendente é o grande Arcano mágico.
Este Arcano universal, último e eterno segredo da alta iniciação, é representado no Tarô por uma jovem nua que só toca na terra com um pé, tem uma baqueta imantada em cada mão e parece correr numa coroa suportada por um anjo, uma águia, um boi e um leão. Esta figura é análoga, quanto ao fundo das coisas, ao querubim de Jekeskiel, que vulgarmente chamamos Ezequiel.

A inteligência desta figura é a chave de todas as ciências ocultas. Os leitores do meu livro já devem compreendê – la filosoficamente, se estiverem um pouco familiarizados com o simbolismo da Cabala. Resta- nos, agora, realizar o que é a Segunda e mais importante operação da grande obra. Achar a pedra filosofal, é alguma coisa, sem dúvida; mas como devemos triturá – la para fazer dela o pó de projeção? Qual é o emprego da baqueta mágica? Qual é o poder real dos nomes divinos da Cabala? Os iniciados o sabem, os iniciáveis o saberão se, pelas indicações tão múltiplas e tão exatas que acabamos de lhes dar, descobrirem o grande Arcano.

Por que essas verdades tão simples e tão puras sempre e necessariamente são ocultas aos homens? É que os eleitos da inteligência são em pequeno número na terra, e parecem, no meio de tolos e malvados, Daniel na cova dos leões.
Aliás, a analogia nos ensina as leis da hierarquia, e a ciência absoluta, sendo uma onipotência, deve ser a partilha exclusiva dos mais dignos. A confusão da hierarquia é a verdadeira decadência das sociedades, porque então os cegos guiam os cegos, conforme a palavra do Mestre. Que a iniciação seja restituída aos padres e reis, e a ordem se fará novamente. Por isso, fazendo apelo aos mais dignos, expondo – me a todos os perigos e a todas as maldições que rodeiam os reveladores, creio fazer uma coisa útil e grande: dirijo sobre o caos social o sopro de Deus vivo na humanidade, e evoco padres e reis para o mundo futuro!

Uma coisa não é justa porque Deus a quer, disse o anjo da escola; mas Deus a quer porque ela é justa. É como se tivesse dito: – O absoluto é a razão. A razão existe por si mesma; ela existe porque existe, e não porque a supomos; ela existe ou nada existe; e como quereis vós que exista alguma coisa sem razão? A razão é a necessidade, é a lei, é a regra de toda liberdade e a direção de toda iniciativa. Se Deus existe, é pela razão. A concepção de um Deus absoluto, fora ou independente da razão, é o ídolo da magia negra, é o fantasma do demônio.

O demônio é a morte que se disfarça com as vestes gastas da vida; é o espectro de Hirrenkesept entronizado sobre os escombros das civilizações arruinadas, e escondendo a sua nudez horrível com os despojos abandonados das encarnações de Vishnu.

Eliphas Levi – Dogma e Ritual da Alta Magia


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