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Quinta Hora: A Voz das Grandes Águas entoa louvores ao Deus das Esferas Celestiais.
Seguimos o candidato nos Mistérios Libertadores em sua viagem pela esfera refletora. Ele, como uma Pistis Sophia, atravessou todas as regiões dessa esfera, enquanto fez uso das quatro lanternas mágicas, que soube manter acesas, de modo que, todas as ilusões e encantamentos das esferas dialéticas não puderam retê-lo nem prejudicá-lo.
E assim, o candidato entra na Quinta Hora, no quinto período, na quinta fase de seu caminho de desenvolvimento. Esta Quinta Hora diz: “A Voz das Grandes Águas entoa louvores ao Deus das Esferas Celestiais.”
A Quinta Hora é a Hora da Vitória, a hora da completa libertação de todas as influências, de todas as forças e aspectos da dialética, tanto em relação à esfera material, como também em ralação à esfera refletora. Só agora é possível falar-se de uma Nova Gênese Humana, de um nascimento verdadeiramente novo, da estrela de cinco pontas de Belém, da verdadeira, da profunda paz interior.
Esta situação, totalmente nova, não se encontra, para os candidatos que progridem numa Escola Espiritual Gnóstica, a uma distância imensamente grande, sendo experimentada tão somente quando toda a corporeidade dialética tenha desaparecido pela morte, mas o Nuctemeron nos quer informar que esse estado de ser pode ser festejado enquanto o candidato ainda possui completo controle sobre sua personalidade natural, e esta tornou-se perfeitamente “Joanina”, tendo ingressado, pela morte do eu, no estado de Nascimento da Alma.
É justamente de homens tais que a Fraternidade Universal necessita, a fim de que trabalhem na colheita; pessoas que estão no mundo mas já não mais pertencem ao mundo. É magnífico o saber-se que fomos recebidos nos braços amorosos da Fraternidade, e estamos sendo guiados, passo a passo, para o Mundo do Estado Vivente da Alma.
Felizes e contentes ficaremos quando deixarmos, definitivamente, o lacrimatório terrestre após o Nascimento da Alma, porém ainda mais maravilhoso é o fato de que podemos sair para o grande campo de colheita, como servo, sabendo-se que a colheita será abundante. Quando, no simbolismo evangélico, a Estrela de Belém brilha sobre a gruta do nascimento, então ficamos sabendo que isso se refere a semelhante servo da humanidade, a semelhante “filho do homem.”
Ele é portador da assinatura da Quinta Hora do Nuctemeron. Ele é um Homem-Alma vivente na figura de um corpo joanino, ele penetra na natureza da morte para realizar a sua tarefa. Ele se encontra nas Correntes de Vida da Vida Universal, e assimila as Grandes Forças de Vida que protegem e suportam a Humanidade Divina.
E essas Correntes de Vida só têm uma Voz, a Voz do único e grande Plano Divino da Onimanifestação. Na Quinta Hora o Homem-Alma escuta a Voz das Grandes Águas. Por isso, quem ingressa nessa Quinta Hora, que é a Hora da Vitória, ouve a música celestial da Vida Universal, ouve o som básico do Universo, som este que, pela Fraternidade dos Cátaros em seus hinos, vibrou mediante as cinco vogais A-E-I-O-U.
São as cinco vogais da Quinta Hora, as quais, como a Voz das Grandes Águas das esferas celestiais, entoam louvores ao Deus. São as cinco vogais que abrem as fronteiras da Cabeça Áurea e convidam os Efésios a entrar.
Pois bem, nesta Hora da Vitória, nesta Hora do Nascimento, o candidato deve, antes de tudo, refletir profundamente sobre aquilo que deixou para trás e sobre aquilo que se encontra à sua frente. Essa reflexão é absolutamente necessária, porque o passado sempre conservará certa característica no microcosmo. Apagar o passado, ou remover o karma, não significa “perdê-lo totalmente”. Mas, sim, significa, unicamente, tê-lo esgotado, tê-lo vencido! Em certo sentido o passado sempre permanece na memória do microcosmo, sempre podemos evocá-lo em nossa lembrança, enquanto vivemos. Essa lembrança pode ser uma tendência, ou – se ela se relaciona a predecessores no microcosmo a uma influência.
Contudo, ao lado disso abre-se (se o candidato alcançou os novos domínios), na base das novas possibilidades, um futuro completamente novo.
E, na reflexão da Quinta Hora, o candidato deve decidir-se a pôr um fim definitivo ao passado, apesar de ele estar disponível, apesar de este poder ser imediatamente vivificado outra vez. O candidato não deve ingressar na Nova Terra senão com as novas possibilidades, para com elas investigá-la.
Alguns exemplos poderão ser úteis no sentido de esclarecer o que se disse, visto que, em muitas fases anteriores do aluno, aparece a mesma situação, como sombras antecipadas da Quinta Hora.
Suponde que vós, como criaturas amadurecidas, com muitas experiências na vida, com uma existência de muito trabalho e muitas obrigações, suponde que ingressais, num certo momento, numa Escola Espiritual Gnóstica e lá ficais encarregados de um trabalho qualquer. Então ficais animados, com as melhores intenções, em também usar na Escola Espiritual antigos comportamentos, que se mostraram de utilidade e de bom êxito.
Então constatareis que esse método de ação, esse comportamento sempre mostra um resultado negativo numa Escola Espiritual.
Quando, por conseguinte, o candidato na Hora da Vitória lança um olhar retrospectivo, vê ele toda a série de fraquezas tipicamente humanas que ocupavam a sua vida anteriormente, que apuseram o seu sinete em seu caráter, que formaram a sua personalidade, que determinaram a sua conduta para com os seus sernelhantes, as suas alegrias e as suas tristezas.
Em seguida, ele descobre que no passado ele nada mais foi que um joguete do destino. O destino, a dialética determinou o seu caminho de vida. E então ele vê nitidamente por que o destino, nesse período, tomou em suas mãos as rédeas de sua vida. Por que dia e noite ele ocupou-se da dialética. Desde o nascimento até o momento do amadurecimento na vida, cada homem é preparado, sintonizado a fim de participar da vida dialética, para familiarizar-se com os hábitos e as forças de uma prática de vida dialética.
E é mais do que evidente, absolutamente claro e simplesmente inevitável que o homem seja arrebatado por essas forças, por elas dominado e, por conseguinte, por elas governado.
São hábitos, práticas decorrentes da vida que são tão refinadamente inteligentes, tão engenhosos, mental e astralmente tão poderosos, tão coroados de êxito na natureza comum, que é preciso resistir à tentação de também aplicá-los em um novo estado de ser. Em sua vista retrospectiva o candidato, estando na Quinta Hora, deve tomar a absoluta decisão de não aplicar, no novo estado de vida, nenhum, mas absolutamente nenhum, dos antigos hábitos de vida e métodos.
E assim ele retorna de sua vista retrospectiva para o Novo Vivente e o futuro nele contido, e ele toma em suas mãos, na da Vitória, as novas armas, e faz uso de suas novas possibilidades.
O que encerram elas?
O candidato se encontra nas correntes de vida das Grandes Águas Universais o que quer dizer que um Novo Fogo Mágico toca-o, transpassa-o e passa a residir nele.
As Vozes das Grandes Águas cantam nele mediante os cinco sons primordiais. Esses cinco sons se interpenetram, e o candidato extrai a quinta-essência desse cântico, o que significa, na música, o quinto degrau do som fundamental; e na Magia significa o mais excelente, o mais nobre, o mais forte dessa grande Força, a qual tornou-se dele, e ele destaca-se como servidor, como servidor de grande Pátria do Divino Desvelo, para realizar as tarefas que o aguardam no Campo de Colheita. É uma Força básica com a qual ele leva por toda parte, mesmo nas maiores profundidades do inferno, harmonia, a calma e a paz, a paz de Belém. Quem sabe empregar essa Força, e pode empregá-la, não precisa mais lutar, porquanto toda disputa surge da recíproca inimizade entre as forças gêmeas da natureza, dialética. Quem já não vive mais dessas forças, triunfa sobre toda contenda, e é para todos os que ainda vivem nas trevas, um Mensageiro de Paz sobre a Terra.
Um tal homem traz esse vácuo do Novo Estado da Alma para a natureza da morte, para que nesse vácuo os infelizes e os doloridos possam ser santificados, possam ser curados.
Nos Mistérios isso é denominado o “casamento dos Opostos”.
Bem e Mal, luz e trevas, alegria e melancolia, amor e ódio estes contrários, quando se fizerem presentes neles, são postos em harmonia pela Alma.
Assim a Alma, somente ela, vence a dialética!
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