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Vimos num capítulo anterior que os distúrbios nervosos e mentais podem estimular um ataque psíquico, especialmente se o sujeito está familiarizado com a terminologia do ocultismo. Devemos considerar também o papel desempenhado pelo ataque psíquico nas desordens nervosas e mentais. Mas antes de iniciarmos esta seção de nosso estudo, devemos dar uma breve explicação sobre a natureza das perturbações nervosas e mentais e sobre a distinção entre ambas. Não entraremos em considerações acadêmicas, pois estas páginas não foram escritas para o psicólogo profissional ortodoxo — que tem inúmeros manuais à sua disposição —, mas para a pessoa cujo interesse está em primeiro lugar nos temas ocultistas, e que enfrenta o estudo do assunto desprovida dos tecnicismos da psicologia e da psicofisiologia, duas ciências de que precisamos ter pelo menos um conhecimento prático para enfrentarmos os trabalhos ocultos .
No curso de uma encarnação, a mente está assentada sobre as funções das características do Eu Superior, ou Individualidade, que é a alma imortal que se desenvolve no curso de uma evolução. A mente, por conseguinte, é parte da personalidade — a unidade da encarnação — que começa no nascimento e se dissolve na morte, sendo a sua essência absorvida pela personalidade, que assim se desenvolve .
A mente é essencialmente o órgão de adaptação ao meio ambiente, e é quando essa adaptação falha que as perturbações neuróticas e histéricas começam. Toda criatura viva é um canal por onde flui a corrente de força vital que procede do Logos, o Criador deste universo. Essa corrente divide-se nos três canais principais, que para nós correspondem aos três grandes instintos naturais, a Autopreservação, a Reprodução e o Instinto Social. Essas são as três molas principais de nossas vidas. A própria pressão da vida está atrás desses canais, e se eles são bloqueados além de seu poder de compensação (por mais considerável que este seja), eles agem como as correntes cujos canais estão bloqueados e que, em conseqüência, transbordam e encharcam as terras adjacentes .
A emoção é o aspecto subjetivo de um instinto. Ou seja, quando um instinto está operando, nós sentimos emoção. Toda emoção que sentimos pode ser referida a um ou outro dos instintos. Nosso ressentimento pela crítica à nossa dignidade tem suas raízes no instinto da Autopreservação. Nosso amor à arte tem seu elevado aspecto espiritual e seu aspecto físico elemental, e a transmutação de um plano ao outro ocorre livremente, de modo que, a não ser que compreendamos o significado dessas manifestações, poderemos incorrer em erro. Na compreensão desse ponto está a chave da ciência da vida.Se um desses grandes instintos é tão frustrado que todas as tentativas de compensação sucumbem; ou se o temperamento é tão inelástico e inflexível que não modificará suas exigências, o ego faz uma desesperada tentativa final de ajustamento que ultrapassa os limites em que as relações harmoniosas com o meio ambiente podem ser mantidas. As relações com o meio ambiente se rompem, e a mente abandona, pelo menos em parte, a esfera. da realidade, ingressando na esfera da imaginação. A sensação de valores fixos se perdeu, e as coisas assumem uma importância simbólica. Esse rompimento pode ser parcial, restringindo-se a certos aspectos da vida, ou pode ser total .
Na histeria, as forças odiosas da vida permanecem no canal, mas jorram com força concentrada por qualquer comporta que possa estar aberta para elas. Conseqüentemente, ao invés de o rio sob obstrução ser um corpo de água que flui suavemente, ele desce em rápidos e sorvedouros difíceis e perigosos para navegar, de modo que o barco da vida neles naufraga. O país circunvizinho é também reduzido a um lamaçal, nem terra nem água. Em outras palavras, o temperamento torna-se tempestuoso e indevidamente emocional, e os fatores não-emocionais da mente, como o julgamento e o autocontrole, se descoordenam. Esse temperamento está perpetuamente em dificuldades com a vida, e periodicamente as emoções reprimidas transbordam em acessos de gritos e movimentos musculares convulsivos, que agem como válvulas de segurança e aliviam temporariamente a pressão .
O neurótico difere do histérico por certas características marcantes que precisam ser cuidadosamente consideradas, pois são muito importantes do ponto de vista prático. As perturbações neuróticas começam da mesma maneira que os distúrbios histéricos, pois resultam da emoção reprimida e da falta de adaptação ao meio ambiente; mas nesse caso, as forças vitais agem para abrir novos canais que possam circundar o obstáculo que lhe bloqueia o caminho. Temos, conseqüentemente, o que os psicólogos chamam de deslocamento emocional. Um assunto relativamente pouco importante torna-se objeto de uma efusão que não condiz em absoluto com a realidade, pois esse objeto foi substituído por outra coisa. É esse curioso trilhar subterrâneo da emoção na mente que causa tanta desordem, pois o sofredor não é insano e, no entanto, certas seções de seus valores e reações à vida estão pervertidas. Ele é uma pessoa extremamente difícil de lidar, porque é dado a amores e ódios e medos inesperados e absolutamente irracionais, e age de acordo com eles .
Condições semelhantes prevalecem nas insanidades orgânicas; as conseqüências psicológicas são as mesmas, mas, visto que a origem é física, e não mental, a psicoterapia pouco pode fazer por elas. Mesmo assim, algo pode ser feito para trazer-lhes alívio, embora não para curá-las por completo; consideremos então esse assunto dos pontos de vista psicofísico e ocultista.O corpo é o veículo da mente. Se o veículo é falho, a mente não pode expressarse corretamente; suas reações serão distorcidas. A ciência ortodoxa diz que o cérebro é o órgão da mente, mas a ciência esotérica diz que o cérebro é o órgão de percepção das impressões dos sentidos e de coordenação dos impulsos eferentes. É a estação telefônica do sistema nervoso. É apenas um dos pontos em que a mente toca o corpo, sendo os outros as glândulas do sistema endócrino, a pineal, a pituitária, a tireóide, as supra-renais, o timo e as gônadas; podemos acrescentar-lhes ainda o Plexo Solar e o Plexo Sacro. O estudioso da fisiologia tântrica terá naturalmente observado que os Chakras coincidem em sua localização com os órgãos endócrinos .
As glândulas endócrinas têm por tarefa manter a composição química do sangue, nele despejando suas secreções, chamadas hormônios, em certas proporções equilibradas. Se a balança está de alguma maneira desregulada, seja por um excesso de secreção, seja pela falta de outra, profundas alterações ocorrem no metabolismo. Todos os processos vitais são regulados pelas glândulas endócrinas, e elas podem ser apressadas ou retardadas em seus diferentes aspectos quando a balança das endócrinas se altera. Sabem os fisiologistas que essa balança endócrina está intimamente associada aos estados emocionais, e especialmente à vivacidade ou apatia do temperamento. Os psicólogos não avaliam suficientemente a importância dos recentes trabalhos sobre as glândulas endócrinas, mas os ocultistas conhecem tanto esse aspecto da psicofisiologia quanto os ensinamentos tradicionais. Os exercícios de respiração do sistema yoga baseiam-se nesse conhecimento, e são extremamente poderosos, como o são todas as práticas ocultistas que são trazidas corretamente para o plano físico. De fato, podemos dizer que nenhum processo ocultista é realmente potente, nem que fecha o seu circuito, se não tem pontos de contato com a matéria densa; eis um ponto que muitos ocultistas não levam em consideração. O ocultismo, embora basicamente um processo mental, não é simplesmente um processo mental. É simultaneamente espiritual e material .
Na grande maioria dos casos de insanidade, as alterações cerebrais orgânicas não podem ser demonstradas, mas os alienistas estão cada vez mais propensos a acreditar que podem detectar a sífilis de Hécate no sangue. Sua composição química pode desviar-se do normal, seja devido a uma alteração no equilíbrio hormonal ou aos subprodutos da enfermidade. Essa alteração na química do sangue é imediatamente seguida por uma alteração no tom emocional Este pode tornar-se superemocional ou deprimido, apático ou irritado. Os antigos descreviam admiravelmente esses estados como os quatro humores, o sanguíneo, o bilioso, o linfático e o colérico.Os fisiólogos demonstraram abundantemente que os estados emocionais afetam a composição química do sangue. Estamos compreendendo gradualmente que essas alterações são produzidas pela mediação das glândulas endócrinas, que podem ser chamadas de cérebro emocional, assim como a matéria cinzenta no crânio pode ser chamada de cérebro sensorimotor. Segue-se, portanto, que se por alguma interferência em seu funcionamento as glândulas produzem uma composição química correspondente àquela que produzem quando um estado emocional particular dá seu estímulo especial, o indivíduo experimentará sensações físicas associadas ao seu estado emocional correspondente. Sua mente procurará ajustar-se a essas condições, explicando-as pela imaginação. Portanto, se houver um estado sanguíneo característico da condição de medo, imagens de medo se produzirão na mente. É com base nisso que as insanidades orgânicas produzem os seus estados mentais característicos .
Seja uma causa mental ou uma causa física a responsável pelo estado emocional, o resultado é o mesmo para o paciente. As insanidades orgânicas distinguem-se das insanidades funcionais apenas por sua origem. Uma insanidade orgânica tende a desviar-se mais do normal do que uma desordem nervosa funcional, pois nesta última intervém um grau considerável de compensação, visto que o paciente pode em grande medida readquirir o domínio de si e manter-se longe dos extremos desastrosos. Não é esse o caso de uma insanidade orgânica, que caminha para o seu fim lógico. É por essa razão que um neurótico, mesmo sofrendo seriamente, nunca tem um colapso total, a menos que esteja seguro das misérias da vida. O instinto de autoconservação o mantém sobre os pés .
Tendo considerado as bases físicas e subjetivas das perturbações mentais, estamos agora em posição de avaliar exatamente o papel desempenhado pelo Invisível. O que acontece quando um neurótico abraça o ocultismo? Podemos responder melhor a essa questão considerando o que acontece quando uma pessoa normal abraça o ocultismo. Ela aprende pela primeira vez que existem Mundos Invisíveis e começa a pensar neles. Ao fazê-lo, ela entra em contato com esses mundos. No início, ela pode não ser capaz de percebê-los conscientemente; entretanto, ela sente subconscientemente e eles a afetam. Um observador próximo pode reconhecer esse processo por milhares de maneiras .
Existem grandes forças que se movem como correntes no Invisível, e somos lançadas nelas de acordo com a nossa afinidade temperamental. A personalidade violenta é lançada nas Correntes de Marte; a emocional e sugestionável, na esfera de Luna. E as influências dessas esferas se exercem sobre as personalidades. O ocultista que trabalha por um sistema próprio, que sabe que haverá de encontrar essas forças mais cedo ou mais tarde, entra voluntariamente em contato com cada uma delas e, por intermédio de rituais apropriados, sintetiza-as em sua própria natureza. Ele sabe que cada aspecto tem seu contrário. A Virgem Maria reflete-se na Lilith. Os credos antigos conheciam essa lei, mas o cristianismo popular, que não tem nenhuma raiz na tradição, a esqueceu. Durante a Reforma, o cristianismo protestante deitou fora o aspecto ocultista. Todos os panteões pagãos têm grosseiros aspectos de divindades, assim como aspectos etéreos. Precisamos procurar no monte de refugos da história as partes perdidas de nossa própria tradição, se desejamos aperfeiçoar a nossa fé, e a linha mais proveitosa de procura está na Cabala e na literatura gnóstica. A literatura dos gnósticos foi grandemente destruída pela perseguição sistemática, mas na Cabala ainda temos um sistema completo. Os judeus, por serem estritamente monoteístas, não falam de deuses, mas reconhecem uma hierarquia de anjos e arcanjos que é o equivalente dos panteões pagãos. É por intermédio desses mensageiros etéreos que o Pai de Tudo formou os mundos .
Consideremos mais uma vez a doutrina cabalista do Qlippoth, pois ela tem uma profunda influência sobre o problema da insanidade. A doutrina dos Dez Sephiroth Sagrados, dispostos em seu padrão correto para formar a Árvore da Vida, pode ajudar-nos a conceber o Invisível. A Primeira Sephira foi concentrada a partir do Imanifesto, o Ponto no Círculo. Ela emana a Segunda, que por sua vez emana a Terceira. Assim que uma emana a outra, ambas estão equilibradas; mas quando a emanação está em curso, há um período de desequilíbrio de forças. Isso, de certo modo, ocorre espontaneamente no Cosmo e estabelece uma esfera por sua própria conta, que não se relaciona com o sistema cósmico .
Conseqüentemente, cada esfera do Cosmo tem a sua contraparte no Caos, em miniatura, é verdade, mas potente e funcional .
Cada esfera, no curso de sua evolução, edifica uma Sobrealma, que é chamada por diferentes nomes em diferentes sistemas. No sistema cabalístico, chamamse Arcanjos, os Espíritos diante do Trono. A esfera do Sol é representada por Rafael; a esfera da Lua, – por Gabriel. Os Sephiroth Inversos, ou Qlippoth, se constroem da mesma maneira. Nas Moradas do Inferno, ambos são conhecidos como Briguentos e Obscenos, e esses nomes indicam suficientemente o seu caráter. A esfera do Sol também é o ponto de manifestação do Messias, ou Salvador, sobre a Terra. O Príncipe da Paz tem Seu oposto nos Briguentos. Todo aquele que teve a Visão beatifica sabe a reação que lhe segue, e como a sabedoria, o autocontrole e a paciência são necessários para lidar com as forças que são libertadas não apenas na alua, mas no meio ambiente. É por essa razão que os períodos de purgação e disciplina precedem todas as revelações. Devemos manter a vigília antes de podermos participar do banquete.A consciência, emanada da esfera da Terra, eleva-se diretamente para a esfera da Lua. Esta é a esfera psíquica, negativa, feminina e receptiva. Daí ela passa para a esfera do Sol. Esta é a esfera positiva, masculina, da consciência superior, a visão do profeta que se distingue da do sensitivo. O caminho é flanqueado em ambos os lados pelas esferas da Sabedoria Hermética e da Beleza Elemental .
Essas esferas, que dizem respeito aos graus da iniciação, não devem ocupar-nos aqui. Vamos nos ater às esferas da Lua, Luna, a Soberana do tique de Luna. Ora, Luna era representada pelos antigos sob diversas formas, como Diana, a casta caçadora, símbolo da sublimação, e Hécate, patrona da feitiçaria e dos partos. Já assinalamos que os Qlippoth da esfera de Luna chamavam-se Obscenos. É por essa razão que quando a alma instável avança pelo Caminho de Saturno, que transpõe o Astral e penetra a esfera de Luna, ela toca o seu aspecto de Hécate e vê-se en rapport com os Demônios, cujo chefe é Lilith, que propicia sonhos libidinosos. Não surpreende, portanto, que Freud tenha descoberto que os sonhos do neurótico estão repletos de imagens sexuais em suas formas mais pervertidas e depravadas. Os Rabinos conheciam tão bem a sua psicologia quanto Freud .
Como já se observou, o neurótico é amiúde um sensitivo, e o sensitivo é amiúde um neurótico. O que podemos esperar que aconteça à alma que recebeu iniciação numa vida passada, que reteve subconscientemente o desenvolvimento psíquico então concedido, e que se vê encarnada numa personalidade neurótica nesta vida? Ela estará sob o domínio tenebroso da Lua, e Lilith será sua soberana. As forças do Abismo ingressam pelas portas inadequadas do temperamento neurótico. Os complexos dissociados do Microcosmo são reforçados pelos complexos dissociados do Macrocosmo, pois é isso o que são exatamente os Qlippoth .
Os ocultistas e os seus admiradores ignorantes, os supersticiosos, sempre sustentaram que a insanidade está vinculada à possessão demoníaca. A medicina moderna objeta, e declara que as várias manifestações da mente enferma devem-se inteiramente a processos psicológicos subjetivos. Na atualidade, essas duas escolas de pensamento são como dois campos armados, dispostos para a batalha e brandindo suas armas um contra o outro. Cada um deles está seguro demais de suas próprias razões para dar ouvidos à outra. Acredito que um campo comum pode ser encontrado para o encontro desses dois pontos de vista opostos. A psicologia demonstra o mecanismo da mente e pode explicar o processo mental por cujo intermédio as idéias do perturbado assumem suas formas definitivas. Ela pode mostrar a conecção entre essas idéias e. os sonhos da mente normal. O que ela não pode explicar é a diferença fundamental entre esses estados subjetivos e a consciência desperta normal. É aqui que o ocultista pode dizer algo que seja digno de atenção ao psicólogo, pois ele pode mostrar como essas visões podem ser produzidas experimentalmente e voluntariamente por meio da magia cerimonial. E o que é mais importante, o ocultista pode mostrar-lhe como essas visões podem ser dissolvidas e as faculdades psíquicas encerradas e seladas por completo .
Isso nos conduz à parte prática de nossas considerações. Até onde podem os métodos da magia ritual ser aplicados à cura do distúrbio mental? Eles são, indubitavelmente, paliativos, e não produzirão uma cura permanente, a não ser que a origem do estado mental perturbado seja descoberta e esclarecida. A não ser que isso se faça, assim que dispersarmos os fantasmas eles se formarão novamente, pois o estado mental do paciente os está invocando. Nestas circunstâncias, nenhum círculo mágico pode conservar-se intato. Assim que rompemos a ligação com o Abismo, o paciente a refaz .
Mas tais condições constituem um círculo vicioso. As forças qlippóticas com as quais se estabeleceu contato desenvolver-se-ão ativamente, e agarrar-se-ão à sua vítima quando se fizerem tentativas para desalojá-las. Nesta nossa época racionalista, estamos propensos a esquecer que existe um mal organizado e inteligente. Se as causas físicas dessa perturbação foram esclarecidas, o foco séptico extirpado, ou o tumor que pressionava a glândula endócrina removido, e a mente não volta ao normal, um exorcismo produzirá amiúde resultados imediatos e evidentes. No caso do neurótico, cuja perturbação está inteiramente na esfera da mente, um exorcismo é de enorme valor como medida preliminar para o tratamento psicoterapêutico adequado, porque ele limpa o terreno e previne a reinfecção, dando ao paciente uma chance para começar de novo. É possível que os demônios qlippóticos tenham obtido uma influência hipnótica tão poderosa sobre a vítima, que esta fica sem forças para rompê-la por qualquer esforço de vontade própria, e o tipo ortodoxo de psicoterapia não consegue tocar a raiz da perturbação. O exorcismo pode ter que ser repetido duas ou três vezes no curso do tratamento, pois as ligações podem renovar-se depois de terem sido quebradas. Mas assim que os complexos do paciente forem esclarecidos, elas não mais retornarão. Em todo caso, um exorcismo produz evidente benefício temporário; durante a calmaria, o paciente tem uma chance para readquirir o domínio de si próprio e as influências malignas estão abaladas. Um paciente corajoso, que coopera inteligentemente, raramente precisará ser exorcizado mais do que três vezes, desde que as condições materiais sejam favoráveis. Eu vi casos que foram esclarecidos por um simples exorcismo, e os pacientes permaneceram em bom estado enquanto obedeceram às instruções e evitaram o contato com o Invisível, seja lendo livros sobre ocultismo ou associando-se a pessoas que se interessavam por tais assuntos; e eu também vi o Abismo restabelecer a sua influência quando o paciente desobedeceu às instruções e reanimou as vibrações antigas .
Precisamos compreender que a consciência humana não é um vaso fechado, mas que, como o corpo, tem uma entrada e uma saída. As forças cósmicas circulam por ela durante todo o tempo, como a água do mar numa esponja viva. Qualquer estado emocional que pode penetrar-nos é reforçado do exterior. O eu subjetivo tem apenas o fósforo, o Cosmo fornece o combustível. Assim que o fogo se acende, as forças cósmicas do tipo adequado irão atiçá-lo. Assim como o católico devoto é inspirado pelas influências de seu santo padroeiro, invocado pela oração, o neurótico é aterrorizado por seu demônio obsessivo, invocado pelas locubrações mórbidas da subconsciência dissociada. O ocultista afirma que o princípio generalizado do mal tem seus canais inteligentes, assim como o Princípio organizado do Bem tem Seus espíritos auxiliares. Todo observador que considerar o fenômeno do distúrbio mental descobrirá muitas coisas para corroborar essa hipótese .
A questão da obsessão é extremamente importante. A palavra é empregada com muita liberdade nos círculos ocultistas, e significa a retirada de uma alma de seu corpo e a sua substituição por outra alua, mas tenho dúvidas quanto a se essa é a verdadeira representação do que acontece. Sempre me pareceu que na obsessão não temos a substituição real de uma alma por outra, mas o domínio completo de uma alma por outra. É um domínio hipnótico, e podemos explicá-lo nos termos da conhecida psicologia da hipnose, sendo o hipnotizador, no caso, uma entidade astral .
Existe uma operação na magia conhecida como “obtenção da forma divina”, na qual o operador se identifica imaginariamente com o deus e, assim, se torna um canal para o seu poder. Podemos encontrá-la numa das formas da magia egípcia em que o sacerdote portava uma máscara para significar a cabeça do animal simbolicamente atribuído ao deus que representava. Essa identificação imaginária é um método bem conhecido no ocultismo e é amiúde empregado como um exercício mental para penetrar na vida interior de uma planta ou de um cristal. Os efeitos desse processo são muito característicos e peculiares. Estou propensa a acreditar que é esse método, combinado com a hipnose, que é utilizado pela entidade obsediante, que se identifica em primeiro lugar com a sua vítima e depois impõe a sua própria personalidade sobre ela, obtendo, assim, um veículo de manifestação. Acredito também, no entanto, que é apenas em certos casos anormais — sejam induzidos pela enfermidade da mente ou do corpo, ou por uma das mais drásticas operações da magia negra — que essa imposição pode ocorrer.
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