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Magia na Grécia – História da Magia

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Este capítulo começa com vários parágrafos de pouco valor histórico. O autor perde-se em considerações literárias para informar que, na Grécia, os grande precursores da Magia, em termos de tradição mitológica, foram Orfeu e Cadmo, conforme o texto a seguir:
Aos cantos poéticos de Orfeu abrandam-se os rochedos, desenraizam-se os carvalhos e os animais selvagens submetem-se ao homem. …Foi Orfeu que deu vida aos números, foi Cadmo que ligou o pensamento aos caracteres (Cadmo, personagem mítico, é considerado o inventor da escrita na Grécia). …Cadmo é um exilado [sua origem é Tebas, Egito] …Ele trás para a Grécia as letras primitivas e a harmonia que as reúne.

A fábula do Tosão de Ouro liga a Magia Hermética (Egípcia) às Iniciações gregas. Tudo nesta lenda é alegoria, como o Navio dos Argonautas cujo correspondente egípcio é o Barco dos Mistérios de Isis, arca das sementes e da renovação. [Na lenda] … A ciência é ainda uma vez traída por uma mulher: Medéia. Esta história da antiguidade grega encerra a epopéia das ciências ocultas. Depois da Magia hermética vem a Goécia, parricídio, fraticídio, infanticídio, sacrificando tudo às suas paixões e não gozando nunca do fruto de seus crimes. Medéia traía seu pai, como Cam (filho de nóe); assassina seu irmão, como Caim. Ela apunhala seus filhos, envenena sua rival e só recolhe o ódio daquele por quem queria ser amada, Jasão.

Prometeu, O Tosão de Ouro, a Tebaída, a Ilíada e a odisséia, cinco grandes epopéias todas cheias de mistérios da natureza e dos destinos humanos compõem a Bíblia da antiga Grécia… A fábula de Orfeu é toda um dogma. Ele é um poeta. Sua amada morre e ele não é capaz de resgatá-la do Hades. Orfeu sente-se viúvo e tendo no coração uma ferida que só a morte poderá curar, faz-se médico das almas e dos corpos; enfim, morre vítima de sua castidade; morre a morte dos iniciadores e profetas, depois de ter proclamado a unidade de Deus e a unidade do amor. Orfeu passou à história com fama de feiticeiro e encantador. Aele se atribui, como a Salomão, o conhecimento dos elementos simples e dos minerais, a ciência da medicina celeste e da pedra filosofal. Assim se resume a Iniciação Órfica:

O homem, depois de ter sofrido a influência dos elementos deve fazer sofrer aos elementos sua própria influência.

A criação é o ato de um magismo divino, contínuo e eterno. Para o homem, Ser é, realmente, conhecer-se.

A responsabilidade é uma conquista do homem, a pena mesma do pecado é um novo meio de conquistas.

Toda vida repousa sobre a morte. A palingenesia (ressurreição) é a lei reparadora. O casamento é a reprodução, na humanidade, do grande mistério cosmogônico. Ele deve ser um como Deus e a naturza são um. O casamento é a unidade da árvore da vida; a devassidão é a divisão e a morte.

MAGIA NEGRA

Dissemos que a primeira parte da fábula do Tosão de Ouro encerra os segredos da Magia Órfica e que a segunda parte é consagrada contra aos da Goecia ou da Magia tenebrosa. A Goécia ou falsa magia, conhecida em nossos tempos pelo nome de feitiçaria, não poderia ser uma ciência; é o emprirismo da fatalidade. Toda paixão excessiva produz uma força que escapa à Vontade, ao contrário, obedece ao despotismo da paixão. Dizia Alberto, o Grande: “não maldigais a ninguém quando estiverdes em cólera”. A paixão excessiva é uma verdadeira loucura, uma embriaguês, uma congestão da luz astral.

FEITICEIRAS GREGAS

As feiticeiras entre os gregos, e especialmente na Tessália, praticavam horríveis ensinamentos e abandonavam-se a ritos abomináveis. Eram em geral, mulheres perdidas de desejos que já não podiam satisfazer; cortesão envelhecidas, monturos de imoralidade e hediondez. Ciosas do amor e da vida, estas miseráveis mulheres não tinham amantes senão nos túmulos [necrofilia], ou antes, elas violavam sepulcros para devorar de terríveis carícias a carne gelada dos moços. Elas roubavam crianças cujos gritos abafavam, premindo-as contra as mamas pendentes. Eram chamadas lâmias, estriges, empulsas; as crianças, objeto de sua inveja e ódio, eram sacrificadas.

Algumas destas feiticeiras, como Canídia, de que fala Horácio, as enterravam até a cabeça e as deixavam morrer de fome, cercando-as de alimentos que não podiam alcançar; outras, cortavam-lhes a cabeça, os pés e as mãos e faziam reduzir a gordura e a carne dos infantes em bacias de cobre, até obterem um ungüento que misturavam ao suco de meimendro, da beladona e das papoulas negras. Elas enchiam deste ungüento o orgão incessantemente irritado por seus detestáveis desejos, friccionavam as têmporas e as axilas, depois caíam numa letargia cheia de sonhos desenfreados e luxuriosos.

Convém dizer: eis as origens da magia negra, segredos que se perpetuaram até a Idade Média; eis, enfim, que as pretendidas vítimas inocentes da execração pública que a sentença dos inquisidores condenava a morrer nas chamas. Foi na Espanha e na Itália, sobretudo, que sobreviveu a “raça” das estriges, das lâmias e das empulsas; e os que duvidam disto podem consultar os mais sábios criminalistas destes países, reunidos por F. de Torreblanca em seu Epitome delictorium.

Medéia e Circe são dois tipos da magia malfazeja entre os gregos. Circe é mulher viciosa que que fascina e degrada seus amantes; Medéia é a envenenadora apaixonada que a tudo se atreve e faz a própria natureza servir a seus crimes. Há, de fato, seres que encantam como Circe e perto dos quais todos se aviltam; há mulheres cujo amor degrada as almas. Elas não sabem inspirar senão paixões brutais; elas vos enervam e depois vos desprezam. É preciso, como Ulisses, saber subjugá-las pelo temor e depois, deixá-las sem pesar. São monstros de beleza, não têm coração; só a vaidade as faz viver. Na antigüidade eram representadas pela figura das sereias.

Quanto a Medéia, é a criatura perversa, que quer o mal e que o opera. Esta é capaz de amar e não se detém diante do temor; mas seu amor é mais temível que o ódio. Ela é mãe ruim e assassina de criancinhas. Ama a noite e vai clher ao luar ervas maléficas para preparar venenos. Ela magnetiza o ar, leva a desgraça à terra, infecta a água, envenena o fogo. Os répteis emprestam-lhe sua baba; ela murmura terríveis palavras; traços de sangue a acompanham. Seus conselhos endoidecem, suas carícias horrorizam. LEVI, p 85-86


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