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Há basicamente duas figuras de hexagramas encontradas nas diversas correntes e “escolas” filosóficas, religiosas, mágickas, iniciáticas e afins. O desenho mais antigo e mais conhecido é formado por dois triângulos eqüiláteros iguais inscritos em uma circunferência com seus ápices invertidos formando uma estrela.
A figura mais moderna deve sua proeminência a Aleister Crowley e está profundamente associada ao sistema por ele sugerido. Trata-se do hexagrama unicursal.
As figuras em forma de estrela com seis pontas – os hexagramas – são construídas a partir de uma figura hexagonal regular obtida pela divisão da circunferência em seis partes iguais. Dividindo os 360° da circunferência por seis obteremos seis divisões de 60°.
O hexágono regular é uma figura de construção bastante simples e não requer nenhum instrumento ou habilidade especial, basta traçar um círculo e conhecer o seu raio: cada lado do hexágono terá a mesma dimensão que o raio do círculo.
Cada lado do hexágono é igual a duas vezes o raio da circunferência multiplicado pelo seno do ângulo de 60° dividido por dois, ou seja, cada lado do hexágono é igual ao raio da circunferência, pois o seno de 30° é igual a 0,5.
Também é possível construir um hexagrama através do arranjo ordenado de 12 triângulos eqüiláteros:
O hexagrama formado pelos dois triângulos eqüiláteros é conhecido por diversos nomes de acordo com sua origem e seu propósito. É comumente chamado de Selo de Salomão, Signo do Macrocosmo, Magen de David ou Estrela de David, embora seja um símbolo importante para a tradição judaica ele também aparece no Budismo, no Hinduísmo, no Jainismo e em outras manifestações culturais, filosóficas e religiosas ancestrais. Por se tratar de uma figura geométrica de construção relativamente simples, não é difícil encontrá-la em diferentes culturas.
No Hinduísmo e no Jainismo o símbolo é conhecido como Satkona Yantra e representa Nara-Narayana, um estado meditativo perfeito entre o Homem e a Divindade, se esse estado for mantido o adepto pode alcançar o Nirvana.
Em antigas lendas judaicas há relatos de que os guerreiros de David tinham seus escudos ornamentados com o nome do rei. Supõe-se que a Estrela de David tenha surgido devido à sobreposição invertida da letra daleth – David se escreve em hebraico com as letras daleth-vau-daleth. Esse seria o Magen de David. A palavra magen significa disco, folha ou lâmina e é escrita com as letras hebraicas mem, gimel e nun – curiosamente seu valor gemátrico é 93.
O seis é um número de perfeição e é chamado o selo do Mundo. Gerald Massey e Cornelius Agrippa indicam que os pitagóricos utilizavam o número 6 em operações e questões que envolviam nascimentos e matrimônios, justamente por seu caráter de perfeição e de harmonia de princípios opostos. Massey diz que Pitágoras considerava o seis como o número sagrado perfeito e o chamava Vênus, Deusa Romana da Beleza e do Amor que tem por equivalentes a grega Afrodite e a egípcia Hathor.
O seis é o número que representa o equilíbrio de idéias e é o número do equilíbrio mágicko.
É o número místico de Binah, resultado da somatória dos números 1,2 e 3 – Σ (1-3).
Em Qabalah associamos o número 1 ao princípio, o 2 ao antagonismo e o 3 à idéia e à forma. Os triângulos do hexagrama representam dois complexos de idéias ou formas em equilíbrio antagônico, como os pesos nos pratos da balança: de um lado a pena de Maat e de outro lado o Escaravelho. Os triângulos do hexagrama representam a natureza dualista da manifestação do Logos como Humano e Divino.
O número 6 sugere equilíbrio, estabilidade e duração.
A letra hebraica Vau possui valor gemátrico igual a seis e significa prego. No círculo negro das evocações e dos pactos havia quatro pregos retirados do caixão de um supliciado. 6 x 4 = 24.
Embora o hexagrama esteja relacionado ao número seis, ele representa sete chakras cósmicos ou planetas na astrologia. Quando colocado sobre a Árvore da Vida ele também representa os sete astros, sete sephiroth ou sete qliphoth. O centro da figura se localiza sobre Tiphareth – 6° Sephirah – ou sobre Thagiriron – 6° Qliphah.
Os astros ou chacras cósmicos representados são: Lua, Mercúrio, Vênus, Júpiter, Marte e Saturno ou Urano, dependendo da concepção qabalística estudada. Saturno ou Urano ocupam o lugar de Daath, o “portal” por onde a consciência do explorador se projeta para ter acesso ao lado noturno e obscuro da Árvore da Vida: os Túneis de Set e as Qliphoth.
Tiphareth (Beleza), a sexta sephirah, é o centro de equilíbrio da Árvore da Vida e está localizada no meio do pilar central. A experiência espiritual de Tiphareth é a visão da harmonia das coisas e o cubo é um de seus símbolos. O cubo possui 6 faces quadradas e 24 ângulos. O número místico de Tiphareth é 21, obtido a partir da somatória dos números 1, 2, 3, 4, 5 e 6 – Σ (1 – 6). O conhecimento e a conversação com o “Sagrado Anjo Guardião”, a realização da Grande Obra e a correta aplicação das fórmulas sexuais no trabalho mágicko são experiências relacionadas à Tiphareth.
Thagiriron, a qliphah do Sol Negro, é a esfera dos litigiadores, dos instigadores ardentes e seu arquidemônio é Belphegor. O indivíduo arrastado pela influência de Thagiriron pode se tornar uma pessoa egoísta, misantrópica ao extremo, excessivamente orgulhosa, hipócrita, insignificante e materialista. O indivíduo não percebe a harmonia das coisas e não entende a analogia dos contrários.
O sexto arcano maior do tarot de Thoth é O Hierofante, carta de número V, corresponde à sexta letra do alfabeto hebraico (Vau). No desenho do Hierofante podemos notar um hexagrama estilizado, porém incompleto: se ligarmos os pontos imaginários a imagem do hexagrama não poderá ser vista. Há dois pentagramas, o primeiro e maior está invertido, sua ponta inferior é maior que as demais e está sobre o rosto da mulher que está diante do Hierofante. A mulher representa Vênus e ela porta uma espada e um crescente lunar. O pentagrama menor é simétrico e está inscrito no pentágono interno do pentagrama maior que está invertido, em seu centro há uma criança que representa o novo Aeon de Hórus. Um dos principais arcanos velados pelo Hierofante é a união do Macrocosmo, representado pelo hexagrama, e do Microcosmo, representado pelos pentagramas.
A união entre o macrocosmo e o microcosmo nos remete ao número 11, resultado da soma do 5 (pentagrama) com o 6 (hexagrama). A décima primeira letra do alfabeto latino é a letra K, inicial da palavra kteis, que significa vagina em grego. Crowley adicionou a letra K à palavra “magick” para diferenciá-la da prática circense da prestidigitação, ao mesmo tempo em que incluiu uma referência tácita à união do macro e microcosmos e ao caráter sexual dos mistérios.
O número onze é visto com reprovação por diversos ocultistas tradicionais e por qabalistas mais ortodoxos. A explicação é que aquilo que sucede imediatamente o ciclo completo da criação universal, representado pelo número 10 em qabalah, é contrário à criação.
O hexagrama unicursal sugerido por Crowley é uma forma de representar a união dos princípios opostos em suas várias acepções e a “divinização” do Adepto num desenho de traço único. Basicamente é um símbolo que representa elevado grau de autoconhecimento e a união entre o Microcosmo e o Macrocosmo. É um dos símbolos principais do sistema proposto por Crowley. Trata-se de uma evolução natural de um símbolo do velho aeon (Selo de Salomão) para um símbolo mais completo em abrangência (Hexagrama Unicursal). É interessante observarmos que, segundo alguns ocultistas, estamos no 6° aeon.
Segundo Eliphas Levi, Paracelso e muitos outros ocultistas, o pentagrama e o hexagrama são os símbolos principais que podem fazer com que os espíritos se submetam ao magista. Nos livros tradicionais sobre Goetia lemos que o Selo de Salomão pode ser utilizado para compelir o espírito a se manifestar na forma humana e ser obediente ao Operador:
Tão importante quanto conhecer as atribuições e os diversos significados de um símbolo isoladamente é saber perceber e entender o que ele representa no contexto em que aparece. Não há necessariamente um símbolo mais correto ou mais adequado para uma operação, além daquele que o próprio operador entende como o mais eficaz. O estudo, a experimentação e a observação dos resultados conduzem ao entendimento necessário. Também não há nada de errado em utilizar símbolos considerados antigos ou ultrapassados.
A suástica, por exemplo, pode representar o sentido energético de um determinado centro de acordo com a orientação de seus braços ou pode ser um símbolo nazista. A cruz pode ser um símbolo do Homem em sua própria redenção através do sacrifício ou pode representar uma corrente opressora, misógina e contraproducente como o cristianismo, por exemplo. Uma cruz invertida pode simbolizar a sexta qliphah Thagiriron ou pode representar a revolta de um adolescente que não tem motivo algum para se rebelar…
Pharzhuph, Lucifer Luciferax
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